janeiro 18, 2022

APOFENIA E OS MAÇONS - Sérgio Quirino



Sérgio Quirino é um renomado intelectual maçônico e é Grão-Mestre da GLMMG 2021/2024

Talvez seja necessário explicar inicialmente este fenômeno cognitivo. Apofenia é um erro de percepção que ocorre nas pessoas quando identificam padrões e significados em coisas aleatórias e sem nenhum sentido real.

Presenciamos rotineiramente exemplos de apofenia em nosso meio. Alguns são frutos da ingenuidade, outros por criatividade e os mais obtusos, por paranoia mesmo.

São inumeráveis as situações de apofenia na história da humanidade, onde se inventa explicações para aquilo que se desconhece e cria-se analogias delirantes ou comparações entre objetos ou situações a partir de informações incompletas ou coincidências fortuitas de eventos.

Um exemplo real de apofenia perdura por gerações de Maçons, advinda da condição física de um Grão-Mestre: a forma como caminhava. Ele tinha um defeito na perna direita, cuja mobilidade o fazia subir a escada do Ocidente para o Oriente degrau por degrau, colocando inicialmente o pé esquerdo e puxando para cima o direito. Quando os dois pés estavam sobre o degrau, ele lançava novamente o pé esquerdo ao degrau superior e assim puxava a outra perna.

De forma inconsciente, por criatividade ou paranoia, ficou “institucionalizado” que a subida do Ocidente ao Oriente se faz iniciando pelo pé esquerdo e sempre colocando ambos os pés em cada degrau. Afinal, se o Grão-Mestre assim o faz é porque assim deve ser o correto.

A questão é: - Quantas outras “criatividades” estamos inserindo nas práticas da Maçonaria?

Mesclando Ritos com a ritualística temos o exemplo comum de quando um Irmão visita uma Loja que trabalha no Rito Adonhiramita, presencia o incensamento e se encanta. Na reunião seguinte, propõe à sua Loja Escocesa a mesma prática e, com argumentos apofênicos, instala o implante ritualístico.

Embora condenáveis, estas práticas não são as mais danosas, pois afeta uma Loja, quando muito uma Potência e a origem se dá, normalmente, pela ingenuidade ou criatividade de seus membros. O conserto para essas ações chama-se estudo.

Mas, existem, por outro lado, as apofenias maçônicas malignas, muitas vezes, não criadas por Maçons. Apenas e infelizmente elas são compartilhadas e encaminhadas por ávidos Irmãos que querem se destacar no mundo maçônico virtual pelos grupos de WhatsApp e outros meios de comunicação eletrônica.

Diariamente somos bombardeados com mensagens que nos ligam à “Nova Ordem Mundial”, a golpes e contragolpes de governo, ameaças claras ou veladas em textos sutis contra a estabilidade das instituições e o cultivo do ódio entre cidadãos, à ações militares e belicosas, ligações com ideologias desagregadoras da sociedade e formas milagrosas para se obter sucesso individual.

Quem é o beneficiado com tudo isso? Ou é o sujeito paranoico ou é o cidadão mau caráter consciente, criador de falsos conteúdos que, monitorando quantas visualizações teve sua “sapiência”, conquista o status de “influenciador”, “líder” e autoridade no assunto. Daí surgirem as crenças, mitos e aberrações espúrias, inclusive envolvendo perigosamente valores e princípios da Maçonaria; e o pior, alimentados por homens livres e de bons costumes, às vezes incautos, às vezes inocentes ou, em sua maioria, desinformados.

​ A QUESTÃO É: SE NÃO SABEMOS A ORIGEM OU SABEMOS QUE É MENTIRA,

POR QUE COMPARTILHAR?

Seguimos neste 16o ano de compartilhamento de instruções maçônicas, porque acreditamos fielmente que um mundo melhor se constrói pela qualificação do artífice. Precisamos nos reanimar permanentemente para o bom uso do malho e do cinzel.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!


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