Suami Paula de Azevedo, M:.M:. – A:.R:.L:.S:. “Campos de Mirambava, n. 3021
Templários e Maçons
Observe-se que, ainda que muito lentamente, descobre-se dados que sustentam a “proximidade original entre a Ordem dos Templários e a Ordem Maçónica”. Em 1610 foi descoberto em Paris, por Aubert-le-Mire, cientista e historiador, decano de Anvers, um Código de Regras composto por 72 artigos, determinado por São Bernardo, definindo como os Templários se deviam portar em relação à hierarquia, à disciplina e ao cerimonial.
Três outros códigos manuscritos foram também encontrados, em 1794, na Biblioteca do Príncipe Corsini, pelo cientista dinamarquês Münster; outro na Biblioteca Real por M. Guérard, conservador e restaurador; nos Arquivos Gerais de Dijon por M. Millard de Cambure, mantenedor dos Arquivos de Borgúndia, de 1840. E, observe-se que historiadores identificaram neste terceiro Código as maneiras de iniciação dos “irmãos cavaleiros”, chamando muito a atenção o tanto de “coincidências” com os rituais maçónicos.
Apenas para chamar a atenção, estava disposto que o capelão, depois que o irmão recebia o seu manto, o seguia entoando, destacadamente o Salmo 133.
Os Templários trouxeram à Europa muitos símbolos e cultos não apenas das tradições antigas hebraicas, mas também das associações maçónicas. A reserva dessas práticas, ao serem visualizadas implicaram, também, em gravíssimas acusações.
Na Escócia, vão ocorrer, hoje sabemos, misturas em práticas Templárias com algumas tradições locais, tais como os antigos ritos celtas de Heredom. Hoje podemos identificar alguns desses pontos no que muito mais adiante se vai fazer o Rito Escocês Antigo e Aceito.
Alguns estudiosos ressaltam o desenvolvimento do culto de um “gnosticismo ecléctico que admite e harmoniza os princípios de várias religiões, conciliando o politeísmo na sua essência com os mistérios mais profundos do cristianismo”.
E, veja-se, foram ligados, de um lado, a antiga concepção de Deus com, de outro lado, os conceitos de “Sabedoria, Força e Beleza”, que se estabelecem na Maçonaria. E ainda vamos identificar nos Altos Graus, uns conceitos além, como “Sabedoria, Estabilidade e Poder”, pontos provindos do Santo Graal, referindo-se a “Justiça dos Governos, Sabedoria das Leis e Pureza dos Costumes”. É nesta que se fundava a “arte de governar os povos”.
Tratando-se ainda de documentos encontrados, sabe-se que desde Napoleão Bonaparte, na invasão a Roma, em 1809, tem-se o registro de testemunho de um Templário (Jean de Châlons) que se refere a “três carroças enormes puxadas por cinquenta cavalos que tinham saído, na quinta-feira, 12 de Outubro de 1307 (véspera da prisão dos Templários), do Templo de Paris, conduzidas por Hughes de Châlons, Gérard de Villers e cinquenta outros cavaleiros, transportando “totum thesaurum Hugonis Peraldi”. Diz ainda que teriam seguido para La Rochelle onde embarcaram em 18 navios para local não informado. Observe-se que Bonaparte sempre se tentou tornar um Cavaleiro Templário e Maçom, sem nenhum sucesso.
Não pode ser esquecida a presença destacada de membros da Família nobre da Escócia, os St. Clair (Saint Clare), hoje denominados de Sinclair, que com a construção da Capela de Rosslyn, no século XV, destacam-se como figuras centrais da Maçonaria Templaria.
Aliás, este templo guarda muitos sinais e símbolos templários e maçónicos, nem todos ainda explicitados. Há pontos da Capela que as autoridades escocesas não autorizaram ainda a adentrar, quando é sabido que os St. Clair tinham ancestrais que lutaram como Templários no Oriente Médio e de lá, como da França, trouxeram para a Escócia muito material, tanto Templário como hebreu, até hoje ainda não plenamente exposto, mesmo que uns tantos sejam revelados em publicações de estudiosos dessa mesma Família.
Aliás, além disso, alguns outros sinais, como “espiga de milho”, trazidas da América (em viagem de 1398, muito antes de Colombo), com barcos templários, estão claras na decoração da Capela. O historiador Andrew Sinclair o relata (como citado por Gardner). Assim, são muitos e demasiado fortes os demonstrativos das ligações, por múltiplos referenciais, do Templarismo com a Maçonaria.
De fato, não podemos deixar também de considerar o demonstrativo histórico de um documento, ainda hoje conservado na Sala do Conselho do Mark Mason´s Hall, registrando a sequência de Gãos-Mestres Templários, após DeMolay, que teria transferido a Johannes Marcus Larmenicus a sua sucessão, desde 1313. Quando esse ficou muito idoso, redigiu uma carta de transmissão de poderes a outro Templário, Theobaldus, que os sucessores foram repassando aos demais até o último registrado ali, Bernard Raymond, em 1804. Estes sucessores templários vivenciaram muitos problemas, quebraram modelos antigos rígidos, com Cavaleiros, contestando o que o Grão-Mestre definia, como está documentado.
Porém, como definiram que DeMolay renunciou ao Grão-Mestrado? Onde e quando foi feito o documento que isso estabelecesse, se ele estava isolado, sem acesso? E quem eram esses “cavaleiros templários” desconhecidos de todos? E, que definiram na renúncia desse Larmenius (1324), que os Templários que saíram da França para a Escócia, no século XIV, não passavam de desertores, como de traidores a serem excomungados. O facto é que esses “templários”, reais ou irreais se exterminaram em 1848, como podemos ler nas suas atas e decretos. Nada os fundamentou (Montagnac).
A História da França oficial, quando se refere a fundação da Abadia de St. George, registra alguns dados que devemos considerar. Diz que o Grão-Mestre de Auverne, Pierre D’Aumont, fugiu para a Escócia em 1307, junto com dois Comandantes e cinco Marechais de Campo, desembarcando na Ilha de Mull. E ali, “disfarçados de maçons” (operativos), denominavam-se “maçons-livres”, ou “pedreiros-livres”. Esta expressão estaria ligada, a partir de 1314, a ideia de não estarem mais subordinados a nenhuma ordem militar ou religiosa. Afirma-se que eles “adaptaram os seus rituais templários para fazer uso simbólico das ferramentas do ofício de Maçom” (Montagnac).
Entenda-se também, que o Discurso de Ransay, impresso em 1738, não deve ser omitido, ou esquecido aqui, contudo, ele apenas afirma a ligação da nossa Ordem com a Cavalaria Medieval. No entanto, não sustenta essa afirmação.
Há afirmações de que é desta origem a instalação do Rito da Estrita Observância, na Alemanha e na Escandinávia (que é a denominação dada no continente europeu ao Sistema de Ramsay, desenvolvido pelo Barão de Hund). Esse Rito, mais tarde, ainda daria origem ao Rito Escocês Rectificado e às Ordens Martinistas.
Seguramente, o mesmo deve ter ocorrido noutras partes da Europa.
O que se constata são pontos não plenamente explicitados entre, por exemplo, Rosslyn, no século XV, e Londres, no século XVIII, em 1717.
Ainda, considerando os primórdios, na Escócia, não podemos negar os demonstrativos de muitos pesquisadores de que temos, destacadamente, numerosos sinais, desde o século XIV, em túmulos como em construções, com identificações não apenas de Templários, como de Maçons, além dos seus modelos de construção.
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