Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado, Past GM da GLEMS e atual Presidente da Santa Casa de Campo Grande
Por definição, o homem é um ser político.
Aristóteles afirmava que o homem é um animal político porque possui uma inclinação natural para a vida em comunidade, ou seja, essa natureza política é intrínseca ao homem, faz parte de sua própria constituição como indivíduo em relação ao grupo.
Ao longo dos tempos, no curso civilizatório, a sociedade organizada foi evoluindo. Montesquieu (1689-1755) foi um dos mais importantes filósofos e pensadores do iluminismo francês, ao lado de Voltaire e Rousseau, seus contemporâneos. Montesquieu é considerado um dos criadores da “Filosofia da História”, e sua maior contribuição teórica foi o conceito da separação dos poderes estatais, divididos em Executivo, Legislativo e Judiciário, cada um com sua própria autonomia e limites claramente definidos.
Esse modelo foi adotado pelos governos democráticos em todo o mundo, como um ideal a contrabalançar e equilibrar suas competências e definições.
É esse sistema que vige em nosso país. Embora hoje tudo esteja distorcido de tal modo que acabou provocando este momento de instabilidade que estamos vivendo.
Estamos num momento político muito frágil. As instituições praticamente omitindo-se de suas funções originárias, deixando de cumprir suas funções, gerando uma instabilidade institucional prejudicial ao país. Se fosse citar fatos, não haveria espaço neste artigo que só pretende um raio-x do momento político.
Como consequência, temos o caos instalado. E o povo vem sendo influenciado por ideias e atitudes radicais e teorias conspiratórias, das mais estapafúrdias.
Percebo que a grande maioria da população acompanha com muita estupefação o que está acontecendo.
Aonde é que iremos chegar com tanto extremismo?
A livre manifestação é um direito de todos. Mas sem violência. Em paz. O que se observa na maioria dos segmentos é que seus autores se manifestam com o fígado, agindo de maneira intempestiva, profundamente agressiva, causando dissensões difíceis de serem corrigidas. O fígado é um órgão vital, sem o qual não é possível sobreviver, com uma grande capacidade de regeneração. Sua função é converter produtos tóxicos, eliminar gorduras e micróbios, neutralizar a acidez do estômago e transportar toxinas para fora do corpo. Mas é também o órgão vital que simboliza a ira.
O fígado estimula o ego, que fica inflado e leva as pessoas a agirem movidas pela paixão, e pela vontade desenfreada de sobrepor-se aos outros.
O que se espera é que nossas autoridades deixem de pensar com o fígado, de agir e reagir no impulso e de forma intempestiva, e passem a pensar mais com o cérebro. A agir de maneira equilibrada, com sangue frio e respeito.
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Nestes tempos, já começamos novamente a ouvir o canto mavioso do sabiá, a ave símbolo do Brasil, que com sua cantoria exalta o amor. Vamos ouvir o sabiá e cumprir o mandamento que Jesus nos deixou: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.
O mapa do Brasil tem o formato de um coração. Não por acaso, Humberto de Campos exaltou o nosso país: “O Brasil é a pátria do mundo, coração do evangelho”.
Termino parafraseando Voltaire, a meu modo: “Não concordo com nenhuma de suas palavras, mas defenderei SEMPRE o seu sagrado direito de dizê-las”.
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