outubro 05, 2021

AS ORIGENS DA MAÇONARIA (parte 4) - Suami Paula de Azevedo

 


Suami Paula de Azevedo, M:.M:. – A:.R:.L:.S:. “Campos de Mirambava, n. 3021

Racionalismos

Insistentemente temos demonstrativos históricos de que passavam a fazer parte das associações de pedreiros as “pessoas mais distintas da sociedade escocesa”, incluindo-se príncipes e reis. Todos especialmente a partir daquele século, mas seguindo em frente até a atualidade.

Isto faz-nos identificar esta nova faceta dos maçons, dos pedreiros, extremamente ligada àqueles antigos cavaleiros, monges-guerreiros. Sejam nos aspectos de visões religiosas, sejam nos aspectos de ritualísticas. Sinais inegáveis. E todos “vinculados a uma leitura do início do cristianismo, na sua formação hebraica”. E isto não apenas em relação a expressões linguísticas, mas também nos significados mais antigos daquela cultura nas nossas tradições.

E tais absorções foram-se seguindo não apenas nos Graus Simbólicos, mas especialmente nos Graus Filosóficos, em que são possibilitados conhecimentos muito mais amplos da formação histórica do Homem Ocidental e suas referências explícitas aos Cavaleiros Templários.

Fica patente que após os romanos terem assumido o Cristianismo, modularam a sua leitura. Diferenciaram-se das tradições hebraicas, certamente, ainda que com as três alternativas de apreensão com “Jesus: Deus-Homem-Filho-de-Deus”, ainda que fosse judeu. E algumas dessas diferenças foram-se tornando demasiado fortes, na interpretação dos Cavaleiros Templários.

Observa-se, inegavelmente, alguma ligação de “interpretação racionalista” dos Templários para os documentos dos primórdios do Cristianismo. Algo que, sem dúvida, se achega ao Gnosticismo. Não se tem condições ainda hoje de afirmar com segurança essa vinculação. Mas o tempo nos há de permitir alcançar mais dados, sejam contra ou a favor dessa postura. Não há como negar que a Maçonaria sempre se posicionou em postura bastante racionalista. Mas, ante às inúmeras intervenções nesses séculos, não apenas sobre os rituais, como sobre a simbologia, temos de aprofundar os estudos para alcançarmos mais clareza.

E deixemos aqui também mais uma dúvida. Há informações insistentes de que os Templários seguiram o “Santo Graal”, a lenda do casamento e sucessão de Jesus. Que também afirmam que Jesus não foi crucificado, sendo o seu corpo lavado após. E aí, neste último ponto, temos um contraditório. Hoje sabemos que o Santo Sudário foi mantido pelos Templários, além de já o termos reconhecido como real, sendo as marcas nele existentes iguais às descritas na Bíblia sobre os ferimentos de Jesus (Frale).

Estamos aqui referindo-nos aos Templários baseados na Escócia. Em Portugal (Cavaleiros de Cristo) e Espanha (Cavaleiros de Montesa) submetiam-se à Igreja Católica Romana.

Com certeza temos muito a descobrir, a aprender. Precisaremos de mais tempo e vontade.

A Ordem Maçónica Hoje

Somente a partir do século XVIII, em 1717, com a declaração expressa da Ordem Maçónica, que só se reconhece totalmente Especulativa, é que os seus membros puderam passar a ser apenas discretos. Ainda assim, em muitos países e épocas posteriores, nesses últimos trezentos anos, perseguições ocorreram.

Apenas nos dias de hoje, mesmo no Brasil, a Ordem Maçónica não é oficialmente insegura. Porém, as mentiras inquisitoriais persistem, contra a Maçonaria, como o foi contra os Templários. A Igreja Católica persiste mantendo sob o jugo Inquisitorial quem apoia a Maçonaria. Esta área da Igreja recebeu outro nome em 1904 e em 1965 passa a denominar-se “Congregação para a Doutrina da Fé”. Ainda que tenhamos exemplos demonstrativos de razoabilidade, até no Brasil, conforme texto de D. Eugênio de Araújo Sales (2001).

Ainda, neste momento não podemos afirmar, por falta de documentação histórica a ser exposta, que foi por decisão da Ordem dos Cavaleiros Templários que se criou a Ordem Maçónica atual em que temos seguidores por todo o mundo. Isto se faz apenas evidente se nós fundamentarmos a nossa nova origem na Escócia.

Ainda assim, fica absolutamente evidente que “somos os seus continuadores”, queiram alguns ou não.

Particularmente, não entendemos que o tanto que seguimos dos ritos templários tem apenas semelhanças copiadas, como forma de metáfora. E nem porque devamos seguir esses ritos por representarem mitos modelares “interessantes”. Parece-nos, sim, que precisamos buscar, em estudos mais aprofundados, identificarmos os modelos exemplares instruídos pelos Templários e que seguimos, ainda sem interpretá-los plenamente.

“Na Ordem Maçónica temos posturas militares, temos posturas religiosas, temos posturas de reflexão, temos posturas físicas. Todas rígidas. Todas fundadas em formas de Conhecimento na busca de interpretação, entendimento do Universo”. Rituais as exigem.

A nossa finalidade, enquanto Fraternidade, enquanto Ordem, é tornar o mundo em que vivemos mais acessível, para torná-lo mais em condições de se adequar as nossas necessidades de uma vida melhor para todos na actualidade e no futuro.

Suami Paula de Azevedo, M:.M:. – A:.R:.L:.S:. “Campos de Mirambava, n. 3021


Bibliografia

Anatalino, João. Conhecendo a Arte Real. Mogi das Cruzes, Ed. Autor, 2017.

……………………… Mestres do Universo. S. Paulo, Biblioteca24x7, 2010.

Aslan, N. História Geral da Maçonaria. Rio de Janeiro, Aurora, s/d.

Castellani, José. Origens do Misticismo na Maçonaria. S. Paulo, A Gazeta Maçónica, 1995.

Costa, W. V. Maçonaria, Escola de Mistérios. S. Paulo, Madras, 2006.

Cryer, Re. N. B. Cavaleiro Templário e de Malta. S. Paulo, Madras, 2010.

Dafoe, S. O Compasso e a Cruz. S. Paulo, Madras, 2009.

……………. Nascidos em Berço Nobre. S. Paulo, Madras, 2009.

DuQuette, L. M. A Chave de Salomão. S. Paulo, Pensamento, 2008.

Feather, R. O Mistério do Pergaminho de Cobre de Qumran. S. Paulo, Madras, 2011.

Figueiredo, J. G. Dicionário de Maçonaria. S. Paulo, Pensamento, 1998.

Fraissinet, E. S. Ensaio sobre a História da Ordem dos Templários. Paulo, Madras, 2005.

Frale, B. Os Templários e o Sudário de Cristo. S. Paulo, Madras, 2014.

………….. Os Templários e o Pergaminho de Chinon. S. Paulo, Madras, 2007.

Gardner, L. A Linhagem do Santo Graal. S. Paulo, Madras, 2004.

Gest, K. Os Segredos do Templo de Salomão. S. Paulo, Madras, 2011.

Haag. M. Os Templários, História e Mito. S. Paulo, Prumo, 2009.

Horne, A. O Templo do rei Salomão na Tradição Maçónica. S. Paulo, Pensamento, 1995.

Howells, R. Por Dentro do Priorado de Sião. S. Paulo, Planeta, 2012.

Lamy, M. Os Templários. Digital Source, s. d.

Lomas, R. Os Segredos da Maçonaria. S. Paulo, Madras, 2011.

……………… Girando a Chave Templária. S. Paulo, Madras, 2009.

Knight, C. e Butler, A.. A Confraria de Salomão. S. Paulo, Pensamento, 2010.

Knight, C. e Lomas, R. A Máquina de Uriel. S. Paulo, Madras, 2006.

………………………………. O Livro de Hiram. S. Paulo, Madras, 2007.

………………………………. A Chave de Hiram. S. Paulo, Landmark

Montagnac, E. História dos Cavaleiros Templários. S. Paulo, Madras, 2005.

 https://www.freemason.pt/origens-da-ordem-maconica-reflexoes/?utm_source=mailpoet&utm_medium=email&utm_campaign=publicamos-mais-um-artigo-newsletter-post-title-freemason-pt_2 Origens da Ordem Maçónica

Tourniac, J. Da Cavalaria ao Segredo do Templo. S. Paulo, Madras, 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário