Antropomorfismo é a atribuição de características ou aspectos humanos a Divindade, como essa representação do Criador na Capela Sixtina. A terminologia da Cabala e de uma maneira geral das religiões é altamente antropomórfica.
Os termos são apreendidos de conceitos humanos e do mundo material. A razão é que esses são os únicos tipos de palavras que o homem entende. Os conceitos espaço-temporais são impostos sobre a mente do homem que vive em um mundo espaço-temporal.
É por esse motivo que a Bíblia e os livros que se referem às religiões fazem uso de linguagem antropomórfica. Pois se eles se limitassem a termos e conceitos apropriados a divindade nós não entenderíamos nem os termos nem os conceitos.
As palavras e ideias empregadas devem ser adaptadas para a capacidade mental do ouvinte de modo que o assunto penetre primeiro em sua mente, no sentido corpóreo em que os termos concretos são compreendidos. Só então se pode avançar para tentar um entendimento em que a apresentação é apenas aproximada, metafórica.
O pensador sagaz fará um esforço para remover os significados materialistas da essência e elevará o seu entendimento passo a passo até alcançar o máximo de conhecimento da verdade que o seu intelecto for capaz de apreender.
É necessário ter sempre em mente que os termos e conceitos precisam ser despojados de conotações temporais, espaciais e corpóreas. Nenhuma noção ou conceito antropomórfico pode ser imputável à Divindade. Mas deve-se notar que a terminologia antropomórfica empregada nos Escritos Sagrados, nos rituais maçônicos e em outros, não é arbitrária. De fato, esses termos são cuidadosamente escolhidos e possuem um significado profundo.
Os escritos cabalísticos e místicos estão repletos de referências à ideia de que o mundo inferior, em geral, e o homem em particular, foram criados à "imagem" do "mundo superior". Todas as categorias que podem ser encontradas no mundo inferior e no homem são representações homônimas e alusões a determinados conceitos e noções sublimes a que eles correspondem.
Certamente não há qualquer semelhança entre Deus e a criação, e nos níveis supremos do plano estritamente espiritual não há coisas tais como olhos, ouvidos, mãos e assim por diante, nem atividades e sensações tais como ouvir, ver, andar, falar e assim por diante.
No entanto, todas essas atividades e conceitos espaço-temporais simbolizam as categorias originais supremas puramente espirituais. por meio da seguinte analogia: escrever o nome de uma pessoa em um pedaço de papel certamente não cria semelhança, conexão ou relação entre as letras ou palavras escritas no papel e a pessoa que teve o nome anotado. Mesmo assim, essa escrita é um símbolo ou sinal que tem relação com aquela pessoa, trazendo à lembrança e denotando toda a sua entidade concreta.
O mesmo se dá em relação aos conceitos e termos antropomórficos: Embora não haja nenhuma conexão concreta ou direta nem semelhança entre eles e os significados que procuram expressar, mesmo assim eles são os sinais e símbolos correspondentes que se relacionam e denotam categorias, noções e conceitos específicos que têm natureza estritamente espiritual, não espacial e não temporal. É dessa maneira, portanto, que a terminologia antropomórfica deve ser entendida.
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