Frederico Renato Móttola é membro efetivo do Supremo Conselho do Rio Grande do Sul
Umberto Ecco, grande escritor italiano, em seu último "best-seller" intitulado "O Pêndulo de Fucault", tem como motivação a história dos Templários e o legado de seu tesouro, tanto material como filosófico. Para os maçons, principalmente os do rito escocês, a obra é interessante, embora, em parte, prejudicada pelo estilo romanceado. Vale, entretanto, pelo trabalho de pesquisa histórica, no que o autor é especialista.
A Ordem do Templo foi instituída em 1906, em Jerusalém, por sete cavaleiros, participantes das Cruzadas, por Hugues de Payen, então sob o reinado de Balduíno II, que lhes deu por alojamento o local onde estivera o Templo de Salomão. São Bernardo lhes deu a Regra e obteve, no Concílio de Troyes, em 1128, do Papa Honório II, o reconhecimento como ordem religiosa e militar, então denominada de "Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão" (Pauperes Commilitiones Christi Templique Salomonici). Fazem votos de perpétua obediência, de abdicação de vontade, de castidade e de pobreza. Mas, para remissão de seus pecados, põem-se a serviço dos peregrinos, de armas nas mãos, para os proteger na viagem a Terra Santa, através das terras dos Serracenos.
Usando mantos brancos, com uma cruz patesca vermelha, sobre as armaduras, são piedosos monges e valentes guerreiros que logo se espalham pelo mundo, tendo como divisa "Faz o que deves aconteça o que acontecer". Seus feitos entusiasmam toda a cristandade e, em 1139, obtêm do Papa Inocêncio II, pela bula 'Omne Datum Optimum" a emancipação de toda a autoridade eclesiástica, exceto a dele.
Os Templários logo acumulam grande fortuna, com inúmeras propriedades, tornando-se, virtualmente, os banqueiros da Europa. E isto foi o que motivou sua supressão e o confisco de suas riquezas, em outubro de 1307, por Felipe o Belo, rei de França, seu grande devedor.
O rei Felipe, excomungado por Bonifácio VIII e reabilitado por Bento XI, consegue eleger Clemente V, transferindo a sede do papado de Roma para Avinhão, na França, onde o mantém, virtualmente, prisioneiro. Dele arranca, sucessivamente, a bula Pastoralis paeminenti" mandando prender os Templários e, logo após, a bula "Faciens misericordiam" entregando-os a Inquisição, que os torturou arrancando fantasiosas confissões de sodomia e heresia. Finalmente, em 3 de abril de 1312, no Concílio de Viena, cercado pelas tropas de Felipe, a bula "Voz in excelso", extinguindo a Ordem do Templo e a entrega de seus bens aos Hospitalários.
O último Grão-Mestre, Jacobus Borgundus, nosso Jaques De Molay, também chamado Tiago, juntamente com o lugar-tenente, cavalheiro de Charney, morreram na fogueira, erguida em Paris, defronte a estátua eqüestre de Felipe o Belo, em 18 de março de 1314, no ilhéu dos Judeus.
Na véspera da supressão da Ordem, segundo Umberto Ecco, saíram de seu palácio, em Paris, três carretas carregadas de ouro, que tomaram rumo ignorado: era o tesouro dos Templários...
Mas, nem em toda a Europa, a Ordem foi dissolvida, havendo, apenas, mudado de denominação. Em Portugal, por exemplo, o rei Dom Diniz a transformou em Ordem de Cristo e lhe manteve os bens e a atividade. O Concílio de Salamanca, na Espanha, os declarou inocentes remetendo suas conclusões ao Vaticano, que não se manifestou a respeito. Espera-se que, como ocorreu em relação a Galileu e Lutero, ainda o faça.
O mais interessante, porém, segundo revela a escritora Dinah Silveira de Queiroz, é que os Templários, expulsos da França, instalaram-se em Tomar, ao sul de Coimbra, onde recuperaram seu prestígio e riquezas. Foram eles, segundo a escritora patrícia, conforme pesquisas efetuadas na Torre do Tombo, quem financiaram Dom Manuel, "O Venturoso", para a realização das grandes descobertas de além-mar, no que se inclui o Brasil.
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