março 06, 2025

O "OLHO QUE TUDO VÊ" - Newton Agrella


O OLHO QUE TUDO VÊ E  QUE DIFICILMENTE  ENXERGAMOS

Se nos ativermos ao aspecto filosófico e cogniscível maçônico, cuja essência de seu significado se apoia fundamentalmente na SIMBOLOGIA, como a experiência científica mais antiga da humanidade,  perceberemos que num templo maçônico, 

"O OLHO QUE TUDO VÊ", inserido no Delta  Luminoso, representa a chamada "ONISCIÊNCIA"

 A composição do referido vocábulo constitui-se de "OMNI" que significa "tudo" e "SCIENTIA" que  quer dizer:  "conhecimento", "saber", "ciência".  

Portanto, o Olho que Tudo Vê, simboliza a posse de todo o conhecimento, ou seja; da presença do Grande Arquiteto do Universo..

Neste simbolismo, o Olho revela e traduz sua capacidade sensorial de saber absolutamente tudo.

O "Olho que Tudo Vê" conhece todas as formas, pensamentos, sentimentos, bem como a cronologia de pretérito, presente e futuro. 

Em suma, é o autor e testemunha ocular do universo.

Destaque-se que no Simbolismo Maçônico a Onisciência constitui-se num princípio que se manifesta na capacidade  humana de se expressar nas Artes, na Literatura, na Música e em todas as demais manifestações culturais e intelectuais.

A despeito das referências históricas, lendárias, místicas e esotéricas que o arcabouço maçônico traz consigo na sua essência dialética, podemos empreender um olhar isento, sem qualquer proselitismo religioso, sejam desde os registos sacerdotais das antigas doutrinas egípcias, ou de quaisquer outras doutrinas, tais como: cristãs, judáicas, islâmicas e assim por diante.

A Simbologia do Olho que Tudo Vê, revela por si, que o Homem não está só, e que tudo o que faz, fica registrado no histórico de sua Existência, como sua marca e identidade.

março 05, 2025

JACQUES DE MOLAY


Jacques de Molay foi o último grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários, uma das mais poderosas ordens militares da Idade Média. Sua trajetória está marcada pela ascensão e queda dos templários, culminando em sua trágica execução e no fim oficial da ordem.

Nascido por volta de 1243 no condado da Borgonha, na atual França, ingressou jovem na Ordem dos Templários e rapidamente demonstrou habilidades excepcionais como cavaleiro e estrategista. Por volta de 1292, foi eleito grão-mestre, sucedendo Thibaud Gaudin, e assumiu o comando em um período crítico para a ordem.

As Cruzadas estavam em declínio e a cidade de Acre, último grande reduto cristão na Terra Santa, havia sido perdida em 1291. Sem territórios na região, os templários passaram a ser questionados em sua existência, mas Jacques de Molay manteve a esperança de organizar uma nova expedição para recuperar a Terra Santa.  

A crescente desconfiança sobre os templários foi agravada pelo imenso poder e riqueza da ordem, que possuía vastas propriedades e um sistema bancário sofisticado, emprestando dinheiro a reis e nobres. Filipe IV da França, fortemente endividado com os templários, viu na ordem uma ameaça e uma oportunidade de se livrar das dívidas. Em 1305, o novo papa, Clemente V, propôs a união dos templários com os hospitalários, mas Jacques de Molay se opôs.

Aproveitando-se das tensões, Filipe IV tramou contra os templários e no dia 13 de outubro de 1307 ordenou a prisão em massa dos cavaleiros na França, incluindo Jacques de Molay. Foram acusados de heresia, idolatria, sodomia e blasfêmia, com alegações de que adoravam um ídolo chamado Baphomet, negavam Cristo em rituais secretos e praticavam atos imorais.  

As confissões foram extraídas sob tortura brutal pela Inquisição. Jacques de Molay, submetido ao suplício do cavalete e ao esmagamento dos pés, confessou parcialmente alguns crimes, mas logo se retratou. Filipe IV pressionou o papa, que em 1312 dissolveu oficialmente a Ordem dos Templários através da bula "Vox in excelso", sem declara-los formalmente culpados. 

Jacques de Molay e outros líderes templários permaneceram presos por anos. Em 18 de março de 1314, foram levados para julgamento público. Molay reafirmou a inocência dos templários e renegou todas as confissões feitas sob tortura. Furioso, Filipe IV ordenou sua execução imediata. Naquela noite, Jacques de Molay e Geoffroi de Charney foram queimados vivos na Ilha dos Judeus, no rio Sena, em Paris.  

Diz a lenda que, enquanto era consumido pelas chamas, Jacques de Molay lançou uma maldição contra seus algozes, proclamando que Filipe IV e Clemente V morreriam dentro de um ano e seriam chamados ao tribunal de Deus para prestar contas. Curiosamente, Clemente V faleceu um mês depois, em abril de 1314, vítima de uma grave doença, e Filipe IV morreu em novembro do mesmo ano após sofrer um derrame. Esse evento fortaleceu a crença de que os templários possuíam segredos místicos e que sua queda envolveu forças ocultas. Com o tempo, essa narrativa ajudou a alimentar teorias da conspiração, lendas e sociedades secretas supostamente ligadas aos templários.  

Apesar do fim oficial da ordem, o legado de Jacques de Molay e dos templários continuou a crescer ao longo dos séculos. Sua história tornou-se símbolo de traição e injustiça, inspirando obras literárias, pesquisas e movimentos esotéricos. Muitas tradições, como a Maçonaria, reivindicam algum vínculo simbólico com os templários. Hoje, Jacques de Molay é lembrado como um mártir cuja morte selou o destino de uma das organizações mais enigmáticas da Idade Média, e sua lenda persiste, envolta em mistério e fascínio.

 

março 04, 2025

DO CODIGO AO DECALOGO - Ivan Froldi Maezollo


A conduta do peregrino da Arte Real do Código ao Decálogo .

A premissa a este ensaio é o fundamento inicial do signo de ser livre e bom costumes ...É a condição exigida para que um profano ingresse na Maçonaria por intermédio da Iniciação.

Não basta o candidato ser politicamente livre; não basta que tenha um comportamento moral comum.

A Maçonaria proclama que a sua doutrina urge pela filosofia baseada na tradição, nos usos e costumes; portanto, “costumes” não é um mero comportamento, uma moral de conduta, mas sim um universo de práticas que conduzem o ser humano a amar a vida espiritual.

O candidato deve comparecer à Iniciação com uma disposição quase inata de “amar a seu futuro irmão” como a si mesmo. Ter em determinado assunto um irmão como oponente mas jamais inimigo, tudo é efêmero " política, religião, dicotomia ideológica, mas a irmandade é eterna...sempre em todos os momentos acima de tudo em nossas atitudes e julgamentos o grande preceito é M.'.I.'.C.'.T.'.M.'.R.' . e isso a um filho da Viúva é imutável. 

Isso exige um comportamento para com seu próprio corpo, para com sua própria alma e para com o seu espírito.

Ser livre e de bons costumes constitui uma exigência de maior profundidade do que parece à primeira vista; seria muito cômodo aceitar um candidato que politicamente é livre, pois não há mais escravidão no mundo; ou que, penalmente, não se encontre preso, cumprindo alguma pena.

A liberdade exigida é ampla; sem compromissos que inibam o cumprimento das obrigações maçônicas, sem restrições mentais.

Todo maçom, mesmo antigo na Ordem, tem o dever de se manter “livre e de bons costumes”.

Com esta premissa adentramos nos ensinos do código ao decálogo:  

É uma coleção de preceitos morais e éticos, que fazem parte da doutrina maçônica. De maneira geral, ele é o mesmo para todas as Obediências, considerando-se que a doutrina é a mesma, embora divergências político-administrativas muitas vezes as separem. Um código que tem sido muito reproduzido e que foi haurido das instruções do Rito de York, é o seguinte, já presente em instruções brasileiras da metade do século passado: 

I. Adora o Grande Arquiteto do Universo. 

II. Ama a teu próximo. 

III. Não faças mal a ninguém. 

IV. Faze o bem que puderes. 

V. Deixa falar os homens. 

VI. O verdadeiro culto ao Grande Arquiteto consiste nos bons costumes. 

VII. Faze o bem, só com o fim de fazeres o bem. 

VIII. Não faças a outrem o que não quiseres que te façam. 

IX. Conserva sempre pura a tua alma, para poderes aparecer dignamente diante do G.A.D.U., que é Deus. 

X. Ama os bons, lamenta os fracos, foge dos maus, mas não odeies a ninguém. 

XI. Fala sabiamente com os grandes, prudentemente com os teus iguais, sinceramente com os teus amigos e ternamente com os pobres. 

XII. Escuta sempre a voz da consciência. 

XIII. Cumpra o teu dever, aconteça o que acontecer. 

XIV. Não lisonjeies os teus Irmãos, porque é uma traição; se teu Irmão te lisonjeia, teme que ele te corrompa. 

XV. Sê tolerante, porém lembra-te que a tolerância não vai ao ponto de proteger atos imorais. 

XVI. Pratica o auxílio aos fracos, a justiça a todos, a dedicação à Pátria, à Família e à dignidade para contigo mesmo. 

XVII. Sê o pai dos pobres; cada suspiro que a tua dureza lhes arrancar, aumentará o número de maldições que cairão sobre a tua cabeça. 

XVIII. Respeita o estrangeiro viajante; ajuda-o; a sua pessoa é sagrada para ti. 

XIX. Evita as disputas; previne os insultos; põe sempre a razão de tua parte. 

XX. Respeita as mulheres e as crianças; nunca abuses de sua fraqueza e antes queira morrer do que desonrá-las. 

XXI. Se o G.A.D.U. te der um filho, agradece-lhe esta graça, mas teme o depósito que Ele te confia; sê, para esta criança, a imagem da divindade. 

XXII. Faze que, até aos 10 anos, ele te tema; que, até aos 20, ele te ame; que, até à morte, te respeite. Até aos 10 anos, sê seu mestre, até aos 20 anos, sê seu pai; e, até à morte, sê seu amigo. 

XXIII. Cuida, com preferência, em lhe dar bons princípios, do que lhe dar boas maneiras; é melhor que ele te deva uma boa doutrina do que uma elegância frívola, e que seja, antes, homem de bem do que homem hábil. 

XXIV. Se te envergonhas do teu ofício, lembra-te de que não é o teu emprego que te honra ou te avilta, mas, sim, a maneira como o exerces. 

XXV. Lê e aproveita; vê e imita os bons costumes; reflete e trabalha. 

XXVI. Refere tudo á utilidade dos teus Irmãos, porque trabalharás para ti mesmo. 

XXVII. Não julgues levianamente as ações dos homens; não censures e louva ainda menos; é ao G.A.D.U., que sonda os corações, que pretende apreciar a sua obra. 

Mas, além do Código, há o Decálogo da Maçonaria, também originário da Maçonaria inglesa e que merece divulgação integral, pelas lições que encerra: 

1. Deus é a Sabedoria eterna, onipotente e imutável; suprema inteligência e inextinguível amor. Deves adorá-lo, reverenciar e amar; praticando as virtudes, muito O honrarás. 

2. Tua religião consiste em fazer o bem, por ser um prazer para ti e não unicamente um dever. Constitui-te em amigo do homem sábio e obedece aos seus preceitos. Tua alma é imortal; nada farás que a desagrade. 

3. Combaterás, incessantemente, o vício. Não farás a outrem o que não quiseres que te façam. Deverás ser submisso à Fortuna e conservar vivo o fogo da Sabedoria.

4. Honrarás a teus pais. Respeitarás e tributarás homenagens aos anciãos.Instruirás os jovens. 

5. Sustentarás tua mulher e filhos. Amarás tua Pátria e obedecerás às suas leis. 

6. Teu amigo será, para ti, tua própria imagem. O infortúnio não te afastará do seu lado. E farás, por sua memória, o que farias por ele em vida. 

7. Evitarás e fugirás de amigos falsos, assim como, quanto possível, dos excessos. Temerás ser a causa de uma mancha em tua memória. 

8. Não permitirás que as paixões te dominem. Obterás, das paixões dos demais, lições de proveito para ti mesmo. Serás indulgente com o erro. 

9. Ouvirás muito; falarás pouco e obrarás bem. Olvidarás as injúrias, darás o Bem em troca do mal. Não abusarás de tua força ou superioridade. 

10. Estudarás o conhecimento dos homens. Buscarás sempre a virtude. Serás justo. Evitarás a ociosidade. 

Com estes bons preceitos é possível fazer uma viagem ao Eu interior e se permitir morrer de si mesmo , dar-se ao infinito , olhar a Luz nos olhos olhar os olhos da Luz .

Que o Grande Arquiteto do Universo cientifique todo peregrino da Arte Real daí ao viajor a Estrela Guia.



março 03, 2025

ATE MAIS VER, QUERIDA GOIÂNIA - Michael Winetzki


Momento da minha despedida da linda Goiânia. De domingo a sexta fiz seis palestras em Lojas Maçônicas, seIs exposições de livros dos autores da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras que presido, e arrecadei uma quantidade significativa de cestas básicas que serão doadas a entidades locais.

O irmão Edmilson Mendonça, um astro da informatica, me recebeu no sábado passado e me acompanhou até a rodoviária nesta segunda-feira, quando retornei a Brasília.

Além das palestras agendadas pela Academia Goiana Maçônica de Letras através de seu presidente José Mariano, estive elaborando com o irmão Edmilson o lançamento para maio ou junho da Unimol - Universidade Maçonaria on Line que irá oferecer de maneira virtual cursos, treinamentos, biblioteca e outras atividades de desenvolvimento de cultura maçônica.

Com a Academia Goiana Maçônica de Letras estive auxiliando o planejamento do primeiro Congresso de Academias Maçônicas de Letras que deve ocorrer em agosto, provavelmente em Caldas Novas.

Foi uma semana movimentada.

EMOÇÕES, RITUAL E VESTIMENTA MAÇÔNICA - Alain Bréant

 


I ― Introdução

A abordagem maçônica é um desafio baseado na capacidade de um ritual de permitir que um grupo de seres humanos acesse uma espiritualidade acompanhada de preocupações sociológicas.

A primeira dificuldade encontrada para ter sucesso neste desafio é a capacidade dos membros da loja de gerenciar as emoções. O objetivo deste artigo é expor as diferentes expectativas.

II – Recordação da especificidade das emoções

Emoções e sentimentos não devem ser confundidos; São também reações afetivas que evoluem de forma mais duradoura e complexa, mas com uma participação cerebral que apela à nossa experiência, ao nosso intelecto e até à nossa imaginação. Eles também podem ser intensos.

A palavra "emoção" vem do francês antigo movimento, ou seja, movimento, que gerava mover, depois tumulto e depois emoção. É uma reação do organismo secundário ao sentimento de um evento experimentado. Essa reação geralmente é espontânea e mais ou menos controlável.

Psicologicamente, são descritos diferentes sentimentos psicológicos que pontuam a vida dos seres humanos:

O sentimento dos órgãos dos sentidos

Sentimentos

Emoções

Stress.

A especificidade das emoções está em sua reação espontânea a um evento intercorrente. Lembre-se de que a utilidade das emoções está em sua capacidade de reagir a um perigo improvisado.

A sensação dos órgãos dos sentidos (paladar, olfato, visão, tato, audição) é mais física e elementar, mas pode fazer parte de uma emoção: um estrondo intenso, por exemplo, pode nos encorajar a nos pressionar contra o chão.

O estresse geralmente não é considerado uma emoção porque é um estado geral de infelicidade que interrompe o funcionamento do pensamento.

As principais emoções são geralmente definidas:

alegria (amor, excitação sexual),

medo

raiva (revolta),

tristeza (depressão, desânimo);

Às vezes adicionamos surpresa, nojo, desprezo.

A sede da emoção está localizada no sistema límbico, às vezes chamado de cérebro límbico ou cérebro emocional. É uma área diferente daquela do córtex, onde está localizado o funcionamento da razão. 

II – Na loja, o ritual cria emoções:

a - Todo ritual é escrito para criar emoção;

As emoções desempenham um papel fundamental nos rituais quando entendidas como uma forma de fortalecer a meditação interior ou transcendental.

Na maioria das vezes, trata-se de alegria em sua modalidade de "alegria interior"; Também pode ser tristeza quando se faz menção ao falecido ou a irmãos em dor. A surpresa também surge em certos momentos da iniciação.

Vivemos na pousada, às vezes uma poderosa emoção coletiva imbuída de serenidade: a egrégora; Nesse exato momento a emoção é sublimada, é em outra dimensão onde a razão não tem mais seu lugar. É claro que isso é induzido pelo ritual da cadeia de união.

Em uma abordagem mística, as emoções são usadas para promover o acesso à espiritualidade e, em particular, ao Grande Arquiteto do Universo.

Em uma abordagem não dogmática, é necessário reinterpretar os rituais para torná-los um meio de acesso a uma espiritualidade entendida como uma busca de harmonia.

Quais símbolos para experimentar emoção?

Poderíamos mencionar:

O coração: símbolo universal da emoção, especialmente do amor,

Luz: suave e radiante, especialmente quando se trata de uma vela

Cores:

Vermelho: Paixão, amor, raiva.

Azul: Tristeza, calma, serenidade.

Amarelo: Alegria, felicidade, calor.

Violeta: Mistério, espiritualidade.

As mãos ou um círculo de indivíduos: em particular a cadeia de união.

b - Pré-requisitos:

Para viver o ritual, é essencial estar livre de emoções anteriores que possam ter surgido nas horas anteriores ao traje; Isso pressupõe um "retorno a si mesmo" permitindo um "desapego".

Este pré-requisito às vezes é difícil de alcançar quando um distúrbio psicológico estabelecido transforma as disposições mentais do maçom: é o caso, por exemplo, no caso de transtornos de personalidade (especialmente paranoicos), doenças crônicas incapacitantes ou choques emocionais.

c - Emoções rituais e "perturbadoras":

No camarim, o ritual impõe seu ritmo e dramaturgia. Mas às vezes surgem emoções não previstas pelo ritual; seja um ataque de riso desencadeado por um lapso de língua ou uma casualidade inadequada de um policial ou um discurso "excêntrico", a expressão de emoção pode se tornar perturbadora.

Os momentos de votação também são períodos capazes de despertar emoções.

Há também as reações provocadas por uma peça de arquitetura: tradicionalmente nenhuma declaração de parabéns ou desaprovação é planejada, mas a realidade é obviamente diferente e a paixão pode assumir o controle se um assunto delicado for mencionado!

Um apego excessivo aos desejos (a famosa erupção do "ego") ou às expectativas emocionais pode criar obstáculos à busca espiritual maçônica.

Quem já não viu a reação irada de um Venerável ao se ver desafiado em uma tomada de decisão autocrática?

Essas emoções perturbadoras são, obviamente, contraproducentes para o ritual.

Como podemos aceitar essas emoções perturbadoras no vestiário? É responsabilidade do colégio de oficiais garantir que as expressões intempestivas de emoções imprevistas sejam controladas. Isso requer tato e moderação! A antecipação costuma ser uma boa maneira de "controlar" a possível ocorrência de emoções prematuras

III – Como gerir as emoções?

Seja na vida secular ou na vida maçônica, as emoções, por definição, são incontroláveis! A única possibilidade que nos resta é vivê-los da melhor maneira possível, preparando-nos para os diferentes eventos de nossa existência!

O papel do Venerável e dos membros do colégio de oficiais é particularmente importante na encenação dos momentos emocionalmente criadores do ritual, mas também no domínio e, se possível, evitar emoções "perturbadoras" imprevistas para que não perturbem muito o ritual.

A melhor forma de privilegiar as emoções despertadas pelo ritual é o envolvimento de todos os membros da loja tanto em seu comportamento quanto em seus discursos: seriedade, dignidade, concentração são as palavras-chave!

IV – O lugar da Razão em uma roupa maçônica:

Basicamente, a razão não tem lugar em uma roupa maçônica porque a emoção reina! Por outro lado, fora do templo, a razão prevalece! É como se estivéssemos operando sob a influência de duas formas de inteligência:

Inteligência cognitiva que implementa o conhecimento adquirido por meio de educação e aprendizado ou por meio da experiência. É ela quem "oficia" quando se trata de Razão!

E inteligência emocional, que é "a capacidade de um indivíduo de reconhecer suas próprias emoções e as dos outros e usar essas informações para orientar seus pensamentos e comportamentos de maneira eficaz e ideal".

Descartes afirmou "Todo conhecimento verdadeiro tem sua fonte exclusivamente na razão"; hoje, seria mais preciso dizer: "Toda expressão razoável é baseada no conhecimento que se possui!" Isso tem o mérito de mostrar os limites da razão, porque todos sabem que o conhecimento ainda tem limites!

O conhecimento do funcionamento do cérebro permite fixar a sede da razão no nível do córtex cerebral, ou seja, a parte do cérebro onde as informações acumuladas pelos seres humanos de acordo com suas experiências são empilhadas. Vimos que para as emoções isso acontece em outros lugares!

V – Conclusão:

A emoção é uma força interior imprevisível. Os rituais o usaram para facilitar a impregnação simbólica e iniciática.

Mas outras emoções podem surgir espontaneamente, às vezes intensamente, e podem invadir rapidamente nossa mente.

Para alcançar o equilíbrio interior, é essencial saber acolher as emoções. Aceitar uma emoção é reconhecer sua presença, sem procurar reprimi-la ou ignorá-la, para analisá-la em uma segunda vez e compreendê-la ou mesmo criticá-la.

Aceitar a emoção não significa ceder à emoção. A razão nos ajuda a dar um passo para trás e escolher nossa resposta.

Essa atitude requer lucidez e introspecção. Ao aprender a observar nossas emoções, descobrimos como aceitá-las, mantendo nossas mentes claras e livres. É nessa harmonia que se encontra o verdadeiro autodomínio, onde a emoção e a razão coexistem, cada uma encontrando seu devido lugar.


março 02, 2025

ORGULHO DE SER MAÇOM - Michael Winetzki




Nas paredes do escritório as lembranças de uma vida de intenso trabalho social e muitas homenagens, e no surpreendente diálogo que assisti na noite de ontem, a prova da elevada postura ética de dois maçons excepcionais.

Divino Freitas, 73, dono do escritório, Nivaldo Lopes, 81 e eu, 75, falando do passado. A certa altura diz Nivaldo: - quando seu pai mudou-se do sítio, o meu pai foi morar lá. Seu pai deixou uma charrete e um cavalo que meu pai nunca conseguiu pagar porque naquele tempo as comunicações eram muito difíceis. Lembra disso?

Não - diz Freitas - faz muito tempo.

- Pois eu vou pagar agora, para que o espírito do meu pai fique em paz. Vou ver quando custam hoje uma charrete e um cavalo, e lhe dou o valor e você divide com seus irmãos.

Eu fiquei estarrecido. Uma dívida de décadas, ninguém mais lembrava ou dava importância, mas para o octogenario filho do devedor, honradez e palavra dada são atemporais.

Por isso tenho tanto orgulho de ser maçom, e ter como irmãos homens desta rara qualidade.

A RESPONSABILIDADE COMO FUNDAMENTO DA IGUALDADE - Bruno Bezerra de Macedo


 

Nicoló di Bernadi dei Machiavelli (2) ou, simplesmente, Nicolau Maquiavel, afirma haver três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis. Vanguardista contumaz, a maçonaria conduz o Homem-Maçom a conhecer-se a si mesmo e, conhecendo-se, desta maneira tão intima, passa empreender as necessárias moções para progredir e evoluir continuamente. E assim preceitua sob a égide do Templo de Delphos, que desde tempos imemoriais instrui aos vitoriosos: CONHEÇA-TE A TI MESMO E CONHECERÁS O UNIVERSO E OS DEUSES E SE O QUE BUSCAS NÃO ACHARES PRIMEIRO EM TI NÃO O ENCONTRARÁS EM LUGAR ALGUM. Cumpre lembrar que o Templo de Delphos, inicialmente fora dedicado à Nike (ou Nice), deusa grega da vitória, da força e da velocidade, representada por uma mulher alada, tendo sobre a cabeça uma coroa de louros. No entanto, ora figura dedicado a Apolo, deus da música, da poesia, das artes, da profecia, da medicina e do Sol. Símbolo da juventude e da beleza.

O legado de Delphos é claro reflexo do princípio hermético da correspondência (3) que preceitua: tudo o que está em cima é como o que está embaixo. Este princípio entende que há padrões que se repetem nas mais diversas escalas e nos mais diversos planos da existência, desde os planos materiais até os energéticos e espirituais. O átomo possui uma configuração semelhante à de um sistema planetário, que por sua vez possui uma configuração semelhante à de uma galáxia. Tal saber ratifica a certeza de que somente é vitorioso aquele que domina a si mesmo, pois, do contrário como pode este intentar vencer o mundo. Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor, conforme instrui o Mestre Jesus e Pedro (4) eterniza a lição em seu Evangelho (2 Pedro 1:5-7).

Conhecendo a si mesmo, Thomas Hobbes (5) diz-nos que o homem é o lobo do homem. Esta afirmação consiste em uma metáfora que indica que o homem é capaz de grandes atrocidades e barbaridades contra elementos da sua própria espécie. Estabelecendo-se com salutar paradigma para a humanidade, protagonizando a harmonia que deve haver entre os homens, a Maçonaria concita o homem-maçom a submeter sua vontade, vencer suas paixões e fazer progressos em si e no meio social no qual interage a partir do amor que aperfeiçoa os costumes, que imputa tolerância, igualdade e respeito a autoridade e fé de cada um, pois, o Homem-Maçom é o lobo do homem profano, pois, suplanta, em sua fidalguia, os ímpetos grotescos deste ser não iniciado.

Iluminado pelos Augustos Mistérios da Maçonaria, Jean-Jaques Rousseau (6), criou o que conhecemos como Contrato Social, ou seja, um acordo que regula a convivência das pessoas em sociedade de maneira organizada através de um Estado que protege os direitos e a liberdade dos seus membros. As teorias sobre o contrato social se difundiram entre os séculos XVI e XVIII como forma de explicar ou postular a origem legítima dos governos e, portanto, das obrigações políticas dos governados ou súditos. Reconheço a relevância dos feitos e efeitos das vidas de Thomas Hobbes (1651), John Locke (1689) e Jean-Jacques Rousseau (1762), que são os mais famosos filósofos do contratualismo e eméritos expoentes maçônicos. Contrato social (ou contratualismo) indica uma classe de teorias que tentam explicar os caminhos que levam as pessoas a formarem Estados e/ou manterem a ordem social. Essa noção de contrato traz implícito que as pessoas abrem mãos de certos direitos para um governo ou outra autoridade a fim de obter as vantagens da ordem social. Nesse contexto, o contrato social seria um acordo entre os membros da sociedade, pelo qual reconhecem a autoridade, igualmente sobre todos, de um conjunto de regras, de um regime político ou de um governante.

O Contrato Social não imputa aos cidadãos firmar de modo material este acordo, mas, que o aceitam tacitamente. Portanto, assumem que se submetem a determinadas leis a cumprir, uma vez que valorizam o benefício oferecido em troca deste modelo de convivência. A partir desta perspectiva, o homem perde sua liberdade de natureza, mas, ganha o livre arbítrio da sociedade civil. Neste contrato social existem regras que ajudam os indivíduos a distinguirem o certo do errado, ou seja, a partir desta perspectiva se cobra o significado de justiça. Neste estado social surgem novas regras que não estão presentes no estado de natureza. Ao viver em sociedade cada cidadão não pode focar exclusivamente nos seus próprios interesses, uma vez que existem aspectos comuns a todos. O conceito contrato social é amplamente utilizado no campo da filosofia política que estuda a convivência social.

As normas do contrato social devem ser uma extensão dos direitos da própria lei natural. O contrato social pretende impulsionar a igualdade comum contra outras formas de poder, como o direito do mais forte contra o mais fraco. Este contrato social permite analisar a sociedade como uma conexão direta entre o todo e as partes, mais uma vez, o Princípio Hermético da Correspondência laureia o labor do Construtor Social. O Contrato Social permeia a existência do homem desde sempre realizando seu intento de disciplinar suas as ações e harmonizar seu convívio social, vejam:

✔️Na família: te ajeita menino que o costume de casa vai a praça.

✔️No condomínio no qual moramos: no regimento interno

✔️Nas igrejas: nos dogmas

✔️Nos clubes sociais: no estatuto social, regimento interno etc.

✔️Na Pátria que nos abriga: no ordenamento jurídico que harmoniza e disciplina a vida do cidadão.

✔️Na Maçonaria: landmarks e no Estatuto Social (onde contam: a constituição, o regulamento geral, o código penal, o código eleitoral e as importantíssimas disposições gerais. E, principalmente, os rituais onde as sábias palavras dos diáconos ajudam ao Homem-Maçom a conduzir-se como dele é esperado.

Tudo isto é excelso labor do prestimoso compasso que limita as ações com o fito de garantir o aprazível e harmonioso convívio do homem com seus pares, ao passo que o magnífico esquadro afere a retidão dos feitos do homem por onde este passa e com quem este convive dentro das cercanias traçadas pelo compasso.  Apresentadas, pois, as bases sobre as quais viceja a Responsabilidade Civil conceituá-la devemos. Entende-se por responsabilidade civil a obrigação de uma pessoa em reparar o dano causado à outra, seja por conta dos seus próprios atos e sob sua responsabilidade ou de pessoas dependentes. Este dano pode ser reparado por meio de uma indenização financeira. O caráter da responsabilidade civil é estreitamente preventivo, de maneira que diante desse conhecimento a realização de determinados atos ou comportamentos negligentes terão consequências sobre o próprio patrimônio, assim como os membros de uma sociedade vão abster-se de causar prejuízos a terceiros. Este conceito parte de uma base ética fundamental para a vida em sociedade. Para que o ser humano possa viver em perfeita harmonia com os demais, precisa da garantia que ninguém deve ser objeto de prejuízo de forma injusta e arbitrária, mas em caso de não ser, esta garantia deve ressarci-lo por isso.

Destaco que a responsabilidade civil e a responsabilidade penal possuem objetivos bem diferentes. No caso da responsabilidade civil o que se pretende é reparar o dano que uma pessoa possa ter sofrido diante de um ato cometido; enquanto a responsabilidade penal tem uma finalidade punitiva – pretende castigar ou sancionar a pessoa que cometeu algum ato contra o ordenamento jurídico – mas também ressocializadora por tratar de reinserir na sociedade alguém que tenha vulnerado a lei, mas ao mesmo tempo tenha cumprida sua pena. Assim, a responsabilidade civil costuma ser concretizada pelo pagamento de determinado valor para compensar o dano; enquanto a responsabilidade penal, mesmo que tenha uma sanção econômica, é traduzida como uma pena de privação de liberdade. Neste ínterim, resta ao Homem Maçom responsabilizar-se em:

- Praticar a moral e a compreender seus deveres, nunca se convertendo em estúpido, ateu ou irreligioso libertino.

- Manter conduta digna e honesta na Maçonaria e fora dela, respeitando os ditames da justiça e da solidariedade humana, amante de sua família, constituindo-se em exemplo de honestidade e honradez.

- Ser bom, leal, probo, honrado, independentemente de sua crença, raça ou convicções.

- Ser pessoa pacífica, submeter-se às leis do País onde estiver, adotando comportamento digno na comunidade onde vive, revelando-se como exemplo de civilidade, educação, gentileza e boa convivência

- Educar seus filhos, oferecendo-lhes bons exemplos de honestidade e disposição para o trabalho, além de prover escola de qualidade na medida de suas posses.

- Usar as redes sociais com moderação e extremo cuidado.

- Colaborar com as autoridades públicas nas ações que visem a melhoria da qualidade de vida do povo.

- Respeitar e preservar os bens públicos.

Em Suma: honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere - viver honestamente, não lesar a outrem, dar a cada um o que é seu - como preceitua Eneo Domitius Ulpianus (7), o fundamentador basilar do Direito Civil pelo Mundo afora.

Referências:

(2) MACHIAVELLI, Nicoló di Bernadi dei. O Príncipe.

(3) GALVÃO, Lucia Helena. Para entender o Caibalion.

(4) PEDRO, Simão. II Epístola.

(5) HOBBES, Thomas. O Leviatã

(6)ROUSSEAU, Jean-Jaques. Do Contrato Social.

(7)ULPIANUS, Eneo Domitius. Digesto.

SEGUE MESTRE...GRATOS - Adilson Zotovivi



Segue Mestre a caminhada

Esculpindo tua escultura

Com denodo essa jornada

Bem sei tua propositura


Sem entraves, sem mais nada

Com o avental na cintura

Como tal, qual em cruzada

Com Arte Real postura


Acima até da tua alçada

Em verdade cumprindo a jura

Superas idade avançada


Com eutimia a cultura

Na Academia focada

A nós e à geração futura !


março 01, 2025

ARLS REINTEGRAÇÃO E CONCORDIA 57 - Goiânia


Há mais de uma década sou membro honorário desta Loja, ARBBLS Reintegração e Concórdia 57, da GLEG, que frequentei inúmeras vezes quando Alice e eu tivemos um SPA em Goiânia, o SPA Paraíso da Alice instalado numa maravilhosa chácara.

Retornar a Loja foi um momento emocionante. Conheci o atual Venerável Mestre, o irmão Leonardo Diego de Oliveira desde quando era aprendiz, e ansioso por aprender maçonaria ligava fazendo perguntas.

O irmão Divino Freitas, um extraordinário maçom, orador do quadro, que tem o privilégio de ter iniciado seu filho e seu neto na Loja, é um amigo de mais de 20 anos, em cuja casa Alice e eu ficamos hospedados algumas vezes. Na data de ontem o casal Freitas e Tilica completava 49 anos de exemplar casamento.

Fui recebido com festa pelos irmãos mais antigos, e pelo próprio VM, como se fosse um filho pródigo retornando. Apresentei a versão completa da palestra "Maçonaria, de Isaac Newton à Internet" e no saguão instalei a mostra itinerante de livros.

Foi a última palestra desta movimentada semana, em agenda organizada pelo irmão José Mariano, presidente da Academia Goiana Maçônica de Letras, um confrade ativo e diligente, com o qual a Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras, que presido, tem orgulho em estabelecer parcerias.

Uma noite gloriosa e inesquecível.




A LIBERDADE DE PENSAMENTO - Izautonio Machado_



Filosoficamente falando, a liberdade implica ausência de submissão, ou seja, o sujeito livre possui autonomia de vontade, pode fazer escolhas de forma espontânea e de acordo com a sua própria consciência.

Se o sujeito possui amarras psicológicas que o oprimem e o impedem de agir conforme sua própria vontade, esse alguém não é livre de verdade, por mais que possa ter o direito de ir e vir.

Tais amarras psicológicas podem ser as mais variadas, como por exemplo aquelas ligadas ao fanatismo religioso e ao condicionamento cultural.

Da liberdade de consciência surge o conceito de livre-arbítrio, em que o sujeito decide com base em seu nível de moralidade e ética.

Ora, se o sujeito não possui opinião própria, certamente vai emprestar de alguém. O que se espera de um homem livre é que ele tenha suas próprias ideias e as exponha quando necessário, no pleno exercício de seu direito de expressão.

O direito de expressão, não obstante, deve sempre ser delimitado por parâmetros legais e éticos. 

O homem livre não se permite ser manipulado por quem quer seja. Ele jamais se submete a servir de massa de manobra para interesses alheios. Ele possui senso crítico, se questiona, analisa e raciocina.

É inegável que alguns homens, por possuírem bom senso, influenciam outros com suas opiniões e ideias. Essa influência é boa quando conquistada por mérito, de forma espontânea, nunca imposta ou exigida. Além disso, só é positiva quando induz no sentido do Bem.

fevereiro 28, 2025

ARLS ESTRELA DE GOIAS 49 - Goiânia


Encerrando as comemorações dos cinquenta anos da ARBBLS Estrela de Goiás 49, fui convidado a fazer a palestra "Maçonaria de Isaac Newton a Internet", por indicação da Academia Goiana Maçônica de Letras, através de seu presidente, o confrade José Mariano.

Ressalto que em todas as palestras desta semana, agendadas pela Academia, uma comitiva de irmãos sempre acompanhou o presidente José Mariano. Destaco os irmãos Guilherme Freire e Petronilho Alves, ambos deputados estaduais do GOB Goiás e o irmão Fabiano, que esteve presente em todos os eventos.

Fui calorosamente recebido pelo jovem e querido Venerável Mestre, irmão Ricardo Cavalcante Cortes e pelo quadro, uma vez que já a  havia visitado muitas vezes a Loja que funciona no Condomínio Arte Real, anexo a sede da Grande Loja. No saguão de entrada coloquei a mostra itinerante de livros dos acadêmicos da AMVBL.

A palestra gerou inúmeros comentários e elogios e na opinião dos irmãos fechou com chave de ouro as festividades do cinquentenário. Foi uma honra para mim.


O DEVER, CAMINHO PARA A REALIZAÇÃO - Rui Bandeira





Os maçons falam muito de Dever. É natural. O aperfeiçoamento individual a que se dedicam implica, inevitavelmente, que identifiquem o que têm a corrigir e definam como fazer a correção, isto é, o que se deve fazer para melhorar.

O caminho do maçom não é uma avenida de direitos, é uma vereda de deveres a cumprir. Mais: um conjunto de deveres que o maçom escolhe cumprir.

Na ética maçónica, em primeiro lugar vem a obrigação, o cumprimento dos deveres – só depois se atenta nos direitos. Porque o caminho é este, não há constrangimentos nem vergonhas na reclamação ou no exercício dos direitos, porque se interiorizou que estes são o reverso correspondente aos deveres que se cumprem. Assim, o cumprimento do dever é preâmbulo do exercício do direito – nunca o oposto.

Esta postura, que é o oposto do facilitismo e do hedonismo tão propalados por certos media comumente referidos de cor-de-rosa, que insidiosamente vão influenciando as mentes mais frágeis ou menos avisadas, é, no entanto, a mais consistente com as caraterísticas da espécie humana – as caraterísticas que nos permitiram evoluir, descer das árvores, deixar de ser meros caçadores-recoletores, nos possibilitaram aprender a produzir o que necessitamos para consumir e até mais do que aquilo que necessitamos, enfim, o que nos fez chegar, como espécie, ao estádio atual (no melhor e no pior…) e nos fará, creio-o firmemente, evoluir sempre mais e mais.

Ao contrário do que se possa levemente pensar, desde a mais tenra infância que o bicho-homem valoriza mais o que deve fazer, o que esforçadamente conquista, o que trabalhosamente obtém, do que aquilo que recebe sem esforço, fonte porventura de prazer imediato, mas arbusto sem raiz sólida para segurar o interesse por muito tempo. Todos aqueles que educam crianças verificam que, ao contrário do que as próprias julgam, elas não apreciam tanto assim – e, no fundo, temem – a liberdade total, a possibilidade de fazerem o que querem, quando querem, como querem. Se isso lhes for temporariamente possibilitado, poderão extasiar-se perante a ausência de limites, mas não tarda muito que procurem o aconchego, a segurança, a certeza das fronteiras, dos limites, das restrições – contra as quais tanto refilam, mas que tão securizantes são. Afinal de contas, quando não há limites, como se pode transgredir? Como se pode forçar barreira inexistente para ir além dela? E o crescimento, a evolução humana, da criança como da espécie, é feito de transgressões, de ultrapassagens de barreiras, de partidas para o incerto apenas possíveis porque se sabe que, se e quando necessário, se pode recuar e voltar para o certo e seguro…

O dever é, pois, essencial para a espécie humana. Para o cumprir e, por vezes, para o transgredir, aceitando os riscos e as consequências, mas também buscando o além para lá do horizonte…

Os direitos possibilitam-nos satisfação e conforto, mas são redutores, limitadores, meras pausas agradáveis, obviamente necessárias, mas afinal fatores de simples manutenção, não de conquista ou avanço. Os direitos gozam-se e, ao gozarem-se, fica-se – não se vai, nem se avança. É no cumprimento do dever, com o esforço e o custo que isso necessariamente implica, que se avança, se conquista, se constrói, se vai além.

Gozar os direitos é obviamente bom e agradável. Mas, bem vistas as coisas, cumprir os deveres, ainda que tal implicando trabalho, custo, esforço, é melhor. Porque no fim do cumprimento do dever acaba por estar sempre um prémio. Por vezes de simples, mas saborosa, satisfação. Outras vezes com vitórias, com prazeres, com ganhos que não se teria se se tivesse mantido no simples gozo dos direitos que já se tinha, sem mais nada fazer. A áurea mediocridade pode ter brilho – mas não deixa de continuar a ser mediocridade…

Os maçons falam muito do Dever, dão atenção aos seus deveres, cumprem os seus deveres. Não por serem masoquistas. Pelo contrário: por entenderem que é assim que conseguem realizar-se. E a realização pessoal é mais do que meio caminho andado para a felicidade…

Publicado no Blog “A partir pedra” em 6 de Novembro de 2013 https://www.freemason.pt/o-dever-caminho-para-a-realizacao/

fevereiro 27, 2025

ARBBLS ORDEM E PROGRESSO 1196 - Goiânia


 A Loja Maçônica Ordem e Progresso 1196 do GOB GO é um das mais antigas de Goiás, fundada em 1946, e também uma das maiores do Estado. Tenho uma longa relação com a Loja, já tendo participado de outros eventos e na noite desta quarta feira, atendendo a agenda organizada pela Academia Goiana Maçônica de Letras, retornei para proferir a palestra "Maçonaria, de Isaac Newton à Internet'.

Logo na entrada reencontro irmãos e amigos como Carlito e Carlos Roberto Martins. Recebo forte abraço do irmão Abel Tolentino. E outros tantos que conheci durante o período que pertenci aos quadros da Grande Loja Maçônica de Goiás. O Venerável Mestre Paulo Cesar da Silva conduziu a sessão com rigor ritualístico.

A palestra, embora reduzida pelo adiantado da hora, recebeu diversas manifestações elogiosas e como sempre acontece em Goiânia, o encerramento se deu com um excelente ágape.