Quando Estácio de Sá chegou ao Rio de Janeiro, em 1565, os índios chamavam de Socopenapan o areal onde hoje fica Copacabana, por ser ali uma área em que os pássaros socós gostavam de pousar. No século seguinte, mercadores peruanos trouxeram uma cópia da imagem da Virgem Maria – que era venerada pelos habitantes da península de Copakawana (localizada no Lago Titicaca, entre o Peru e a Bolívia) – e a fixaram no platô de pedras localizado no final da praia. Tempos depois, foi construída, no local, a Capela de Nossa Senhora de Copacabana, nome que acabou batizando a fazenda que se estendia do Leme ao final do Leblon.
Na segunda metade do século XIX, a Fazenda Copacabana começou a ser fracionada e vendida em grandes lotes. Um dos pioneiros da região foi o médico Figueiredo Magalhães, que comprou uma enorme área na região da atual Praça Serzedelo Correia. Em 1872, ele abriu uma clínica próxima à praia e organizou uma linha de diligências para que seus pacientes pudessem chegar até lá.
O movimento em direção a Copacabana se iniciou, mais precisamente, em 1892, com a abertura do Túnel Velho (Alaor Prata), interligando o local a Botafogo, bairro da elite carioca de então. No mesmo ano, também chegou até lá uma linha de bonde da Companhia Ferro-Carril Jardim Botânico. O primeiro acesso terrestre à região se deu, contudo, pelo Caminho dos Pretos Quebra-Bolos, conhecido como Ladeira do Leme.
Nas duas primeiras décadas do século XX, Copacabana era um lugar bucólico, onde pequenos grupos, elegantemente vestidos, passeavam à beira-mar para desfrutar a brisa e a paisagem. Naquela época, a valorização da cultura praiana era uma tendência internacional, de forma que, nos fins da década de 1910, luxuosos palacetes podiam ser vistos na Avenida Atlântica e em outras ruas internas do bairro. Foi nesse contexto que o então presidente da República, Epitácio Pessoa, por ocasião das comemorações do Centenário da Independência, solicitou a Otávio Guinle a construção de um suntuoso hotel aos moldes dos existentes na Riviera Francesa. Segundo a historiadora Julia O’Donnell, autora do livro A Invenção de Copacabana, a solicitação era uma proposta arriscada, mas que trazia em seu bojo um projeto de construção de uma identidade brasileira elegante e de exportação, aceito pelo empresário.
Inaugurado em 1923, não demorou muito para que o Copacabana Palace virasse um dos símbolos da cidade e palco do requinte por onde passavam grandes personagens da realeza, dos esportes, da música, do cinema, da política e do business internacional. Em 1933, as dependências do hotel foram usadas, inclusive, como cenário de Flying down to Rio, um marco dos filmes musicais por ter sido a primeira vez em que Fred Astaire e Ginger Rogers – dupla de estrondoso sucesso de Hollywood – dançaram juntos. O Golden Room, tido como a primeira casa de espetáculos da América Latina, começou a abrigar, desde quando foi aberto, em 1932, shows de personalidades do porte de Josephine Baker, Ella Fitzgerald, Ray Charles, Marlene Dietrich e Nat King Cole.
Com uma imagem definitivamente ligada a elegância, luxo, brasilidade, cosmopolitismo, corpos bronzeados e modernidade praiana, Copacabana começou a crescer verticalmente a partir da década de 1930. No final dos anos 1950, sua população atingia quase 130 mil habitantes. As luxuosas casas do bairro deram lugar aos edifícios, com apartamentos cada vez menores, que abrigavam moradores oriundos dos mais diversos lugares da cidade. Também proliferaram butiques, cinemas, teatros, bares, restaurantes, novos hotéis e lojas de todo tipo, impregnando o bairro com uma atmosfera alegre e contemporânea.
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