Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante. Um dos mais notáveis estudiosos da maçonaria no país.
Quando nos propomos a elaborar uma trabalho maçônico, também chamado de "peça de arquitetura" é princípio basilar que tenhamos junto de nós um Dicionário.
Esse nobre instrumento constitui-se num apoio intelectual imprescindível, tanto no âmbito morfológico, ortográfico quanto etimológico.
Ao escrevermos, deparamo-nos com palavras, às vezes, não tão familiares e das quais raríssimamente lançamos mão.
Por isso mesmo, é fundamental que saibamos sua origem e seu real significado, bem como, se esta se faz compatível e adequada ao universo semântico em que ela será empregada.
A linguagem maçônica, em especial, dispõe de inúmeros vocábulos, que por vezes assumem um caráter simbólico e alegórico, em razão de sua própria essência introspectiva e rigorosamente solene.
As habituais e circunstantes formas de apresentação inicial do tema, sobretudo para os maçons que obedecem ao Rito Escocês Antigo e Aceito - o mais difundido e praticado aquí no Brasil - não podem e nem devem abdicar da consagrada expressão:
*À G.'.D.'.G.'.A.'.D.'. U.'.* que por si só revela o espírito de respeito e liturgia ao propósito com que a Obra será dedicada.
Ater-se, na medida do possível, a uma linguagem, culta, clara, direta e fluida, também contribui sensivelmente neste processo de elaboração.
A tripontuação de vocábulos e expressões de caráter filosófico-maçônicos, devem seguir como uma norma, no sentido de preservar a confidencialidade e as próprias tradições da Sublime Ordem, inclusive para de algum modo, dificultar o entendimento de profanos.
Ler e reler, em voz alta o trabalho a ser apresentado, é também um meio para garantir mais segurança ao Expositor antes de sua apresentação em Loja.
Palavras como :
*MISTER* (que significa NECESSÁRIO(A)
*ABÓBADA* (que refere-se a uma construção arqueada; firmamento)
São dois singelos exemplos de palavras que na maioria das vezes são pronunciadas erroneamente, aparecem em vários textos maçônicos, e acabam provocando situações embaraçosas.
Ao valermo-nos de fontes de pesquisas para desenvolver um texto, é imprescindível que se cite a fonte, autor, livro, etc...
Muito mais importante que isso, é que se busque fazer uma leitura detida, e a partir daí, estabelecer um caráter pessoal, próprio e interpretativo do fragmento consultado, suscitando ao Trabalho um aspecto de legitimação criativa e cultural.
O Trabalho que o Maçom tem que desempenhar, não é o da cópia pura e simples, ou da cola disfarçada, com a mera alteração de uma palavra ou de um parágrafo.
O Trabalho deve ser resultado de nossa própria lavra, de nosso Livre Pensamento.
Ao elaborar um Trabalho Maçônico devemos nos preocupar em construir um caráter crítico e argumentativo, de maneira a estarmos preparados para arguições, questionamentos, trocas de idéias, e evitarem-se longos hiatos sem saber o que responder, ou pior ainda, tentar responder com evasivas, sem qualquer consistência.
Cabe não somente aos Vigilantes da Loja atuarem como mentores ou tutores dos Irmãos Aprendizes e Companheiros, mas também a estes últimos, perguntarem, questionarem, trazerem suas dúvidas e empreenderem iniciativa, para darem início à construção de seus próprios templos.
A rigor, trajetória maçônica, é solitária, única e individual, cabendo a cada um o esforço para galgar degraus superiores.
É claro, que os Mestres mais experientes tem o dever de orientar, tirar dúvidas e acompanhar a caminhada dos mais novos, porém isso não desobriga a todos os Maçons continuarem seus estudos, pesquisas e especulações intelectuais, como exercício pródigo da nossa própria Evolução.
Lembrando que Maçonaria não é escola, não é religião e tampouco uma academia ou clube de serviços.
Maçonaria é uma Oficina de Trabalho Interior Humano de cunho filosófico, que se sustenta na Simbologia como seu instrumento principal para o nosso aprimoramento moral, ético e espiritual.
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O conhecimento do irmão Newton Agrella é algo extraordinário...os assuntos e escritores escolhidos por Michael Winetzki , por si só, é cultura in natura!
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