novembro 05, 2005

DIÁRIO DA MANHÃ - GOIANIA, GO


 


Literatura
Outras línguas para a Cabalá

Escritor israelense formula ensinamentos milenares para o português; a principal regra é ser feliz

 

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05/11/2005

Ludmilla Balduino
Da editoria do DMRevista


O Caminho da Felicidade
Michael Winetzki
Geração Editorial
R$ 30,00

Depois de fórmulas, métodos, esquemas e teorias mirabolantes para encontrar a felicidade, talvez a resposta esteja em um caminho muito mais simples. A Cabalá. Foi pensando assim que o escritor judeu Michael Winetzki, 50, escreveu o livro O Caminho da Felicidade. A segunda edição foi lançada no final de outubro, com uma tiragem de 2 mil exemplares.

A Cabalá é uma doutrina milenar, surgida na época de Abraão - personagem citado com freqüência em livros bíblicos. Em hebraico, língua original, todas as letras do alfabeto têm um número e um sentido místico. Os adeptos acreditam que, se Deus criou o mundo através de palavras, as mesmas têm o dom da criação. As letras, unidas, formulam ensinamentos para a vida. Este ‘manual de instruções’ foi traduzido e adaptado para a língua portuguesa. A lógica cabalística foi utilizada, desta vez, para formular preceitos para a felicidade. struir o Estado.

Depressão

O escritor é israelense. Chegou ao Brasil quando criança. Aqui, tornou-se consultor de empresas especializado em marketing. Com a experiência, conseguiu um cargo de confiança em uma indústria multinacional. No ápice da carreira, descobriu que estava com câncer no rim. A notícia veio da forma mais banal: depois de um check-up, aproveitando que estava no hospital, cuidando de uma torção no pé. O pós-ope-ratório, apesar de ter curado o rim, fê-lo entrar em depressão. Havia perdido o emprego e estava quase falido. A solução partiu da empregada doméstica, que trabalhou de graça por seis meses. “Ela pediu para eu ler a Bíblia”, conta Michael.

Uma das primeiras histórias que leu foi de Abraão, que cruzou o deserto em busca de uma terra prometida - abundante em leite e mel - mas, no final, encontrou apenas a areia quente da Arábia. Mesmo assim, ele fez daquele lugar um dos mais sagrados do mundo. Hoje, é o Estado de Israel. “Essa história ensina que ainda que o sonho não se realize, não desista”, acredita o escritor.

Um dos detalhes dos trechos de Abraão diz respeito a ele ter recebido um manual de instruções de um nômade, que dizia ser rei. Naquele momento, surgia uma doutrina que, mesmo editada, influenciaria o mundo até hoje: a Cabalá. “Foi lendo este trecho que me veio a idéia de traduzir aqueles ensinamentos”, afirma o escritor. Uma curiosidade: Cabalá significa ‘receber’.

Mesmo utilizando a Cabalá em português, o escritor prefere estudá-la na língua original: hebraico. “Quem tem acesso à língua deles deve estudar como ela é”. Segundo ele, a tradução dos textos têm uma série de traições. “Os conceitos são diferentes, mudam de acordo com a cultura”. Um exemplo que Michael cita é o pai-nosso, oração feita por católicos. “Em aramaico, o sentido é totalmente diferente. Traduzido para o português, depois de ter passado pelo latim, alemão e português de Portugal, as palavras tomaram outro sentido”, afirma.

É por isso que ele prefere adaptar a Cabalá apenas para os ensinamentos práticos, mas fáceis de serem traduzidos. “Apesar do hebraico ser simples, uma língua de pastores, a Cabalá só pode ser estudada profundamente quando há conhecimento da língua e dos costumes do povo de Israel. Do contrário, seria como querer estudar física sem saber nada de matemática”.


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