maio 18, 2025

CONCISA INTERPRETAÇÃO DO SALMO 133 (NA SIMBOLOGIA MAÇÔNICA) R.'.E.'.A.'.A.'. - Newton Agrella


No Brasil as Lojas Maçônicas Simbólicas seguem a orientação da Grande Loja da Inglaterra e costumam fazer a leitura do Salmo 133 versículos 1, 2 e 3 do Livro da Lei.

*"...OH ! QUÃO BOM E SUAVE É QUE OS IRMÃOS VIVAM EM UNIÃO...”*

É o canto de David pela confraternização dos que passam o dia reunidos junto à esplanada do Templo em Israel, que mal se conhecem, vindos de todas as regiões, ali se congregam como irmãos e irmãs, com o intuito de adorarem um só Deus.

*"...É COMO O ÓLEO PRECIOSO SOBRE A CABEÇA E QUE DESCE À ORLA DE SUAS VESTES..."*

O *óleo* era um perfume à base de mirra e oliva usado para ungir os reis e sacerdotes, 

Na tradução da Bíblia Vulgata, entenda-se por "cabeça" , o ouvido, a visão, o paladar, o olfato, as mãos e o tato.

Já a fronte, a cabeça, simbolizam os cinco sentidos.  

E o óleo derramado, a purificação dos mesmos. 

A *cabeça* denota o núcleo da existência e do pensamento.

A *barba* é o distintivo da honra e da probidade como reza a tradição pelo respeito e veneração aos Anciãos sobretudo no Oriente.

As *vestes* são o emblema da honestidade e pudor e de especial significado litúrgico e ritualístico.”

*"...É COMO O ORVALHO DE HERMON QUE DESCE SOBRE SIÃO PORQUE ALI O SENHOR ORDENA A BENÇÃO E A VIDA PARA SEMPRE..."*

A reunião dos romeiros fazia com que a *benção* descesse para todos. 

Isto para David manifesta-se na natureza, no óleo, no orvalho, nas chuvas, nas águas do rio Jordão que irriga a terra e a torna fértil tornando possível a posse da Terra Prometida.

O propósito dessa breve interpretação tem por objetivo analisar, dentro de um contexto histórico-social, as figuras de David e de Aarão e a importância dos mesmos, dentro da formação religiosa do povo hebreu, a partir do Salmo 133. 

Cabe também registrar que essa interpretação e o Salmo 133 em si - para efeito Maçônico - não tem conteúdo divinal ou religioso proselitista.

A finalidade de sua evocação é simbólica e se vale de uma metáfora denotando que a Maçonaria traz dentre seus postulados basilares o entendimento de que a FRATERNIDADE e a UNIÃO são uma referência de virtude na relação entre a Existência Humana e o Princípio Criador e Incriado do Universo.

A moral SIMBÓLICA do Salmo 133 reside na sua excelência à exaltação do Amor Fraternal e portanto o motivo de ter sido eleito para traduzir a firme e solene união dos Maçons.



ESPERANÇA e PROPRIEDADE - Adilson Zotovici

 





 

Assim caminha a humanidade

No incabível modernismo

O irredutível egocentrismo 

O niilismo em verdade 


É reinante o incivismo 

A vida é banalidade 

E fluída obscuridade

É flagrante o ostracismo 


Mas há esperança e propriedade

Na Arte Real sem sofismo

Basta olhar com acuidade 


Vê-se o pulcro racionalismo

Na Sublime fraternidade 

Qual o fulcro do Iluminismo !



MAÇONARIA RESPONDE ÀS CRÍTICAS




Desconsiderando as críticas absurdas, aquelas baseadas em crenças idiotas, frutos da ignorância e do fanatismo, ofensivas a qualquer indivíduo de inteligência mediana e um pouco de bom senso, dediquemos um pouco de nosso tempo a responder as demais críticas, relativas ao caráter político, econômico e social da Maçonaria:

1 – A Maçonaria é direitista

R – A Maçonaria, pelo seu caráter universalista, não assume posição política e proíbe discussões político-partidárias em suas reuniões, mas sempre incentivando seus membros a terem e defenderem suas convicções políticas, em defesa da democracia e da soberania da pátria, atributos ligados à Liberdade, a qual faz parte da tríplice divisa maçônica. Por esse motivo, encontra-se nas fileiras maçônicas filiados e líderes em vários níveis de todas as vertentes políticas.

A Maçonaria, refletindo a sociedade em que está inserida, pode possuir maioria dos membros socialista em Cuba e capitalista nos EUA. E nem por isso a Grande Loja de Cuba ou qualquer Grande Loja Estadual dos EUA tem oficialmente uma ou outra posição, pois abrigam também membros de diferentes convicções políticas, econômicas e sociais.

2 – A Maçonaria é conservadora, tendo resistência em acompanhar os avanços da sociedade

R – A Ordem Maçônica é instituição não dogmática, e seu funcionamento é em “regime aberto”. Isso significa que a Maçonaria não possui dogmas que restringem seus membros em quaisquer questões, podendo eles militarem contra ou a favor qualquer questão que não restrinja a liberdade de si mesmo e do próximo. Os maçons não são monges e não vivem trancafiados nas Lojas Maçônicas. Eles vivem na sociedade e apenas frequentam as reuniões maçônicas durante algumas horas por semana ou quinzenalmente. Como instituição filosófica, espiritualista e humanista, a Maçonaria defende a livre e irrestrita busca da verdade. Há maçons conservadores e liberais, e aqueles que se submetem a qualquer dogma o fazem por suas convicções pessoais, e não pela Maçonaria. Novamente, refletindo a sociedade, numa comunidade mais conservadora pode haver mais maçons conservadores, assim como o contrário.

3 – A Maçonaria é machista

R – Essa ideia de que a Maçonaria é machista é baseada no fato de que a Maçonaria Regular só aceita homens como membros. Para entender melhor essa questão, leia o artigo sobre as mulheres na Maçonaria.

4 – A Maçonaria é inimiga declarada da Igreja Católica

R – Apesar de uma Ordem presente no mundo inteiro, a Maçonaria não possui um poder central internacional, pois cada Grande Loja no mundo, seja composta de 03 ou de 3.000 Lojas, é independente e soberana. Não existe um “Grão-Mestre Internacional”, nem mesmo um Conselho que possa falar em nome de toda a instituição. Por esse motivo, afirmar que a Maçonaria é a favor ou contra qualquer instituição religiosa é, no mínimo, calúnia. Por outro lado, a Igreja Católica já emitiu algumas bulas papais contrárias à Maçonaria, ameaçando penalidades aos católicos que ingressassem na Ordem. O que também não impediu que vários padres buscassem a Maçonaria e se tornassem maçons ao longo da história. Algo que acontece até os dias de hoje.

5 – A Maçonaria é uma espécie de pirâmide, que favorece financeiramente seus membros

R – Então, por que diabos eu ainda sou pobre???

Ninguém ganha dinheiro com Maçonaria, mas posso garantir que se gasta muito com livros e taxas de manutenção de nossos templos, estruturas administrativas e projetos sociais.

6 – O maçom é obrigado a favorecer o outro em nome da fraternidade

R – Sério? Então está na hora de eu cobrar alguns favores!!!

Sendo o maçom um homem que assumiu solenemente compromisso de busca e promoção da justiça em todos os momentos de sua vida, ele está moralmente impedido de favorecer quem quer que seja, independente se irmão maçom ou irmão de sangue. Se um maçom, num momento de fraqueza ou desencaminho, solicitar a outro algum tipo de favorecimento, este último tem a obrigação fraterna de recordar o primeiro dos preceitos maçônicos. O auxílio maçônico refere-se a situações de socorro em momentos de risco ou necessidade, e abrange não somente o maçom como sua família

7 – A Maçonaria faz pouco pela sociedade

R – Ao contrário do que alguém possa pensar, a Maçonaria não é uma ONG de ação social, um clube de serviço ou uma sociedade com fins filantrópicos. A Ordem Maçônica é uma espécie de escola, cujo objetivo é o desenvolvimento moral, intelectual e espiritual de seus membros. É através de seus membros vivendo e agindo segundo os princípios maçônicos e em defesa de seus ideais que a Maçonaria espera colaborar para uma humanidade mais feliz. Por esse motivo, a filantropia não é seu fim, mas apenas um de seus meios. Porém, o interessante a se observar é que, mesmo não sendo a sua natureza, a Maçonaria tem desenvolvido excelentes projetos sociais em todo o mundo. A diferença é que a Maçonaria costuma ser discreta, não fazendo publicidade de seus atos em prol do próximo.

8 – A Maçonaria faz parte da Nova Ordem Mundial, movimento que tem a intenção de governar o mundo, influenciando os governos a agir conforme seus interesses

R – Se a Maçonaria, como explicado anteriormente, não possui uma representatividade internacional, como poderia participar de um “complô mundial”? Além disso, as únicas menções sobre essa tal “Nova Ordem Mundial” só são encontradas em sites de fanatismo religioso e em teorias conspiratórias sem qualquer indício aceitável

Conclusão

Essas são apenas algumas das várias críticas sobre a sublime instituição, muitas delas heranças de campanhas difamatórias que a Ordem sofreu em outras épocas. A única culpa que a Maçonaria carrega é a de se basear no sigilo, enquanto é da natureza do ser humano recear o desconhecido, e divagar sobre ele.

Fonte: Projeto Mayhem.

maio 17, 2025

A PALAVRA SAGRADA DO APRENDIZ - SOLETRADA OU SILABADA - Pedro Juk



Um Respeitável Irmão pertencente ao GOB e de uma Loja praticante do REAA apresenta a seguinte questão:

Na passagem da Palavra Semestral na abertura ritualística da Sessão é informado que ela deve ser somente soletrada. Parece-me correto porque o Aprendiz só sabe soletrar. Entretanto na primeira instrução do Aprendiz, no mesmo ritual, é informado que ela deve ser passada soletrada e posteriormente (ao final) silabada. Acredito que o Aprendiz não deve silabar. Somente o Companheiro deve silabar (já aprendeu alguma coisa) e o Mestre fala a palavra completa (já está completo). Solicito verificar e orientar porque temos irmãos confusos.

CONSIDERAÇÕES:

Na realidade, durante a abertura ritualística o que existe no REAA é a liturgia da transmissão da Pal∴Sagr∴ e não a da Pal∴ Sem∴. Essa transmissão, da Pal∴ Sagr∴ que, diga-se de passagem, não é relacionada a nenhum telhamento, se apresenta apenas como uma reminiscência de práticas antigas hauridas ainda do período Operativo da Ordem e se dá entre as Luzes da Loja e os Diáconos. Embora não seja esse o mote desses apontamentos, é oportuno comentar que os trabalhos da Loja, para serem abertos e encerrados, dependem da sua correta transmissão (J∴ e P∴).

Assim, durante essa transmissão, quem dá a Pal∴ dá a mesma por inteiro e na forma de costume, isto é, sol∴ no caso do grau de Aprendiz. Nessa transmissão, por não se tratar de um telhamento, já que a mesma é recebida e transmitida entre Mestres Maçons, não existe no ato a troca alternada das letras entre os protagonistas, e muito menos a de ssíl∴ ao final.

As letras que compõem a Pal∴ Sagr∴ só são dadas de modo alternado entre os interlocutores se mesma for a do grau de Aprendiz, enquanto que na do de Companheiro alternam-se as suas ssíl∴, porém isso só acontece quando esse procedimento se der por motivo de um de telhamento – o ato de examinar a qualidade maçônica de alguém pelo examinador. 

É bom que se diga que muitos procedimentos em Maçonaria podem ser iguais, entretanto, ao mesmo tempo eles podem ter objetivos diferentes. É o caso, por exemplo, da liturgia da transmissão da Pal∴Sagr∴ durante a abertura ou encerramento dos trabalhos e a da tomada da Pal∴ Sagr∴ por ocasião de um telhamento. Em ambos os procedimentos, a Pal∴Sagr∴ é transmitida, entretanto de modo e objetivo diferente.

No tocante ao seu comentário em relação à Pal∴ Sagr∴ no Primeiro Grau ser dada l∴ por l∴ e ao final silab∴, de fato o Irmão tem toda a razão no seu raciocínio, pois isso é inadmissível no grau de Aprendiz, já que iniciaticamente aprendemos que ele somente sabe soletrar e não silabar. Afinal, n∴ s∴ l∴ n∴ p∴, s∴ s∴; d∴ a p∴ l∴ e eu v∴ d∴ a s∴.

Assim esse anacronismo, que de há muito tem habitado erroneamente os nossos rituais, precisa ser realmente extirpado, pois além de ser anacrônico, em se tratando do REAA ele é altamente contraditório, sobretudo se observarmos máxima abreviada e mencionada no parágrafo imediatamente anterior. 

Seguindo a senda do aperfeiçoamento maçônico, o Aprendiz ainda em estágio bruto, somente sabe dizer letra por letra, enquanto que o Companheiro, mais instruído, capaz e prudente, já pode soletrar. 



A PEDRA CÚBICA - Fernando Britto Barboza




Pedra Cúbica ou Polida é a peça de pedra que está em condições de ser assentada na obra.

Havendo o Aprendiz trabalhado na Pedra Bruta com o Malho e o Cinzel, transformando-a num cubo imperfeito, cabe ao Companheiro, polir este cubo com o auxílio do esquadro, do Nível e do Prumo, a pedra antes bruta, terá que ser polida, a fim de refletir o que realmente representamos na sociedade.

Nossa vida profana, anterior ao ingresso na Maçonaria, é como uma pedra bruta, retirada da pedreira, não temos conhecimento, não temos discernimento, mas dentro de cada Pedra Bruta, existe uma Pedra Polida, e com o trabalho, através das luzes recebidas no Templo, vamos nos lapidando.

Através das tarefas a serem cumpridas em todos os dias, através do trabalho exaustivo, do eterno aprendizado, vamos moldando a mesma para que sirva para a construção, e deixe de ser um pedaço informe, mas algo com forma definida para poder fazer parte da construção de nosso Templo interior.

A Pedra Cúbica serve para o Companheiro afiar seus próprios utensílios, é o trabalho necessário para afinar a própria inteligência e afastar do próprio espírito os erros e os preconceitos mundanos.

Ao Companheiro cabe, então, elevar seu espírito a um nível de perfeição ideal. Trata-se de transformar seu ser, sua personalidade, num cubo perfeito, eliminando de si finalmente, os elementos mais grosseiros de sua natureza terrena. E é por isso que a Pedra Cúbica simboliza o homem perfeito, sem defeitos, um verdadeiro Mestre.

Os conhecimentos, por si só, não têm qualquer utilidade, se não forem postos em pratica, testados e, sobretudo, vivenciados.

Na tradição esotérica se diz que quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece. Quando a Pedra Cúbica esta acabada, polida, o companheiro está pronto. Então, o Mestre aparece.

CONCLUSÃO

Aprender, ler, decorar, ler os livros maçônicos disponíveis no mercado, pesquisar em sites, tudo isso está ao alcance de qualquer pessoa, maçom ou não.

O diferencial vai estar na essência maçônica, em trazer para nossa vida mundana todas as virtudes aprendidas para o nosso dia a dia, em busca do ser livre e de bons costumes, com liberdade, firmeza e dedicação.


maio 16, 2025

PALAVRA INEFÁVEL: O VERDADEIRO NOME DE DEUS - Guilherme Cândido CT


O primeiro “degrau” dos altos graus do Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA) constitui um corpo chamado de Lojas de Perfeição que outorga aos seus praticantes um total de 11 graus, do 4° ao 14°, conhecidos como Graus Inefáveis.

Pois bem, mas o que é inefável? 

Inefável é algo que não se consegue exprimir ou explicar com palavras devido à sua complexidade natural ou beleza estonteante.

Logo, é justo que concordemos que os graus da Maçonaria, não só os de Perfeição, mas também os simbólicos, são inefáveis, haja vista que são de tamanha complexidade e beleza que não se consegue explanar o seu significado a alguém que não tenha passado pelos seus cerimoniais de iniciação. 

Até mesmo entre os que passaram é difícil haver concordância, pois são viagens simbólicas e reflexivas que fazemos sozinhos e que consequentemente implicam em significados diversos e muitíssimo particulares a cada forasteiro que por elas se aventuram.

Estando claro o conceito de inefabilidade, é questão fundamental no estudo maçónico, e até mesmo nos estudos bíblicos e históricos, a existência ainda de algo muito famoso conhecido como inefável. 

É uma palavra: o nome de Deus.

Os hebreus referiam-se a Deus por diversos substantivos e adjectivos como:

• Adonai: Senhor;

• Ehyeh-AsherEhyeh: Eu Sou o que Sou;

• El Shaddai: O Todo Poderoso;

• Elohim: A Autoridade;

• Elyon: Altíssimo;

• Eloah: O Proeminente;

• El Roi: O Deus que vê e

• El Olam: Deus eterno, entre outros.

No entanto, todos eles sabiam como escrever o verdadeiro nome do Grande Arquitecto do Universo. 

Tratava-se de um tetragrama, ou seja, uma expressão de quatro letras ou sinais gráficos destinada a representar uma palavra, acrónimo, abreviatura ou sigla. 

Este tetragrama era: יהוה, composto portanto pelas letras hebraicas He Vav He Yod. 

Porém, como em hebraico se lê da direita para esquerda, a ordem correcta das letras fica da seguinte forma: Yod He Vav He. 

Em português este tetragrama poderia ser traduzido como: YHWH.

O hebraico é uma língua onde só se grafa as consoantes, para fazer a leitura é necessário ter aprendido a pronúncia correcta daquela palavra, encaixando o som de vogais entre as consoantes. 

Com isto, todos os hebreus sabiam escrever YHWH, mas só os escolhidos sabiam pronunciar esta palavra, que por consequência, tornou-se inefável, pela sua complexidade, beleza e ocultamento.

Por matemática simples, percebemos que encaixando três consoantes dentro do tetragrama “Y_H_W_H”, haveria nada mais nada menos do que 125 combinações diferentes para a pronúncia desta palavra sagrada.

A pronúncia correcta só era revelada ao Sumo Sacerdote e, em cerimonial específico no Templo, ao Rei de Israel quando da sua unção. 

Sumo Sacerdote era o nome dado ao mais alto posto religioso do antigo povo de Israel e posteriormente a época do exílio babilónico era também a mais alta autoridade política do país, por estar em tal posição era também o detentor da pronúncia da palavra, e a passava ao novo Rei na sua unção. 

Contudo, o primeiro a receber a palavra inefável foi Moisés, que a recebeu do próprio Grande Arquitecto do Universo. 

Acompanhemos o livro de Êxodo, Cap. 3 – Vers. de 1 a 20:

1. Moisés pastoreava o rebanho do seu sogro Jetro, que era sacerdote de Midiã. Um dia levou o rebanho para o outro lado do deserto e chegou a Horebe, o monte de Deus.

2. Ali o Anjo do Senhor lhe apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça estivesse em chamas, não era consumida pelo fogo.

3. “Que impressionante!”, pensou. “Por que a sarça não se queima? Vou ver isso de perto.”

4. O Senhor viu que ele se aproximava para observar. E então, do meio da sarça Deus o chamou: “Moisés, Moisés!” “Eis-me aqui”, respondeu ele.

5. Então disse Deus: “Não se aproxime. Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é terra santa”.

6. Disse ainda: “Eu sou o Deus de seu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó”. Então Moisés cobriu o rosto, pois teve medo de olhar para Deus.

7. Disse o Senhor: De facto tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egipto, tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo.

8. Por isso desci para livrá-los das mãos dos egíp­cios e tirá-los daqui para uma terra boa e vasta, onde há leite e mel com fartura: a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus.

9. Pois agora o clamor dos israelitas chegou a mim, e tenho visto como os egípcios os oprimem.

10. Vá, pois, agora; eu o envio ao faraó para tirar do Egipto o meu povo, os israelitas.

11. Moisés, porém, respondeu a Deus: “Quem sou eu para apresentar-me ao faraó e tirar os israelitas do Egipto?”

12. Deus afirmou: “Eu estarei com você. Esta é a prova de que sou eu quem o envia: quan­do você tirar o povo do Egipto, vocês pres­tarão culto a Deus neste monte”.

13. Moisés perguntou: “Quando eu chegar diante dos israelitas e lhes disser: O Deus dos seus antepassados me enviou a vocês, e eles me perguntarem: “Qual é o nome dele?” Que lhes direi?”

14. Disse Deus a Moisés: “Eu Sou o que Sou (Ehyeh-AsherEhyeh). É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês”.

15. Disse também Deus a Moisés: Diga aos israelitas: O Senhor (Adonai), o Deus dos seus ante­passados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó, enviou-me a vocês. Esse é o meu nome para sempre, nome pelo qual serei lembrado de geração em geração.

16. Vá, reúna as autoridades de Israel e diga-lhes: O Senhor, o Deus dos seus antepas­sados, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, apareceu a mim e disse: Eu virei em auxílio de vocês; pois vi o que lhes tem sido feito no Egipto.

17. Prometi tirá-los da opressão do Egipto para a terra dos cananeus, dos hititas, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus, terra onde há leite e mel com fartura.

18. As autoridades de Israel o atenderão. Depois você irá com elas ao rei do Egipto e lhe dirá: O Senhor, o Deus dos hebreus, veio ao nosso encontro. Agora, deixe-nos fazer uma caminhada de três dias, adentrando o deserto, para oferecermos sacrifícios ao Senhor, o nosso Deus.

19. Eu sei que o rei do Egipto não os deixará sair, a não ser que uma poderosa mão o force.

20. Por isso estenderei a minha mão e ferirei os egípcios com todas as maravilhas que realizarei no meio deles. Depois disso ele os deixará sair.”

Aqui, o Grande Arquitecto do Universo diz a Moisés que, se o questionarem, diga que Ehyeh-AsherEhyeh, ou seja, EU SOU O QUE SOU, ou simplesmente diga que EU SOU o enviou para libertar os hebreus do cativeiro Egípcio. 

Em seguida pede para também ser referido como Adonai, em português SENHOR. 

Mas em momento algum diz para Moisés o seu verdadeiro nome para que ele não o revele ao povo de Israel, e isso é explicado mais a frente após Moisés ter ido ao Egipto, falado com o Faraó e os hebreus terem sido maltratados, ainda no Livro de Êxodo, Cap. 6 – Vers. 1 – 8, onde o nome é revelado:

1. Então o Senhor disse a Moisés: “Agora você verá o que farei ao faraó: Por minha mão poderosa, ele os deixará ir; por minha mão poderosa, ele os expulsará do seu país”.

2. Disse Deus ainda a Moisés: Eu sou o Senhor.

3. Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus todo-poderoso (El Shaddai), mas pelo meu nome, YIHOWAH (JEHOVÁ), não me revelei a eles.

4. Depois estabeleci com eles a minha aliança para dar-lhes a terra de Canaã, terra onde viveram como estrangeiros.

5. E agora ouvi o lamento dos israelitas, a quem os egípcios mantêm escravos, e lembrei-me da minha aliança.

6. Por isso, diga aos israelitas: Eu sou o Senhor. Eu os livrarei do trabalho imposto pelos egípcios. Eu os libertarei da escravidão e os resgatarei com braço forte e com poderosos actos de juízo.

7. Eu os farei meu povo e serei o Deus de vocês. Então vocês saberão que eu sou o Senhor, o seu Deus, que os livra do trabalho imposto pelos egípcios.

8. E os farei entrar na terra que, com mão levantada, jurei que daria a Abraão, a Isaque e a Jacó. Eu a darei a vocês como propriedade. Eu sou o Senhor.”

Eis aqui a palavra inefável, o verdadeiro nome de Deus revelado a Moisés, mas com uma suposta pronúncia, pois ninguém pode afirmar se era esta de facto, excepto os escolhidos para recebê-la que também não a revelaram, e com isto esta pronúncia acabou sendo a adoptada: JEHOVÁ (YIHOWAH), um nome tão cheio de complexidade e que denota as sabedoria e beleza supremas, que não pode ser pronunciado.





THE DOORS - Jorge Antônio Gonçalves


O personagem agachado, acima, é inspirado em Urizen, figura mitológica criada por William Blake. Trata-se de um velho de longas barbas brancas que aparece na obra O Ancião dos Dias, publicada em 1794.

A banda norte-americana The Doors foi formada em 1965, em Los Angeles, Califórnia, composta por Jim Morrison (vocal), Ray Manzarek (teclado), Robby Krieger (guitarra) e John Densmore (bateria).

O nome "The Doors" (As Portas) foi inspirado no livro The Doors of Perception, de Aldous Huxley, que por sua vez se baseia em uma frase de William Blake.

Jim Morrison, vocalista e letrista da banda, morto aos 27 anos, era admirador declarado da obra de Blake.


 *Repassando, para reflexão histórica*


*O Papa recém-eleito, que escolheu se auto-determinar Leão XIV, faz com que Maçons se recordem de Leão XIII, um dos Papas que mais dissabores à Franco-Maçonaria causou durante o seu Papado. Espero que o nome não seja uma homenagem.*


A escolha do nome de um Papa nunca é um ato trivial. Trata-se de um gesto carregado de simbolismo, de sinalizações internas e externas, de afirmação doutrinária e, muitas vezes, de antecipação dos rumos que se pretende imprimir ao próprio pontificado. Quando o recém-eleito chefe da Igreja Católica decidiu adotar o nome de Leão XIV, os ecos da história ressoaram intensamente — sobretudo entre os membros da Franco-Maçonaria, que imediatamente foram remetidos ao conturbado e doloroso período de Leão XIII, o pontífice que, entre 1878 e 1903, firmou uma das mais hostis campanhas contra a Maçonaria já registradas.


Leão XIII não foi um opositor qualquer. Ele foi, talvez, o mais articulado e sistemático antagonista da Ordem Maçônica em toda a história moderna do Vaticano. Por isso, a escolha do nome “Leão” não passa despercebida: em Roma, nada é por acaso — e na história dos símbolos, menos ainda.


*I. A herança de Leão XIII: guerra ao pensamento livre*


Leão XIII governou a Igreja em um momento crítico da história europeia: as monarquias davam lugar às repúblicas, o racionalismo substituía o fideísmo, e a Maçonaria — em especial nos países latinos — era uma força viva nas reformas educacionais, jurídicas e políticas que buscavam afastar o clericalismo do poder civil. A Igreja Católica, sentindo-se ameaçada, viu na Maçonaria não apenas uma concorrente espiritual, mas uma verdadeira adversária política.


Foi nesse clima que Leão XIII publicou, em 1884, a célebre (ou infame) encíclica Humanum Genus, na qual definiu a Maçonaria como “um inimigo declarado” da Igreja e da civilização cristã. Com palavras cortantes, denunciou os ideais maçônicos de liberdade de consciência, laicidade do Estado e progresso racional como ataques frontais ao “reino de Cristo”. A Maçonaria, dizia ele, era a raiz de todos os males modernos.


A partir dessa encíclica, todo católico que aderisse à Maçonaria estava automaticamente excomungado. Na prática, Leão XIII interditou o diálogo, demonizou os maçons e incentivou governos aliados a reprimi-los legal e moralmente.


*II. A Maçonaria sob cerco: resiliência e silêncio*


A resposta maçônica não veio em forma de panfleto, mas de resistência discreta, como é da tradição da Ordem. Ao invés de reagir com violência ou confrontação aberta, os maçons se recolheram às suas Lojas e continuaram a trabalhar pelas liberdades civis, pela educação universal, pela tolerância religiosa e pela dignidade da pessoa humana — valores que, apesar de difamados pelo Vaticano, se mostraram ao longo do tempo essenciais para a modernidade.


Os maiores nomes da filosofia, da política e da ciência dos séculos XIX e XX tiveram raízes maçônicas ou beberam da mesma fonte de humanismo laico que a Maçonaria preservava. Enquanto Leão XIII se ancorava na teologia escolástica, os maçons caminhavam com Kant, Rousseau, Jefferson, Comte, Spencer e tantos outros que moldaram a cultura política e intelectual do mundo contemporâneo.


*III. Leão XIV: nome de ruptura ou de retorno?*


Diante disso, a escolha do nome Leão XIV não pode ser recebida sem reservas. Trata-se de um gesto ousado, talvez audacioso. Mas resta a dúvida: o novo pontífice está se inspirando na coragem intelectual de seu antecessor — que, mesmo reacionário, foi um dos Papas mais eruditos de seu tempo — ou está a repetir a inflexibilidade dogmática que o tornou símbolo de intolerância para com as correntes libertárias?


Será Leão XIV um Papa disposto a reabrir os arquivos da condenação, a reforçar os decretos excomungatórios e a manter a incomunicabilidade entre Roma e a Maçonaria? Ou será ele um homem do século XXI, capaz de superar as sombras do século XIX?


O tempo responderá. Mas a apreensão é legítima. Para muitos maçons, a evocação de Leão XIII ainda desperta memórias amargas: tempos de perseguições políticas, de difamação pública, de ataques à honra de homens íntegros apenas por professarem ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.


*IV. O desafio da reconciliação*


É importante recordar que o Concílio Vaticano II, apesar de não revogar formalmente os decretos antimacônicos, promoveu uma abertura significativa ao mundo moderno. Desde então, setores progressistas da Igreja passaram a ver na Maçonaria não uma seita demoníaca, mas uma forma distinta — e legítima — de busca espiritual e ética.


Infelizmente, essa visão não se tornou dominante. E muitos Papas pós-Vaticano II mantiveram uma postura ambígua ou hostil em relação à Ordem. Se Leão XIV decidir trilhar o caminho do endurecimento, perderá uma oportunidade histórica de restabelecer o diálogo com uma das mais antigas e discretas escolas de sabedoria do Ocidente.


*V.  A Maçonaria e a profanação contemporânea: entre resistência e fraqueza*


Seja qual for a atitude do novo pontífice, a Maçonaria tem hoje um desafio ainda maior: a profanação interior, muito mais corrosiva do que os ataques externos. O inimigo de outrora usava tiaras e encíclicas; o de hoje veste-se com o terno da indiferença, com o discurso do politicamente correto e com a capa da irrelevância cultural.


Muitas Lojas, outrora guardiãs da Tradição, tornaram-se clubes de conveniência ou redutos de vaidades. O simbolismo foi trocado por protocolos burocráticos; a Iniciação, por mera formalidade social. Em um tempo de superficialidades e imediatismos, o silêncio ritual tornou-se incômodo e a contemplação filosófica, antiquada.


É nesse cenário que a Maçonaria precisa encontrar seu verdadeiro “Leão”: não o Papa redivivo, mas a coragem interior de romper com o adormecimento profano e retomar sua missão de forjar consciências livres e críticas.


 *O que deve ser feito?*


Caso Leão XIV decida reviver os ataques de Leão XIII, a Maçonaria não poderá apenas lamentar ou se vitimizar. Terá de responder com grandeza e clareza, reafirmando seus valores universais, promovendo com vigor a instrução de seus membros, reabrindo o diálogo com a sociedade civil e resgatando seu papel transformador. E, acima de tudo, deverá limpar suas colunas da poeira do comodismo, para que o Templo simbólico volte a iluminar os caminhos da humanidade.


A Maçonaria vencerá, não por meio de confrontos, mas pela superioridade do pensamento, pela serenidade dos gestos, pela fidelidade à sua essência iniciática. E se Leão XIV quiser ouvir — e for sábio o bastante para escutar — encontrará nos maçons não adversários ocultos, mas irmãos que estendem a mão na Luz.


Autor: Nilo Sergio Campos

maio 15, 2025

ARLS XI DE AGOSTO n. 656- Itanhaem



 

    Em comemoração ao Dia das Mães e aos aniversariantes do mês, a ARLS XI de agosto n. 656 de Itanhaém, realizou na noite de ontem uma sessão branca com a presença de convidados e familiares, e fui convidado pelo Venerável Mestre Anderson Moreira de Mattos a proferir a palestra "O Caminho da Felicidade", que emocionou a todos.
    Uma das cunhadas presentes comentou durante o ágape: - é a terceira vez que vejo a sua palestra, e sempre me emociono com ela. (já havia assistido em Praia Grande, Mongaguá e agora em Itanhaém).
    Todas as senhoras receberam uma lembrança da Loja, um pequeno e belo kit com todos os instrumentos necessários para cuidar de unhas. Lindo mimo.
    Ao final um delicioso jantar e um bolo ainda melhor encerraram a festa.
    

O AVENTAL DE COMPANHEIRO - Rui Bandeira



Ao contrário do que ocorre com o ritual de Aprendiz do Rito Escocês Antigo e Aceito, o ritual de Companheiro não faz qualquer referência ao avental usado pelos obreiros da oficina do segundo grau.

Os Companheiros podem – como todos os maçons, quaisquer que sejam os seus graus ou qualidades – usar o avental todo branco de Aprendiz maçon. Simplesmente, enquanto os Aprendizes o usam com a aba levantada, os Companheiros usam-no com a aba deitada sobre o corpo retangular do artefato. 

A necessidade de proteção do Companheiro é menor, o seu progresso na Arte Real já lhe permite dispensar uma maior área de proteção. O seu trabalho na moldagem do seu caráter, no aperfeiçoamento de suas qualidades, na luta contra seus defeitos, já lhe permitiu determinar a forma como a sua pedra se integrará no grande templo projetado pelo Grande Arquiteto do Universo, laboriosa e demoradamente edificado pela Humanidade, desde o alvorecer da Criação. 

Agora o tempo é de limar as arestas que ainda subsistem, de polir a pedra, de a aparelhar para que cumpra a sua função, não apenas bem, mas de forma bela e agradável, contribuindo não só para a edificação, mas também para a decoração do Templo Coletivo Supremo.

Tenho para mim que, originariamente, a única distinção que, a nível do avental, existia entre Aprendizes e Companheiros era a forma como era posicionada a aba. O avental, em ambos os graus, era o mesmo.

Modernamente, o avental de Companheiro, continuando a ser confeccionado em pele ou tecido de cor branca, de forma retangular e cortado em ângulos retos nas quatro extremidades, apresenta um debruado estreito, na cor do rito, ao longo das suas extremidades (as quatro linhas delimitadoras da sua forma retangular, mais as duas linhas delimitadoras da aba), formando, em conjunto com a linha superior do avental, um triângulo.

A cor do rito é a vermelha, no Rito Escocês Antigo e Aceito e a azul clara, no rito de York e na sua variante (rito de Webb) em uso nos Estados Unidos. A Maçonaria irlandesa usa a cor verde.

A fina linha colorida delimitadora das extremidades do avental simboliza o estado dos trabalhos do maçom: a sua pedra já tem forma, já é cúbica, o seu trabalho agora é alisá-la, aperfeiçoá-la, desde logo limando as suas arestas.

Na Maçonaria Continental Europeia, o avental de Companheiro acaba por ser o menos usado, apenas durante o tempo em que o maçom permanece no segundo grau.

Um pequeno detalhe, mas, importante, para evitar a possibilidade de confusões. Os aventais comumente em uso nas lojas americanas pelos Mestres que não sejam Oficiais da Loja ou Grandes Oficiais é muito semelhante ao avental de Companheiro europeu. Assim, se porventura algum visitante americano comparecer numa loja europeia envergando um avental com linhas de cor estreitas, delimitando as suas extremidades, atenção que, em princípio, não é um Companheiro, é um Mestre Maçom, embora não seja Oficial de Loja ou Grande Oficial.

Para finalizar, e a título de mera curiosidade: o "M" do logótipo do Gmail não tem nada a ver com o avental de Companheiro Maçom. É apenas a dita letra desenhada a vermelho num sobrescrito. Não vale a pena imaginar teorias da conspiração…

maio 14, 2025

PONTA DO COMPASSO - Pedro Juk



    O Irmão Lincoln Francisco do Nascimento, Companheiro Maçom da Loja Fé e Trabalho, 635, R⸫E⸫A⸫A⸫, GOB-PR, Oriente de Rio Negro, Estado do Paraná, apresenta a seguinte questão:

    Em sessão ordinária prévia na Loja Fé e Trabalho, uma dúvida ocorreu aos obreiros desta oficina: na transformação da Loja no Grau de Aprendiz para Loja no Segundo Grau no Rito Escocês Antigo e Aceito, qual ponta do compasso deve passar para cima do esquadro? Embora o Ritual de Companheiro-Maçom do GOB -PR cite, na página 23, que é a ponta direita que deve ficar sobre o Esquadro, alguns irmãos afirmaram que o correto seria o contrário. E desde então, a dúvida não foi sanada. A pesquisa em literatura não foi muito frutífera, pois até Castellani em seu livro sobre a Liturgia e Ritualística diz que "uma das pontas" deve ficar sobre o Esquadro, mas não diz qual. Outras obras que pesquisei não cobriam este assunto. A pesquisa em internet eu considero arriscada, pois é território livre onde cada um escreve o que quer. (E arrisco a ler informações sobre o Grau de Mestre, que ainda não é minha intenção, embora minha Exaltação esteja agendada para o próximo dia 12, às 20h. Caso esteja disponível, a vossa presença será muito bem-vinda).

CONSIDERAÇÕES:

Por primeira – se o ritual determina que seja a ponta direita da haste do Compasso que deva ficar posicionada sobre o ramo do Esquadro, independente de que as opiniões possam se divergir, a maneira correta é cumprir o que está escrito.

A segunda é a consideração sobre a tradição e a razão que não tem a intenção de afrontar um ritual legalmente aprovado e em vigência, senão o de orientar no que é factualmente verdadeiro.

Como diz o Irmão, nem o saudoso Irmão Castellani fez referência sobre qual a ponta fica sobre o ramo do Esquadro. É simplesmente porque tanto faz. Tanto para a direita como para a esquerda o importante é o entrelaçamento, já que também de maneira tradicional o Esquadro com uma das Luzes Emblemáticas deveria possuir ramos iguais, isto é, sem cabo, já que esse instrumento como parte da tríade emblemática não é o operativo. O operativo - com cabo - é aquele presente na joia do Venerável.

Infelizmente, não raramente se vê o inverso acontecendo. Nesse sentido, aparecem questões se uma das hastes do Compasso sobrepõe - no caso do Grau de Companheiro - o cabo ou o ramo do Esquadro. Ora, se sobre o ponto de vista autêntico, esse Esquadro possui ramos iguais, daí também tanto faz.

Voltando ao caso do Compasso, muitas interpretações hauridas de autores temerários, e desta uma se faz bastante presente como uma carcaça do dinossauro (difícil de consumir) é a de que a ponta do Compasso deve apontar para o lado dos Companheiros.

Ora, isso é mera filigrana que não exara qualquer lição doutrinária racional, até porque a tríade emblemática fica sobre o Altar dos Juramentos e este fica no Oriente. O Oriente é um quadrante, portanto em Maçonaria ele é o Leste da Loja (não existe Norte, Sul e Ocidente do Oriente). Ainda para os que sugerem essa bobagem de se apontar para os Companheiros, então o Esquadro apontaria um dos seus ramos para os Aprendizes? Como, se os ramos desse instrumento ficam voltados para a extremidade do Oriente (parede). Ao que me consta os Aprendizes no Rito Escocês Antigo e Aceito tomam assento no topo do Norte e os Companheiros no topo do Sul.

Rematando: corretamente em relação ao entrelaçamento do Esquadro e do Compasso, o importante é entrelaçar, não importando qual é o lado que fica por baixo ou por cima.

Se fosse dada a devida importância para o Grau de Companheiro como ele realmente merece, esse entrelaçamento sugeriria belíssimas lições de aperfeiçoamento humano. Todavia, como a ordem dos tambores parece não alterar o oleoduto, fica mais simples preconizar a pobre referência que a haste liberta aponta para a banda dos Companheiros em Loja.

Ah! Existem também as interpretações ocultistas e misteriosas. Sobre essas eu me nego arguir, já que a razão maçônica repudia em mim essas ilações, muito embora alguém já tenha dito: “eu não creio nas bruxas, mas que elas existem, elas existem”.



ESPÍRITO CRÍTICO - Newton Agrella









(Maçonaria não é e nunca foi religião)

A natureza da Maçonaria que se tipifica pelo seu caráter Evolucionista possibilitou ao homem desenvolver seu Espírito Crítico.

Esse Espírito Crítico consiste na atitude amadurecida do homem que busca a Verdade como suprema virtude do Pensamento através do processo "especulativo".

Ainda à época da chamada Maçonaria Operativa o homem trazia consigo uma visão teocêntrica da realidade.

As explicações sobre tudo o que circunstanciava a Vida e o Mundo se apoiavam unicamente na crença onipresente de Deus.

Registros históricos sinalizam que a partir do século XVI o homem passou a ter uma visão mais antropocêntrica da vida e do Universo.

Gradativamente passou a acreditar nas suas capacidades, e para acreditar nelas precisava ter um espirito crítico.

O espirito crítico a que se faz  referência é o que busca identificar os fundamentos de qualquer premissa.

ma vez detalhadamente analisado o Conceito, reconstrói-se o mesmo sob os atributos da pesquisa, da lógica e da razão, e não por meio de meras suposições ou sensações pessoais.

A Maçonaria Especulativa ganha corpo e dimensão especialmente a partir do período Iluminista quando novos valores foram incorporados ao movimento. 

Na medida em que a “Idade da Razão”  surgia a Maçonaria era adaptada para se acomodar a um novo clima intelectual. 

No bojo das influências medievais, renascentistas e iluministas, surgia uma instituição que parecia refletir o espírito progressista da época, com ideais de fraternidade, igualdade, tolerância e razão.

A partir dessa natureza especulativa o Maçom passa a fazer um juízo de valores mais profundo e dialético sobre a Sublime Ordem conferindo-lhe cada vez mais sua propriedade hominal e inequivocamente filosófica.

Senso crítico significa a capacidade de questionar e analisar de forma racional e inteligente. 

Através do senso crítico, o homem aprende a buscar a verdade questionando e refletindo profundamente sobre cada assunto.

É a partir do Espírito Crítico que o Maçom passa a exercitar o seu Senso Crítico

Vale registrar que a  palavra “crítica” vem do Grego “kritikos”, que significa “a capacidade de fazer julgamentos”. 

No sentido filosófico, o senso crítico está atrelado ao desenvolvimento de uma consciência reflexiva baseada no “eu” (autocrítica) e no mundo.

A consciência do papel social de cada indivíduo promove a capacidade de pensar sobre as verdades impostas pela sociedade dominante.

Dessa forma, alguém com senso crítico aguçado não aceita a imposição de qualquer dogma.  

Diferentemente do que ocorre com a Religião que impõe dogmas inquestionáveis.

O Maçom é  livre para pensar, redigir, contemplar e construir seus juízos de valores a partir de seus conceitos intelectuais, porém claro, que dentro dos Princípios, Fundamentos e Postulados que a Maçonaria preceitua  como caminhos para a evolução humana através  de um processo Iniciático e Ritualístico.



maio 13, 2025

A ABOLIÇÃO DOS ESCRAVOS E A MAÇONARIA - Almir Sant’Anna Cruz


Para o reconhecimento da Independência do Brasil pela Inglaterra, então a maior potência mundial, foi firmado um acordo que estabelecia o fim da escravidão no país a médio prazo.

 Essa cláusula não era de conteúdo humanitário e sim econômico, pois a Inglaterra, como maior potência industrial da época, entendia que os escravos, como empregados assalariados, aumentariam a demanda por seus produtos. 

Para atender a elite ruralista, formada também por Maçons, passaram-se mais de 20 anos sem que nenhuma providência fosse tomada pelo governo imperial do Brasil. 

Então, em 1845, a Inglaterra promulgou a Bill Aberdeen, que dava o direito aos navios ingleses de apreender navios negreiros que cruzassem o Atlântico. 

Com o apresamento de navios brasileiros, inclusive em nossas águas territoriais, foram promulgadas as denominadas pelo público em geral “leis para inglês ver”, mas que tiveram a sua importância histórica.

1850 – Proibição do Tráfico Negreiro (Lei Eusébio de Queirós, Maçom);

1871 – Ventre Livre (Lei Rio Branco, Maçom e Grão Mestre);

1885 – Sexagenários (Lei Saraiva-Cotegipe, ambos Maçons).

Essas três Leis extinguiriam a médio prazo a escravidão no Brasil e provocou um intenso e custoso fluxo de comércio interno de escravos, principalmente da decadente produção de cana-de-açúcar do nordeste para a crescente produção de café do sudeste. 

Muitas Lojas Maçônicas se cotizaram para comprar e libertar escravos e algumas províncias (estados) não esperaram uma decisão do poder central e já haviam libertado os escravos antes da Lei Áurea. 

Sob a influência de muitos ilustres Maçons, a Abolição da Escravatura, em 1888, foi o ato final contra a escravidão e contra a monarquia, pois desagradou a elite ruralista - que como já se disse era formada também por Maçons - sobretudo os cafeicultores do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, que perderam sua mão-de-obra a custo praticamente zero.