(O que poderia ser um devaneio do autor, que prefere não se identificar, vem, pasmem, ocorrendo com frequência)!
O assunto que ora abordamos é mais um caso real e que, cremos, se passa no cotidiano de várias Lojas Maçônicas.
Trata-se do abandono, do desprezo e da falta de percepção sobre o próximo, quando o próximo está longe.
Em uma das nossas Lojas aconteceu um fato corriqueiro: Um dos nossos Irmãos faltou à Sessão. Passou-se o primeiro dia, o segundo e vários outros sem que nenhum Irmão houvesse feito uma ligação para saber o que acontecera. Todos estavam absorvidos por suas atividades no mundo não maçônico e a irmandade esvaiu-se pelo ralo, afinal de contas, Irmão (para muitos) só é Irmão quando presente nos dias de reunião.
Maçonaria é para voluntários, se ele não veio é porque não quis ou porque estava envolvido em sua atividade profana, diziam uns. Na próxima semana ele virá, diziam os outros mais otimistas. Outros, sequer perceberam a falta do Irmão. O fato é que o obreiro havia sido submetido a uma cirurgia. Sua família não sabia que tinha que avisar a Loja e as pessoas que o cercavam não sabiam que ele era Maçom (para alguns, isso ainda é um segredo a ser guardado a sete chaves).
Somente sua ausência avisaria que ele não poderia comparecer à Sessão, acreditou o moribundo. A ausência cumpriu seu dever. Falou, gritou, berrou, contudo não conseguiu alcançar o duro coração dos Irmãos. Ninguém lhe ouviu. Então, reinou silêncio nas Colunas e no Oriente.
A cirurgia do obreiro não foi um sucesso e ele permaneceu internado no hospital por dias. Recebeu visita de todos, menos dos Irmãos. Não sucumbindo à enfermidade, partiu para o Oriente Eterno. No enterro, todos, menos os Irmãos. Na missa de sétimo dia, todos, menos os Irmãos.
Dizem que, às vésperas da morte, sussurrou: “Irmãos, por que me abandonastes?”
Decerto, se ele fosse Obreiro de uma Loja em que todos não apenas se tratassem, mas fossem realmente Irmãos, no dia de sua ausência ou no dia seguinte, todos saberiam o motivo de sua falta e o apoiariam. Quem sabe ele estaria vivo. Tratamo-nos por “Irmãos" e várias pranchas já foram escritas justificando o termo, contudo, o que sai da boca não entra no coração.
Somos experts nos Rituais, na legislação e no conhecimento Maçônico. Falta-nos, porém, emoção, sensibilidade, solidariedade e fraternidade para com o próximo.
Há grande diferença entre tratar “por” Irmão e tratar “como” Irmão. É mais que semântica.
Precisamos amar mais, viver mais e agir mais para que, num futuro não muito distante, não venhamos ser o próximo a dizer: “IRMÃOS, POR QUE ME ABANDONASTES?”
(Autor desconhecido)
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