Ir.’. Getúlio Medeiros, M.'.M.'. -(Publicado no ano 2000)
Com a preocupação de preservar o tesouro do conhecimento humano, o ser primitivo institui Colégio, Academias e Ordens Secretas, onde o ensino era ministrado tão-somente a seus membros ritualisticamente iniciados. Essas cerimônias secretas não se restringiam apenas às grandes civilizações, mas disseminavam-se por entre tribos autóctones da Austrália, África e Américas, tendo os antropologistas encontrado gestos e sinais ainda em uso entre os Maçons.
O mais famoso Colégio foi fundado por Numa Pompílio, com o propósito de dotar o recém-instituído Império Romano dos meios mais apropriados ao desenvolvimento intelectual de seu povo. Sábio monarca, pois ênfase particular deve dar-se ao fato de que ele foi o segundo rei de Roma, e que tal gesto haveria de contribuir para que esse povo tornasse um dos mais poderosos da história conhecida. Como se pode ver, o futuro será sempre a repercussão do passado.
Alguns séculos mais tarde, Pitágoras de Samos (?580-?500 a.C.) fundava a sua célebre escola, em Crotona, destinada a ambos os sexos. Mais célebre do que o Mestre é o seu famoso Teorema. Teoriza-se hoje (desculpem-me pelo trocadilho) que o enunciado, i.e. “o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos”, já era do conhecimento dos babilônios 1.500 anos antes do grande filósofo. Pitágoras teria sido levado cativo pelos soldados do príncipe persa Cambises para a Caldéia, onde adquiriu muitos conhecimentos. Por sua vez, os caldeus herdaram muitos de seus conhecimentos dos egípcios, que também haviam herdado de outros povos mais primitivos. Dentre ele os atlantes? Calma pessoal, é tudo mera suposição, exercício mental.
Abrão de Ur, na Caldéia (lembram-se?), patriarca hebreu, venerado por Judeus (Avraham), Muçulmanos (Ibrahim) e Cristãos (Abraão), ouviu de Deus: “saiba com certeza que seus descendentes viverão como estrangeiros numa terra que não será a deles. Aí nessa terra eles ficarão como escravos e serão oprimidos durante 400 anos. Mas eu vou julgar a nação à qual eles vão servir e depois eles sairão com muitos bens.” (Gênesis 15:13-14). Note-se a analogia bíblica entre bens e conhecimentos, pois em Atos 7:22 está escrito: “assim Moisés foi iniciado em toda a sabedoria dos egípcios e era poderoso no falar e no agir.”
Mas quais seriam afinal os “bens” a que se refere o versículo 14, acima citado. Seria a luz do conhecimento maçônico, - desculpem-me mais uma vez, - do conhecimento especulativo de uma outra ordem secreta? Em Mateus 7:6, Jesus admoesta: “não dêem aos cães o que é santo, nem atirem pérolas aos porcos; eles poderiam pisá-las com os pés e, virando-se, despedaçar vocês.” Muito sugestiva essa alusão, não acham? Não somente refere-se ao conhecimento como algo precioso, como também alerta para a forma de disseminá-lo.
Como vimos até aqui, a sapiência, como algo valioso, foi sendo passado de mãos em mãos. Isto quer dizer que nada foi criado, mas instituído com a ajuda de competentes hierofantes. Se realmente acontece assim, então tudo nos faz supor que a Maçonaria Especulativa tem sua origem em tempos remotíssimos. Quando falamos de especulativa, queremos fazê-lo em oposição à Maçonaria Operativa, já que não somos pedreiros (maçons) por profissão.
A História é o relato sistemático de acontecimentos que afetaram a vida e o desenvolvimento de povos, países e instituições, dentre outros. Falamos então de fatos passados, alguns sem quaisquer registros ou evidências, e outros com evidências deturpadas dos fatos com o único objetivo de satisfazer a vontade do poder oficial reinante. Mas o princípio histórico baseia-se tão-somente na verbalização (palavras faladas ou escritas) do pensamento puro, ou seja, a inteligência superior.
Por convicção, comungo com o mesmo pensamento daqueles que seguem os cânones da Escola Mística no tocante às origens da Maçonaria. Digo origens, no plural, pois para mim ela é ponto convergente de diversos movimentos, “é a continuação ou renovação dos Antigos Mistérios” (Ragon). Encaramos os mistérios da Ordem de um ponto de vista do despertar espiritual do Homem e de seu desenvolvimento interno (I..N.R.I.). Para nós o que realmente importa é a interação de certos estados da consciência que devem ser despertados no iniciado, dando-lhe o testemunho de uma natureza muito superior de nossos ritos maçônicos, pois nosso objetivo precípuo é a união consciente com o Grande Geômetra. Para isto basta que a Maçonaria entre no iniciado, não valendo apenas o contrário.
Essa transmutação de conhecimentos aludidos nos parágrafos iniciais confere à Maçonaria origens legendárias e bíblicas, misturando-se aí os mistérios antigos, as tradições egípcias e gregas, os Cruzados ou os Templários.
Resumindo a História do período mais recente da Maçonaria, temos:
a) Período Operativo (época das construções das catedrais medievais);
b) Período de Transição; e
c) Período Especulativo (inicia-se com a fundação da Grande Loja de Londres, em 1717).
Quanto ao período mais antigo, esta é outra história e aí transcrevo o estudo de C. W. Leadbeater, em seu livro “Pequena História da Maçonaria”: “as origens da Maçonaria se perdem nas brumas da antigüidade.”
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