janeiro 11, 2022

ABREVIATURAS MAÇÔNICAS - Irm∴ Marcos A. P. Noronha



Antes de falar sobre a correta forma de fazer as abreviaturas maçônicas, há que ser apresentada a seguinte questão: Por que são utilizadas abreviaturas na Maçonaria? Para que expressões maçônicas, principalmente aquelas contidas nos Rituais não sejam entendidas por profanos.

A partir da transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa que se deu no ano de 1600, com a admissão do primeiro elemento estranho ao ofício (John Boswell na Loja Capela de Santa Maria em Edimburgo – Escócia) e, posteriormente, com o marco que inaugura a Maçonaria Obediencial, em 1717, momento que surgiu a figura do Grão-Mestre, houve, por consequência um incremento na parte ritualística, mas com as falas decoradas, pois era proibido fazer cópias manuscritas.

Com o tempo surgiram as cópias em todo o meio maçônico.

Segundo o Mestre Castellani (apud Irmão Alfério Di Giaimo Neto, Pílula Maçônica No 51), para dificultar o entendimento, caso essas cópias caíssem em mãos de profanos, as palavras foram abreviadas. Essa supressão de fonema ou de sílaba no final da palavra denomina-se apócope.

O Irmão Alfério afirma que esse sistema era e continua sendo utilizado também em documentos transferidos entre Potências Maçônicas. 

Na Inglaterra, EUA, Nova Zelândia e Austrália a abreviação é feita por um ponto, somente. Contudo, na França e países da América Latina, a abreviação é tripontuada.

Assim, nos países acima citados, como é o caso do Brasil, a abreviatura é realizada por intermédio de apócope de palavras escritas, colocando três pontos, em formato de delta, logo após o corte na palavra. 

Manifestamente, as palavras que são abreviadas devem ser compreendidas pelos Maçons, para tal objetivo existe uma regra que deve ser conhecida pelos Obreiros da Arte Real.

Nos valendo do Mestre Castellani (Cadernos de Estudos Maçônicos, Consultório Maçônico, Vol. No 2), salientamos que para formar as abreviaturas maçônicas, temos duas regras básicas que devem ser seguidas, a saber:

a) o corte deve ser realizado entre uma consoante e uma vogal. Exemplo: Or∴ = Oriente; Quer∴ Irm∴ = Querido Irmão.

Por isso, a forma correta de abreviar Irmão é Irm∴.

b) o plural das palavras é feito por meio da repetição da letra inicial. Exemplo: VVig∴ = Vigilantes; IIrm∴ = Irmãos.

Jules Boucher no livro “A Simbólica Maçônica” diz: “na Maçonaria, as abreviaturas usadas são do tipo por suspensão ou apócope. Por regra, elas só deveriam ser usadas nas palavras do vocabulário maçônico e jamais para as palavras profanas”. Excluindo algumas exceções, quando admite que há palavras, que por não gerar confusão ou ambiguidade, podem ser abreviadas somente com a primeira letra, Boucher corrobora com o que foi afirmado por Castellani quando assevera: “escreve-se a primeira sílaba da palavra e a primeira consoante da seguinte”.

Dessa forma, em regra, se faz a abreviatura na primeira sílaba, a não ser quando há necessidade de se fazer o corte na sílaba seguinte, para que não haja confusão de qual a palavra que se quer abreviar. Por isso, a forma correta de se abreviar Altar deve ser Alt∴, mas se for abreviar Altar dos Juramentos pode-se abreviar da seguinte forma: A∴ dos JJur∴; assim com Altar dos Perfumes se abrevia como A∴ dos PPerf∴. 

Por essa razão, Maçom deve ser abreviado Maç∴ e Maçonaria, Maçon∴.

Com relação à abreviatura da palavra Irmão, muito utilizada entre nós, salienta Mestre Castellani: “a forma mais usada é Ir∴, que não é bem correta”. 

*Daí utilizarmos e estimularmos a forma correta que é Irm∴.*

Neste sentido, fazemos um elogio à Editora Maçônica “A Trolha”, fundada em 1971 pelo Irm∴ Francisco de Assis Carvalho (o famoso Xico Trolha, grande difusor da enorme cultura maçônica do Irm∴ José Castellani), que sempre abrevia Irmão na forma correta. Fazemos esta citação porque foi a “A Trolha” que nos chamou a atenção para a correta abreviação, ainda quando aprendizes, quando adquirimos vários livros da editora, como por exemplo o acima citado: Cadernos de Estudos Maçônicos, Consultório Maçônico, Vol. No 2, de José Castellani.

Como na senda maçônica procuramos, de forma permanente, utilizarmos as corretas expressões e manifestações de nossa Augusta Ordem, evitando seu desvirtuamento, concluímos, solicitando a todos que tiverem contato com este singelo DIÁLOGO MAÇÔNICO que, de ora avante, procurem fazer as abreviaturas de forma correta, principalmente ao abreviar Irmão, passando a ser um bom disseminador da correta forma de proceder a esta abreviatura.

Brasília, 15 de novembro de 2020.

Autor: Irm∴ Marcos A. P. Noronha – Mestre Instalado.

*Observação:*

Em julho/2016 escrevemos um texto, com o mesmo título deste DIÁLOGO MAÇÔNICO No 004, e o enviamos para o Irmão Alfério Di Giaimo Neto que, gentilmente, o transformou em uma Pílula Maçônica, publicada no site da Loja Solidariedade e Progresso No 3078, em 12/08/2016, com o número 234.

Aquele texto de 2016, que redundou neste Diálogo Maçônico, passou por nova revisão e ampliação.

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