Em Sorocaba tínhamos entre outros considerados
ricos os irmãos Dero e o Miltinho Metidieri e o Flavinho Barbero desfilando nos
carrões da época. A gente os qualificava de “play-boys” mas eram rapazes de bom
caráter desfrutando o padrão de vida que o trabalho dos pais lhes proporcionou.
Mas o carro mais chamativo de minha época, na minha opinião, era o Karmann Guia
transformado em boate do Luiz José Troy, que não era rico nem nada mas tinha um
danado de um bom gosto.
Os costumes eram diferentes nos anos de ouro que
descrevo. Ser rico ou pobre não qualificava as pessoas como melhores ou piores.
Cidadãos costumavam ser julgados pelo caráter e não pela conta bancária, muito
menos pelos “likes” nas redes sociais, que sequer existiam. Quando fui cursar
faculdade em Petrópolis, entrava na fila na agência da CTB para ligar para a
família em Sorocaba de um sólido telefone de ebonite preto, enquanto aguardava
sucessivos por avisos de “os circuitos estão ocupados, queira aguardar alguns
momentos” e esses momentos algumas vezes se estendiam por horas. Claro que
existiam, como sempre existiram delinquentes em cargos públicos, mas naquela
época as fortunas costumavam ser construídas por muito trabalho ao longo de
muito tempo.
E o que é notável é que os ricos de Sorocaba
investiram na sua própria cidade, construíram empresas e montaram indústrias,
aplicaram na construção civil e em outras atividades e transformaram a pacata
cidade do interior nesta fulgurante potência econômica em que se tornou.
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