maio 18, 2021

Não eram de Recife os Judeus que chegaram a Nova Iorque.

 


Pelo menos segundo a saudosa historiadora Frieda Wolff (1911 – 2008), não se sabe concretamente de onde partiram os famosos 23 judeus que chegaram em setembro de 1654 a Nova Iorque. Segundo Dona Frieda, como era conhecida, certamente não foi do Recife.

O navio VALK que levantou ferros de Itamaracá – PE em fevereiro de 1654, transportava um número desconhecido de judeus, mas não os 23 que chegaram em 1654 na Nova Amsterdã.

Após o VALK aportar na Jamaica, levado por ventos adversos, seus passageiros foram aprisionados em novembro de 1654, conforme o conteúdo de uma carta do Governo Holandês ao Rei da Espanha, exigindo a libertação de todos os judeus passageiros do VALK, súditos holandeses, alguns deles até nascidos em Amsterdã. Naturalmente, a carta sendo datada de novembro de 1654, nenhum destes judeus poderia ter chegado em Nova Amsterdã em setembro do mesmo ano.

Até o Monumento erigido pela cidade de Nova Iorque em homenagem a eles, omite a origem dos judeus, já que Recife seria “hipótese”, nunca fato provado. O Memorial erigido em memória destes vinte e três judeus que, de fato, fundaram a primeira congregação judaica na América do Norte, não menciona portanto o lugar de onde eles vieram, falando somente da chegada dos mesmos.

A prova definitiva que estes vinte e três de fato não eram passageiros do navio VALK, foi dada pelo historiador Arnold Wiznitzer, descobridor da carta do Governo Holandês ao Rei da Espanha, carta esta datada de novembro de 1654, emitida pelos Staaten Generale da Holanda confirmando a chegada do VALK e da prisão dos passageiros na Jamaica. Esta carta, dirigida ao rei da Espanha, exigiu, em novembro de 1654, a libertação de todos os passageiros israelitas da Valk como nascidos na e súditos da Holanda

Porem, é fato comprovado que nos anos seguintes, judeus que tinham vivido no Recife aportaram e se instalaram em Nova Amsterdã, sendo um deles Joseph Bueno, quem comprou o terreno do primeiro cemitério judaico na América do Norte, onde seu pai foi enterrado.

Inscrição do monumento erigido na ponta de Manhattan, em frente ao ferry que vai para Staten Island, em memória da chegada dos primeiros 23 judeus em Nova Amsterdã, em setembro de 1654:

Erguido pelo Estado de Nova Iorque para honrar a memória dos vinte e três homens, mulheres e crianças que aportaram em setembro de 1654 e fundaram a primeira congregação israelita na América do Norte

Fontes: Frieda Wolf, in Comunicação na CEPHAS/IHGB em 14-04-1999 e livro “A Odisséia dos Judeus do Recife”, 1979, Centro de Estudos Judaicos da Universidade de São Paulo, 342 pags.


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