Heitor Rodrigues Freire é ensaísta, advogado, corretor de imóveis, past GM da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande. Colabora frequentemente com este blog.
Nestes momentos, todos estamos sendo confrontados com a realidade da morte, da transição, da mudança de estado da materialidade para a espiritualidade. O que nos causa, naturalmente, grande desconforto e sofrimento pelo desconhecimento de sua aceitação. Mas a morte é um fato. Inexorável!
Quantos amigos e parentes que não víamos há muito tempo estão partindo. E isso nos provoca a saudade da ausência e também, de certa forma, nos cobra a consciência da distância em que vivíamos. Quantas vezes dissemos “Puxa, faz tanto tempo que não vejo o Fulano e agora ele se foi. Nunca mais vou vê-lo”. Mas no fundo, sabemos que não é assim.
Pois é. Ele se foi. E nós também iremos. A separação entre os que se amam nunca acontece. A vida no plano físico é apenas um dos muitos estágios que o espírito vive em sua caminhada para Deus.
“Não somos humanos passando por uma experiência espiritual. Somos espíritos passando por uma experiência humana.”
Na realidade, todos continuamos a existir. Em outra dimensão. Ou como dizia Santo Agostinho, em seu poema A morte não é nada:
“A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.
...
Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho.
Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi”.
Circula pela internet um vídeo apresentado por Celso Portiolli, com sua bela voz de barítono, com o título deste artigo, demonstrando de forma muito clara o que vai acontecer com cada um de nós.
Toda importância que nos damos vai embora. A vida continua sem a nossa presença, e se vai num estalo, pois seremos substituídos rapidamente. Todos estamos na fila. Mais cedo ou mais tarde, “A gente vai embora...”
Então a questão que se apresenta é a oportunidade representada pelo momento presente, no aqui e agora. Não dá mais para deixar para depois. O perdão que devemos pedir, o perdão que devemos dar, o abraço e o sorriso que ficaram pelo caminho.
O livro Vigiai e Orai, do Irmão José, psicografado por Carlos A. Bacelli, também trata desse assunto:
“Ecoará para sempre
Terás uma vida brilhante, mas passarás – passarás como aqueles que viveram na obscuridade.
Como tantos outros, serás esquecido pelo que foste e o teu nome será apenas um a mais na galeria dos que nada fizeram que os imortalizasse no mundo.
Sim, porquanto após a morte do corpo, os homens continuam a viver na Terra somente através daquilo que concretizaram no bem dos semelhantes.
O que fizeres de bom ecoará para sempre.
Mesmo que te desconheçam, as futuras gerações te abençoarão o esforço.
E, onde estiveres, experimentarás indefinível sensação de paz, oriunda do dever cumprido no anonimato.
As tuas boas obras hão de sobreviver contigo, nas vibrações de simpatia e de fraternidade que espalharão, eternidade afora, o sinal de tua passagem pela Terra”.
Assim, da aceitação e do entendimento dessa condição verdadeira da morte, que não é definitiva, alcançaremos a paz que decorre disso e teremos uma visão verdadeira da realidade e da dimensão da eternidade. Depende de cada um buscar essa condição que concorrerá para a nossa libertação.
Aprendi que a encarnação é uma oportunidade. Quem puder, que aproveite. Muitos dizem, depois de alguns anos, que estão realizados, que fizeram tudo, etc. etc. No meu entendimento essa é uma visão equivocada. Temos, na realidade, muito a aprender sempre. E a disposição e vontade, aliada à consciência, fazem a diferença.
“Se compreendes, as coisas são como são; se não compreendes, as coisas são como são”.
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