Em 1314, muitos Cavaleiros Templários ajudaram Robert de Bruce a tornar a Escócia livre da Inglaterra, na famosa Batalha de Bannockburn, no dia 24 Junho (dia de São João – solstício). Um dos Cavaleiros Templários a lutar ao lado de Robert, the Bruce foi Sir William St. Clair, terceiro e último Príncipe de Orkney. Uma sociedade secreta contemporânea chamada Scottish Knights Templar (Cavaleiros Templários da Escócia), ainda hoje, comemoram a batalha de Bannockburn, na Capela Rosslyn, o dia em que “O véu foi levantado dos Cavaleiros Templários”.
Com a queda dos Templários, muitos refugiaram-se na Escócia pois este país estava excomungado, e os templários fugitivos tiveram a proteção de Robert de Bruce e, também, das corporações de pedreiros-livres escocesas. Com o retorno da Igreja na Escócia, as propriedades templárias, foram divididas, partes para os Hospitalários e parte para os donos originais, dentre eles, a família St. Clair, que além de ter vários membros da sua família iniciados templários, eram os Grão-Mestres hereditários das corporações de ofícios de Rosslyn.
A ligação entre os St. Clair (posteriormente, o nome vira¬ria Sinclair) e os Templários já remonta a própria fundação da Ordem. O fundador e Grão-Mestre da Ordem Templária, Hughes de Payens, foi casado com Catherine St. Clair. Hughes e Catherine visitaram as terras dos St. Clair de Rosslyn, e lá estabeleceram a primeira comendadoria dos Templários na Escócia, no qual se tornaria o quartel-general naquele país. Além do casamento entre Hugues e Catherine, muitos outros St. Clairs foram iniciados na Ordem do Templo, assim como grandes doações a Ordem era proveniente dessa família.
Pelo que se sabe, William St Clair temia que os “segredos templários” caíssem em mãos erradas ou se perdessem. Temia escrevê-los num livro, pois poderia ser queimado ou destruído, e temia a tradição oral, pois algo poderia ser perder, ou uma geração poderia não passar adiante por moti¬vos de morte prematura. Preferiu construir uma capela, que seria um “Livro de Pedra”, mas, somente, conhecendo a “chave” certa se poderia ler tais segredos nos seus símbolos. Por mais de 40 anos e pelo custo de uma fortuna, William St. Clair de Rosslyn, o terceiro e último “Jarl” (conde) de Orkney, desenhou e construiu a Capela. Sendo uma Capela, não haveria desconfiança por parte da Igreja de Roma.
A palavra “Rosslyn” tem origem hebraica, significando algo como “O lugar onde se oculta o segredo“. Por fora, é uma rústica catedral gótica. Mas por dentro, é uma sinfonia em pedras esculpidas, onde cada centímetro do interior da capela é coberto com símbolos. Fora construída de acordo com a “sagrada geometria”.
A Capela de Rosslyn, na verdade, foi a terceira capela edificada na propriedade da família Sinclair. Está localizada a dez quilómetros, ao Sul de Edimburgo, em Lothian, Escócia. Nela, pairam segredos e mistérios que envolvem os Templários e que culminam em lendas sobre esta construção ser o “paradeiro” do Santo Cálice, ou de grandes conhecimentos secretos ali escondidos pelos Cavaleiros da Ordem do Templo, sendo construída quase 150 anos após a supressão da Ordem Templária. Os próprios domínios de Rosslyn ficavam a poucos quilómetros do antigo quartel-general escocês dos Templários.
A pedra de fundação foi colocada em 21 de Setembro de 1446 (dia de São Mateus, equinócio), por isso recebeu o nome de Collegiate Chapel of St. Matthew. A sua orientação é de Leste para Oeste. Tal posição foi marcada a partir do nascer do sol dessa data, como era de costume dos pedreiros da época (através do gnomon do arquiteto, com base no côvado do local).
A Ordem do Templo está muito bem representada nas paredes da Capela de Rosslyn. A planta da capela é baseada na cruz templária, e uma figura em alto relevo mostra dois cavaleiros num cavalo, numa alusão ao Selo da Ordem. Além disso, está representada nas suas paredes: José de Arimatéia transportando o Santo Graal; Uma imagem semelhante a do Santo Sudário; 200 imagens do deus nórdico Mimir, também, chamado de Homem Verde (às vezes relacionado com o deus babilónico Tammuz); Figuras de reis, pontífices, cavaleiros… Todos sendo seguidos por uma figura parecendo um esqueleto, talvez representando a morte; o deus grego Hermes, em alusão ao hermetismo; Três colunas, ligadas a cada Grau Simbólico Maçónico, desta¬cando-se, pela sua beleza, a “Coluna do Aprendiz”, que mostra a “Árvore da Vida” da Cabala.
Existe uma lenda em torno da “Coluna do Aprendiz”, de que um mestre pedreiro (The Master Mason) recebeu a tarefa de esculpir uma pilastra, única e maravilhosa, mas as suas habilidades não eram suficientes para tal empreitada. Por isso, foi a Roma para aprender a técnica correcta para concluir o seu trabalho. Ao voltar, viu que o seu aprendiz tinha esculpido a pilastra com maestria. O mestre pedreiro, com inveja e ódio, matou o aprendiz com um golpe na cabeça com o seu malhete. O mestre pedreiro teve que pagar pelo seu crime. O aprendiz ficou imortalizado com a sua cabeça esculpida no interior da capela. Ao seu lado esquerdo está a escultura da cabeça da sua mãe. Em nenhum ponto se encontra a figura do pai do aprendiz. Alguns acreditam que o aprendiz era filho de uma viúva. Esta lenda é muito semelhante à lenda do mestre Hiram Abiff, mestre construtor do Templo do Rei Salomão.
Em várias culturas se encontram elos que ligam o sacrifício à renovação. Com a capela de Rosslyn, as influências nórdica e celta são bem claras. A Coluna do Aprendiz é, obviamente, uma representação da Árvore da Sabedoria, chamada de “Yggdrasil”, na qual Odin, divindade máxima do panteão nórdico, fez p seu sacrifício para obter o segredo da sabedoria da cabeça decepada do deus Mimir. O seu sacrifício foi recompensado com as Runas.
A Coluna do Aprendiz possui esculturas dos dragões de Neilfelheim deitados, alimentando-se das raízes de Yggdrasil. Os Cavaleiros Templários, durante a sua actuação em toda Europa e Ásia menor, construíram diversas Igrejas, frequentemente, em forma circular, similar à do Santo Sepulcro de Jerusalém.
A capela escondeu durante 600 anos um código musical secreto nas suas paredes, segundo estudiosos. O Especialista Stuart Mitchell, decifrador de códigos da britânica Royal Air Force, e o seu filho Stuart, pianista e compositor, analisaram as inscrições dos arcos da capela e afirmaram ter descoberto uma partitura encriptada nos símbolos das suas paredes, definindo o achado como “música congelada”. “A música foi congelada no tempo pelo simbolismo”, explicando que o projecto para decifrar o código de Rosslyn levou 27 anos. As pesquisas começaram quando perceberam que os 13 anjos músicos esculpidos, detalhadamente, nos arcos da capela, e os 213 cubos que os acompanhavam, descreviam pautas geométricas. Chamaram à peça “Motete de Rosslyn” e acrescentaram-lhe a letra de um hino contemporâneo.
No entanto, talvez a mais intrigante escultura seja a de um candidato sendo iniciado. Há uma corda em torno do pescoço do candidato e uma venda que lhe oculta os olhos. Quem o segura, logo atrás, aparece com uma cruz templária no peito. A cena ritualística leva-nos a reflectir sobre a origem e influência da ritualística maçónica.
As organizações maçónicas que aparecem, formalmente, no século XVIII encontram-se entre o conjunto de instituições que herdaram o conhecimento, as práticas, os rituais e símbolos templários, no que se refere à sua ala oculta. Igual sorte e benefício tiveram muitas outras organizações, ora centradas na investigação científica e alquímica, ora no aprofundar do espiritualismo, do hermetismo ou dos rituais antigos.
Em 1560, a Reforma da Igreja Escocesa, obrigou à destruição dos altares e das figuras de santos católicos na Capela de Rosslyn, e, obviamente, ao encerramento dos cultos públicos. Desde aí, a Capela escapou mais ou menos intacta aos ventos da história, sendo inclusive renovada (altar novo, vitrais, substituição de pedras quebradas). Apesar de uma possível restauração ter sido cogitada em 1736, as obras, somente, foram iniciadas no início do século XIX, sendo reaberta, em 1861, pela Igreja Escocesa Episcopal, que nela continua, hoje, a celebrar culto, apesar da crescente pressão turística.
Em 1982, um trio de “especialistas” britânicos (Baigent, Leigh e Lincoln) publicou “O Sangue de Cristo e o Santo Graal”, estabelecendo uma conexão, até então insuspeita, entre a Capela de Rosslyn e o Castelo francês Rennes. A ligação reconduzia a Pierre Plantard, autointitulado Saint- Clair e líder do chamado Priorado do Sião. Uma vez que o apelido da família era o mesmo, Rosslyn teria, também, sido habitada por descendentes de Cristo e poderia muito bem guardar o Santo Graal ou outras preciosidades do género.
Muitos mitos e lendas estão associados à Capela Rosslyn, como uma suposta ligação a “Linha Rosa” original, sendo atravessada pelo Meridiano de Paris. Tal suposição foi popularizada no romance “O Código Da Vinci”, pelo autor americano Dan Brown. Ele identificou o Meridiano de Paris, com a suposta linhagem de Jesus Cristo e Maria Madalena, bem como a Capela de Rosslyn, na parte central do seu romance. Apesar de ser uma obra de ficção, o autor utilizou-se de evidências históricas para confeccioná-la o que, apenas, aumentou, ainda mais, as especulações sobre esta misteriosa capela.
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