julho 14, 2025

MAÇONARIA SEM MISTÉRIO - Pedro Juk


As datas solsticiais e os cultos solares da antiguidade são temas importantes para o estudo e a compreensão da "Arte Maçônica". Como atualmente vivemos um período solsticial de inverno no hemisfério norte (berço de origem da Maçonaria) é oportuno lembrar um dos dois personagens que, por influência da Igreja, são tidos como protetores da Ordem. 

Pela própria história das confrarias de construtores medievais, o solstício de inverno no hemisfério boreal se associa a pratica profissional dos cortadores e entalhadores da pedra calcária. Esses, então construtores de mosteiros, abadias, igrejas e catedrais eram protegidos pela Igreja-Estado. Assim, no período em que os rigores do inverno não permitiam o trabalho na sua plenitude, ansiosamente os operários esperavam pelo final das agruras da estação gélida em que a Terra fica "viúva" do Sol (noites longas e dias curtos). 

Como que a existir um elo entre essa alegoria solsticial e os Ofícios Francos, João, o Evangelista já era lembrado desde então como aquele que “divulgou a Luz”. Por óbvio, tudo em alusão Àquele que veio para trazer de volta a Luz ao mundo. O "Natalis Invicti Solis", desde o mitraísmo persa, parece misteriosamente concordar com o nascimento de Jesus - nesse caso Ele conhecido como a “Luz do Mundo”. 

Não obstante às convenções alegóricas dos cultos solares da antiguidade (base da grande maioria das religiões), as confrarias medievais de construtores - precursoras da Maçonaria - como que a cumprir os ditames da Natureza, também dividiam o seu tempo (semestral) se utilizando das datas solsticiais próprias do hemisfério norte do nosso Planeta - o de início do verão em junho e o de início do inverno em dezembro. 

A despeito das questões relativas ao andamento profissional da própria confraria e as estações propícias para o trabalho, havia também a influência da Igreja expansionista na época que associava esses Santos Protetores aos ditames dos seus domínios. 

Por conta disso a Igreja se utilizou das datas solsticiais de inverno e de verão, o que fez com que João, o Batista (o que previu a Luz) e João, o Evangelista (o que pregou a Luz) se consolidassem como patronos das Guildas de Construtores, e por extensão à Franco-Maçonaria, que viviam sobre o seu protetorado. 

Sob o aspecto filosófico e doutrinário, essa alegoria busca demonstrar figuradamente que essa Luz se reporta a “Jesus”, Ele tido pelo Cristianismo como a “Luz do Mundo”. 

É devido a isso que a data do Seu nascimento fora adequada e fixada pela igreja justamente num solstício de inverno do hemisfério Norte. 

Na realidade esse teatro natural representa que no inverno os dias são curtos e as noites longas, o que, em primeira análise, simboliza um tempo em que as trevas acabam prevalecendo sobre a Luz – Jesus, nesse caso, veio para dissipar as trevas.

Como o período é o de solstício hibernal ao Norte, a Maçonaria, cujo berço de nascimento é desse mesmo hemisfério, tem por tradição comemorar no dia 27 de dezembro a data de um dos seus Patronos, João o Evangelista, ou aquele que "espalhou a Luz". Destaque-se nesse caso que a Maçonaria, além das influências da Igreja (uma das suas protetoras da época) é reconhecidamente tida como um instrumento de Luz porque combate as trevas da ignorância. 

Sob essa conduta, a Moderna Maçonaria professa seu objetivo construindo uma Obra de Luz, Luz essa que tem por desiderato iluminar (esclarecer) o Homem preparando-o para lutar contra os flagelos da humanidade, aqui muito bem representados pelas trevas da superstição e da ignorância. 

Nesse sentido, João, o Evangelista, por ter tido a missão de disseminar a Luz (Evangelho), tem na Ordem Maçônica um caráter não religioso, mas simbólico, representativo e patronal de um personagem ligado ao esclarecimento

Foi assim que esse "pregador", no momento em que ao Norte a Terra fica viúva da Luz, acabou se consolidando na Maçonaria como um patrono insigne do “esclarecimento”. Ratifico: nessa alegoria não está em jogo nenhuma demonstração dogmática de fé religiosa ou religiosidade, mas sim a de demonstrar um ícone importante que traz na sua companhia a nobre missão de levar a mensagem da Luz. 

Dentre outros, a Luz nos traz a Esperança para que tenhamos um ano novo iluminado pelo bem e pela solidariedade. Enfim, assim como o Sol simbolicamente inicia sua jornada de retorno a partir do Sul para o Norte, que também tenhamos notícias alvissareiras para novo ano que se aproxima. Que de fato o ano de 2019 seja mesmo uma “boa nova”.

julho 13, 2025

HOMENAGEM A ALDINO BRASIL - Jorge Gonçalves



Aldino Brasil, Jorge Gonçalves e Raimundo Brandão.


Em um dia, vejo você na primeira fileira enquanto faço uma apresentação. Sinto um frio na barriga, pois ali está um dos mais respeitados maçons do Brasil. No dia seguinte, recebemos a notícia devastadora: a partida de sua mãe. Todo ser humano que já caminhou sobre esta Terra sabe que a dor de perder uma mãe é das mais insuportáveis.

E hoje, 13 de julho, é o seu aniversário. Que palavras caberiam nesse momento? Qual seria a frase certa a dizer? Sei que qualquer palavra não passa de migalhas diante das circunstâncias. Mas não posso deixar de expressar meu carinho e admiração.

Você, meu inestimável irmão Aldino, é para mim um exemplo de homem honrado, gentil, generoso, um verdadeiro maçom em sua essência. Desejo, do fundo do coração, que o tempo transforme essa dor em saudade. Não é tarefa fácil, e que esse processo seja pleno e sem demora.

Quando a dor apertar, lembre-se: a missão dela foi concluída com louvor. Você é uma obra das virtudes de uma mulher extraordinária, sua mãe.

Parabéns pelo seu aniversário.

TRABALHO BENEFICENTE DA GRANDE LOJA UNIDA DA INGLATERRA - Lourival Cunha


A Grande Loja da Inglaterra é uma das maiores realizadoras de caridade daquele país contribuindo com dinheiro e com o valioso tempo de seus integrantes. 

Em 2020, a Grande Loja contribuiu com 51,1 milhões de libras (o equivalente a 319,9 milhões de reais) a causas efetivamente merecedoras. Além dessas doações em dinheiro, os maçons doam anualmente em torno de 18,5 milhões de horas de trabalho voluntário (o que equivale a 12.671 pessoas doando diariamente 4 horas de seu tempo de trabalho para estas atividades de caridade) em suas comunidades.

Os maçons ingleses também realizam uma série de atividades beneficentes, envolvendo suas famílias, em todo o país, como por exemplo, arrecadação de fundos comunitários, doações de veículos de emergências e plataformas aéreas para o Corpo de Bombeiros de Londres.

Na área médica a contribuição dos maçons da Grande Loja da Inglaterra é fenomenal, pois financia pesquisas em tratamento de câncer, diabetes, doenças cardíacas, Alzheimer, entre outras. A Grande Loja inglesa também ajuda as vítimas de desastres naturais no exterior.

Fonte: Livro Maçonaria no Mundo: Potências, Lojas, Obreiros e outras questões relevantes (autor: Lourival Cunha; Editora A Trolha).

O JUDAÍSMO NA MAÇONARIA - Michael Winetzki


 

TAL QUAL - Adilson Zotovici



A nossa busca é eterna

À impossível perfeição

História antiga, moderna,

Desde a glória da iniciação


Uma irmandade fraterna

Em verdade pela união

Grande Arquiteto governa

O projeto, que a evolução


Ainda que  Luz superna

Vivem alguns na escuridão

Temem a cultura, a luzerna


Egolatria, hesitação...

Tal qual homem da caverna

Na alegoria de Platão !



julho 12, 2025

O ESPAÇO ENTRE A PERFEIÇÃO E O APRIMORAMENTO - Newton Agrella


O substantivo "Perfeição" merece uma consideração toda especial e exclusiva.

Afinal de contas, trata-se de um termo tão frequentemente utilizado pelos maçons, seja pela sua busca ou pelo seu exercício, que o fascínio que a "Perfeição" exala e provoca, alimenta o sonho e o desejo da imensa maioria das pessoas.

Cabe no entanto, uma breve ponderação etimológica.

A origem desta palavra advém do Latim e consiste na derivação do verbo "perficio" composto da partícula "per" (completamente) e "facere" (fazer).

Do referido verbo surgiu o substantivo abstrato  "perfectio, -onis", que significa "completo", "terminado" ou "acabado". 

O verbo "perficio", compõe-se de "per" (completamente) e "facere" (fazer, realizar). 

Portanto,  "perfeição" refere-se a algo que foi totalmente realizado, que não falta nada para sua completude, ou seja, algo que não requer ou exige qualquer melhora.

Semanticamente portanto, detecta-se que a "Perfeição  humana"  caracteriza ou traduz a existência de um ser ideal que congrega e dispõe de todas as qualidades e não possui nenhum defeito, bem como, designa uma circunstância que não possa ser melhorada.

Em razão de todo este postulado simbólico que a "Perfeição" encerra é que talvez o termo "Aprimoramento", fosse aquele que melhor representasse ou traduzisse o exercício filosófico que a Maçonaria propõe.

Afinal de contas, "Aprimoramento" significa o ato ou o resultado de tornar algo  melhor, mais primoroso.

Refere-se ao processo de desenvolvimento e refinamento de habilidades, conhecimentos ou qualidades. 

Em outras palavras,  é o simbólico exercício de dar forma e conteúdo à nossa Pedra Bruta, desbastando-a, conferindo-lhe forma e essência, polindo-a e tornando-a cada vez melhor.

Trata-se no entanto, de uma prática contínua e inesgotável que o maçom, como ser humano, precisa encarar e entender como infinita.

A Maçonaria é sim, um campo dialético filosófico em que o maçom, busca o incessante "Aprimoramento da própria Conscíência", como forma de contribuir, para de algum modo, tornar feliz a humanidade e a sí mesmo.

Trata-se pois de um processo antropocêntrico, especulativo, sujeito a estudo e inspirado no reconhecimento inteligente da existência de um "Princípio Criador e Incriado do Universo", ao qual o maçom dedica sua obra.

A Perfeição é Deus.

 O Aprimoramento é a missão a que o Ser Humano se submete.



O SIMBOLISMO DA ESCADA - Giorgio Nicoletti



Já mencionamos em outro texto o simbolismo que foi preservado entre os índios da América do Norte, segundo o qual os diferentes mundos são representados por uma série de cavernas sobrepostas e os seres passam de um mundo para outro subindo em uma árvore central. Um simbolismo semelhante é encontrado, em vários casos, realizado por ritos nos quais o ato de subir em uma árvore representa a ascensão do ser ao longo do "eixo"; Esses ritos são tanto védicos quanto "xamânicos", e sua própria difusão é uma indicação de seu caráter verdadeiramente "primordial".

A árvore pode ser substituída aqui por algum outro símbolo “axial” equivalente; o mastro de um navio é um exemplo; Vale destacar, a esse respeito, que do ponto de vista tradicional a construção de um navio é, como a de uma casa ou de uma carroça, a realização de um “modelo cósmico”; e é interessante notar também que o "ninho do corvo", que está colocado na parte superior da árvore e a envolve, ocupa neste caso exatamente o lugar do "olho" da cúpula, cujo centro se acredita ser atravessado pelo eixo, mesmo quando este não está fisicamente representado.

Por outro lado, os estudiosos do folclore também podem observar que o popular "poste de graxa" das feiras nada mais é do que o vestígio mal compreendido de um rito semelhante aos que acabamos de mencionar; também neste caso, um detalhe bastante significativo é constituído pelo círculo suspenso na parte superior do mastro, ao qual se deve chegar subindo por ele (círculo que o mastro atravessa e ultrapassa, assim como o círculo do navio ultrapassa o cesto da gávea e o do “stupa” ultrapassa a cúpula); este círculo também é claramente a representação do "olho solar" e concordaremos que certamente não pode ter sido a suposta "alma popular" que inventou tal simbolismo! Outro símbolo muito difundido, que está imediatamente ligado à mesma ordem de ideias, é o da escada, que também é um símbolo “axial”; como diz AK Coomaraswamy, "o Eixo do Universo é como uma escada na qual ocorre um movimento perpétuo de subida e descida" [The Inverted Tree, p. 20].

Garantir que esse movimento ocorra é, de fato, o propósito essencial da escada; e como, como acabamos de ver, o mastro ou a haste de um navio também desempenha a mesma função, pode-se bem dizer que a escada é, neste sentido, seu equivalente. Por outro lado, a forma particular da escada requer algumas observações; seus dois montantes verticais correspondem à dualidade da "Árvore da Ciência", ou, na Cabala judaica, às duas "colunas" à direita e à esquerda da árvore sephirótica; nem um nem outro são, portanto, propriamente "axiais", e a "coluna do meio", que é o eixo real, não é retratada de forma sensível (como nos casos em que nem mesmo o pilar central de um edifício o é); além disso, toda a escada como um todo é de certa forma "unificada" pelos degraus que unem os dois montantes e que, estando dispostos horizontalmente entre eles, necessariamente têm seus pontos centrais exatamente no eixo. [No antigo hermetismo cristão, encontra-se o equivalente a isso em um certo simbolismo da letra H, com suas duas pernas verticais unidas pelo traço horizontal.]

:Vemos como a escada oferece assim um simbolismo completo: poder-se-ia dizer que é como uma “ponte” vertical que atravessa todos os mundos e permite percorrer toda a sua hierarquia, passando de degrau em degrau; ao mesmo tempo, os degraus são os próprios mundos, isto é, os diferentes níveis ou graus da Existência universal. [O simbolismo da “ponte” poderia naturalmente dar origem, sob os seus vários aspectos, a muitas outras considerações; poder-se-ia também recordar, para certas relações com este tema, o simbolismo islâmico da “tábua guardada” (el lawhul-mahfuz), o protótipo “atemporal” das Sagradas Escrituras que, partindo do mais alto dos céus, desce verticalmente através de todos os mundos]. Este significado é evidente no simbolismo bíblico da escada de Jacó, pela qual os anjos sobem e descem; e sabe-se que Jacó, no lugar onde teve a visão desta escada, colocou uma pedra que ele “ergueu como pilar”, que é também uma figura do “Eixo do Mundo”, e assim de certa forma vem substituir a própria escada [Cfr. “O Rei do Mundo”, cap. IX]. Os anjos representam adequadamente os estados mais elevados do ser; elas correspondem mais particularmente aos degraus, o que se explica pelo fato de que a escada deve ser considerada com sua base apoiada no chão, ou seja, para nós, nosso mundo é necessariamente o "suporte" a partir do qual a ascensão deve ser realizada.

Mesmo que se supusesse que a escada se estendesse até o subsolo para incluir a totalidade dos mundos, como na realidade deve ser, sua parte inferior seria, em qualquer caso, invisível, assim como toda a parte do poço central que se estende abaixo dela é invisível para os seres que alcançaram uma "caverna" situada em um certo nível; em outras palavras, os degraus inferiores já foram percorridos, e não é mais necessário levá-los em consideração com relação à realização posterior do ser, para a qual somente o caminho dos degraus superiores pode contribuir. Por esta razão, especialmente quando a escada é usada como elemento de certos ritos iniciáticos, seus degraus são expressamente considerados como representações dos diferentes céus, isto é, dos estados superiores do ser; é assim que, em particular nos mistérios mitraicos, a escada tinha sete degraus que eram colocados em relação aos sete planetas e eram formados, diz-se, pelos metais correspondentes a eles respectivamente; e o caminho desses degraus representava o de tantos graus sucessivos de iniciação. Esta escada de sete degraus é encontrada em certas organizações iniciáticas medievais, das quais provavelmente passou mais ou menos diretamente para os altos graus da Maçonaria Escocesa, como dissemos em outro lugar em conexão com Dante [L'Esotérisme de Dante, cap. II e III]; aqui os degraus se referem a muitas "ciências", mas isso não constitui nenhuma diferença fundamental, pois segundo o próprio Dante essas "ciências" são identificadas com os "céus" [Convito, II, cap. XIV].

É óbvio que, para corresponder a estados e graus superiores de iniciação, essas ciências tinham que ser ciências tradicionais entendidas em seu sentido mais profundo e propriamente esotérico, e isso também se aplica àquelas dentre elas cujos nomes, em virtude do processo degenerativo ao qual nos referimos frequentemente, agora designam para os modernos apenas ciências ou artes profanas, isto é, algo que, em relação a essas ciências verdadeiras, na realidade nada mais é do que uma casca vazia e um "resíduo" sem vida. Em alguns casos, também é encontrado o símbolo de uma escada dupla, o que implica a ideia de que a subida deve ser seguida por uma descida; ascende-se então de um lado por degraus que são as "ciências", isto é, graus de conhecimento correspondentes à realização de outros tantos estados, e desce-se do outro lado por degraus que são as "virtudes", isto é, os frutos desses mesmos graus de conhecimento aplicados aos seus respectivos níveis. [Deve-se dizer que essa correspondência de subida e descida às vezes parece invertida; mas isso pode depender simplesmente de alguma alteração do significado primitivo, como muitas vezes acontece devido ao estado mais ou menos confuso e incompleto em que os rituais iniciáticos ocidentais chegaram à era atual]. Pode-se notar que, mesmo no caso da escada simples, um dos montantes pode ser considerado de certa forma como "ascendente" e o outro como "descendente", de acordo com o significado geral das duas correntes cósmicas da direita e da esquerda, às quais esses dois montantes também correspondem, em razão de sua posição "lateral" em relação ao eixo verdadeiro que, embora invisível, é, no entanto, o elemento principal do símbolo, aquele ao qual todas as partes devem sempre se referir se alguém deseja compreender completamente seu significado. A estas diferentes indicações acrescentaremos, em conclusão, a de um simbolismo um pouco diferente que também se encontra em certos rituais iniciáticos, nomeadamente a subida de uma escada em caracol; neste caso, poder-se-ia dizer que se trata de uma ascensão menos direta, pois, em vez de se fazer verticalmente segundo a direção do próprio eixo, ela se faz segundo as curvas da hélice que o envolve, de modo que seu processo parece "periférico" e não "central"; mas, em princípio, o resultado final deve ser idêntico, pois se trata sempre de ascender pela hierarquia dos estados do ser, já que as voltas sucessivas da hélice são, entre outras coisas, como explicamos longamente em outro lugar [Ver Le Symbolisme de la Croix], uma representação exata dos graus da Existência universal.

* * *

Trechos de O Simbolismo da Escada, em Símbolos da Ciência Sagrada (última edição. Adelphi, Milão).

julho 11, 2025

ARLS TRÍPLICE ALIANÇA 341 - Mongaguá



Ainda que os trabalhos em Loja e alguns irmãos estejam de férias até Agosto, aqueles que estão na cidade voltam a se reunir nos tradicionais encontros de quinta feira, no icônico Restaurante Telhado, do irmão hospitaleiro José Ricardo Alcântara Ramos, que dedica aquilo que seria o lucro destes jantares a trabalhos de beneficência. Ontem, dia nacional da pizza, diversos tipos de deliciosas pizzas foram homenageadas.


Abaixo o agradecimento da Associação Beneficente Grupo Esperança para a Fraternidade São João, de nossa Loja, pela doação de alimentos obtidos com os recursos de nossos jantares.

São Paulo, 08 de julho 2025

Para a FRATERNIDADE SÃO JOÃO 

Nossa imensa gratidão, pela doação para as marmitas, que entregamos de segunda a sexta feira através da nossa Cozinha Solidária nas Comunidades Balneário Marinho e Arara Vermelha:

Doação recebida em 30/06/2025

70 kgs de arroz

30 kgs Feijão 

06 lts óleo 

02 potes grandes tempero

06 molho tomate grande

10 kgs farofa temperada.

Associação Beneficente Grupo Esperança 

Além disso, neste mês de Junho, obtivemos a doação de mais de cem quilos de roupas e agasalhos em bom estado, que foram doados a três igrejas diferentes.

Nossa Loja, sempre em ação.

FARISEUS, QUEM SÃO?




Nome de uma das três principais seitas judaicas, juntamente com os saduceus e os essênios. Era a seita mais segura da religião judaíca, At 26. 5. Com certeza, a seita dos fariseus foi criada no período anterior à guerra dos macabeus com o fim de oferecer resistência ao espírito helênico que se havia manifestado entre os judeus tendente a adotar os costumes da Grécia. Todo quantos aborreciam a prática desses costumes pagãos, já tão espalhados entre o povo, foram levados a criar forte reação para observar estritamente as leis de Moisés. A feroz perseguição de Antíoco Epifanes contra eles, 175-164 AC levou-os a se organizarem em partido. 

Antíoco queria que os judeus abandonassem a sua religião em troca da fé idólatra da Grécia, tentou destruir as Santas Escrituras, e mandou castigar com a morte a quantos fossem encontrados com o livro da lei. Os hasideanos que eram homens valentes de Israel, juntamente com todos que se consagravam voluntariamente à defesa da lei, entraram na revolta dos macabeus como um partido distinto. Parece que este partido era o mesmo dos fariseus. Quando terminou a guerra em defesa de sua liberdade religiosa, passaram a disputar a supremacia política; foi então que os hasidianos se retraíram. Não se fala deles durante o tempo em que Jônatas e Simão dirigiam os negócios públicos dos judeus, 160-135 A

Os fariseus aparecem com este nome nos dias de João Hircano, 135-105. Este João Hircano pertencia à seita dos fariseus, da qual se separou para se tornar adepto das doutrinas dos saduceus. Seu filho e sucessor Alexandre Janeu, tentou exterminá-los à espada. Porém, sua esposa Alexandra que o sucedeu no governo no ano 78, reconhecendo que a força física era impotente para combater as convicções religiosas, favoreceu a seita dos fariseus. Daí por diante, a sua influência dominava a vida religiosa do povo judeu. 

Os fariseus sustentavam a doutrina da predestinação que consideravam em harmonia com o livre arbítrio. Criam na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo e na existência do espírito; criam nas recompensas e castigos na vida futura, de acordo com o modo de viver neste mundo; que as almas dos ímpios eram lançadas em prisão eterna, enquanto que as dos justos, revivendo iam habitar em outros corpos, At 23. 8.

Por estas doutrinas se distinguiam eles dos saduceus, mas não constituíam a essência do farisaísmo, que é o resultado final e necessário daquela concepção religiosa, que faz consistir a religião em viver de conformidade com a lei, prometendo a graça divina somente àqueles que fazem o que a lei manda. Deste modo, a religião consistia na prática de atos externos, em prejuízo das disposições do coração. A interpretação da lei e a sua aplicação aos pormenores da vida ordinária, veio a ser um trabalho de graves consequências; os doutores cresciam em importância para explicar a lei, e suas decisões eram irrevogáveis. 

Josefo, que também era fariseu, diz que eles, não somente aceitavam a lei de Moisés, interpretando-a com muita perícia, como também haviam ensinado ao povo mais práticas de seus antecessores, que não estavam escritas na lei de Moisés, e que eram as interpretações tradicionais dos antigos, que nosso Senhor considerou de importância secundária, Mt 15. 2, 3, 6.

A principio, quando era muito arriscado pertencer à seita dos fariseus; eram eles pessoas de grande valor religioso e constituíam a parte melhor da nação judaica. Subseqüentemente, tornou-se uma crença hereditária, professada por homens de caráter muito inferior que a ela se filiavam. Com o correr do tempo, os elementos essencialmente viciosos desta seita, desenvolveram-se a tal ponto de fazerem dos fariseus objeto de geral reprovação. João Batista, dirigindo-se a eles e aos saduceus, chamou-os de raça de víboras. 

É muito conhecida a linguagem de Jesus, pela qual denunciou severamente estas seitas pela sua hipocrisia e orgulho, pelo modo por que desprezavam as coisas essenciais da lei para darem atenção a minúcias das práticas externas, Mt 5.20; 16.6,11,12; 23.1-39. Formavam uma corporação de intrigantes. Tomaram parte saliente na conspiração contra a vida de Jesus, Mc 3.6; Jo 11.47-57. Apesar disso, contavam-se em seu meio, homens de alto valor, sinceros e retos, como foi Paulo, quando a ela pertencia e de que se orgulhava, em defesa de sua pessoa, At 23.6; 26.5-7; Fp 3.5. Seu mestre Gamaliel também pertencia à mesma seita.

Fonte: Estudos.

julho 10, 2025

"ORIENTE"(origem) - Newton Agrella



Sem sombra de dúvida, na Maçonaria, um dos termos mais frequentes com que nos deparamos é o substantivo "Oriente".

Considerando-se que a principal ciência de que a Maçonaria Universal se ocupa é a chamada  "Simbologia"  - nela o substantivo Oriente simboliza o lugar de onde vem a luz, numa clara referência ao Levante (erguimento do sol).

Diante desse cenário, os maçons que buscam sua "Luz Interior" esforçam-se  pelo aprimoramento  na construção de seu próprio Templo e no encontro transcendental de seu Oriente Interior.

A simbologia contida na expressão "Oriente" faz analogia ao lugar onde o Sol nasce, de onde se origina a Vida e por conseguinte de onde flui a Sabedoria.

Do ponto de vista etimológico

A  palavra "Oriente"  provem do Latim   *"oriens"*,  ‘o sol nascente’, de orior, orire,  "surgir, tornar-se visível"  palavra da qual nos vem também  "origem".

Em contraposição a "Oriente" temos o substantivo "Ocidente"que vem do Latim  *"occidens"* cujo significado é :  ‘o sol poente’,  proveniente da composição vocabular "occ-cidere", ou seja;   de oc, ‘embaixo’, e cadere, ‘cair’. 

Valendo-se da Simbologia Maçônica somos induzidos à seguinte analogia: 

"...do mesmo modo que o sol nasce no Oriente para romper o dia,  e põe-se no Ocidente para concluí-lo, assim também a Sabedoria e a Cultura nascem no Oriente e pousam no Ocidente fruto de todas as experiências vivenciadas.

Não menos interessante cabe registrar que na Sublime Ordem o termo "Oriente Eterno" é a designação simbólica referente ao que nos aguarda após a morte física.

Lembrando que são condições imprescindíveis para ser reconhecido maçom regular, que além da condição de homem livre e de bons costumes e do firme propósito de aprimoramento interior, a crença num Princípio Criador e Incriado do Universo e na vida após a morte. 

O Grande Arquiteto do Universo, por definição e à proporção humana, é Eterno. 

Diante deste breve esboço podemos compartilhar o conceito filosófico que a palavra "Oriente" traduz na sua semântica esotérica.



julho 09, 2025

NOVE DE JULHO - Adilson Zotovici


Vale sempre lembrar 

Amados insignes obreiros

Que há muito decidiram lutar

Honrados livres pedreiros


Na verdade Brasileiros

Em movimento Civil e Paulista

Por tempos alvissareiros

“Revolução Constitucionalista”


Uno anseio progressista

Com destemor, com bravura,

Sem o veio separatista...

Contra perigosa ditadura 


Lançaram-se pois, à loucura, 

Fraternais, mas sem medo,

Leais com muita cultura

E em comum...um segredo 


Inda que imposto degredo,

Ou militar ou à paisana,

Nobre, Salles, Lisboa, Toledo 

Mesquita,Campos, Pestana...


Por Constituição Soberana,

Lutaram à exaustão, à porfia

Por princípio, a liberdade humana,

Tal os arcanos da Maçonaria !



1932 - A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 32 E A MAÇONARIA PAULISTA - Gabriel Campos de Oliveira



Em reunião realizada pelos irmãos na Loja Esperança e Justiça, no dia 7 de julho, com a presença de Francisco Morato, Ataliba Leonel, Sílvio de Campos, coronel Júlio Marcondes Salgado e general Isidoro Dias Lopes, ficou decidido que o levante aconteceria no dia 20, sob o comando de Isidoro e do coronel Euclides Figueiredo. Pedro de Toledo ainda tentou evitar a revolta, mandando seu genro ao Rio de Janeiro, no dia 8, para conferenciar com Vargas. Todavia, em nova reunião, nesse dia, resolveu-se deflagrar o movimento no dia 10, antes que chegasse a S. Paulo o gal. Pereira de Vasconcellos, para assumir o comando da Região Militar.

Entenda o que foi a Revolução Constitucionalista de 1932 .

A Revolução Constitucionalista de 1932, Revolução de 1932 ou Guerra Paulista, foi o movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo, entre os meses de julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo a derrubada do Governo Provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova constituição para o Brasil.

Foi uma resposta paulista à Revolução de 1930, a qual acabou com a autonomia de que os estados gozavam durante a vigência da Constituição de 1891. A Revolução de 1930 impediu a posse do governador de São Paulo (na época se dizia "presidente") Júlio Prestes na presidência da República e derrubou do poder o presidente da república Washington Luís, que fora governador de São Paulo de 1920 a 1924, colocando fim à República Velha.

Atualmente, o dia 9 de julho, que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do estado de São Paulo e feriado estadual. Os paulistas consideram a Revolução de 1932 como sendo o maior movimento cívico de sua história.

Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas e o último grande conflito armado ocorrido no Brasil.

No total, foram 87 dias de combates, (de 9 de julho a 4 de outubro de 1932 - sendo o último dois dias depois da rendição paulista), com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas, não oficiais, reportem até 2200 mortos, sendo que numerosas cidades do interior do estado de São Paulo sofreram danos devido aos combates.

São Paulo, depois da revolução de 32, voltou a ser governado por paulistas, e, dois anos depois, uma nova constituição foi promulgada, a Constituição de 1934.

ANTECEDENTES DO MOVIMENTO

Em 1932 a irritação dos paulistas com Getúlio Vargas não cedeu com a nomeação de um paulista, Pedro Manuel de Toledo, como interventor do Estado, pois tanto este quanto Laudo Ferreira de Camargo (que havia renunciado por causa da interferência dos tenentes no governo), não conseguiam autonomia para governar.

A primeira grande manifestação dos paulistas foi um megacomício - na época se dizia meeting - na Praça da Sé, no dia do aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro de 1932, com um público estimado em 200 000 pessoas, e, na época, chamados de "comícios-monstro". Em maio de 1932, ocorreram vários comícios constitucionalistas.

As interferências da ditadura no governo de São Paulo eram constantes, não se deixando os interventores formarem livremente seu secretariado, nem do Chefe de Polícia de São Paulo. Pedro de Toledo não governava de fato, as interferências de Miguel Costa, Osvaldo Aranha, João Alberto Lins de Barros, Manuel Rabelo e Pedro Aurélio de Góis Monteiro eram constantes.

Os tenentes do Clube 3 de outubro eram totamente contrários a que se fizesse uma nova constituição, tendo eles entregado, a Getúlio Vargas, em 3 de março de 1932, em Petrópolis, um documento no qual dão seu total apoio à ditadura e no qual se manifestam contrários a uma nova constituição.

Júlio Prestes acreditava, já em 1931, que a situação da ditadura estava se tornando insustentável e declarou no exílio em Portugal:

 "O que não compreendo é que uma nação, como o Brasil, após mais de um século de vida constitucional e liberalismo, retrogradasse para uma ditadura sem freios e sem limites como essa que nos degrada e enxovalha perante o mundo civilizado"! 

O Partido Republicano Paulista e o Partido Democrático de São Paulo, que antes apoiara a Revolução de 1930, uniram-se, em fevereiro de 1932, na Frente Única para exigir o fim da ditadura do "Governo Provisório" e uma nova Constituição. Assim, São Paulo inteiro estava contra a ditadura.

Os paulistas consideravam que o seu Estado estava sendo tratado pelo Governo Federal, que se dizia um "Governo Provisório", como uma terra conquistada, expressão de autoria de Leven Vanpré, governada por tenentes de outros estados e sentiam, segundo afirmavam, que a Revolução de 1930 fora feita "contra" São Paulo, pois Júlio Prestes havia tido 90% dos votos dos paulistas em 1930.

O estopim da revolta foi a morte de cinco jovens no centro da cidade de São Paulo, assassinados a tiros por partidários da ditadura, pertencentes à "Legião Revolucionária", criada por João Alberto Lins de Barros e orientada pelo Major Miguel Costa, em 23 de maio de 1932.

Pedro de Toledo tentara formar um novo secretariado independente das pressões exercidas pelos tenentes, quando chegou a São Paulo Osvaldo Aranha, representando a ditadura, querendo interferir na formação do novo secretariado. O povo quando ficou sabendo saiu às ruas, houve grandes comícios e passeatas, e no meio do tumulto a multidão tenta invadir a sede da "Legião Revolucionária". Ao subirem as escadarias do edifício, são recebidos a balas.

Pedro de Toledo, com o apoio do povo, conseguiu, porém montar um secretariado de sua livre nomeação (que ficou conhecido como o Secretariado de 23 de maio), neste dia 23 de maio de 1932 e romper definitivamente com o Governo Provisório.

O MMDC

A morte dos jovens deu origem a um movimento de oposição que ficou conhecido como MMDC, atualmente denominado oficialmente de MMDCA:

Mário Martins de Almeida (Martins)

Euclides Bueno Miragaia (Miragaia)

Dráusio Marcondes de Sousa (Dráusio)

Antônio Américo Camargo de Andrade (Camargo)

Orlando de Oliveira Alvarenga (Alvarenga)

 




OS DOIS SANTOS DE NOME JOÃO - Robert Cooper, traduzido por Rodrigo Menezes


Alguns de vocês perceberam que postamos recentemente um evento – o Festival de Santo André – no Facebook e já perguntaram: Por que Santo André?

Nós acreditamos que cada Grande Loja no mundo entende que São João é seu Santo Patrono. Esse não é o caso da Grande Loja da Escócia. Abaixo vou tentar explicar os motivos.

A Reforma Escocesa de 1559-60 varreu o Catolicismo Romano do Cristianismo e inaugurou a nova religião protestante, que tem uma visão diferente de como Deus deve ser adorado. Lá se foi toda forma de adoração Católica (como a Missa), imagens de santos, símbolos Católicos e outras parafernálias da Igreja. Elas foram substituídas por uma maneira muito diferente; mais simplista, plana e tudo isso ocorreu no período da escrita dos Estatutos de Schaw (1598 e 1599). William Schaw, o homem que por muitos é conhecido como o pai da Maçonaria Moderna, pois foi ele que iniciou o processo que levou a Maçonaria como a conhecemos hoje.

Muitas Lojas recebem o nome de um Santo em particular (normalmente Santos bem conhecidos do local) e frequentemente ouvimos referentes aos Santos de nome João com a Maçonaria. Alguns podem estar mais familiarizados com o símbolo do ponto no meio do círculo, suportados (pela direita e esquerda) por duas linhas paralelas (veja a imagem). Se, entretanto, a religião do país foi completamente modificada na Reforma, porque os símbolos da antiga crença ainda permanecem no Oficio Moderno por referência a vários Santos?

Por que esses dois Santos em particular, São João Batista e São João Evangelista, são normalmente referenciados pela Maçonaria nesse papel em especial? Não estamos falando da fé religiosa ou do aspecto teológico aqui (veremos isso mais a frente). Estamos falando do motivo que esses santos ainda estão conosco na Maçonaria atual.

O Manuscrito Edinburgh Register House (1696) é o mais antigo ritual Maçônico conhecido no mundo, e está escrito em Escocês – o que fica claro pela retórica, sintaxe, escrita, etc. Esse ritual e outros muito similares a ele (por exemplo o Manuscrito Airlie (1705) e o Manuscrito Chetwode Crawley (c. 1710)) são também escoceses e foram descritos e analisados em outros artigos (veja o texto Airlie MS no Volume 117 da AQC – the anual jornal of Lodge Quatour Coronati, nº 2076). A primeira menção ao São João, e devo revelar qual deles daqui a pouco, está no texto da obrigação (que é extremamente significativa), nesses primeiros rituais. Parte da obrigação pede que o candidato diga: “Eu Juro por São João, e o esquadro e o compasso…” Isso significa que 140 depois da Reforma (1559), São João ainda era usado no juramento dos Maçons durante a cerimônia e este Santo estava emparelhado com o Esquadro e o Compasso.

Antes de discutirmos qual São João Maçônico é descrito, quero voltar aos nossos Maçons anteriores a Reforma para tentar entender o que estavam fazendo e em qual lugar e se alguma prece a São João existia em suas atividades.

Na Idade Média, a maior parte dos negócios, especialmente as de força econômica, formaram Guildas (na Escócia elas eram normalmente conhecidas como Corporações). Sem entrar em grandes detalhes, comércios como os Baxters (padeiros), Wobsters (tecelãos), etc., eram permitidos a participar de forma limitada nas atividades do município. Isso foi útil quando o assunto relacionado ao Ofício, a Maçonaria, era debatido. Por exemplo, a Corporação podia negociar horas de trabalho e salários e outras condições de emprego com o conselho da cidade. Em troca da pequena representação política, as Corporações deviam concordar em aceitar certas responsabilidades. Por exemplo, eles tiveram que concordar em controlar seus aprendizes, e tiveram que concordar em aceitar a responsabilidade de melhorar seus ensinamentos. 

A pré-reforma da Igreja começou uma mudança muito grande na vida das pessoas. Os horários dos dias eram estruturados em torno do tempo dos rituais da Igreja, dos dias sagrados, etc. Era comum que grupos como comerciantes combinassem de pagar a manutenção de uma parte, ou ocasionalmente, de uma igreja inteira em particular. Pessoas ricas ocasionalmente recebiam a responsabilidade de um lugar específico da Igreja. Essas ‘partes particulares’ de uma igreja eram geralmente corredores laterais dedicados a um santo onde as orações seriam oferecidas. 

Quando os Maçons atingiram o status de uma Corporação em Edimburgo, em 1475, a eles foi dada a responsabilidade de manutenção dos corredores laterais dedicados a São João Evangelista dentro da Catedral de São Giles. Isso significava que eles tinham que manter o corredor limpo e arrumado, em boa ordem, reparar qualquer dano e fazer uma doação anual de cera para velas. O custo foi considerado ao longo de um ano. Em outras palavras, os Maçons encontravam-se lá regularmente, não só para ouvir as orações sendo ditas pelas almas dos Maçons falecidos, mas também discutiam os costumes relevantes para o seu Ofício. Naturalmente, se seguiu dessa forma, porque o corredor foi dedicado a São João, o Evangelista, cujo dia da festa é o de 27 de dezembro, que se tornou a data anunciada para todos os Maçons se reunirem juntos. Na sequência, era sensato usar o período após a conclusão das cerimônias religiosas para conduzir os trabalhos relevantes ao ofício da Maçonaria – prestar contas, pagar taxas anuais, planejar o futuro, sugerir mudanças de acordos e regras de regulamentação, e o mais importante: Iniciar Aprendizes e fazer Companheiros de Ofício. O dia 27 de Dezembro se mantêm como o principal dia no calendário da Maçonaria Escocesa. É por esta razão que hoje, a Maioria das Lojas Escocesas continuam a celebrar o dia 27 de Dezembro e não o dia 24 de Junho – o dia da festa de São João Batista.

 Depois da reforma, muitos elementos religiosos relacionados aos Santos, incluindo os corredores dedicados a eles, foram abolidos e isso significava que os Maçons não tinham mais responsabilidades religiosas, como manter o “seu” corredor na Catedral de St. Giles. No entanto, eles ainda precisavam realizar seus encontros anuais e logicamente continuaram a realizar a Assembleia Geral Ordinária (AGM) no dia 27 de Dezembro de cada ano. Isso pode ser encontrado nos registros (incluindo os do Conselho da Cidade de Edimburgo por exemplo), onde está data está registrada como encontro regular dos Maçons antes da Reforma.

Quando William Schaw (1550-1602), o pai da Maçonaria Moderna, reorganiza as Lojas Escocesas, eles mantêm nos registros das Lojas que o dia 27 de Dezembro continuaria a ser o encontro anual. Nós agora chamamos esse encontro de “Instalações” (geralmente no dia 27 de dezembro) ou seja, quando o novo Mestre de uma Loja foi eleito e instalado na cadeira da Loja.

É claro, portanto, que São João Evangelista foi o santo padroeiro dos Maçons Escoceses, mas a questão que continua é saber por que foi ele o escolhido? Existem algumas possíveis razões religiosas e teológicas, mas estas devem ser objeto de uma discussão posterior. No entanto, para nós esse é um entendimento muito simples. Quando os pedreiros se tornaram uma Incorporação, pode ter ocorrido que uma Igreja tenha selecionado a próxima vaga disponível para ela, e bateu de ser uma dedicada a São João Evangelista! Se isso for verdade, então foi a igreja que “nos atribuir” esse santo, em vez de haver uma razão religiosa para os Maçons selecioná-lo como seu Santo Padroeiro.

O que então São João Batista e Santo André, ambas figuras da Maçonaria Moderna, não são tão proeminentes na Maçonaria Escocesa? Quando a Grande Loja foi estabelecida em Londres, já se sabia que “São João” era o “santo padroeiro”. Não havia dúvidas sobre isso, mas haviam dúvidas sobre qual deles – o Evangelista ou o Batista? Quando configuraram a nova organização, como a Grande Loja tinha que escolher entre um dia no meio do inverno, quando os dias eram escuros, curtos, frios e muitas vezes molhados, ou um dia no meio do verão, com dias mais quentes e mais tempo de horas do sol, qual dia você escolheria? Nossos irmãos Ingleses podem automaticamente assumir que ninguém seria louco o suficiente para escolher o dia 27 de dezembro, ou se eles soubessem que a Escócia usou o dia da festa de São João Evangelista, eles “fecharam os olhos” nesse fato inconveniente e escolheram São João Batista, cujo dia da festa está no auge do verão – 24 de junho de cada ano.

Quando Lojas em Edimburgo decidiram que a Escócia deveria ter sua própria Grande Loja, prestaram bastante atenção nos procedimentos usados para a formação da Grande Loja em Londres, e também adotaram o dia da festa de São João Batista. Infelizmente, aqueles que organizaram a Grande Loja da Escócia, não levaram em conta as tradições dos Maçons Escoceses, incluindo o seu patrono – João o Evangelista. O principal efeito disso é que a maioria das Lojas de Maçons na Escócia não tomaram partido da formação da nova Grande Loja, pois acreditavam que seria errado ignorar séculos de tradição e adotar um novo Santo Padroeiro que parecia ter sido escolhido “para eles” pelos Maçons Ingleses.

A nova Grande Loja da Escócia tinha um grande pepino nas mãos. Se persistisse com o dia de São João Batista como a data para seu encontro anual e instalação de novos Veneráveis Mestre, iria ofender todos os Maçons Operativos, Lojas que ela estava ansiosa para trazer sobe sua tutela. Da mesma forma, se optasse por São João Evangelista, arriscava mudar todas as regras das Lojas Especulativas que estiveram tão envolvidas na organização e apoiaram sua criação desde o início. Também seria considerado um fato fundamental que estava completamente errado. De qualquer forma sobre São João, eles iriam chatear um grupo ou outro. Em um típico movimento pragmático escocês, um acordo foi alcançado – não se adotou nem São João Evangelista ou João Batista! Ao invés disso, o Santo Patrono da Escócia – Santo André. É por isso que, embora a Maçonaria Escocesa seja conhecida como a Maçonaria de São João, a Grande Loja da Escócia não usa nenhum santo! Em vez disso, o dia da festa de Santo André, 30 de novembro, é a data da instalação do Grão Mestre da Grande Loja da Escócia, que é seguido pelo Festival de Santo André.

Publicado originalmente na página oficial da Grande Loja da Escócia:

The Grand Lodge of Antient Free and Accepted Masons of Scotland (A Grande Loja dos Maçons Antigos Livres e Aceitos da Escócia)