dezembro 21, 2025

O VERDADEIRO ESPÍRITO MAÇÔNICO - Fernando Valle


O verdadeiro espírito maçônico não habita títulos, cargos ou insígnias.

Ele vive na humildade, no silêncio do trabalho, no respeito ao próximo e na consciência de que ninguém é maior que a própria Ordem.

A Maçonaria não foi criada para alimentar vaidades, hierarquias de ego ou a ilusão de superioridade moral.

Ela existe para lapidar o homem, não para coroá-lo.

Quem se coloca acima dos princípios maçônicos já se afastou deles — ainda que permaneça fisicamente dentro do Templo.

Ser maçom é compreender que o avental não eleva o homem, é o homem que dignifica o avental.

É saber ouvir antes de falar, servir antes de exigir, corrigir a si mesmo antes de apontar o erro alheio.

A verdadeira grandeza maçônica está no exemplo, não no discurso.

Na conduta fora do Templo, não na retórica dentro dele.

E sobretudo na certeza de que todos estamos em constante construção, sem exceções.

Quando a vaidade entra pela porta, a Luz se retira em silêncio.

Que cada um olhe para sua própria pedra antes de julgar a do Irmão ao lado.

Esse é — e sempre foi — o verdadeiro espírito da Maçonaria.

O SOLSTÍCIO DE VERÃO E O NATAL - Evaristo de Miranda


O 21 de dezembro é o dia mais longo do ano. E tem a noite mais curta. Neste dia, como sói acontecer todo ano, o sol, em seu deslocamento aparente em direção ao Sul, atinge sua maior distância do Equador. Aí, o sol para, estaciona. 

Daí, o termo *sol-stício, sol estaciona*. É o fim da primavera e o início do verão no hemisfério Sul. E do inverno no hemisfério Norte.

Em seu traçado aparente, dia 21, o sol passa a pino pelo Queensland no norte da Austrália, percorre o Sul do Oceano Indico, corta Madagascar e Moçambique, passa ao norte da Cidade do Cabo e transita a pino ao norte da cidade de São Paulo. *O rastro no solo do caminhar do sol neste dia define ou traça o chamado de Trópico de Capricórnio*.

Essa linha imaginária tem sua passagem sinalizada em diversas rodovias paulistas como a SP 75, a SP 255 e a SP 348, a rodovia dos Bandeirantes. Poucos atentam para essas placas e entendem seu significado. Também cruza o norte do Paraná, perto de Maringá e Londrina, devidamente sinalizado em placas e monumentos, pouco conhecidos.

A partir do dia 22, o sol se desloca lentamente em direção oposta, para o hemisfério Norte. Neste tempo, ao meio-dia, em S. Paulo ou no Mato Grosso do Sul, é possível avistar o disco solar no fundo de um poço. Postes e casas não apresentam sombras. Isso nunca ocorre em Santa Catarina ou no Rio Grande do Sul, nem em grande parte do Paraná, fora da zona intertropical. *O solstício de verão sempre foi visto como um sinal cósmico de vitória da luz sobre as trevas*. É tempo de Iluminação.

*Solstício e Natal estão associados*. A Igreja nunca disse: Jesus nasceu no 24 de dezembro. Ele nasceu um dia. Certeza. Cristãos festejavam a Natividade em diversas datas. Coube à Igreja definir um dia para juntos celebrarem seu nascimento. No calendário litúrgico, a data foi associada ao solstício, nove meses após a festa da Anunciação ou da Imaculada Concepção de Maria, no equinócio, em 25 de março.

No Brasil, o solstício de verão marca o início do tempo das colheitas, do plantio da segunda safra e da grande produção agropecuária. A agricultura segue ciclos cósmicos e deles tira proveito. É tempo de abundância e riqueza. Este ano, quase não houve atraso no plantio da soja. Boas perspectivas de calendário para o plantio do milho de segunda safra.

O solstício ilumina não apenas a Terra, o hemisfério Sul, o espaço em suas três dimensões. Também ilumina o tempo, a quarta dimensão da existência (_chronos_). *O Natal ilumina os corações humanos. Anuncia a proximidade de um ano novo e a possibilidade, renovada, de um novo Tempo (_kairós_), tão necessário à Nação brasileira.* A luz sempre vence as trevas.

VENERÁVEL PAPAI NOEL - Adilson Zotovici



Vibra o malhete o Papai Noel

Em sessão do “Dia de Natal”

Qual Venerável d’Arte Real

Com inefável alusão do papel


Sob o bom teto Universal

Do Grande Arquiteto o Dossel

Que emana Luzes do Betel

Em sua mensagem doutrinal ;


Tempo de aguçar o cinzel

Adoçar o bom maço brutal

Desbastar sentimento cruel


Sacudir aparas do avental

Imprimir o que ensina o cordel

Transmutar fel em mel afinal !!



LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE... É NATAL - AMVBL E ARLS LUX IN TENEBRIS



 

O QUE É NO JUDAISMO A DECISÃO DE "LIVRE ARBITRIO"?


 

É uma escolha entre chocolate e sorvete de baunilha?  

Não. Essa é uma preferência, mesmo os animais fazem esse tipo de escolha.

É uma escolha entre o bem e o mal?  

Não, porque todos racionalizam suas escolhas para se verem como bons (pelo menos, é assim na hora, embora, em retrospectiva, você possa vir a perceber como algumas escolhas foram realmente ruins).

No Judaísmo, uma decisão de livre arbítrio é uma escolha entre a vida e a morte.  

É uma escolha de ser a pessoa que você deseja ser, em vez de ser a pessoa que quer satisfazer suas vontades.  

Por exemplo, hoje à noite você definirá seu alarme para as 6h.  É isso que você deseja.  Mas o que acontece amanhã de manhã?  Você aperta a soneca.  Por quê ?  Porque o travesseiro é tão macio e os cobertores tão quentes.  Você tem vontade de ficar na cama.

Uma escolha de livre arbítrio é uma escolha entre viver, ser ótimo e realizar seu potencial;  ou dar uma desculpa, voltando a dormir, e morrendo um pouco.  Escolha viver.  

Seja quem você deseja ser.

Diz na Torá: 

"Perante você coloquei a vida e a morte, a bênção e a maldição. Você deve escolher a vida ... (Deuteronômio 30:19)." 

Uma escolha de livre arbítrio é uma escolha entre a vida e  morte.

Escolha ser a pessoa que deseja ser.  Não seja um escravo da pessoa que quer ter suas vontades satisfeitas.

Fonte: Guisheft News via Aish.com

dezembro 20, 2025

ASSEMBLEIA DA GLESP - Adilson Zotovici

 



Meus  irmãos Confrades

Hoje tive de surpresa , a grande alegria de ter aqui em São Paulo  em nossas reuniões dos Grandes representantes e posteriormente nossa Assembléia Geral Trimestral da GLESP, nosso Presidente de Honra da AMVBL , Sereníssimo Grão Mestre Paulo Benevenute Tupan e o Emin:.G:.M:.Adj:.Claudio Aparecido Pinto ( Gr:.Sec:.Rel:. Exteriores) da GLOMARON, a qual orgulhosamente, sou o Grande Representante junto à GLESP.

Foram recebidos com honras tanto na Reunião dos Grandes Representantes  pelo Gr:.Sec:. de Rel:. Exteriores irmão André Micheloto e por mim, e  posteriormente na Assembléia Geral onde, entre diversos Grãos Mestres ,Past Grãos Mestres, autoridades  e Veneráveis de Lojas da Jurisdição, com número próximo a 800 irmãos, foram recebidos com destaque, tomando a assento junto ao GM Jorge Anysio  Haddad e  seu GM Adjunto  Cesar Augusto Garcia.

Estivemos juntos com nosso Presidente da AMVBL ,  Gr:. Bibliotecário e Conselheiro Editor da tradicional revista "A VERDADE", irmão Michael Winetzki e nosso confrade,  também da administração da GLESP , irmão Ernesto Quissak .

Parabéns Irmãos Tupan e Claúdio, irmãos muito respeitados e  referenciados por todos aqui em São Paulo.

BOAS AÇÕES NAO DESAPARECEM COM O TEMPO


Em 1892, um jovem estudante da Universidade de Stanford lutava para pagar as propinas. Órfão e com recursos limitados, procurava desesperadamente uma solução. Então, junto com um amigo, ele teve uma ideia brilhante: organizar um concerto de arrecadar fundos.

Eles abordaram o renomado pianista Ignacy Jan Paderewski, que concordou em tocar com uma condição: sua taxa era de $2.000.

Os jovens trabalharam incansavelmente, venderam ingressos, promoveram o evento, mas no final só conseguiram juntar $1.600, ficando longe da quantia acordada. Desanimados, eles foram ver Paderewski para explicar a situação e entregar o dinheiro.

O professor olhou para eles por um momento, pegou no cheque, rasgou-o e disse:

"Fiquem com o que precisarem. O que sobrar, eu recebo. "

Sem esperar nada em troca, perdoou a dívida e permitiu que continuassem com seus estudos. Foi um ato de generosidade altruísta, sem imaginar que o destino ainda lhe tinha uma surpresa guardada.

Anos mais tarde, no meio da devastação da Primeira Guerra Mundial, Paderewski tornou-se Primeiro-Ministro da Polônia. Seu país enfrentava uma crise humanitária extrema: mais de 1,5 milhões de polacos estavam à beira da fome.

Desesperado, Paderewski pediu ajuda. A nação que respondeu ao chamado foi a América. À frente da missão de ajuda estava Herbert Hoover, que organizou o envio de toneladas de alimento para salvar milhares de polacos.

Quando a crise passou, Paderewski viajou para Washington para agradecer pessoalmente a Hoover pela sua generosidade. No entanto, antes que ele pudesse falar, Hoover sorriu e disse:

"Não deveria me agradecer, Sr. Primeiro-Ministro. Talvez não se lembre, mas há muitos anos ajudou dois jovens estudantes a pagar a faculdade. Eu era um deles. "

Boas ações não desaparecem no tempo; elas encontram um caminho de volta.

A própria natureza nos dá a maior lição:

🌿 Os rios não bebem sua própria água.

🌳 As árvores não comem seus próprios frutos.

☀️ O sol não brilha para si mesmo.

A verdadeira grandeza não está no que acumulamos, mas no que damos. Porque no final, nós vivemos para os outros. ✨

A IMPARCIALIDADE

 



Conta-se que, há muito tempo, um habilidoso calculista persa, chamado Beremiz Samir, prestava serviços de secretário a um poderoso Vizir.

Sua capacidade de raciocínio matemático a todos causava profundo espanto. Ele era capaz de, em poucos segundos, elaborar cálculos de extrema complexidade, resolvendo questões intrigantes.

Formulava, às vezes, sobre os acontecimentos mais banais da vida, comparações inesperadas, que denotavam grande agudeza de espírito e raro talento matemático.

Sabia, também, contar histórias e narrar episódios, que muito ilustravam suas palestras, por si só atraentes e curiosas.

Em função disso, a fama de Beremiz ganhou excepcional realce.

Na modesta hospedaria em que vivia, os visitantes e conhecidos não perdiam a oportunidade de lisonjeá-lo, com repetidas demonstrações de simpatia e de consideração.

Além disso, diariamente o calculista via-se obrigado a atender a dezenas de consultas.

Todos o buscavam a fim de obter as mais variadas orientações e conselhos. Beremiz os atendia sempre com paciência e bondade.

Esclarecia a alguns, dava conselhos a outros.

Procurava destruir as superstições e crendices dos fracos e ignorantes, mostrando-lhes que nenhuma relação poderá existir, pela vontade de Deus, entre os números e as alegrias, tristezas e angústias do coração.

E procedia dessa forma, guiado por elevado sentimento de altruísmo, sem visar lucro ou recompensa.

Recusava sistematicamente o dinheiro que lhe ofereciam e, quando um rico insistia em pagar a consulta, Beremiz recebia a bolsa cheia, agradecia e mandava distribuir integralmente a quantia entre os pobres do bairro.

Certa vez, um mercador, chamado Aziz, empunhando um papel cheio de números e contas, veio queixar-se de um sócio a quem tratava de ladrão miserável e outros qualificativos não menos insultuosos.

Beremiz tentou acalmar o ânimo exaltadíssimo do homem e chamá-lo ao caminho da mansidão.

Aproximou-se e falou-lhe calmamente:

Acautelai-vos contra os juízos arrebatados pela paixão, porque esta desfigura muitas vezes a verdade.

Aquele que olha por um vidro de cor, vê todos os objetos da cor desse vidro: se o vidro é vermelho, tudo lhe parece rubro; se é amarelo, vê tudo amarelado.

A paixão está para nós como a cor do vidro para os olhos.

Quando alguém nos agrada, é fácil desculpar; se, ao contrário, nos aborrece, condenamos ou interpretamos de modo desfavorável.

A seguir, examinou com paciência as contas e descobriu nelas vários enganos que desvirtuavam os resultados.

Aziz certificou-se de que havia sido injusto para com o sócio, e tão encantado ficou com a maneira inteligente e conciliadora de Beremiz, que saiu dali com o coração modificado.

* * *

Muitas vezes, o nosso ponto de vista nos permite perceber apenas uma face deturpada da realidade.

Não é raro acreditar cegamente em equívocos, graças ao nosso orgulho exacerbado e ao nosso velho egoísmo.

Antes de adotar qualquer postura de confronto ou de sofrimento, é necessário abandonar os vidros coloridos que utilizamos para ver e analisar o mundo e as pessoas.

A imparcialidade perante a vida é uma posição que devemos buscar incansavelmente, a fim de garantir aos nossos atos, palavras e pensamentos, a justiça que desejamos encontrar nos outros.

dezembro 19, 2025

RECOMEÇO - Newton Agrella




Perceba que a vida só faz sentido quando aprendemos a recomeçar todos os dias como se fosse o primeiro.

Isso se traduz como a importância da determinação, da resiliência e da capacidade de reabilitação diária.

A renovação é essencial para encontrar significado à vida. 

Isso se aplica na nossa própria disposição para aprender, ensinar e sobretudo "compartilhar" nossas experiências acumuladas.

A Maçonaria neste sentido, é um legítimo território cultural, filosófico e humanístico que possibilita ao seus membros, desenvolverem suas capacidades no plano cognitivo, moral, intelectual e espiritual, através de um processo de âmbito especulativo, que impõe inovação na forma de pensar e ponderar

Para tanto, é imprescindível que o maçom se predisponha a ler, a estudar, e a pesquisar sobre os valores de sua existência e principalmente a se questionar.

Esse mindset ou configuração mental está particularmente associado a saber aproveitar cada novo dia com energia e vontade de se reinventar, mesmo diante dos inevitáveis percalços e desafios que a vida produz..

É desse modo que construímos nossa história. Com vitórias e com derrotas. Com sucessos e com fracassos. 

Essa dinâmica se faz nitidamente presente na filosofia maçônica ao adentrarmos ao Templo ou Sala de Loja,  através de símbolos como o Pavimento Mosaico (preto e branco), que representa a dualidade natural do homem, e a crença em princípios opostos que devem estar em equilíbrio, como a liberdade e a ordem, ou a matéria e o espírito. Esta visão dualista se manifesta em sua busca pelo aprimoramento moral e intelectual, onde se confrontam o bem e o mal, a ignorância e o conhecimento. 

É por estas e tantas outras razões que a nossa existência só se explica e se justifica quando nos predispomos a sair da mesmice e da nossa zona de conforto.

Recomecemos então, todos os dias de nossas vidas como se fosse o primeiro.



O BALANDRAU E O TERNO PRETO - Alfério Di Giaimo Neto




Balandrau é uma vestimenta com tecido na cor preta, com mangas, fechada até o pescoço e é talar, ou seja, cobre até o nível do tornozelo (calcanhar). É muito semelhante à “batina” dos eclesiásticos da Igreja Católica Romana. 

A origem é muito antiga, pois há evidencias de uso pelos membros do  “Collegia Fabrorum” que era um grupo de pessoas que acompanhavam as guarnições romanas, no século VI a.C. e que reparava e reconstruía o que era destruído e danificado nas conquistas.

Posteriormente, foi usada pelos membros das “Associações Monásticas”, possivelmente herdeira de muitos ensinamentos do “Collegia Fabrorum”.

Segundo Mestre Nicola Aslan, nos parece que o uso do Balandrau é uma peculiaridade da Maçonaria brasileira, pois nenhum autor, fora do Brasil, se refere a ele como indumentária maçônica. Tudo indica que o uso do Balandrau remonta à ultima metade do século XIX, tendo sido introduzido na Maçonaria pelos Irmãos que faziam parte, ao mesmo tempo, de Lojas maçônicas e de Irmandades Católicas, Irmãos estes que foram o pivô da famigerada “Questão Religiosa”, suscitada no Brasil em 1872.

Aparentemente, essa vestimenta foi adotada pelos maçons brasileiros como substituto barato e mais confortável do traje a rigor preto, sem objeção por parte das altas autoridades maçônicas. Assim, o uso do balandrau não foi aprovado nem desaprovado, foi simplesmente tolerado, não constituindo, portanto, um traje litúrgico (N. Aslan).

Entretanto, não podemos esquecer que, no REAA, o “Ir. Terrível” usa um Balandrau com um capuz, também preto, a fim de não ser reconhecido pelos Neófitos.

Referente ao Terno preto, camisa branca e gravata preta (REAA) vamos buscar as informações nos livros do Mestre Castellani: “na verdade é usado um “parelho” indumentária composta de duas peças (paletó e calças) e, não de um “terno” composta de três peças (paletó, calças e colete)”.

Segundo ele, o uso dessa indumentária é devido, no Brasil, a majoritária formação católica dos maçons brasileiros, que não se desligaram, pelo menos até agora, do “traje de missa”, transformando as reuniões em verdadeiras convenções de agentes funerários.

Lembra ele que, o traje Maçônico é o AVENTAL. Em outras partes do mundo, principalmente em regiões quentes, os maçons vão às sessões até em mangas de camisa, mas portando, evidentemente, o Avental. E trabalham muito bem, pois a consciência do maçom não está no seu traje. Como diz a velha sabedoria popular: “o hábito não faz o monge”.

Discutir tipo de traje a ser usado (com exceção do Avental) é algo que não leva a nada, pois o traje masculino sofre variações através dos tempos e, inclusive, varia, de povo para povo, na mesma época.

A própria Igreja, que é bastante conservadora, já abandonou certas exigências. A Maçonaria, por ser evolutiva e progressista deveria ir pelo mesmo caminho. O balandrau, como roupa decente, poderia, se quisessem, uniformizar o traje, o que é, também, uma maneira de mostrar a igualdade maçônica (J. Castellani).



dezembro 18, 2025

A VERDADEIRA HISTÓRIA DE RÔMULO E REMO - Klaus Dante


Lenda vs. Realidade Romana 

🐺A famosa lenda da fundação de Roma, protagonizada pelos irmãos gêmeos Rômulo e Remo, é um dos mitos mais duradouros da História.

 Contudo, historiadores e etimologistas oferecem uma perspectiva mais sóbria e fascinante sobre o conto da lupa que os amamentou.

O abandono dos recém-nascidos, embora brutal, é a parte da lenda que encontra forte respaldo nas práticas romanas. Na Roma Antiga, o destino de uma criança dependia da decisão do paterfamilias (o chefe da família).

Se o pai a levantasse do chão (um ato chamado sublatus), a criança era reconhecida e recebia todos os direitos de um cidadão romano.

Se o pai não a aceitasse, a criança era "exposta", ou seja, abandonada à própria sorte fora dos limites da cidade. 

Este ato era comum para filhos indesejados, doentes ou de legitimidade duvidosa.

O elemento mais contestado pela historiografia é a amamentação por uma loba,muitos estudiosos de latim, incluindo aqueles focados em etimologia e história social, sugerem uma interpretação alternativa.

O termo latino lupa possui duplo sentido:

- Loba: O animal.

 -Prostituta: Na gíria romana, era o termo comum para designar uma meretriz.

A versão mais aceita por historiadores é que Rômulo e Remo foram, na verdade, resgatados e criados por uma mulher (uma lupa de "duas pernas") que trabalhava em um lupanar (bordel).

A ideia de que os fundadores da grande Urbe (Roma) teriam sido criados por uma prostituta era socialmente inaceitável para a elite. 

O que teria acontecido, segundo essa análise, foi uma habilidosa campanha de marketing político e social na Antiguidade. 

A história foi romantizada para proteger a honra da cidade, transformando a "prostituta" em um nobre e selvagem animal, a loba capitolina .

A sociedade greco-romana tinha uma visão pragmática sobre a sexualidade, diferente da moralidade moderna,o sexo não era visto como "pecado" no sentido cristão, e os lupanares eram instituições legais.

 A palavra lupanar (prostíbulo) deriva diretamente de lupa.

Existiam diversas categorias de trabalhadoras sexuais em Roma, com nomes específicos baseados em onde exerciam, seus preços ou serviços (ex: fornicatrix, meretrix, quadrantaria). 

O próprio termo fornicar tem origem em fornices, os arcos sob os quais as prostitutas trabalhavam no Coliseu.

Os lupanares também serviam a clientes de todos os tipos e podiam incluir rapazes. 

O mais importante não era o gênero do parceiro, mas sim o papel desempenhado na relação (ativo ou passivo).

A história dos gêmeos fundadores é um exemplo clássico de como a História oficial pode ser moldada e mitologizada para construir uma identidade nacional heroica. 

Eles podem não ter sido filhos de uma loba, mas sim de uma engenhosa reescrita de marketing!

Fonte: #romaclassica #Romulus #lupanares

OS STUARTS E A MAÇONARIA, HISTÓRIA OU LENDA? - Pierre Mollier M (Adaptado de tradução feita por José Filardo)




A associação dos Stuarts com a Maçonaria continua a ser uma das grandes figuras da imaginação maçónica do século XVIII. 

Muitos rituais ou correspondência explicam que desde tempos imemoriais, os Stuarts eram os protetores e os chefes secretos da Ordem. 

Alguns até mesmo adicionam que um propósito oculto das Lojas era então restaurar a infeliz dinastia escocesa no seu trono legítimo. 

O que é realmente isso; história ou lenda?

Talvez não haja aqui fumo sem fogo, mas ainda hoje os historiadores não conseguem encontrar provas documentais sobre o envolvimento real dos últimos representantes da grande dinastia com a Maçonaria escocesa. 

Elementos raros emergem como a existência comprovada de uma Loja “jacobita” na comitiva de James III no exílio em Roma, ou de algumas lojas stuartistas claramente identificadas em Paris na década de 1730 por Pierre Chevallier. 

Mas, por outro lado, todas as patentes ou cartas constitutivas supostamente concedidas assinadas ou promulgadas pelos Stuarts revelaram-se falsas.

Desde 1653, a Loja de Perth exibe um pergaminho dizendo que James VI da Escócia foi iniciado como Aprendiz no seu seio em 15 de Abril de 1601. 

Os rumores em torno da existência de uma Loja no exílio de Saint-Germain-en-Laye em 1688 ocupam os maçons de Paris desde 1737. 

Em 1749, o ritual da Sublime Ordem dos Cavaleiros Eleitos afirma que os Templários perseguidos foram acolhidos e protegidos pelos reis Stuart na Escócia, onde eles se esconderam nas Lojas dos maçons.

A lenda tornou-se ainda mais viva que a personalidade; a epopeia e o trágico destino de Charles Edward Stuart, conhecido como Bonnie Prince Charlie – chamado de “jovem pretendente” (1720-1788) – conferem-lhe uma forte dimensão romântica. 

A sua reconquista inaudita da Escócia por alguns meses em 1745 e, em seguida, a fuga para as montanhas depois da derrota fatal de Culloden apaixonaram então toda a Europa.

Seja por cálculo, como a crítica moderna o acusou, ou mais ou menos de boa fé como pensamos, o Barão de Hund conservou esta genealogia Templária e Stuartista quando começou a desenvolver a “Estrita Observância” Templária na Alemanha a partir de 1750. 

Ele alegava ter sido recebido em Paris na década de 1740, na Ordem do Templo restaurada no seio de uma loja reunindo membros ingleses e escoceses seguidores de Charles Edward Stuart. 

Fizeram-lhe supor que Charles Edward era o Grão-Mestre secreto dos Maçons sob o nome de “Eques a sole Aureo”. 

A Maçonaria que dissimulava a continuação secreta da Ordem do Templo era na realidade dirigida por chefes que ninguém conhecia, os “Superiores Desconhecidos”.

O grande sucesso da Estrita Observância Templária popularizou mais o suposto papel dos Stuarts nas Lojas. 

Após a morte de Hund, o novo Grão-Mestre, o príncipe Ferdinand de Brunswick quis saber onde se colocar. 

Em 1777, ele então envia um Maçom muito ativo, o Barão de Waechter junto do “jovem pretendente”, que não o é de facto, para o interrogar “oficialmente” – finalmente! – sobre as ligações reais dos Stuarts com a Maçonaria. 

Este dá uma resposta confusa, mas da qual finalmente fica claro que nem o seu pai nem ele eram maçons. 

Mas o lado evasivo da resposta e a reputação de dissimulação ligada a Charles Edward não resolvem a questão, e os dignitários maçónicos alemães e suecos voltam à carga. 

Abordado por diversas vezes, ele acaba por insinuar que se as lojas desejassem, ele estava pronto para assumir os deveres do seu cargo!

Pressionado por todos os lados – e à procura de reconhecimento e… dinheiro! – em 1783, ele finalmente dá uma Carta Patente “verdadeira-falsa” ao rei Gustavo III da Suécia reconhecendo-o como seu legítimo sucessor como chefe da Ordem dos Cavaleiros de São João do Templo, isto é, da Ordem Maçónica Templária.

Desde tempos imemoriais à pergunta “Sois Maçon? ” as instruções maçónicas mandam responder: “Os Meus Irmãos reconhecem-me como tal.” 

Se é quase certo que ele nunca foi iniciado em boa e devida forma, Charles Edward era reconhecido desde longa data “como tal” por muitos maçons do século XVIII. 

No crepúsculo da sua vida, ele finalmente aceitou esta coroa que todos lhe queriam colocar. 

A única que ele jamais colocaria na sua cabeça.





dezembro 17, 2025

LIBERDADE DE EXPRESSÃO - Sidnei Godinho




Interessante como por vezes se distorce a própria história e a criação. 

Quando Sócrates instituiu a Dialética (alguns atribuem a Platão ou mesmo Aristóteles), o princípio desta arte é de contrapor uma ideia apresentada e assim por diante, até que não haja mais o que contrapor e então o termo seria reduzido a único e indissolúvel. 

E essa seria a Verdadeira Verdade daquele termo ou assunto. 

Mas TODAS as contraposições tinham de ser RACIONAIS, jamais uma opinião. 

Opinar é ato pessoal, é a sua visão dos fatos, é aquilo que somente você acredita ser verdadeiro e não requer, para si, lógica alguma, porque beira a crença cega no que diz. 

Hoje, explora-se como liberdade de expressão falar o que se pensa. 

Na verdade, o pensar é reflexivo e não deveria ser verbalizado sem argumentos, porque em nada agrega, aos outros, o que eu penso para mim. 

Mas quando racionalizado e fundamentado o que penso, então voltamos à tradicional DIALÉTICA, onde um contraditório de ideias, feito de forma racional e educada, certamente, em algum momento, chegará a Verdadeira VERDADE. 

Não se deseja, Jamais, cercear a opinião alheia ou mesmo censurar suas manifestações, mas almeja-se uma reeducação que permita abolir a agressividade da ignorância (falta do conhecimento) e assim alcançar a plena e consciente "LIBERDADE DE EXPRESSÃO".