O silêncio é um convite para a meditação, para a reflexão. Aliás, diga-se de passagem: sem a existência do silêncio, como receber inspiração para isso? Quando praticado, traz um forte sentimento de satisfação interior e, consequentemente, mental. Dentro de um templo, por exemplo, ou em um lugar apropriado, percebemos o valor do silêncio com nítida facilidade. Mais precisamente aqui, nas nossas reuniões, caso possamos sentir com clareza a nossa reação verdadeiramente íntima, perceberemos que o nosso silêncio nos eleva a um claro convite para a união espiritual que comunga com a harmonia do ambiente.
A ciência já nos ensinou que somos seres que produzimos e emanamos energias. O universo na sua totalidade é feito de vibrações com as mais variadas intensidades, sendo que, a nossa mente forma uma energia ininterrupta. É um assunto complexo e longo, mas se por nós aceitos, veremos que as nossas mentes uma vez que particularizadas pelas vibrações, transmitem e são receptivas a todas espécies de manifestações, constituindo-se de sinais que se comunicam com aqueles que dividem conosco o mesmo ambiente. É uma ação interativa e recíproca ou mútua ou de troca. Emitimos e recebemos.
Um dia li que a nossa atividade cerebral, os nossos pensamentos, as nossas emoções, são vibrações que se transformam em ondas elétricas quando emitidas. Portanto, parece-nos lógico que, os sinais vindos do nosso cérebro, podem variar de intensidade de acordo com a situação. Então, otimizando o exemplo, vamos direcionar as nossas energias para o bem como vibrações positivas e, as dispersas como turbulentas. É claro que vamos nos deparar com uma situação claramente confusa.
As vibrações opostas obrigatoriamente entrariam em choque, umas com as outras, criando campos de intensa turbulência. Seria como uma orquestra, estando cada músico tocando o seu instrumento numa afinação diferente, causando um som destoante, desagradável e desarmônico no seu conjunto. Algo ruim e harmonicamente negativo. Outro dia, nas páginas de um livro do Maestro Isaac Karabthevski, li a sua belíssima definição sobre música. Fechei o livro e fiquei meditando sobre o assunto. Depois, não resistindo, tomei a ousadia de traçar um comparativo com o silêncio. E encontrei semelhanças inconfundíveis. Senão vejamos: a música é um fenômeno abstrato que corre no tempo, corre no espírito. O silêncio também. Você sente, mas não consegue manter um contato físico, como tem com um quadro ou com uma escultura. A música entra em você, no seu grande íntimo e se processa a um nível puramente psíquico. Ela não é concreta. É um fenômeno abstrato, sensorial. E o silêncio o que é?
Ora, meus irmãos, como podemos ver, o silêncio e a música possuem uma afinidade muito grande. Caso dedicarmos este momento para proveito da nossa mente, intenções para a harmonia e paz interior, estaremos todos emitindo vibrações positivas que se dimensionam dentro do tempo. E todos sentiremos o efeito dessa energia como um convite a meditação, pois estaremos assimilando uma espiritualidade harmônica, afinada, silenciosamente melódica, um bem-estar incomum. Já o contrário, ou seja, qualquer vibração dispersiva, pensamento confuso, distração, prejudicará a harmonia do ambiente. Sons altos ou estridentes, assuntos que destoam do recolhimento, risos e até conversas murmuradas que possam causar dispersão, cortam e anulam as vibrações que tanto almejamos, porque somos portadores do bem. Somos e queremos ser afinados músicos, para assim executarmos as mais belas melodias silenciosas.
Forma de estarmos sintonizados com o GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO. O Regente de todos os momentos. O nosso Grande Maestro.
Publicado no Informativo Chico da Botica, n.º 139, de 15 de janeiro de 2020, disponível em https://bancadosbodes.com.br/chico-da-botica-no-139-15-de-janeiro-de-2020/
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