A Solidariedade Maçônica não consiste, como creem o vulgo e o profano, no amparo incondicional de um Ir∴ ao outro.
Os laços da Fraternidade, quanto ao amparo moral ou material (individual ou coletivo), são oferecidos àqueles que, apesar de praticarem o Bem, sofrem os revezes das vida.
Para os que, trabalhando lícita e honradamente, correm o risco de soçobrar; ou mesmo para os que, tendo fortunas, sentem infelicidade em seu interior e amargas suas almas.
Para estes IIr.’. a Solidariedade Maçônica deverá e será colocada em prática, pois aí haverá uma causa justa e nobre.
Em nossa iniciação, juramos amar o Próximo como a nós mesmos, cuja máxima representava o compasso sobre o nosso peito, na justa medida para a construção do mundo de Fraternidade Universal.
Juramos ainda defender e socorrer nossos IIr∴; todavia, quando um Ir∴ se desvia da Moral que nos fortifica, ele simplesmente rompe a Solidariedade que nos une.
Estará então em condições notórias de deixar de ser um Ir∴, perdendo todos os direitos ao nosso auxílio material e, principalmente, ao nosso amparo moral.
Há quem defenda que Irmão será sempre Irmão, contudo a própria legislação que rege a Ordem declara sua suspensão desse Direito, sob determinadas circunstâncias.
Logo, essa Solidariedade não dá guarida à ignorância e ao preconceito.
Em igualdade de circunstâncias, devemos preferir um Ir∴ a um profano; mas nunca devemos fazê-lo se assim cometermos uma injustiça - a cada um, o que é de seu mérito.
Ela não existe para ferir nossa consciência.
Seus ensinamentos nos conduzem a proteger um Ir∴ no que for justo e honesto, mas sem boas e justas razões não devemos favorecê-lo pelo simples fato de ser Ir∴.
Ademais, tal Princípio nos ensina tanto a dar quanto a não pedir sem a justa necessidade.
A Ordem, idealmente, só admite entre os seus membros aqueles que são probos, de caráter ilibado, que tenham a faculdade chamada inteligência e que sejam livres e de bons costumes.
Assim é natural que MM∴ cheguem a posições sociais elevadas, visto se destacarem por suas qualidades pessoais.
Se alguém pretende obter o mesmo, utilizando-se unicamente de um sistema de favorecimento, proteção e acobertamento fazem mal em entrar para o seu seio.
Sua admissão padece de vício insanável, de erro essencial quanto à pessoa.
Para estes casos, nossa Ação Moral, nossos Princípios e Leis hão de serem instrumentos seguros para separarmos o joio do trigo - e ficarmos com o trigo.
A Solidariedade, aliás, não está adstrita aos Ir∴, estende-se a todos os Homens e se materializa não apenas no amparo imediato, mas na educação.
O exercício da Solidariedade, assim, deve pautar-se em duas palavras - tolerância e humildade.
A predominância da Humildade se faz necessária em todas as ações que empreendermos e desenvolvermos, para que o auxílio não se transforme em esmola e enodoe a alma do necessitado.
A Tolerância para com os nossos semelhantes, quer em suas opiniões, quer em suas crenças, impõe-se para garantir a Liberdade e a Justiça.
É pensamento muito bem traduzido por Voltaire: “Discordo de tudo quanto dizes, mas defendo até a morte o direito de dizê-lo.”
Ambas serão, portanto, utilizadas para Educar os que necessitam e, pelo processo dual, nos educarmos.
Ensinar aquilo que realmente sabemos e com isto nos instruir também.
Corrigir e alertar para os erros que atentem quanto à ética e compromissos inerentes à sociedade.
Cabe aqui encerrar com La Fontaine, em trecho do prefácio de “FÁBULAS DE ESOPO”:
...“Antes de sermos obrigados a corrigir nossos maus hábitos, é necessário que nos esforcemos para torná-los bons”...
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