Ludmilla
Balduino
Da editoria do DMRevista
O Caminho da Felicidade
Michael Winetzki
Geração Editorial
R$ 30,00
Depois de fórmulas, métodos, esquemas e teorias mirabolantes para encontrar a
felicidade, talvez a resposta esteja em um caminho muito mais simples. A
Cabalá. Foi pensando assim que o escritor judeu Michael Winetzki, 50, escreveu
o livro O Caminho da Felicidade. A segunda edição foi lançada no final de
outubro, com uma tiragem de 2 mil exemplares.
A Cabalá é uma doutrina milenar, surgida na época de Abraão - personagem
citado com freqüência em livros bíblicos. Em hebraico, língua original, todas
as letras do alfabeto têm um número e um sentido místico. Os adeptos
acreditam que, se Deus criou o mundo através de palavras, as mesmas têm o dom
da criação. As letras, unidas, formulam ensinamentos para a vida. Este
‘manual de instruções’ foi traduzido e adaptado para a língua portuguesa. A
lógica cabalística foi utilizada, desta vez, para formular preceitos para a
felicidade. struir o Estado.
Depressão
O escritor é israelense. Chegou ao Brasil quando criança. Aqui, tornou-se
consultor de empresas especializado em marketing. Com a experiência,
conseguiu um cargo de confiança em uma indústria multinacional. No ápice da
carreira, descobriu que estava com câncer no rim. A notícia veio da forma
mais banal: depois de um check-up, aproveitando que estava no hospital,
cuidando de uma torção no pé. O pós-ope-ratório, apesar de ter curado o rim,
fê-lo entrar em depressão. Havia perdido o emprego e estava quase falido. A
solução partiu da empregada doméstica, que trabalhou de graça por seis meses.
“Ela pediu para eu ler a Bíblia”, conta Michael.
Uma das primeiras histórias que leu foi de Abraão, que cruzou o deserto em
busca de uma terra prometida - abundante em leite e mel - mas, no final,
encontrou apenas a areia quente da Arábia. Mesmo assim, ele fez daquele lugar
um dos mais sagrados do mundo. Hoje, é o Estado de Israel. “Essa história
ensina que ainda que o sonho não se realize, não desista”, acredita o
escritor.
Um dos detalhes dos trechos de Abraão diz respeito a ele ter recebido um manual
de instruções de um nômade, que dizia ser rei. Naquele momento, surgia uma
doutrina que, mesmo editada, influenciaria o mundo até hoje: a Cabalá. “Foi
lendo este trecho que me veio a idéia de traduzir aqueles ensinamentos”,
afirma o escritor. Uma curiosidade: Cabalá significa ‘receber’.
Mesmo utilizando a Cabalá em português, o escritor prefere estudá-la na
língua original: hebraico. “Quem tem acesso à língua deles deve estudar como
ela é”. Segundo ele, a tradução dos textos têm uma série de traições. “Os
conceitos são diferentes, mudam de acordo com a cultura”. Um exemplo que
Michael cita é o pai-nosso, oração feita por católicos. “Em aramaico, o
sentido é totalmente diferente. Traduzido para o português, depois de ter
passado pelo latim, alemão e português de Portugal, as palavras tomaram outro
sentido”, afirma.
É por isso que ele prefere adaptar a Cabalá apenas para os ensinamentos
práticos, mas fáceis de serem traduzidos. “Apesar do hebraico ser simples,
uma língua de pastores, a Cabalá só pode ser estudada profundamente quando há
conhecimento da língua e dos costumes do povo de Israel. Do contrário, seria
como querer estudar física sem saber nada de matemática”.
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