novembro 20, 2025

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - Newton Agrella

 



O dia da Consciência Negra tem um propósito inequívoco.  

Trata-se de um legitimo resgate na memória de nossa história para lembrar, indistintamente a todos os brasileiros, que a abolição da escravatura não foi um mero ato protocolar registrado através da assinatura de uma princesa.  

Muito pelo contrário, este foi um episódio marcado pela ação de milhões de negros que lutaram e morreram por este mesmo ato, mas que os inúmeros livros de História jamais se ocuparam de relatar. 

É preciso despertar a consciência  para que as gerações presentes e vindouras saibam o que realmente aconteceu e de que forma esse processo se desenvolveu, sob os ângulos mais algozes e desoladores que marcaram esta vergonhosa mancha na história de nosso país.

É necessário entender e sobretudo reconhecer o porquê desta data e de que forma comemorá-la com justiça, seriedade, compromisso e profundo respeito.

Só se entende o significado verdadeiro do sofrimento, da vicissitude, do preconceito e da humilhação quem passa ou  quem já passou por esta experiência.

Ser "humano", é antes de mais nada entender que cor, características físicas, tipos de pele e de cabelo são meras circunstâncias estéticas.

São arquétipos que basicamente explicam uma realidade material.

São "embalagens".

Infinitamente mais do que isto, ser "humano" é ter a percepção de nossa alma, de nosso espírito e das propriedades interiores que trazemos conosco. É buscar sem medo o aprimoramento de nossa Consciência.

Definitivamente , ninguém é superior a outrem. Ninguém é melhor que outro.

Somos todos humanamente iguais, e o que nos diferencia, não é a nossa capacidade de raciocinar ou de pensar, mas sim, as "oportunidades" que se nos oferecem ao longo de nossas vidas e consequentemente as circunstâncias que nos permitem aproveitá-las.

Respeito, Amor e Dignidade são a tríade que nos abrem caminho para explicar e justificar a nossa existência.

Isto tudo, por si só, e pela  própria História impõe que hoje se celebre esta data e que jamais deixe caí-la no esquecimento.



NEÓFITO: ATÉ QUANDO? - Pedro Juk





 

Questão apresentada pelo Irmão Carlos Manoel de Jesus, Aprendiz Maçom da Loja Voluntas, 75, Grande Loja de Santa Catarina, Oriente de Florianópolis, Estado de Santa Catarina. 

O profano após ser iniciado é tratado como NEÓFITO. 

Em que momento é desconsiderado esse tratamento

RESPOSTA

Neófito – (do grego: neóphytos, = recém-plantado, pelo latim: neophytus). 

Substantivo masculino – aquele que recebeu ou acabou de receber o batismo. 

Na igreja primitiva era o elemento recentemente convertido ao cristianismo; o noviço; indivíduo há pouco admitido em uma corporação; principiante, novato.

Em termos de Maçonaria o vocábulo é usado para indicar um Aprendiz recém-iniciado. 

Entretanto, ele não pode ser considerado como sinônimo de Aprendiz, mesmo porque o ocupante do Primeiro Grau permanece nesse patamar por um tempo que geralmente ultrapassa um ano.

Assim um Aprendiz só pode ser considerado como um neófito na Sessão que ele foi iniciado (após ter prestado o juramento e recebido a Luz), excedendo-se o tempo no máximo até uma semana após o ato iniciático. 

Nos ritos que primam por um arcabouço doutrinário embasado na investigação da Natureza, comparando a senda do Maçom aos ciclos naturais, como é o caso do simbolismo do Rito Escocês Antigo e Aceito, o recém-iniciado, ao passar pela Câmara de Reflexão, (prova da terra) assume o elemento alegórico de uma semente recém-plantada (néo=novo; phytos=planta) que germina em busca da Luz. 

Daí a associação do Aprendiz com as seis primeiras Colunas Zodiacais colocadas no topo da Coluna do Norte que representam em linhas gerais a senda do Aprendiz (Primavera e Verão no Hemisfério Norte). 

A Câmara nesse caso assume a alegoria do interior da terra donde a semente germina em busca da Luz.

De maneira doutrinária de renovação a Iniciação representa o broto, a infância, o recém-nascido. 

Nesse caso é que o novo iniciado é tomado como um “neófito”, pois a partir desse momento ele se desenvolverá para a produção dos bons frutos (as suas obras) que se bem entendidas na “Arte” prevalecerão para sempre na mente dos pósteros. 

A verdadeira “arte” está na renovação, por conseguinte diretamente conectada à reconstrução do Homem que parte da infância, passa pela juventude em destino à maturidade. 

Esses ciclos compreendem os três graus simbólicos. 

Note que após a saída da Câmara (Terra) os ciclos iniciáticos são representados na Iniciação pela infância (prova do Ar), juventude (prova da Água) e maturidade (prova do Fogo). 

Todas essas etapas são concomitantes aos ciclos da Natureza – Primavera, Verão, Outono e Inverno. 

O Homem como elemento primário (Pedra Bruta), na Maçonaria Especulativa trabalha sobre si mesmo para desbastar as suas asperezas, daí os ciclos vão desde o nascimento (Iniciação), passam pelo aprendizado e da serventia ao Mestre, seguem pela Juventude (Meio-Dia, ação e trabalho) e por fim o conhecimento adquirido (o Mestre e o fim da vida – Meia-Noite). 

O Iniciado mata o Iniciador – renova-se o ciclo e as boas obras permanecem perenes. 

Afinal, em Maçonaria, tudo começa pelo Neófito. 





DESAFIAR-SE -Newton Agrella

 



Um dos maiores benefícios que a Maçonaria nos oferece é a de fazer com que seus membros se desafiem cada vez mais.

Desafiar-se, nesta caso, impõe que o maçom saia da zona de conforto, e busque superar seus limites, sem medo de ousar intelectualmente. 

Seja para se defrontar com seus fantasmas, suas incertezas, seus medos e inseguranças e de algum modo espantar seus preconceitos, ou para encarar suas dificuldades.  

Ao maçom cabe-lhe a coragem de questionar com inteligência e bom senso, respeitando os princípios e postulados da Ordem, com o intuito permanente  de alcançar seu crescimento pessoal.

Ao desafiarmo-nos e ao aceitarmos os desafios da vida, é bem verdade que podemos não conseguir tudo que almejamos, mas seguramente vamos acumulando pequenas vitórias que vão nos dando  sustentação e consistência à nossa autoestima para conquistas maiores.

O próprio sistema hierárquico de aumento de graus ou de "recompensa de salários" que a Maçonaria oferece, é um tácito exemplo de incentivo e estímulo a que o maçom exercite sua capacidade "especulativa", na busca infinita pela Verdade, que do ponto de vista filosófico, pode ser interpretada como Conhecimento.

Ao desafiarmo-nos, tornamos nossa vida mais densa, mais longa, mais cheia de sentidos e de significados.

Fazemos nosso cérebro borbulhar e se transformar numa usina de idéias, que são o combustível de nossa vida e o sentido real de nossa existência.

Fato é que quando a Maçonaria induz-nos a nos desafiarmos, ela indisfarçavelmente, nos remete ao aprimoramento da consciência.

Desafiar-se é não ficar sentado à beira do caminho, assistindo a vida passar.



novembro 19, 2025

SAUDAÇÃO A BANDEIRA - Joab Nascimento

 



I

Nossa sublime bandeira,

Do nosso egrégio Brasil,

Com altivez te saudamos,

Cheios de orgulho mil,

Bandeira que representa 

Nossa eterna mãe gentil

II

Muitas conquistas e glórias,

Tens em seu manto sagrado,

És símbolo do meu país,

Tão lindo e idolatrado,

Que deposita em seu povo,

Todo amor por ele herdado.

III

Oh! Querido pavilhão,

O seu manto altaneiro,

Serve pra cobrir o corpo,

Desse seu povo guerreiro,

Destemido e corajoso,

Vigoroso e hospitaleiro.

IV

Também secastes o pranto,

Noutras oportunidades,

Em seu tecido esplêndido,

Devido às dificuldades,

Dos seus filhos em batalhas,

Disputas e atrocidades.

V

Nossa sublime bandeira,

Te exaltamos todo dia,

Nos templos de Salomão,

Sua força nos irradia,

Pra pregar fraternidade,

No seio da maçonaria.

VI

Tem o seu manto as cores,

Da natureza e das matas,

Da abóbada celestial,

Dos mares, rios e cascatas,

Do ouro tão precioso,

Da paz nas vidas pacatas.

VII

Salve o nosso pavilhão,

Querido de amor gentil,

Que pendula triunfante,

Em seu formato sutil

Salve a nossa amada pátria,

E o nosso amado Brasil.





O TEU CANTEIRO BANDEIRA - Adilson Zotovici




Bandeira que apraz, altaneira

Verde, amarela... azul anil

Que da Paz és vanguardeira

Que assim revela o teu perfil


De bravas lutas és herdeira

Glória impoluta entre outras mil

Seja na escola ou na trincheira

Nobre conduta,  sempre viril


Em tua postura sobranceira

Vês a terra, o mundo hostil

O horror da guerra  agoureira

Que aterra o livro, brota o fuzil


Mas tens tua guarda verdadeira

Que é o teu povo varonil

Qual tua brandura é gente ordeira

E não atura  homem servil


E tens aqui nesta fileira

Neste canteiro fiel, sutil

O teu dossel nobre BANDEIRA...

Livres pedreiros do teu Brasil  !



PERSEVERAR - Nuno Raimundo




 

Quando em Maçonaria se afirma que esta é uma instituição iniciática, que promove o progresso e evolução da humanidade, através do auto-aperfeiçoamento dos seus membros, só se pode dizer que tal só é possível, se existir uma enorme “dose” de perseverança na atitude dos seus membros.

Tanto que esta qualidade a par de outras também importantes, é das que talvez, no meu entender, seja de maior relevância para os maçons.

É somente tendo uma atitude perseverante que o maçom poderá almejar atingir os objetivos a que se proporá, nomeadamente no que toca ao seu aperfeiçoamento pessoal.

Tal como na vida profana, apenas agindo de forma perseverante e laboriosa, é que alguém consegue obter alguma coisa a que se proponha a ter ou alcançar. 

Nada cai nas nossas mãos de “mão beijada” e até é habitual se afirmar que “não há almoços grátis”; logo apenas trabalhando em prol de algo, se consegue alcançar ou aceder a tal.

E ser perseverante não é nada mais que ter uma atitude positiva face às contrariedades  da vida. 

Ter a coragem necessária para ultrapassar essas adversidades que se vão atravessando no nosso caminho, apreendendo algo com essas situações menos positivas, transformando-as numa motivação suplementar que potenciará a nossa vontade de atingir as metas a que inicialmente nos propusemos a atingir. 

E fundamentalmente ter a noção de que apenas com o nosso empenho e com o nosso trabalho é que tal poderá ser possível. 

Nada mais simples que isto.

Mas apesar de toda esta aparente simplicidade, alguns problemas se poderão colocar; uma vez que não é na teoria em si, que acima explicitei e que se suporá de fácil concretização, mas será na parte prática que vamos encontrar as maiores dificuldades a ultrapassar.

É verdade que custa agir de uma forma plenamente perseverante a todo o momento, pois nem sempre temos a motivação necessária e nem sempre conseguimos encarar a vida com o respeito e com a nobreza que ela merece ser vivida.

Quantas vezes não acordámos nós sem ter vontade de nada fazer, estando deprimidos e de “mal com a vida”?!

E com a trágica ideia de que tudo o que possamos fazer não correrá como o esperado?

Ou que tudo o que façamos (nesses dias) será visto como algo negativo ou ineficaz?

Tal acontece e sempre acontecerá… 

Somos humanos e nem sempre temos as “defesas” que queremos ter e nem sempre tudo pode decorrer como desejaríamos como sucedesse. 

Essa variável é que torna a vida ser interessante em ser vivida.

Parece antitética a afirmação que fiz, mas é a verdade.

Se fosse tudo sempre igual, teríamos tanto prazer em viver?

Talvez, por uns tempos, porque depois da rotina instalada tudo seria igual, tanto o “dia como a noite” não teriam diferença sequer…

Por isso é que também é necessário ao ser humano que por vezes algo considerado como negativo ou menos positivo, possa acontecer. 

Essas más experiências serão novas lições a serem adquiridas e as consequências dessas situações permitem sempre novas aprendizagens que a longo prazo serão assumidas (em alguns casos) como uma mais valia na vida de cada um. 

Mas com paciência e com um espírito resiliente até, tal será ultrapassável.

– Naturalmente que estou a falar num sentido muito amplo. 

Ninguém deseja passar por situações traumáticas ou que lhes seja prejudicial e/ou que prejudique outros por isso, apenas para “aprender a viver”… –

E “baixar os braços” e ter uma atitude de resignação e derrotista face a esses momentos negativos que por vezes sucedem na nossa vida, não nos trará nada de benéfico, apenas infelicidade e tristeza. 

Por isso somente uma atitude pode prevalecer. *Ser perseverante!*

E se com o nosso sentimento de perseverança conseguirmos cativar outros, através da prossecução do nosso exemplo, na nossa forma de estar e de agir no meio que nos rodeia, para que também eles possam atuar da mesma forma nas suas vidas ou pelo menos sentirem-se inspirados para tal, tanto melhor.

– Não temos de ser líderes nem guias espirituais, mas como maçons, temos a obrigação de fomentar e de exercer na sociedade os valores que assumimos como nossos. 

E como tal, devemos ambicionar e propormo-nos a agir de forma a que o progresso e a evolução dos povos possa suceder sem altercações de maior. –

E se com a nossa atitude conseguirmos mudar a forma de vida dos outros e torná-la em algo melhor ou em algo que lhes proporcione alcançar as “ferramentas” para que isso possa ser ambicionável, tal é do mais gratificante que se possa sentir. 

Seja porque através da nossa própria atitude, conseguimos transformar a vida dos outros para melhor, bem como em relação à nossa vida pessoal, esta poderá ter uma perspectiva em que pelo menos a maioria das coisas a que nos proponhamos a cumprir, poderão de facto ser exequíveis. 

Apenas ficando por cumprir aquilo que não dependerá somente de nós próprios ou da nossa boa vontade.  

Mas essa variável sempre existirá…

Por isso, não podemos tudo, mas podemos fazer algo para que tal possa acontecer…




BRINCADEIRA DE “GENTE CRESCIDA - Paulo M.



Perguntou um dos leitores habituais do A-Partir-Pedra, no comentário ao texto “Os sinais de reconhecimento”: 

• “Continuo a considerar tudo isto um brincadeira de “gente crescida”. 

• Para quê? 

• Ensinamentos que os maiores filósofos do mundo não tenham explicado?” 

A pergunta é tão pertinente que, tendo tencionado inicialmente responder-lhe nos comentários, acabei por decidir dedicar-lhe o texto de hoje.

Comecemos então por uma analogia. 

Existem milhares de formas de perder peso: dietas equilibradas, dietas malucas, jejum, exercício moderado, exercício pesado, exercício combinado com dietas, bulimia, enfim… 

Há para todos os gostos. 

No fim, todas têm o mesmo objetivo: perder peso. 

De uma forma mais intensa, podemos ainda explorar o objetivo “ser saudável”. 

Aí entram, além das dietas e do exercício, as pulseiras magnéticas milagrosas, os chás de tudo e mais alguma coisa, as noites de sono bem passadas, as almofadas mágicas, o auto-controlo, a alternância equilibrada entre períodos de descanso e períodos de trabalho, os amuletos, o cumprimento de determinados rituais, enfim… 

Todas elas nos prometem mais e melhor saúde. 

Umas serão globalmente mais eficientes do que outras – e não esqueçamos que a eficiência é diferente de pessoa para pessoa – e umas terão mais contra-indicações do que outras. 

No fim, cada um deverá procurar aquela que mais se lhe adequa, e pode, até, conseguir bons resultados combinando vários métodos ou aplicando apenas parte deles.

Do mesmo modo, tudo o que a Maçonaria ensina de substantivo pode ser encontrado de muitas outras formas: através de várias religiões, de diferentes correntes filosóficas, de palestras, de “gurus” privados, ou, para quem se disponha a despender algum do seu tempo, através até de uma boa biblioteca pública. 

*O que a Maçonaria tem de único é o método, o meio, a forma.*

Não há ensinamentos exclusivos da Maçonaria que não sejam instrumentais, ou seja, que não digam respeito ao método e não ao fim, ao objetivo. 

Por isso, quem procura na Maçonaria ensinamentos exclusivos, secretos, reservados, e que o resto do mundo desconheça, então desengane-se: não há. 

Já aqui foi dito, bem como explicado o que a Maçonaria não revela e porquê. 

Os símbolos, as alegorias, os “segredos de grau”? 

Não passam de instrumentos, simples andaimes, meros artefactos que suportam, ilustram e consolidam os verdadeiros ensinamentos.

*Mas que ensinamentos são esses, afinal?!*

Ah, esses são tão únicos como único é cada indivíduo! 

Pretender sabê-los seria como, através da descrição das técnicas de pintura de um dos grandes Mestres, pretender saber o que viriam a representar as telas pintadas por cada um dos seus discípulos… 

A Maçonaria apenas indica os princípios, e esses são bem simples: a fraternidade, a entre-ajuda, a tolerância perante a diversidade, a crença num Princípio Criador, o trabalho como meio de obter resultados, o desenvolvimento intelectual, a procura do Bem e da Virtude, o combate ao Vício e às Paixões, e tudo isto focado em cada um, do modo que este melhor entenda que mais lhe aproveita para atingir os objetivos que definiu para si mesmo. 

É, por isso, impossível dizer-se que ensinamentos é que a Maçonaria transmite: era preciso, para isso, que cada um estivesse ciente dos mesmos – que, tantas vezes, são absorvidos quase que “por osmose”, pelo contacto com ideias alheias, sem que sejam propriamente sequer verbalizados, e por vezes nem mesmo conscientemente apercebidos.

O que traz a segunda dificuldade: mesmo que apercebidos, podem não se conseguir transmitir senão de forma imperfeita. 

Pensemos como explicaríamos como se pinta a alguém que nunca pegou num pincel, mas sem o fazer passar pela experiência de conspurcar dezenas de telas brancas, nem se besuntar nas tintas, ou passar pelo experimentar, olhar e tentar de novo…

Por fim, quem considere ser a Maçonaria uma “brincadeira de gente crescida” deve recordar que:

A Maçonaria Regular não faz proselitismo, ou seja, não faz convites nem recruta novos membros, pelo que ninguém pode acusar a Maçonaria de o ter arrastado para um erro. 

Cada um dos que adere à Maçonaria fá-lo pelo seu próprio pé, por sua própria opção e no exercício da sua própria liberdade.

Apesar de nem todos serem livres de entrar, todos são livres de sair quando entendam; não queremos entre nós gente contrariada; 

Há inúmeras formas de aumentarmos o nosso potencial humano e espiritual, das quais a Maçonaria é apenas mais uma.

Como os meios de emagrecimento, cada um deverá procurar o que mais se lhe adequa. 

De fato, aos olhos de quem faça exercício duro, uma ou mais horas por dia, uma pessoa dedicar-se ao vegetarianismo como único meio de emagrecer pode parecer uma “brincadeira de gente crescida”; se de fato o é ou não, já é questão completamente diferente…

novembro 18, 2025

A SIMBOLOGIA DA PURIFICAÇÃO - Joaquim Santos





A SIMBOLOGIA DA PURIFICAÇÃO PELOS ELEMENTOS E AS ORIGENS DA SUA INTRODUÇÃO NOS RITUAIS MAÇÓNICOS

A simbologia da purificação pelos quatro elementos encontra-se presente na maior parte dos rituais de iniciação, dos ritos maçónicos continentais, e ausente na globalidade dos ritos de origem anglo-saxónica. 

Este procedimento litúrgico, que integra as provas sucessivas da terra, água, ar, e fogo, baseia-se numa concepção simbólica da constituição da matéria, profundamente enraizada na cultura clássica ocidental.

Tendo em conta a sua proveniência e essência, estes quatro elementos da física pré-socrática não podem ser considerados literalmente, mas apenas simbolicamente, seja no seu contexto de origem, seja no âmbito dos domínios que, posteriormente, os importaram por sincretismo, tais como a filosofia hermética, a alquimia, ou A MAÇONARIA. 

É neste último caso, que importa aprofundar a sua génese e disseminação.

Muito embora a temática das viagens tenha estado presente, nas cerimónias de iniciação, desde os primórdios da maçonaria especulativa, o mesmo não se passa relativamente às purificações pelos quatro elementos. 

Assim:

• Em 1730, Samuel Prichard na sua “Masonry Dissected” refere, somente, que o candidato efectuava uma volta à Loja, para se apresentar à assistência;

• Em 1737, no mais antigo Ritual Francês conhecido, o recipiendário fazia três viagens, antes de ser conduzido ao Venerável Mestre. Não existem, neste ritual, nem elementos, nem provas, nem purificações, apenas no decurso das viagens era vertida resina em pó sobre os candelabros justapostos ao Quadro de Loja, para causar maior impressão no recipiendário;

• Em 1767, os “Rituais do Marquês de Gages” descrevem o recipiendário conduzido à volta da Loja pelo 1º Vigilante, sem que intervenham nas viagens nem elementos, nem purificações, se bem que a prova do fogo figure na iniciação;

• Todavia, um catecismo de 1749, de uma Loja de Lille, comporta a resposta “Fui purificado pela água e pelo fogo”. Trata-se da mais antiga menção desta inovação, a qual já existia em altos graus praticados na época, podendo ter migrado daí para a maçonaria azul. Estas duas purificações não têm, aliás, origem hermética, mas sim bíblica, correspondendo aos baptismos da Antiga e da Nova Alianças. Recorde-se as palavras de S. João Baptista, em Mateus 3.11 “Em verdade vos baptizo com água…mas aquele que vem após mim…vos baptizará com o Espírito Santo e com fogo”;

• Em 1786, no “Régulateur du Maçon”, documento fundador do Rito Francês, o Grande Oriente de França fixa a purificação pela água após a segunda viagem, e a purificação pelo fogo após a terceira, sem haver qualquer referência a outros elementos;

• Os três elementos constituintes da matéria, na perspectiva Martinezista (fogo, água, terra) só aparecem tardiamente na maçonaria rectificada, em 1786-1787, apenas e somente com a interpretação especifica do RER, sem qualquer relação com a que se encontra nos restantes ritos;

• O “Guide des Maçons Écossais”, de 1804, mais antigo documento regulador dos graus simbólicos do REAA, faz passar o recipiendário pelas chamas purificadoras na terceira viagem, sendo as duas anteriores isentas de purificações;

• Enfim, em 1820, o Ritual do Rito de Misraïm explicitamente prevê a purificação pelos quatro elementos, sendo a prova da terra objectivamente associada à passagem pela Câmara de Reflexões, e as purificações pela água, fogo, e ar, realizadas sucessivamente por esta ordem, associadas a três viagens realizadas fora do Templo, nos Passos Perdidos. Tratou-se, pois, de uma completa inovação, relativamente a um século de pratica maçónica anterior, neste país.

• Este modelo repetiu-se no Ritual do 1º Grau do Rito de Memphis, de 1838, no qual apenas foi alterada a ordem dos elementos, para terra-ar-água-fogo.

A migração desta simbologia foi quase imediata, dos Ritos Egípcios para os restantes ritos praticados à época em França, passando, contudo, as purificações a serem realizadas no interior do Templo.

Muito embora nas revisões do Rito Francês efectuadas até à versão Murat, de 1858, tenha sido mantido, formalmente, o protocolo inicial das duas purificações, a identificação das viagens com os quatro elementos foi, correntemente assumida pelos autores maçónicos da época ligados a este Rito, nomeadamente por Clavel e, por Ragon.

A partir de 1877, as purificações foram retiradas dos rituais do Grande Oriente de França, na sequência de uma revisão laicisante do Rito, tendo sido reintroduzidas, já com referência aos quatro elementos, no decurso dos últimos decénios. 

Tanto no Rito Francês Groussier, como no Rito Francês Moderno Restabelecido, a ordem dos elementos considerada é *TERRA-ÁGUA-AR-FOGO*. 

Tal foi, também, a ordem elegida por Robert Ambelain, na sua revisão dos rituais dos Ritos Egípcios, que deu origem ao Ritual do Rito Antigo e Primitivo de Memphis-Misraïm, actualmente praticado.

No REAA, a importação também se deu imediatamente, estando a mesma presente em todos os Rituais da Grande Loja de França, desde a sua fundação em 1896, com a ordem TERRA-AR-ÁGUA-FOGO, que é hoje característica deste Rito. 

Se o REAA influenciou, na sua génese, os Ritos Egípcios, também podemos considerar que estes vieram, reciprocamente, a inspirar, de algum modo, a sua matriz original.

Perante toda esta sequência cronológica, duas perguntas surgem naturalmente:

Porque é que estas purificações apareceram em 1820?

E porquê num Rito Egípcio?

A resposta para elas poderá estar em… Mozart!

No libreto da ópera “A Flauta Mágica”, de 1791, no seu segundo acto, cena 7, consta a seguinte referência:

• “Aquele que avançará por esta estrada plena de obstáculos

• Será purificado pelo fogo, a água, o ar e a terra

• Se ele pode superar os receios da morte

• Se elevará da terra até ao céu”

Sendo esta ópera da autoria de dois Maçons, Mozart e Shikaneder, e reproduzindo a mesma uma iniciação, será que esta simbologia já existia na maçonaria austríaca trinta anos antes de ter surgido em França?

Mozart foi iniciado em 14 de Dezembro de 1784, em Viena, na Loja “Zur Wohltätigkeit”, sob os auspícios da Grande Loja Nacional Austríaca.

Antes dessa data, praticavam-se, em Viena, quatro ritos: a Estrita Observância, o Rito de Zinnendorf, o RER e, o Rito de Adopção.

Muito embora a Loja-Mãe de Mozart tenha sido constituída para praticar o RER, à data da sua iniciação, a oficina utilizava já outro ritual, do qual se encontra depositada, em Copenhaga, uma cópia manuscrita.

Trata-se de um ritual claramente de influencia francesa, todavia com alguns pontos comuns ao Ritual do 1º Grau do Rito de Zinnendorf. 

Nesta cerimónia, o recipiendário, depois de passar pela Câmara de Reflexões, faz três viagens. 

Segundo o texto deste ritual, o Venerável Mestre ordena ao Segundo Vigilante que faça o recipiendário realizar a primeira viagem “pelo ar e pela terra”, a segunda “pela água”, e a terceira “pelo fogo”, sem haver, contudo, qualquer referência a purificações.

Se este conceito migrou da maçonaria para a ópera, tal não pode ser objectivamente confirmado. 

Constitui, contudo, um facto, que Mozart foi iniciado através de um ritual que mencionava os elementos, não assumindo, todavia, no mesmo a forma presente no libreto de “A Flauta Mágica”, que se parece reproduzir no Rito de Misraïm.

No final do séc. XVIII a maçonaria austríaca irá cair na penumbra, e praticamente desaparecer, em virtude dos éditos restritivos de José II, o mesmo não sucedendo, contudo, à “A Flauta Mágica”, que conhecerá uma notoriedade assinalável por toda a Europa.

Subsistem, todavia, as perguntas: porquê 1820, e porquê num Rito Egípcio?

Poderá, no entanto, ter sido recentemente descoberto o elo da cadeia, que faltava para lhes dar resposta.

Em 1801, Ludwig Wenzel Lachnit, natural de Praga, apresentou ao público parisiense uma “nova ópera de Mozart” denominada “Os Mistérios de Isis”. 

Esta obra, com libreto em Francês, da autoria de Étienne de Chédeville, e música reciclada a partir da partitura da “A Flauta Mágica”, e de importações de outras óperas de Mozart, conheceu um assinalável sucesso, atingindo um total de 130 representações até 1810, com reposições em 1816, e 1827.

Terá sido a ópera mais representada durante o Império, não sendo estranho ao seu êxito o facto de a sua estreia ter coincidido com o final da Campanha do Egipto, e de ter beneficiado de uma quinzena de anos nos quais os temas egípcios estiveram na moda.

No libreto desta obra, publicado em Paris, em 1806, as personagens são precipitadas “num sombrio subterrâneo”, passando posteriormente para um outro “sombrio e profundo subterrâneo destinado às provas do fogo, da água, e do ar” antes de, finalmente, acederem ao “Templo da Luz”.

Será que, numa altura em que a informação existente sobre o Antigo Egipto era escassa e mítica, o libreto de “Os Mistérios de Isis” não poderá ter servido de inspiração aos irmãos Bédarride para escreverem o Ritual do seu Rito de Misraïm??? 🤔 

Trata-se, contudo, de uma pergunta que só eles poderiam responder, sendo, todavia, comprovado, que nos meios maçónicos da época, lhes foram, merecida ou imerecidamente, atribuídos propósitos idênticos aos que teria tido o promotor desta ópera, e que teriam mais a ver com metais, do que com valores maçónicos.

A ter-se verificado, este “transfer” constituiria mais um exemplo de que nem a sociedade é impermeável a ideias veiculadas na maçonaria, nem esta última o é a ideias, ou modas, provenientes da sociedade.

Este sincretismo pode, ainda, ser indiciado pelo facto de Alexandre Lenoir ter publicado, em 1814, o livro “La Franche-Maçonnerie rendue à sa véritable origine”, o qual marca a origem da Egiptofilia Maçónica e, onde se descrevem as iniciações no Antigo Egipto (mítico), referindo-se as purificações pelos quatro elementos e, a necessidade das cerimónias maçónicas se ajustarem aos procedimentos dos Antigos Mistérios.

Em conclusão, as purificações pelos elementos, introduzidas em força e vigor na maçonaria, no primeiro quarto do séc. XIX, ganharam plena profundidade simbólica já no séc. XX, através do contributo de vários simbolistas notáveis, dos quais destaco Oswald Wirth, que incorporou muitas interpretações herméticas à simbólica tradicional maçónica do REAA. 

Termino, pois, com palavras suas, bem elucidativas do sentido iniciático que podemos dar a este procedimento ritual:

• “Esta vida de ordem superior proporciona-se através do desenvolvimento do princípio da personalidade, dado que o ser inferior não é mais do que um autómato que reage mecanicamente sobre a acção das forças das quais é o joguete. A sua vida permanece material ou elementar porque ela resulta unicamente do conflito dos Elementos…

• Mas as forças exteriores, tão potentes sejam elas, devem ser dominadas pela energia que acha a sua origem na personalidade. 

• É porque o homem é chamado a desenvolver em si um princípio mais forte que os Elementos, que ele entra em luta com eles no decurso das provas iniciáticas”

Pessoalmente, penso que este princípio reside no Conhecimento, principal impulsionador da elevação da Condição Humana, entendendo-se o mesmo não só como sapiência, mas também e, fundamentalmente, como consciência. 

Cada um, contudo, dentro do seu livre-pensamento deverá encontrar a sua interpretação pessoal para o mesmo.

Só assim estaremos, realmente, a fazer Maçonaria.





COMPLEXO DE SUPERIORIDADE - Newton Agrella


Quando nos atrevemos a abordar algum assunto, não há lei que nos proíba de manifestar nossa percepção ou nosso entendimento a respeito do mesmo, desde que seja empreendido com solene respeito e civilidade.

Afinal de contas, o maçom é supostamente, um livre pensador e assim o sendo, vale-se de seu arbítrio para propor, argumentar, contrapor ou simplesmente aquiescer uma idéia ou um conceito.

Esta premissa pode ser tomada particularmente quando nos referimos ao universo filosófico da Maçonaria.

Lembro-me que pouco tempo após ter sido exaltado ao grau de Mestre Maçom, no Rito Escocês Antigo e Aceito na Aug.'.Resp.'. Benem.'.Benf.'.e Cent.'. Loja Simbólica Luiz Gama, nr. 0464, Oriente de São Paulo SP - dois de meus mais valiosos Veneráveis Mestres: o Ir.'. Marigildo de Camargo Braga e o Ir.'. Antônio  Maciell Neto ensinaram-me que toda vez que eu fosse fazer uma sindicância que eu nunca me abstivesse de perguntar ao pretenso candidato, dentre as várias questões, se o mesmo tinha algum "complexo de superioridade".

Pois é, talvez hoje em dia esse questionamento possa até parecer supérfluo ou desnecessário, porém, não é bem assim.

Esta questão serve como uma espécie de advertência no que diz respeito ao que a Loja e a própria Ordem podem esperar futuramente com relação ao candidato.

Sem entrar no mérito científico, o que nem é o caso, mas fato inconteste, é que após algum tempo de estrada,  conseguimos identificar aqueles que foram recebidos Maçons, mas que depois de relativo curto período na Ordem, começam gradativamente a expor suas necessidades de se vangloriar de seus feitos;

de buscar constantemente por reconhecimento;

e pior que tudo, de menosprezar as conquistas alheias. 

Este tipo de Maçom é aquele que adora se travestir como "égua de cigano" (expressão esta que aprendí com outro de meus maiores Mestres, o Venerável  Ir.'. Adilson Zotovici, decano da A.'.R.'.L.'.S.'. Chequer Nassif nr.169) - posto que a metáfora dá conta sobre o uso exagerado de medalhas pins e ornamentos de que o Irmão se vale em seus paramentos, como se isso representasse o conteúdo de sabedoria e conhecimento que carrega consigo.

Como se percebe, o complexo de superioridade refere-se a um mecanismo subconsciente de uma espécie de compensação mental, fruto de  sentimentos de inferioridade, que aliás são despertados como que por uma rejeição social. 

Cabe portanto ao sindicante, procurar fazer uma avaliação criteriosa e cuidadosa durante a entrevista, antes de emitir seu parecer.

Compartilhar experiência é um saudável exercício que está há anos luz de distância de querer se mostrar superior a outrem, posto que ao dividir  pontos de vista está se colocando uma questão aberta a outras interpretações.



novembro 17, 2025

AHIMAN REZON - Kennyo Ismail




GAhiman Rezon foi o nome dado por Laurence Dermott para a Constituição da Ancient Grand Lodge of England. 

Várias Grandes Lojas que seguiam a vertente dos “Antigos” adotaram o mesmo nome para suas Constituições, como as Grandes Lojas da Pensilvânia, Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia.

Mas, afinal, o que significa Ahiman Rezon? 

Conforme Albert Mackey, significa “A Vontade dos Irmãos Selecionados”. 

A Grande Loja da Virgínia, com base na obra de Mackey, Lexicon of Freemasonry, adotou o significado “Lei dos Irmãos Preparados”. 

A Grande Loja da Carolina do Sul, interpretou como “Segredos de um Irmão Preparado”. 

Já a Geórgia entendeu como sendo “Construtor Real”. 

Em 1825, a famosa Grande Loja da Pensilvânia registrou em sua revisão: O Livro das Constituições é geralmente denominado Ahiman Rezon. 

A tradução literal de Ahiman é “um irmão preparado”, e Rezon é “secreto”, então Ahiman Rezon literalmente significa “os segredos de um irmão preparado”.

Entre tantas opiniões, talvez seja prudente considerar a intenção do próprio autor que adotou o termo, o polêmico Dermott! 

No prefácio de sua Ahiman Rezon, Dermott escreveu que um dia teve um sonho em que ele conversava com quatro homens de Jerusalém. 

Um dos homens, chamado Ahiman, disse a ele que ninguém tinha escrito nem poderia escrever uma história sobre a Maçonaria como a que Dermott se propôs a fazer.

A Bíblia de Genebra de 1560 explica que Ahiman significa “um irmão preparado” ou “irmão da mão direita”, e Rezon significa “um secretário”. 

Considerando as citações que Dermott fez da Bíblia de Genebra, pode-se supor que sua intenção para Ahiman Rezon era “irmão secretário preparado” ou “irmão secretário da mão direita”.

Dermott foi Grande Secretário da Grande Loja dos Antigos por quase 20 anos, de 1752 a 1771, tendo sido o grande responsável pelo sucesso da Obediência. 

Era conhecido por ser criativo e ríspido, e ridicularizou as leis e a história lendária da Maçonaria criada por James Anderson, além das modernizações promovidas pelos “Modernos”. 

Dermott ainda lançou e divulgou a ideia de que os maçons “antigos” sabiam tudo que os “modernos” sabiam, mas não o contrário, pois a Maçonaria dos “antigos” era mais completa. 

Ele se referia ao Real Arco, que foi o grande vitorioso na fusão das duas Grandes Lojas inglesas, gerando na Grande Loja Unida da Inglaterra a grande confusão matemática do mundo maçônico, através do artigo:

_ “(…) a pura Maçonaria Antiga consiste de três graus e nenhum mais, isto é, os de Aprendiz Registrado, Companheiro de Ofício e Mestre Maçom, incluindo o Sagrado Real Arco”. 

Ou seja, para a Grande Loja Unida da Inglaterra, 03 e nenhum mais… são 04! 

Se estivesse vivo, tenho certeza que Dermott também faria piada disso.





DIFERENÇA ENTRE HEBREU, ISRAELITA E JUDEU - Almir Sant’Anna Cruz


 

Sabemos existir uma diferença, ao nosso ver meramente técnica, entre os termos Hebreu, Israelita e Judeu.

O termo *Hebreu* está ligado a conquista da terra na época de Abraão. 

Os *Israelitas* são os Hebreus que passam a receber esse nome a partir de Jacó, que teve o seu nome mudado por Deus para Israel, e sua descendência dos 12 filhos homens que formaram as 12 tribos de Israel.

Após a morte de Salomão, durante o reinado de seu filho Roboão, as 12 tribos se dividiram em dois diferentes reinos, o de Israel (com capital em Siquém e posteriormente em Samaria), com 10 tribos que se apartaram de Roboão e o de Judá (com capital em Jerusalém), com as 2 tribos que permaneceram fiéis a Roboão.

Israel sobreviveu 208 anos, até a queda de Samaria, ocasião em que a maioria de seus habitantes foram levados cativos para a Assíria. 

Judá durou 343 anos, com a destruição de Jerusalém pelo rei caldeu Nabucodonosor, que levou seus habitantes prisioneiros para a Babilônia. 

Quando os habitantes de Judá foram libertados da Babilônia, voltaram às suas terras e reconstruíram o Templo destruído por Nabucodonosor, esses Hebreus passaram a se chamar *Judeus*. 

Como se vê, Hebreu, Israelita e Judeu na verdade são três diferentes denominações para nomear o mesmo povo, em épocas diferentes. 

Veja-se como esses três termos se interpenetram e se completam: o país atualmente chama-se *Israel*, o povo chama-se *Judeu*, a religião é a *Judaica* e a língua é *Hebraica*.


Do livro *Personagens Bíblicos da Maçonaria Simbólica - Interessados contatar o Irm.’. Almir no WhatsApp (21) 99568-1350

novembro 16, 2025

ESTUDO DO SALMO 133 - José Maria de Oliveira Fontes


 

Oh! Quão bom e agradável vivermos unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Aarão, e desce para a gola das suas vestes. É como o orvalho do Hérmon, que desce sobre os montes de Sião. Ali ordena o senhor a sua bênção e a vida para sempre”.

Israel assim como o seu povo é abençoado por Deus, dizem em histórias populares, que é o povo escolhido, situado entre a cadeia de montes de Sião, de onde se destaca majestosamente o monte Hérmon, um verdadeiro oásis, contrastando com os países vizinhos. Cortado por diversos e importantes rios, dentre eles o mais famoso, o rio Jordão, às suas margens estende-se verdejantes videiras e oliveiras assim com produz tudo o que se planta.

Como Jerusalém está situada na meseta central da Palestina, para chegar à cidade santa de qualquer parte da terra, é preciso “subir”, o que explica bem a razão de ser da expressão “das subidas”, circundada pelos montes de Sião, onde o senhor escolheu para morar, de onde se destaca majestosamente o monte Hérmon.

O monte Hérmon por sua vez, destaca-se pela sua magnitude, de tão alto, há neve no seu cume o tempo todo, e é de lá, que vem o orvalho santo junto com as bênçãos; A neve derretida forma os rios e os lençóis de água, e pela sua importância é que no salmo 133, se destaca de forma tão bela.

Quando David falava “Oh quão bom e agradável vivermos unidos os irmãos!

Importância que dava aos povos de diversas aldeias que iam aos templos de Jerusalém para rezar, e Jerusalém por sua vez, tratava a todos desta forma, acolhia quem quer que fosse, viesse de qualquer lugar.

E o óleo citado “… é como o óleo precioso…” era um perfume raríssimo à base de mirra e oliva, usado para urgir os reis e sacerdotes, e ou aquele neófito que aspirava a alguma iniciação. Importante a ponto de comparar com os irmãos unidos e a sua grandiosidade.

Agora quando fala “… é como o orvalho do Hérmon, que desce sobre os montes de Sião…” refere-se ao monte na sua pujança, a sua importância para a existência de Israel, dos montes vem o orvalho e o orvalho é a água, a vida, a natureza, o bem mais precioso.

Para situarmos melhor na história, falo agora do significado de cada citação, de onde podemos refletir e só assim, entendermos o que David dizia:

Os Irmãos

Quando o Salmo 133 sugere “… que os irmãos vivam em união…” estamos traçando um programa de convivência amena e construtiva, e se voltarmos no tempo, veremos que a palavra “irmão” se revela uma necessidade entre os homens e era mesmo. Com toques divinos, não menor necessidade que temos dela hoje, basta que encaremos o panorama humano dos nossos dias atormentados pelas divergências e alimentados pelo ódio mais profundo.

O Óleo

“Os óleos vegetais são produtos de secreção das plantas, que se obtém das sementes ou frutos dos vegetais, são substâncias gordurosas das quais muita comida líquida e de temperatura ordinária” Bem, podemos ver que não se trata de nova tecnologia, o óleo citado acima, usado para unção sagrada, era uma das espécies, porém muito especial.

Aarão

O membro destacado da tribo de Levi, irmão mais velho de Moisés e seu principal colaborador possui um peso próprio na tradição bíblica, devido ao seu caráter de patriarca e fundador da classe sacerdotal dos judeus.

A barba

Pelos espalhados pelo rosto, adorna a face do homem desde os mais remotos tempos, a barba mereceu dos mais variados, novos semitas e não semitas da antiguidade, um trato especial, destinaram-lhe grandes cuidados. Não apenas um símbolo de masculinidade e podemos exemplificá-la com os varões que engrandeceram o império Brasileiro, figuras imponentes pela conduta e em particular, símbolo de austeridade moral.

Os Israelitas a que pertencia Aarão, evidenciaram especial estima pela barba, a ela conferiam forte merecimento, apreciável atributo do varão, que externava pela sua aparência, a sua própria dignidade. Os Israelitas por si mesmo, pelo que ela representava raspá-la e eliminá-la do rosto demonstrava sinal de dor profunda.

As vestes

De especial significa litúrgico e ritualístico, eram as vestes daqueles que tinha por missão exercitar atos religiosos, como a unção, o sacrifício, o culto e variava de conformidade com os diversos ofícios religiosos para invocação da divindade.

Havia especial referência pela cor branca nas vestes sacerdotais, nas representações egípcias contemporâneas ou posteriores ao médio império, os sacerdotes usavam um avental grosseiro e curto, já o sacerdote leitor usava uma faixa que lhe cobria o peito como distintivo da sua categoria, enquanto que o sacerdote vinculado ao ritual de coroação exibia uma pele de pantera.

No velho testamento presume-se o uso de um avental quadrado, quando se fala na proibição de se aproximar do altar através das grades, talvez um precursor do avental maçónico.

Então o óleo sagrado era jorrado sob a cabeça da pessoa a ser ungida, descia pela barba e escorria a orla das suas vestes.

O orvalho

O esplendor da natureza oferece a magia do orvalho, que desce das alturas para florir de viço ás plantas, nada mais belo e nada mais sedutor do que o frescor das manhãs, verem como as folhas cobrem-se de uma colcha unida, onde vão refletir os raios avermelhados do sol que traz luz.

No capim deposita-se o orvalho cama verde e amiga, em gotículas que, juntando-se umas às outras, vão nutrir a terra ávida de alimento, parecem espadas de aço ao calor do dia, nas pétalas florais, formando-se pérolas do líquido cristalino, espelho da vida que exulta ao redor.

O monte Hérmon

Trata-se de um maciço rochoso situado ao su-sudeste do anti Líbano do qual se separa um vale profundo e extenso, apresenta-se de forma de um circulo, que vai de nordeste à sudeste. Explicando um pouco mais, para entender a geografia desta região que viu nascer a história do mundo bíblico: O anti Líbano é a cordilheira que se estende paralelamente ao Líbano, separando das planícies de Bekaa. De todas as cadeias montanhosas, é a que se posta mais ao oriente, pois desenvolve-se do nordeste ao su-sudeste, por quase 163 quilómetros, as suas extensões e alturas são visíveis a partir do mediterrâneo; o seu ponto culminante é o monte Hérmon, com mais de 2.800 metros de altitude possui neve no seu cume e de lá o vento traz o orvalho.

O monte Sião

Também chamado de monte de Deus, o monte Sião não que seja santo por si mesmo, más porque o Senhor o escolhera para ser a sua morada, para todos, o monte será um refúgio seguro e inabalável.

O orvalho que escorre de Hérmon para os montes de Sião, como o senhor ali mora, é dele que escorre o orvalho abençoado, todas as suas complacências.

Em Salmos 2:6 vemos que Deus mesmo instalou o seu rei sobre o monte santo, “Eu, porém constituí meu rei sobre o monte Sião” O mesmo lugar em que Abraão ia sacrificar o filho.

A Bênção

Tudo que é bom é-lhe agraciado; Em Hebraico, o seu significado é “berakak” palavra que deriva de “Berek” que por sua vez significa joelho. Nota-se a relação entre uma e outra palavra, porque, sendo a bênção a invocação das graças de Deus sobre a pessoa que a recebe, deve ser colhida com humildade e unção, portanto, de joelhos em terra, reverenciado e respeitosamente.

Para os Semitas, bênção possui força própria, e por isso, é capaz de despertar a sua potencialidade energética de produzir a saúde, palavra que se acha envolvida por vibração, carregada de energia dinâmica e magia.

“O omnipotente te abençoará com a bênção do céu, com as bênçãos do abismo, que jaz em baixo, com as bênçãos dos seios maternos e dos úteros“.

(Génesis 49:25)

Assim “… Porque ali o senhor ordena a bênção e a vida para sempre…”

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ESPELHO E REFLEXO–DO SÍMBOLO AO SIGNIFICADO - J.S.S.



Os Símbolos e Ritos só fazem sentido se forem vividos e percebidos duma forma interiorizada, portanto contida e reflexiva. 

Os Símbolos, indicam significados, agitam e aguçam a mente, prometem metáforas e revelações. 

Os Ritos, servem e canonizam os símbolos, fazem perceber uma Ordem e nessa ordem adivinham-se princípios e virtudes, disciplinas e etapas e, mais importante, uma via, quase um trilho, para o conhecimento, sabedoria e, em alguns casos, para a sacralização do homem.

É pela Iniciação que se divisa e compreende a premência deste Universo, que se premonizam alguns significados, que se antegozam revelações e sentimos uma Obediência. 

É no silêncio do Aprendiz que os Ritos lhe zelam pela observância dos sentidos, explanam virtudes e pré figuram Símbolos. 

Refletindo, isto, foi o que me foi dado ver.

No ritual da minha Iniciação, depois de me ter sida concedida a Luz, fui confrontado com o meu pior inimigo, eu, obviamente, ali denunciado, pelo reflexo da minha imagem no espelho. 

Por detrás dele, para minha alegria e contentamento, estava um Amigo, oferecido Padrinho, hoje um Irmão. 

É sobre este reflexo que quero reflectir e concentrar a minha atenção

O conceito de espelho aplica-se, genericamente, a qualquer superfície ou objecto polido, reconhecidamente capaz de reproduzir e, ou, Reflectir a Imagem de objectos visíveis e confrontáveis que se lhes apresentem. 

Assim, quando comumente falamos de espelhos, ou de um frontispício (espelho) de um templo , falamos de matérias com propriedades refletoras e reflexivas, respectivamente. 

De ambos imaterializa-se a centelha, a luz e a sombra, O Reflexo, o único que parece ainda emprestar e revelar ao espelho o agente do seu significado. 

Já não existem espelhos, morreram pela essência do reflexo, que agora liberto, entrecruza-se e confronta-se com o real.

Este real já não cabe no profano, mudou-se, está em evolução, segue uma senda, tenta projetar-se nas virtudes e na fraternidade humana.

É então, agora, urgente, melhorar o Reflexo, o meu profano inimigo, aprender a refrear a sua soberba, domá-lo, vencê-lo, virtualizá-lo, atento aos caminhos do EU Real.

Intuitivamente, este EU Real, será o Espírito, uma partícula da Chama Sagrada, A Alma da Alma, a forma suprema por que Deus se revela ao Homem.

Dizem que a Alma é o Reflexo do Espírito. Seria possível engrandecer este Reflexo, esta Alma, se não fosse Mente Espiritual?

Desta forma, sei que: As minhas reflexões de hoje, irão certamente sucumbir a uma sabedoria, que nos tempos, se perpetuará ao Oriente.