maio 22, 2021

IKiGAI - UMA LIÇÃO DE VIDA - Heitor Rodrigues Freire

 



Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis, advogado, GM ad vitam da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande.

As civilizações antigas deixaram no inconsciente coletivo da humanidade registros que se perpetuaram no tempo e no espaço. Índia, Tibete, China, Japão, Egito, Grécia, Arábia e Israel durante milênios foram moldando e orientando todo um ordenamento mental e espiritual.

Por intuição, sou um admirador e estudioso desses legados. Sinto que encarnei em muitos desses povos, tal a minha identificação interior com alguns deles. Vivo estudando, aprendendo e praticando – o que me motiva e me inspira diariamente. A grande diferença que observo entre a civilização oriental e a ocidental é a característica intrínseca de cada uma: o oriental, por natureza, é mais disciplinado, introvertido e sóbrio, o que não acontece em geral com o ocidental. Principalmente com os latinos, mais passionais e extrovertidos.

Há quase dois anos, descobri os Ritos Tibetanos, que venho praticando diariamente e aos quais eu credito grande parte da minha vitalidade. Na internet, para os que se interessarem existe farta matéria sobre o assunto.

Agora, conversando com minha filha número 1, a Valéria, que é professora, me deparei com o Ikigai. É um sistema oriundo do Japão, que pode ser traduzido como “razão para viver”. Ter um ikigai claro e definido proporciona a satisfação e o propósito que justificam a nossa existência, sendo para muitos, também, a chave da longevidade.

Por que existem pessoas que sabem o que querem, enquanto outras definham na confusão? Segundo os japoneses, o segredo é encontrar o seu ikigai e encontrar o propósito que guiará sua vida.  

Os escritores Francesc Miralles e Héctor Garcia foram até Okinawa, a ilha japonesa de população centenária, e reuniram esses princípios no livro Ikigai: Os segredos dos japoneses para uma vida longa e feliz. O resultado é um guia com informações claras e sucintas, além de listas, tabelas e ilustrações que colocam em nossas mãos as ferramentas para entender e encontrar nosso próprio ikigai, com os hábitos e rotinas que mantêm em dia a saúde da mente, do corpo e do espírito daquele povo.

Segundo os autores, os habitantes de Okinawa possuem uma sensação de pertencimento coletivo, pois desde muito jovens praticam o yuimaaru, o trabalho em equipe, que os ensina a ajudar uns aos outros. Além disso, no livro Héctor e Francesc também descobriram que os indivíduos super centenários cuidam da alimentação. Os moradores de Okinawa comem pouca carne, poucos alimentos processados e ingerem álcool com moderação. Outra dica que o livro traz é a de comer até 80% do estômago estar cheio, pois assim não há desgaste do corpo e aceleração da oxidação celular durante a digestão.

Os exercícios praticados pelos super centenários não são extremos, mas eles se movimentam todos os dias. De acordo com o livro, as pessoas que têm uma vida longa e feliz preferem caminhar a usar um carro e praticam a jardinagem, que requer movimento físico diário, mas de baixa intensidade.

Além da parte teórica, o livro Ikigai traz dicas práticas e exercícios que podem ser feitos diariamente para aumentar o bem estar e a qualidade de vida. 

O ikigai é um éthos japonês específico, segundo Ken Mogi, um neurocientista e escritor japonês que já escreveu mais de trinta livros sobre cognição e neurociência. Segundo ele, a essência do ikigai é constituída por uma noção de comunidade, uma dieta equilibrada e a percepção da espiritualidade. 

Em seu livro Ikigai, Mogi apresenta os cinco pilares para o ikigai:

Começar pequeno;

Libertar-se;

Harmonia e sustentabilidade;

A alegria das pequenas coisas;

Estar no aqui e agora.

Enfim, o ikigai é um manual prático e orientador para quem quer se aprofundar no estudo e na prática desse princípio da cultura japonesa, que, certamente, levará ao autoconhecimento e à evolução espiritual.

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