dezembro 18, 2025

A VERDADEIRA HISTÓRIA DE RÔMULO E REMO - Klaus Dante


Lenda vs. Realidade Romana 

🐺A famosa lenda da fundação de Roma, protagonizada pelos irmãos gêmeos Rômulo e Remo, é um dos mitos mais duradouros da História.

 Contudo, historiadores e etimologistas oferecem uma perspectiva mais sóbria e fascinante sobre o conto da lupa que os amamentou.

O abandono dos recém-nascidos, embora brutal, é a parte da lenda que encontra forte respaldo nas práticas romanas. Na Roma Antiga, o destino de uma criança dependia da decisão do paterfamilias (o chefe da família).

Se o pai a levantasse do chão (um ato chamado sublatus), a criança era reconhecida e recebia todos os direitos de um cidadão romano.

Se o pai não a aceitasse, a criança era "exposta", ou seja, abandonada à própria sorte fora dos limites da cidade. 

Este ato era comum para filhos indesejados, doentes ou de legitimidade duvidosa.

O elemento mais contestado pela historiografia é a amamentação por uma loba,muitos estudiosos de latim, incluindo aqueles focados em etimologia e história social, sugerem uma interpretação alternativa.

O termo latino lupa possui duplo sentido:

- Loba: O animal.

 -Prostituta: Na gíria romana, era o termo comum para designar uma meretriz.

A versão mais aceita por historiadores é que Rômulo e Remo foram, na verdade, resgatados e criados por uma mulher (uma lupa de "duas pernas") que trabalhava em um lupanar (bordel).

A ideia de que os fundadores da grande Urbe (Roma) teriam sido criados por uma prostituta era socialmente inaceitável para a elite. 

O que teria acontecido, segundo essa análise, foi uma habilidosa campanha de marketing político e social na Antiguidade. 

A história foi romantizada para proteger a honra da cidade, transformando a "prostituta" em um nobre e selvagem animal, a loba capitolina .

A sociedade greco-romana tinha uma visão pragmática sobre a sexualidade, diferente da moralidade moderna,o sexo não era visto como "pecado" no sentido cristão, e os lupanares eram instituições legais.

 A palavra lupanar (prostíbulo) deriva diretamente de lupa.

Existiam diversas categorias de trabalhadoras sexuais em Roma, com nomes específicos baseados em onde exerciam, seus preços ou serviços (ex: fornicatrix, meretrix, quadrantaria). 

O próprio termo fornicar tem origem em fornices, os arcos sob os quais as prostitutas trabalhavam no Coliseu.

Os lupanares também serviam a clientes de todos os tipos e podiam incluir rapazes. 

O mais importante não era o gênero do parceiro, mas sim o papel desempenhado na relação (ativo ou passivo).

A história dos gêmeos fundadores é um exemplo clássico de como a História oficial pode ser moldada e mitologizada para construir uma identidade nacional heroica. 

Eles podem não ter sido filhos de uma loba, mas sim de uma engenhosa reescrita de marketing!

Fonte: #romaclassica #Romulus #lupanares

OS STUARTS E A MAÇONARIA, HISTÓRIA OU LENDA? - Pierre Mollier M (Adaptado de tradução feita por José Filardo)




A associação dos Stuarts com a Maçonaria continua a ser uma das grandes figuras da imaginação maçónica do século XVIII. 

Muitos rituais ou correspondência explicam que desde tempos imemoriais, os Stuarts eram os protetores e os chefes secretos da Ordem. 

Alguns até mesmo adicionam que um propósito oculto das Lojas era então restaurar a infeliz dinastia escocesa no seu trono legítimo. 

O que é realmente isso; história ou lenda?

Talvez não haja aqui fumo sem fogo, mas ainda hoje os historiadores não conseguem encontrar provas documentais sobre o envolvimento real dos últimos representantes da grande dinastia com a Maçonaria escocesa. 

Elementos raros emergem como a existência comprovada de uma Loja “jacobita” na comitiva de James III no exílio em Roma, ou de algumas lojas stuartistas claramente identificadas em Paris na década de 1730 por Pierre Chevallier. 

Mas, por outro lado, todas as patentes ou cartas constitutivas supostamente concedidas assinadas ou promulgadas pelos Stuarts revelaram-se falsas.

Desde 1653, a Loja de Perth exibe um pergaminho dizendo que James VI da Escócia foi iniciado como Aprendiz no seu seio em 15 de Abril de 1601. 

Os rumores em torno da existência de uma Loja no exílio de Saint-Germain-en-Laye em 1688 ocupam os maçons de Paris desde 1737. 

Em 1749, o ritual da Sublime Ordem dos Cavaleiros Eleitos afirma que os Templários perseguidos foram acolhidos e protegidos pelos reis Stuart na Escócia, onde eles se esconderam nas Lojas dos maçons.

A lenda tornou-se ainda mais viva que a personalidade; a epopeia e o trágico destino de Charles Edward Stuart, conhecido como Bonnie Prince Charlie – chamado de “jovem pretendente” (1720-1788) – conferem-lhe uma forte dimensão romântica. 

A sua reconquista inaudita da Escócia por alguns meses em 1745 e, em seguida, a fuga para as montanhas depois da derrota fatal de Culloden apaixonaram então toda a Europa.

Seja por cálculo, como a crítica moderna o acusou, ou mais ou menos de boa fé como pensamos, o Barão de Hund conservou esta genealogia Templária e Stuartista quando começou a desenvolver a “Estrita Observância” Templária na Alemanha a partir de 1750. 

Ele alegava ter sido recebido em Paris na década de 1740, na Ordem do Templo restaurada no seio de uma loja reunindo membros ingleses e escoceses seguidores de Charles Edward Stuart. 

Fizeram-lhe supor que Charles Edward era o Grão-Mestre secreto dos Maçons sob o nome de “Eques a sole Aureo”. 

A Maçonaria que dissimulava a continuação secreta da Ordem do Templo era na realidade dirigida por chefes que ninguém conhecia, os “Superiores Desconhecidos”.

O grande sucesso da Estrita Observância Templária popularizou mais o suposto papel dos Stuarts nas Lojas. 

Após a morte de Hund, o novo Grão-Mestre, o príncipe Ferdinand de Brunswick quis saber onde se colocar. 

Em 1777, ele então envia um Maçom muito ativo, o Barão de Waechter junto do “jovem pretendente”, que não o é de facto, para o interrogar “oficialmente” – finalmente! – sobre as ligações reais dos Stuarts com a Maçonaria. 

Este dá uma resposta confusa, mas da qual finalmente fica claro que nem o seu pai nem ele eram maçons. 

Mas o lado evasivo da resposta e a reputação de dissimulação ligada a Charles Edward não resolvem a questão, e os dignitários maçónicos alemães e suecos voltam à carga. 

Abordado por diversas vezes, ele acaba por insinuar que se as lojas desejassem, ele estava pronto para assumir os deveres do seu cargo!

Pressionado por todos os lados – e à procura de reconhecimento e… dinheiro! – em 1783, ele finalmente dá uma Carta Patente “verdadeira-falsa” ao rei Gustavo III da Suécia reconhecendo-o como seu legítimo sucessor como chefe da Ordem dos Cavaleiros de São João do Templo, isto é, da Ordem Maçónica Templária.

Desde tempos imemoriais à pergunta “Sois Maçon? ” as instruções maçónicas mandam responder: “Os Meus Irmãos reconhecem-me como tal.” 

Se é quase certo que ele nunca foi iniciado em boa e devida forma, Charles Edward era reconhecido desde longa data “como tal” por muitos maçons do século XVIII. 

No crepúsculo da sua vida, ele finalmente aceitou esta coroa que todos lhe queriam colocar. 

A única que ele jamais colocaria na sua cabeça.





dezembro 17, 2025

LIBERDADE DE EXPRESSÃO - Sidnei Godinho




Interessante como por vezes se distorce a própria história e a criação. 

Quando Sócrates instituiu a Dialética (alguns atribuem a Platão ou mesmo Aristóteles), o princípio desta arte é de contrapor uma ideia apresentada e assim por diante, até que não haja mais o que contrapor e então o termo seria reduzido a único e indissolúvel. 

E essa seria a Verdadeira Verdade daquele termo ou assunto. 

Mas TODAS as contraposições tinham de ser RACIONAIS, jamais uma opinião. 

Opinar é ato pessoal, é a sua visão dos fatos, é aquilo que somente você acredita ser verdadeiro e não requer, para si, lógica alguma, porque beira a crença cega no que diz. 

Hoje, explora-se como liberdade de expressão falar o que se pensa. 

Na verdade, o pensar é reflexivo e não deveria ser verbalizado sem argumentos, porque em nada agrega, aos outros, o que eu penso para mim. 

Mas quando racionalizado e fundamentado o que penso, então voltamos à tradicional DIALÉTICA, onde um contraditório de ideias, feito de forma racional e educada, certamente, em algum momento, chegará a Verdadeira VERDADE. 

Não se deseja, Jamais, cercear a opinião alheia ou mesmo censurar suas manifestações, mas almeja-se uma reeducação que permita abolir a agressividade da ignorância (falta do conhecimento) e assim alcançar a plena e consciente "LIBERDADE DE EXPRESSÃO". 



ABÓBADA DO TEMPLO MAÇÔNICO – REAA – PARTE III - Pedro Juk



 ABÓBADA DO TEMPLO MAÇÔNICO – REAA – PARTE III

TEMPLO MAÇÔNICO – ABÓBADA

II.4 – ESTRELAS

ARCTURUS – Situada o mais próximo possível da linha do horizonte boreal a Norte – Nordeste. É também conhecida como Estrela Polar (ver plano to teto do Templo em anexo).

SPICA – Situada no zênite da abóbada em sua porção inicial do Ocidente, o mais próximo possível de uma linha imaginária que se projeta da entrada do Oriente do Templo e perpendicular ao zênite (ver plano do teto do Templo em anexo).


ALDEBARAN – Essa estrela está situada no Ocidente e próxima à constelação de Órion, mais precisamente no eixo longitudinal da abóbada (zênite), mais próxima ao meridiano do Meio-Dia em sua porção anterior ao meridiano citado observado a marcha aparente do Sol (ver plano do teto do Templo em anexo).

RÉGULUS – Situada no quadrante noroeste da abóbada, próxima a Lua e quase sobre a mesa ocupada pelo Primeiro Vigilante (ver plano do teto do Templo em anexo).

FOMALHAUT – Situada próxima à linha do horizonte austral, mais precisamente a Sul - Sudoeste da abóbada, próximo ao meridiano do Meio-Dia, aproximadamente a retaguarda do Segundo Vigilante (ver plano do teto do Templo em anexo).

ANTARES – Situada no Ocidente entre o horizonte austral e a linha do zênite, sudoeste da abóbada, aproximadamente a esquerda do Segundo Vigilante (ver plano do teto do Templo em anexo).

Atenção – Não se deve confundir a estrela Fomalhaut com a Estrela Flamejante, pois entre ambas, o significado é bastante distinto, já que a primeira é realmente uma estrela descrita pela astronomia e se encontra visível no firmamento, enquanto que a segunda, apesar de possuir um elevado significado simbólico, principalmente para o Grau de Companheiro, não tem qualquer relação astronômica, devendo, portanto ser considerada como símbolo especulativo de origem pitagórica, embora para ela, exista um lugar definido na abóbada, como se verá mais adiante.

As primeiras cinco estrelas (Arcturus, Spica, Aldebaran, Régulus e Fomalhaut) representam as cinco Dignidades de uma Loja (Três Luzes – Venerável Mestre, Primeiro e Segundo Vigilante - Orador e Secretário), já que três governam, cinco a compõe e sete ou mais a completam. A sexta estrela (Antares) representa um dos Oficiais imprescindíveis na Loja – o Cobridor Interno, a despeito dos outros cargos não menos importantes e dentre os quais o Mestre de Cerimônias imperativo no Rito em questão para o funcionamento de uma Loja simbólica escocesa, que em hipótese alguma, poderia trabalhar sem a presença de pelo menos esses Oficiais. Daí uma das determinações de que uma Loja só pode ser aberta na presença de sete Mestres, observados o preenchimento dos respectivos cargos necessários para esse fim.

Nota Importante – O Grande Oriente do Brasil, por força de dispositivo constitucional e regimental, atualmente considera sete as Dignidades e não cinco como preceitua a Maçonaria tradicional. Levando em conta os cargos eletivos, considera-os todos como Dignidades de uma Loja. Entretanto, apesar de que o correto seriam cinco e não sete, enquanto persistir a errônea determinação, há que se obedecer às leis que emanam da Constituição.

II.5 - A ESTRELA FLAMEJANTE

Como anteriormente comentado, essa estrela não tem qualquer significado astronômico, entretanto, ela não deve ser posicionada a esmo na abóbada, já que, se não possui significado astronômico, ao contrário, ela possui um profundo conteúdo simbólico, principalmente para o Grau de Companheiro, a despeito de que a própria senha de reconhecimento do referido Grau é diretamente relacionada a ela. De origem pitagórica, também denominada como Estrela Hominal ou Pentalfa, ela possui a característica de conter em seu centro a letra “G” correspondente a inicial da palavra “GEOMETRIA” ou “QUINTA CIÊNCIA” e deve ser sempre posicionada com apenas um ápice para cima, o que lhe dá o sentido da “teurgia” como Obra da Luz. Por esses aspectos e além de muitos outros inerentes ao Segundo Grau Maçônico, a Estrela Flamejante assume uma postura de Luz Intermediária, portanto, deve ser posicionada entre a Luz Ativa (Sol - Sabedoria) e a Luz Passiva ou Reflexa (Lua - Efeitos). Dessa forma, a mesma deve se posicionar no meridiano do Meio-Dia, sobre a mesa ocupada pelo Segundo Vigilante, mas um pouco à frente deste e, se possível, deve ser iluminada por uma luz cálida, todavia suave (ver plano do teto do Templo em anexo).

Esses são os elementos decorativos da Abóbada Celeste que representa o firmamento nos Templos Maçônicos, observado o Rito praticado. Todavia, não existe a obrigatoriedade de que o Templo possua uma abóbada tradicional, principalmente se considerado o dispêndio financeiro para a sua execução. Se não for possível a sua construção, é perfeitamente admissível um teto plano, desde que o mesmo seja obrigatoriamente pintado na cor azul celeste e nele contenha pelo menos o Sol, a Lua e a Estrela Flamejante, se observado as suas posições de acordo com o que preceitua as nossas normas e tradições.

Quanto às nuvens, estas são perfeitamente dispensáveis, pois são meros elementos decorativos, portanto, desprovidos de qualquer significado simbólico.

II.6 - AS ESTRELAS QUANTO A SUA FORMA, COR E TAMANHO.

a) QUANTO A SUA FORMA – Obedecem ao padrão universal de representação (cinco pontas).

b) QUANTO A SUA COR – Para a Maçonaria, não existe qualquer padrão definido nem diversificado.

Embora alguns ocultistas assim queiram determiná-las, correlacionando-as às suas interpretações, esse procedimento está em total desacordo e não encontra qualquer sustentação no basilar sentido racional da Sublime Instituição. Entretanto, o aconselhável, é que se determine uma cor mais próxima possível da realidade visível, o que nos leva a sugerir uma cor prateada que, além da sua discrição, obedece a um padrão estético de equilíbrio e bom gosto. Essa regra só não se aplica à Estrela Flamejante que, pela sua característica particular, deve diferenciar-se das demais. Embora a própria letra “G” já faça essa diferença, é interessante que a mesma possua uma cor diferenciada, pelo que sugerimos uma tonalidade de azul escuro, contrastando com o fundo azul celeste da abóbada, de modo que a letra “G” seja doirada.

c)     QUANTO AO SEU TAMANHO – Aqui existem algumas regras a serem observadas: Determinar o seu tamanho seria impossível, pois esta deve obedecer a uma proporção à área da abóbada, entretanto essa área só pode ser obtida quando se sabem as dimensões do Templo. Como medida paliativa, deve-se observar a regra pela qual o aspecto decorativo não assuma uma forma carregada e nem tão pouco, em oposição, se perca pelo seu tamanho por demais reduzidos. Resumindo: o decorador deve usar o bom senso do equilíbrio. Agora, o que deve sim existir, é uma diferenciação no tamanho quanto a sua representação, ou seja: as seis estrelas denominadas Arcturus, Spica, Aldebaran, Régulus Antares e Fomalhaut e também aquelas que representam os planetas – Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno (se for o caso) - devem ser maiores na proporção de dois para um, do que àquelas que formam as constelações de Órion, Híadas, Plêiades (excetuando-se a estrela central dessa constelação) e Ursa Maior.

Deve existir também uma diferenciação entre as seis estrelas (Arcturus, Spica, Aldebaran, Régulus Antares e Fomalhaut) e àquelas que representam os planetas; não em tamanho, mas no seu conteúdo de preenchimento. Essa diferenciação é obtida da seguinte forma: as estrelas que representam os planetas devem ter o interior do pentágono inscrito - formado pelos vértices internos da estrela – “vazado”, isto é, sem a cobertura da cor correspondente, aparecendo como fundo, o azul celeste da abóbada, fazendo com isso que essas estrelas tenham apenas as suas respectivas pontas cobertas pela cor que lhes é característica, aspecto esse que as diferenciará das demais, assumindo com isso, um caráter distinto quanto à finalidade da sua representação (ver a forma diferenciada no plano do teto do Templo em anexo).

Outra observação a ser feita, é quanto à estrela central da constelação Plêiades. Essa estrela deve ser um pouco maior do que as que a circundam, te tal forma, a diferenciá-la destas, todavia, deve-se tomar o cuidado de não torná-la demasiadamente grande, a ponto de ser comparada em tamanho com as estrelas isoladas (Arcturus, Aldebaran, Spica, etc.), bem como com as que representam os planetas.

Quanto a Estrela Flamejante e o seu tamanho, esta deve ser representada como a maior dentre todas as estrelas, de tal maneira à bem diferenciá-la de todas as outras, observado o cuidado de não se praticar o exagero.

O caráter proporcional deve ser também observado quanto às luminárias terrestres – o Sol e a Lua – principalmente relacionado-as ao tamanho da abóbada a ser decorada, aspecto esse que determinará em segunda instância a proporção no tamanho da estrela, se bem observada essa relação.

Nota ao Arquiteto ou Decorador – Para a execução do trabalho de decoração da abóbada, o mesmo deverá fazer uso do anexo incluso ao final dessa peça de arquitetura, devendo proceder da seguinte maneira: Em primeiro lugar deve-se observar que o respectivo desenho tem o seu ponto de vista de cima para baixo, portanto para a sua execução, este deve ser estendido no centro do Templo, sobre o eixo (equador), observando a sua correta orientação. Como segunda etapa, basta que o decorador faça a projeção mais aproximada possível e proporcional ao tamanho da abóbada, ou forro se for o caso, dos respectivos astros nele contidos. Qualquer dúvida, o zênite coincide com o equador do Templo em sua projeção vertical, além das próprias paredes, oriental, ocidental, norte e sul, também coincidirem com as respectivas linhas do horizonte, observado a característica dos limites de cada Templo no seu particular. Finalmente, alertamos que o referido desenho é apenas esquemático, portando não possui escala, pois sua finalidade tem apenas o caráter de orientação.

Apenas a título de sugestão, deve-se evitar a representação arcaica e medieval do Sol e da Lua assumindo feições humanas, estilizadas por expressões faciais compostas por olhos, nariz, boca, etc. Essa prática, além do mau gosto, acaba dando margem para que os especuladores e inventores de plantão acabem imaginando algum simbolismo nessas obscuras e fantasiosas representações.

III – CONCLUSÃO.

Finalizando, cabe observar a importância da exegese simbólica da Maçonaria e em particular ao Rito Escocês Antigo e Aceito, lembrando que a despeito das nossas tradições, usos e costumes, também é muito importante lembrar que a razão se sobrepõe as ilações fantásticas, na mesma proporção em que o Espírito se sobrepõe à matéria, levando o verdadeiro maçom à preferência pelo real ao aparente, quando a verdade e a ciência desmistificam a tradição inconcebível muitas vezes fundada nos velhos erros dos próprios sentidos humanos, perfectíveis, portanto, passíveis de erro.

Se a Abóbada Celeste conduz o Obreiro à enigmática observação do “Infinito” elevando o pensamento ao transcendental, é certo também que as noções de espaço, tempo, energia, matéria, dimensão e tantas outras, superaram as hipóteses do passado. Se na atualidade não se pode mais admitir a eternidade do Universo e o simples conceito do Infinito já não encontra guarita na ciência; quando a energia tende a esgotar-se e, com ela, o próprio ambiente que se nos apresenta, é incrível, mas verdadeira, a confirmação das velhas revelações iniciáticas estudadas pela tradição maçônica e expressadas pelas idéias que resultaram no conceito dual do Princípio e Fim, Alfa e Omega.



dezembro 16, 2025

MAÇONARIA – FAMÍLIA – PAIS - Fernando Koehler




“Porque sou Maçom? 

Para que serve a Maçonaria? 

O que devo fazer para ser um bom Maçom?”

Estas dúvidas e questionamentos fazem parte da nossa aprendizagem e do nosso crescimento maçónico. 

Conforme vamos aprendendo e entendendo, começamos a ver que a Maçonaria pode e contribui muito para um mundo melhor, mais humano, mais solidário, mais fraterno.

Entretanto a Maçonaria por si só, como escola filosófica, nada pode fazer, sem o seu agente transformador: o Maçom. 

Somos nós, Maçons, que nos devemos empenhar na nossa transformação interior, na nossa mudança de comportamento, na nossa mudança ética e moral. 

É preciso que comecemos a transformação em nós mesmos, só depois poderemos melhorar o mundo que nos rodeia.

É o Maçom que age, que transforma o mundo através do seu exemplo, regendo-se pela ética, pelos bons exemplos, pelos laços familiares, por sua conduta moral e social no mundo profano.

De nada nos vai adiantar tornarmo-nos melhores seres humanos se não usarmos os ensinamentos básicos da Ordem Maçónica para melhorar a nossa família e a nossa comunidade, dando apoio e contribuindo com todas as acções que visam à melhoria do local onde vivemos.

Sou Maçom porque pertenço a um grupo de homens livres e de bons costumes. 

Sou Maçom porque faço parte de um grupo de pessoas que buscam a perfeição para si e que lutam por um mundo melhor.

Sou ainda mais Maçom porque estou sempre imbuído do espírito de melhoria não para mim, mas também para a família e toda a humanidade.

A Maçonaria é o instrumento para a melhoria do mundo, mas é preciso primeiro que melhoremos a nós mesmos para que possamos ser agentes transformadores do mundo.

Quanto mais bem esclarecidos forem os Maçons, maiores serão as chances de termos uma sociedade mais justa, uma ordem composta de homens realmente livres e de bons costumes.

É pertinente ao Maçom, juntamente com a sua família, constatar que a Maçonaria busca a felicidade humana porque na sua essência, com o sublime sentimento do amor, comprova efetivamente a sua razão de ser. 

É fundamental a fé e assim, constatar que a busca de um ideal comum, constitui-se na atividade básica da instituição, que sempre se manteve intacta, intocável por qualquer preceito, religioso ou não. 

E isso é evidente porque a Maçonaria não tem idade; sempre existiu porque pertence ao homem; está no homem; está emancipada da história e de conceitos teóricos ou dogmáticos.

Portanto, não nos preocupemos com a origem da Maçonaria, preocupemo-nos como ela é. 

Não nos preocupemos com a sua história, preocupemo-nos que a Maçonaria, hoje, não vive do seu passado, por mais glorioso que possa parecer, vive hoje para preservar o presente e construir o amanhã. 

Não nos preocupemos com as pessoas que a frequentam, preocupemo-nos que nós estamos na Maçonaria. 

Não nos preocupemos com os maçons, preocupemo-nos em ser maçons e fazer a nossa parte. 

Não nos preocupemos com a sua existência, preocupemo-nos com a sua essência.

Preocupemo-nos que a Maçonaria é um caminho ao Paraíso, pois

• “o paraíso não é algo a ser alcançado. É algo a ser criado. Depende de nós.” (Osho)

Mas para podermos criar este paraíso, preocupemo-nos que, acima de tudo, é necessária a prática do amor ao próximo.

Mas como fazê-lo? 

Quem seria esse próximo?

O que está mais próximo de nós é a nossa família, pois após constituída, esta é a coisa mais preciosa que um verdadeiro Maçom pode querer ter. 

É dever de todos nós dedicarmos a ela todo o amor, todo o respeito e total proteção.

Precisamos ser justos com os nossos entes mais queridos. 

Se, ainda, por alguma circunstância, não estamos aplicando o que temos aprendido em Loja no seio da nossa própria família, tratemos de rever esse nosso procedimento. 

Se vivemos em harmonia entre os Irmãos e vivemos desarmonizados com a nossa família, estamos vivenciando uma profunda contradição.

O Maçom deve dividir com os seus, os fundamentos da nossa Ordem no que tange à sua essência, aos seus propósitos e as suas aspirações. 

Para que a família, conhecendo a Instituição, possa ajudá-lo na sua caminhada rumo ao aperfeiçoamento moral, intelectual e espirituais. 

Sem os percalços e incompreensões que muitas vezes ocorrem, por má interpretação oriunda de falta de esclarecimento.

A família deve estar consciente de que a Maçonaria não é clube para homens, (muitas vezes denominado pelas cunhadas de O Clube do Bolinha), onde os seus adeptos se reúnem para se divertirem e conversarem amenidades, tendo como final um lauto jantar que chamados de ágape.

Nos dias de reuniões nos divertimos? Sim! 

Existe melhor divertimento do que estarmos junto às pessoas que queremos bem?

Nos dias de reuniões falamos amenidades? Sim! 

Mas nos momentos propícios a isso.

Nos dias de reunião promovemos um ágape fraternal? Sim ! 

Por dever de tradição, uma vez que esse procedimento vem desde tempos memoriais. 

Em todas as Ordens esotéricas e místicas, sempre os seus membros o realizavam para selar com o Deus da compreensão de cada um, o agradecimento pelos alimentos materiais que lhes davam as forças e energia necessárias para a continuação do trabalho espiritual realizado no Templo e fora dele. 

E, ao mesmo tempo, implorarem à Deus a força para que não negligenciassem nunca os deveres para com as suas famílias e para com as pessoas menos favorecidas, fazendo chegar a esses, por Obra Divina e pela caridade dos homens, o mínimo necessário às suas substâncias.

Podemos dizer que, apesar de nos divertirmos, de conversarmos amenidades e de promovermos o ágape fraternal, dedicamos a maior parte do tempo dos dias de reunião a tratarmos de assuntos extremamente sérios relativos à nossa Ordem, aos nossos Irmãos, à nossa comunidade e principalmente à nossa família.

Buscamos formas de cooperarmos, por meio de cada Maçom individualmente, nas soluções dos problemas que nos afligem a nós, à nossa família e à sociedade como um todo, independentemente das posições políticas e religiosas de cada um.

A Família deve se orgulhar do Pai Maçom que, mesmo subtraindo uma parte do tempo que poderia estar-lhe dedicando, esteja na Loja estudando, aprendendo e trabalhando pelo bem da humanidade, ou, que esteja inscrito num conselho municipal de educação, de saúde, de segurança, etc., para em nome da Ordem, mas pela sua própria iniciativa, prestar a sua colaboração na fiscalização do melhor emprego das verbas públicas destinadas ao município. 

Se ele ainda não está fazendo isso, cabe a família incentivá-lo a tal. 

Se não for para as finalidades acima descritas, porque nos reunimos aqui no nosso Templo, a Maçonaria não terá nenhum valor. Seremos apenas profanos reunidos. 

Será que tem algum sentido agirmos assim?

A Maçonaria apenas mostra o caminho.

Ela representa um meio.

O fim é o próprio Irmão.

Se o Irmão não achar a Verdade em si próprio, ninguém a achará por ele.

Se o Maçom for pequeno espiritualmente, nem usando avental bordado a ouro, fará dele um verdadeiro Maçom."





ABÓBADA DO TEMPLO MAÇÔNICO – REAA – PARTE II - Pedro Juk




II - CONTEÚDO ESTELAR DA ABÓBADA

Quanto à cor da abóbada, esta deve ser azul celeste, podendo, entretanto, nela haver uma gradativa mudança da tonalidade mais clara para o Oriente e mais escura para o Ocidente – representação da aurora e do ocaso do Sol.

Estarão representados na abóbada o Sol e a Lua, as constelações de Orion, Híadas, Plêiades e Ursa Maior, os planetas Mercúrio, Vênus, Júpiter e Saturno e as cinco estrelas: Arcturus (da constelação Bootes), Spica (da constelação Virgem), Aldebaran (da constelação Taurus), Régulus (da constelação Leão) e Fomalhaut (da constelação Piscis Austrinus), além da estrela Antares (na constelação de Scorpius).

II.1 – LUMINÁRIAS

O SOL e a LUA – o primeiro estará no Oriente e a segunda no Ocidente, mostrando com isso a transição do dia (Oriente) para a noite (Ocidente). É importante se observar que o Sol estará próximo ao dossel do Altar ocupado pelo Venerável Mestre, mas não propriamente sobre o zênite[2] e sim levemente deslocado para sudeste, considerando-se o ponto de vista do hemisfério norte onde nasceu a Sublime Instituição e o Sul (Meio-dia), mais iluminado que o norte (ver plano do teto do Templo em anexo). Quanto a Lua, em quarto - crescente, estará na abóbada, sobre a mesa ocupada pelo Primeiro Vigilante no Ocidente (ver plano do teto do Templo).

Nota: Observe-se que é o Venerável que abre a Loja enquanto o Segundo Vigilante observa o Sol na sua passagem pelo meridiano e o informa que é Meio-Dia. O Primeiro Vigilante, que o ocaso do Sol – Meia-Noite - fecha a Loja, paga os Obreiros e os despede contentes e satisfeitos. Notar a marcha aparente do Sol e a sua representação simbólica.

ATENÇÃO – Não confundir com o Sol e a Lua do Retábulo do Oriente.

II.2 – CONSTELAÇÕES

ORION – Localizada na porção mediana entre a estrela Aldebaran e o meridiano do Meio-Dia, do zênite para o quadrante Sul (ver plano do teto do Templo em anexo). Essa constelação composta por três estrelas alude, dentre outros, ao número correspondente ao Grau de Aprendiz.

HÍADAS – Localizada no quadrante Norte - Nordeste, próxima ao horizonte boreal[4] e da estrela Arcturus (ver plano do teto do Templo em anexo). Essa constelação composta por cinco estrelas alude, dentre outros, ao número correspondente ao Grau de Companheiro.

PLÊIADES - Localizadas no quadrante Norte, entre o zênite a linha do horizonte boreal, perpendicular à constelação de Orion e um pouco próxima à estrela Aldebaran (ver plano do teto do Templo em anexo). Essa constelação composta por sete estrelas que contornam uma central (sete ou mais) alude, dentre outros, ao número correspondente ao Grau de Mestre.

Nota: Três governam a Loja (Orion), cinco a compõem (Híadas) e sete ou mais a completam e a tornam perfeita (Plêiades).

URSA MAIOR – É a constelação visível apenas no hemisfério norte e exprime um sentido de orientação tal qual o Cruzeiro do Sul está para o hemisfério sul. Partindo-se da premissa de que nosso ponto de observação é o do hemisfério norte, obviamente a sua representação encontra-se presente. Composta por sete estrelas encontra-se localizada bem próxima à linha do horizonte boreal, no quadrante Norte – Noroeste da abóbada (ver plano do teto do Templo em anexo).

II.3 – PLANETAS

MERCÚRIO – Planeta que é representado por uma estrela que está localizada na abóbada na sua porção oriental, quadrante nordeste, próximo ao Sol (ver plano do teto do Templo em anexo). Por ser o planeta que mais rapidamente circula em torno do Sol, cujo nome corresponde a um deus mitológico veloz e astuto, representa o Mestre de Cerimônias, pois esse Oficial maçônico, sempre circulando pelo Templo, como elemento de ligação, imita o planeta.

JÚPITER – Planeta também representado por uma estrela que se encontra localizada na abóbada em sua porção oriental, quadrante sudeste, entre o Sol e a linha do horizonte austral[5], entretanto mais afastada da linha do horizonte oriental do que Mercúrio (ver plano do teto do Templo em anexo). Júpiter no panteão dos deuses babilônicos representava o régio senhor dos homens, associado à força, simboliza o Primeiro Vigilante.

VÊNUS – Representada por uma estrela, o planeta encontra-se situado no zênite da abóbada, na porção ocidental próximo a linha do horizonte (ver plano do teto do Templo em anexo). Vênus, feminilizado na mitologia babilônica e sendo a deusa mágica da fertilidade e do amor, simboliza a beleza, por conseguinte o Segundo Vigilante.

SATURNO – O planeta é representado com os seus anéis e circundado pelos nove satélites naturais (luas). Está situado na porção ocidental da abóbada, próximo ao Oriente entre o zênite e a linha do horizonte austral, próximo da estrela Spica, (ver plano do teto do Templo em anexo). Corresponde ao deus babilônico frio e cruel; com seus “anéis”, simboliza a riqueza (metais), por conseguinte, por esse aspecto, simboliza o Tesoureiro.

Observação: A despeito de que a representação do planeta Saturno na abóbada demanda de uma arte mais apurada, o que muitas vezes se torna bastante dispendioso, é tolerada a sua representação através de uma estrela, obviamente que nesse caso, sem os anéis e as respectivas luas (satélites naturais).

dezembro 15, 2025

ABÓBADA DO TEMPLO MAÇÔNICO – REAA – PARTE I - Pedro Juk



I - INTRODUÇÃO

        ABÓBADA – Substantivo feminino (do latim: volvita = revirada) – é entre outras coisas, o teto arqueado e tudo o que é convexo e arredondado, na superfície exterior, e côncava e arqueada na parte interior. Para alguns Ritos Maçônicos o teto de uma Loja é normalmente arqueado para simbolizar o firmamento, já que o Templo representa simbolicamente e invariavelmente uma sessão da Terra, mais precisamente localizado sobre o equador terrestre e é representado por um quadrilongo[1], cujo comprimento (longitudinal) é orientado de Leste para Oeste ou do Oriente para o Ocidente e a sua largura de Norte a Sul (Colunas do Norte e do Sul), determinada pelo eixo longitudinal representado pelo equador que divide a Terra em dois hemisférios. A abóbada representa exatamente o céu ou firmamento sob o ponto de vista daquele que do hemisfério norte terrestre olha para céu.

        Em se tratando de um Templo Escocês, a decoração do teto ou abóbada é geralmente estelar e esse costume tem como base originária o Antigo Egito, onde o exemplo mais belo e evidente dessa decoração pode ser observado no Templo de Carnac (Luxor). Todas as formas das partes arquitetônicas dos Templos Egípcios eram determinadas mais pelo seu aspecto simbólico do que propriamente pela sua função estética, já que os Templos representavam uma imagem simbólica do mundo, com o teto representando o firmamento, e o piso a Terra da qual brotavam colunas, como gigantescos papiros.

        Atenção: A citação acima procura demonstrar apenas a origem do hábito de se estelar o teto, portanto não se está aqui afirmando que existisse Maçonaria, e muito menos Rito Escocês no Antigo Egito nessa época. Essa exposição tem apenas o caráter de explicar a origem de um costume que, pelo ecletismo maçônico acabou fazendo parte do arcabouço doutrinário da Ordem, levando-se sempre em consideração que a Franco-Maçonaria surgiu apenas na Idade Média cujas origens e elos estão dispostos entre as Associações Monásticas Medievais e posteriormente às Confrarias Leigas. Já o Rito Escocês Antigo e Aceito, teve sua origem no século XVIII, mas nunca como o nome definido de Rito Escocês, o que ocorreria somente em 31 de maio de 1.801 na cidade de Charleston, na Carolina do Sul nos Estados Unidos da América do Norte sobre o paralelo 33 da Terra.

        A despeito dessas considerações e embora muitos Templos Maçônicos tenham o seu teto estrelado a esmo, fato considerado errado, o mesmo deve ser decorado, além das representações específicas como veremos adiante, obedecendo à posição relativa ao hemisfério norte, isso pelo simples fato de que a Maçonaria nasceu no referido hemisfério e, pelo seu aspecto apenas simbólico deve assim obedecer a essa orientação. Querem alguns tratadistas imaginosos, considerar que para aqueles Templos localizados no hemisfério sul, seja obedecido o mapa estelar do respectivo hemisfério. 

        Ora, em primeiro lugar a Maçonaria Universal (Simbólica) não pode ser considerada diferenciada se praticada nesse ou naquele hemisfério, pois ela é única, exclusivamente simbólica e, sobretudo racional, diferenciando-se apenas pelas particularidades inerentes a cada Rito praticado, porém, igual em essência. Dessa forma, não há a necessidade de invenções fantasiosas, místicas e ocultas que buscam amparo em qualquer tipo de influência dos astros ou coisa parecida. Destarte, deve se observar a “liberdade” como princípio basilar da Ordem, que nesse caso, refere-se à crença pessoal de cada Irmão. 

        Em segundo lugar, qualquer inversão de posições dentro de um Templo, implicaria na inversão total do seu conteúdo simbólico, afetando diretamente o arcabouço moral e doutrinário do Rito em questão, colocando em risco as orientações que primam pela racionalidade, a despeito daquelas repletas de imaginação e fantasia.

        Nota importante: A presente Peça de Arquitetura refere-se ao Rito Escocês Antigo e Aceito apenas nos Graus Simbólicos, todavia, esses conceitos podem ser aplicados à Maçonaria Simbólica Universal de uma forma geral, desde que sejam respeitadas as particularidades de cada Rito na sua tradição e essência doutrinária, bem como aqueles que por ventura também façam uso do conjunto simbólico em questão.

O USO CORRETO DA PALAVRA EM LOJA MAÇONICA - Sérgio Quirino Guimarães



Quem fala muito atrapalha a reunião!

Mas porque é que isto acontece? Por dois motivos: vaidade e ingenuidade.

A vaidade é, facilmente, notada quando o locutor coloca os verbos na primeira pessoa; assuas manifestações parecem testemunhos. Ele julga que, em todos os assuntos da Loja, os Irmãos devem escutar a sua opinião e tem a capacidade de ocupar mais tempo do que o ritualizado para o Quarto de Hora de Estudos.

A ingenuidade é aparente naqueles que saúdam as autoridades, visitantes e, ainda, dão as conclusões sobre a Sessão (funções do Orador). Também, sempre, se manifestam sobre as Instruções (função das Luzes ou daqueles que o Venerável indicar); após a leitura do Balaústre, pedem a palavra, saúdam, nominalmente, todos os presentes e questionam o Secretário sobre qualquer questiúncula, o que deveriam fazer após a Sessão.

Devemos entender que qualquer reunião, ultrapassando duas horas, é cansativa e improdutiva; há Irmãos que trabalharam o dia inteiro e desejam, à noite, encontrar o grupo para serenar os ânimos e harmonizar-se com o Criador. Vivemos num tempo onde o perigo é uma constante e a abertura da porta de um lar após as 23h é um risco para toda a família.

Observemos que, quando o Irmão falador pede a palavra, toda a Oficina “trava” e, assim, há uma quebra da Egrégora da Sessão. Por outro lado, quando aquele Irmão, que pouco se manifesta, pede a palavra, todos se voltam para ele com atenção e respeito.

Devemos conscientizar-nos de que, se quisermos contribuir para a formação dos Irmãos, deveremos fazê-lo pelo Exemplo, e não pela palavra! A verborreia é uma deficiência, um vício, que avilta o homem!

Quando formos visitar uma Loja, estaremos lá para aprender, e não para ensinar. O silêncio torna-se uma prece nas Sessões Magnas, compreensivelmente mais longas e, sempre, com a presença de outros visitantes; deixemos que o Orador nos apresente e fiquemos com o Sinal de Ordem, para dizer a toda a Oficina que somos o nominado e estamos de P∴ e à O∴.

Dar os parabéns pelos trabalhos só é necessário para os que têm necessidade de lustro na vaidade. Se o Irmão quiser ocupar mais de três minutos (tempo mais que salutar), pode agendar com o Secretário a sua participação no Quarto de Hora de Estudos ou na Ordem do Dia.

No período, destinado à Palavra a Bem da Ordem em Geral e da Loja em Particular, devemos priorizar, trazendo notícias dos Irmãos ausentes (não vale justificar a falta, pois deve ser feito por escrito pelo mesmo, acompanhado obrigatoriamente do óbolo) e louvando os feitos da Ordem.

O Livro da Lei ensina-nos: “Pois o Reino de Deus não consiste em palavras, mas na virtude” (I Coríntios: 4,20). Lembremo-nos de que todos nós, independentemente dos Graus ou de Cargos, somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçónicas.



dezembro 14, 2025

VENERÁVEIS IRMÃOS COMO AS VELAS - Adilson Zotovici




_Queimam-se alguns como as velas_,

_Para darem Luz aos seus iguais_ !...

Entre boas obras tão belas

De  _"Antonio Vieira"_, cabais


Inda que entre tantas mazelas

Basta ver da história os anais

Do sacrifício as procelas

Peremptórias pois, e formais


Às vezes, razões, são querelas

As quais viram tementes portais

Entrementes quais sentinelas


Entregam-se de formas vitais

Sinceros varões, como elas...

Mas as ingratidões são normais  !



O SILÊNCIO COMO UM GESTO DE SABEDORIA - Alexandre Fortes




        O silêncio é visto como um gesto de sabedoria tanto na Epístola de São Tiago quanto na Maçonaria, embora com focos e contextos distintos. O silêncio é uma atitude ativa que precede e qualifica a fala, sendo um caminho para a verdadeira sabedoria e o aprimoramento do ser.

        Na Epístola de Tiago (Novo Testamento), a sabedoria do silêncio está intimamente ligada ao controle da língua, considerada uma força poderosa e perigosa. O silêncio (ou, mais precisamente, o uso moderado e refletido da fala) é um sinal de maturidade espiritual e sabedoria.

        Controle da Língua, Sabedoria e Humildade: O texto enfatiza que quem consegue controlar a língua é uma pessoa perfeita e capaz de dominar todo o seu corpo (Tiago 3:2). A língua é comparada a um pequeno freio que governa um cavalo ou a um pequeno leme que dirige um grande navio (Tiago 3:3-4). A verdadeira sabedoria (que é “do alto”, ou seja, divina e pura) é marcada pela mansidão e por ações justas, e não por palavras vãs ou jactância (Tiago 3:13-17). O silêncio, neste contexto, é a virtude de se calar para evitar o pecado do falar impensado, maldizente ou arrogante.

        Na Maçonaria, o silêncio é um princípio iniciático fundamental, sobretudo para o Aprendiz Maçom. É um símbolo e um meio para se alcançar a sabedoria e o autodomínio.

        Condição para a Aprendizagem: O silêncio imposto ao Aprendiz (e a máxima de “Ouvir, Ver, Calar” – Audi, Vide, Tace) não é um mutismo por ignorância, mas uma disciplina para que ele possa ouvir, observar e meditar sobre os ensinamentos, rituais e símbolos sem dispersão.

        Reflexão e Transformação: O silêncio é o meio pelo qual o iniciado pode se entregar à meditação e à reflexão interior, essenciais para a lapidação da “Pedra Bruta” (o próprio Maçom no seu estado imperfeito). É no silêncio que se busca o autoconhecimento e o domínio sobre as paixões.

        Discrição (Segredo): Além da sabedoria interior, o silêncio também é a virtude da discrição e do sigilo que protege os mistérios e o funcionamento da Ordem, conforme a tradição pitagórica (a palavra “mistério” deriva de “Myein”, que em grego antigo significa “boca fechada”). O sábio é aquele que sabe quando e o que falar e o valor do silêncio.

        No Pentateuco, (os cinco primeiros livros da Bíblia: Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), o valor do silêncio é frequentemente expresso de forma implícita, ligando-o à obediência, à reverência a Deus (YHWH) e à aceitação da Sua vontade ou juízo.

        Embora o Pentateuco não possua uma exaltação do silêncio como disciplina filosófica (como em Pitágoras) ou espiritual (como no Alcorão ou no Novo Testamento de Tiago), ele é essencialmente a ausência de murmuração ou questionamento diante da autoridade divina.

        No campo da filosofia, diversos filósofos clássicos antigos da Grécia e de Roma defendiam o silêncio não como mera ausência de som, mas como uma disciplina ativa essencial para a sabedoria, o autodomínio e o conhecimento verdadeiro.

        Filósofos Clássicos e o Silêncio

        Pitágoras (c. 570 – c. 495 a.C.)

        Pitágoras é, talvez, o mais emblemático defensor do silêncio como disciplina iniciática.

        O Silêncio como Teste: Na sua escola em Crotona, o silêncio era uma regra estrita para os neófitos (chamados Acústicos). Eles deveriam praticar o silêncio por um longo período (algumas fontes citam até cinco anos) apenas para ouvir e observar (o preceito de Audi, Vide, Tace – Ouvir, Ver, Calar).

         Finalidade: O silêncio visava lapidar o temperamento e vencer o impulso de falar impulsivamente. Era o passo inicial para a purificação e para desenvolver uma mente mais reflexiva, capaz de assimilar os ensinamentos mais profundos da cosmogonia e da matemática (o caminho para se tornarem Matemáticos).

        Citação Atribuída: “Ouve e serás sábio. O começo da verdadeira sabedoria está no silêncio.”

        Sócrates (c. 469 – 399 a.C.) e Platão (c. 428 – 348 a.C.)

        Embora Sócrates fosse conhecido pelo seu método dialético (baseado na pergunta e resposta), ele valorizava a contemplação e a fala deliberada.

        Sócrates: O seu famoso “só sei que nada sei” e a sua busca incessante pela definição das virtudes implicavam uma moderação na fala e um reconhecimento da ignorância que deve ser preenchida pela reflexão. Há análises do seu silêncio em diálogos como o Timeu, que sugere a recusa do discurso superficial.

        Platão (Discípulo de Sócrates): Uma citação notável atribuída a ele resume bem a ideia:

        “Os homens sábios falam porque têm algo a dizer; os tolos, porque têm de dizer algo.” (Esta citação destaca o valor do silêncio como o estado de quem espera ter algo de substância para contribuir.)

        Estóicos (Séneca, Epicteto)

        O estoicismo, que floresceu mais tarde, mas se baseou em princípios clássicos, via o silêncio como uma ferramenta de autodomínio e virtude.

       Epicteto (c. 50 – c. 135 d.C.): Defendia o silêncio como a regra geral na conduta.

        “Que o silêncio seja a sua regra geral; ou fale apenas o que é necessário e em poucas palavras.” (Enfatizando a fala como algo funcional e não fútil).

       Séneca (c. 4 a.C. – 65 d.C.): O silêncio, para os estóicos, era parte do treinamento moral (askesis) para evitar a tagarelice (adoléschia) e cultivar a tranquilidade (ataraxia).

        Plutarco (c. 46 – c. 120 d.C.)

        Plutarco, embora posterior ao período clássico, compilou e analisou o pensamento antigo. Ele dedicou reflexões sobre a tagarelice (adoléschia) como uma paixão que se opõe ao silêncio.

        Ele examinava a relação entre o “silêncio e virtude” (sigē e aretē), alinhando o controle da fala com a excelência moral, o que era caro a Platão e Aristóteles.

        O silêncio, portanto, não é visto como um vazio ou algo inócuo em si, mas sim como o berço da reflexão, o exercício do autocontrole, da prudência refletida e o sinal de quem busca a verdade, em vez de meramente qualquer tipo de postura artificial, de simples omissão, tibieza ou falta de denodo.

 


O SEGREDO DO COPINHO DE ÁGUA QUE VEM COM O SEU CAFÉ




        Muita gente acha que aquele copinho de água servido junto do café é um agrado da casa ou apenas um costume de cafeteria. Mas esse pequeno gesto, que parece simples e até dispensável, na verdade tem uma função específica e faz parte de um ritual tradicional que muita gente nunca aprendeu da forma correta. O detalhe curioso é que a maioria das pessoas usa a água do jeito errado — e isso muda completamente a experiência da bebida.

        A prática vem da Itália, berço do café espresso moderno. Lá, baristas e cafeterias seguem uma etiqueta própria: a água serve para limpar o paladar antes do primeiro gole de café. Beber água antes hidrata a boca, elimina sabores residuais de comida e reduz a interferência natural do amargor. É o que prepara as papilas gustativas para perceber as nuances do grão — acidez, corpo, aroma e finalização.

        Quando você toma o café com o paladar “zerado”, o sabor se torna mais nítido e equilibrado. Não é frescura: é ciência sensorial aplicada.

        No Brasil, porém, o costume se popularizou de outro jeito. Muitas pessoas bebem a água depois do café para “aliviar o gosto forte”. Em cafeterias que seguem a tradição, esse gesto pode ser interpretado como desfeita, pois sugere que o café estava ruim.

        Além disso, beber água depois não neutraliza o paladar de forma útil — pelo contrário, atrapalha a percepção das notas finais, que fazem parte da experiência do espresso.

        Em ambientes de degustação profissional, o processo é sempre o mesmo: um gole de água, um gole de café, pausa e análise. É assim que especialistas avaliam qualidade, torra e complexidade aromática.

        O copo de água, portanto, não é um brinde, mas uma ferramenta sensorial que transforma o café em uma experiência completa.

        Da próxima vez que seu espresso chegar com um copinho ao lado, lembre-se: ele não está ali por acaso. Ele foi pensado para melhorar o sabor, respeitar a bebida e deixar você sentir o café como ele realmente é.

Fontes: Specialty Coffee Association (SCA), Instituto Italiano del Espresso, Coffee Quality Institute.



dezembro 13, 2025

CONSEGUE SE VER - Cesar Augusto Garcia


 

AS MENTIRAS SOBRE A MAÇONARIA

    



            Léo Taxil, pseudônimo de Marie Joseph Gabriel Antoine Jogand Pagès (1854-1907) foi um dos maiores criadoress de mentiras maçônicas de todos os tempos. Essas mentiras, com as quais tapeou o mundo ocidental por muitos anos através de vários livros antimaçônicos, foram confessadas pelo próprio.

        Léo nasceu na França. Depois de uma temporada escrevendo pornografia da Era Vitoriana, seguida de uma vida miserável produzindo tratados anticatólicos, ele focou nos Maçons. Em 1889, Taxil inventou uma ordem elaborada supersecreta e toda fictícia da Maçonaria chamada "Palladium", que supostamente admitia mulheres, realizava orgias sexuais, conduzia assassinato ritual, e, o mais importante, adorava um "demônio" chamado Baphomet. Em seus escritos, Taxil colocou Albert Pike como suposto chefe desta organização. Para se ter uma ideia do nível de invenção de Léo Taxil, vejamos o que ele escreveu em um dos seus livros, se referindo a instruções dadas pelo próprio Albert Pike:

        "O que nós temos que dizer a uma multidão é: - Nós adoramos um Deus, mas é o deus que se adora sem superstição. Para vocês Soberanos Grandes Inspetores Gerais, nós dizemos isso, que vocês podem repetir aos Irmãos dos 32º, 31º e 30º graus - A Religião Maçônica deveria ser, por todos nós, iniciados nos altos graus, mantida na pureza da Doutrina do Luciferianismo [...]"

        Em 1897, Léo Taxil admitiu publicamente as suas mentiras, ao mesmo tempo que tirava sarro de forma impiedosa de quem acreditava nelas. Ele enganou também a Igreja Católica, pois a partir destas declarações, o papa da época emitiu declarações antimaçônicas. Depois das acusações que caíram sobre ele, Léo Taxil admitiu suas mentiras e desapareceu. Nunca mais foi visto.

        Não é à toa que até hoje, autores antimaçônicos continuam a divulgar essas bobagens com grande regularidade e afirmam que os Maçons adoram Satanás. Por causa de Léo Taxil, infelizmente, A Maçonaria, Albert Pike e o grande "demônio" com chifres Baphomet estão interligados para sempre.

Fonte: CURIOSIDADES DA MAÇONARIA