janeiro 11, 2022

MISTÉRIOS MAÇÔNICOS - Ir. Augusto Soares Rodrigues de Sousa


Ir. Augusto Soares Rodrigues de Sousa é membro da ARLS Alferes Tiradentes, nº 20. Florianópolis – SC

Ao longo da história da humanidade, diversas culturas encontraram meios próprios de propagar conhecimentos e perpetuar culturas. Muitas foram as formas usadas para, ora divulgar abertamente ensinamentos e dogmas, ora difundi-los de maneira obscura, enigmática.

Os antigos egípcios pregavam sua religião politeísta por meio de monumentos e esculturas destinados à adoração popular, e também praticavam seus cultos secretos com utilização de simbologias indecifráveis ao homem comum e exteriorizadas por hieróglifos, inscrições geométricas que permanecem, em alguns casos, nos dias atuais, ininteligíveis aos mais competentes estudiosos. Tais obras, mormente as grafadas em rocha, mostram-se tão eficientes em ocultar seus reais significados que, mesmo autores atuais, seja da literatura técnica arqueológica, seja do realismo fantástico, ainda lançam ou discutem teorias sobre a representação de visitantes espaciais em peças descobertas nas escavações arqueológicas.

Civilizações indígenas, em especial Maia e Inca, deixaram um igualmente farto legado cultural, ainda não conhecido por completo, que nos demonstra meios de transmissão de ensinamentos que, de acordo com a relevância dos fatos da época, eram abertos, de imediata compreensão, ou vinham cifrados, convertidos em figuras cuja leitura era possível apenas àqueles pertencentes à elite social da época. São obras magníficas como as esculturas da Ilha de Páscoa, as pirâmides mexicana que se remetem à cultura egípcia, e outras tantas que ainda constituem, para o homem moderno, um verdadeiro mistério, eis que não se pode afirmar categoricamente qual seja toda a significação contida em tais símbolos.

A Maçonaria apresenta, a exemplo dessas culturas, tanto métodos ostensivos quanto ocultos para difundir seu ideário e filosofia. Amplamente divulgados e disponíveis aos olhos dos profanos, estão os preceitos da defesa da moral, do valor do trabalho, da liberdade e da harmonia social. É a chamada forma exotérica do ensinamento. Sem restrição, aberta a todos. De outro lado, a forma esotérica, grafada com "s", de semântica oposta, ou seja, significando o ensinamento restrito a poucos, ocultado, é aplicada por nossa instituição como meio hábil a proteger dos olhos profanos suas verdades e filosofia, de sorte que, somente aos iniciados na Ordem será dado conhecer-lhe os preceitos constitutivos, os Mistérios Maçônicos.

A proteção da doutrina maçônica se dá pela metodologia utilizada na transmissão do ideário da Ordem. Seus ensinamentos fundamentais são encerrados em alegorias, símbolos e mistérios. Aqui, mistério deve ser entendido estritamente no sentido léxico de coisa ou elemento oculto ou obscuro e não no de incompreensível à razão humana, já que tal entendimento se mostraria obviamente incompatível com nossas convicções de evolução moral e intelectual. De tal proteção decorre que somente o iniciado em nossos mistérios será capaz de perceber a essência das alegorias e elaborar o correto entendimento acerca dos símbolos maçônicos.

Os Mistérios Maçônicos são métodos e doutrinas destinados tanto à transmissão do conhecimento quanto a sua proteção da interferência ou curiosidade dos estranhos à Ordem, os não iniciados. É, a consubstanciação do meio esotérico de doutrinar. É, ainda, o cerne da instituição, manifestam sua natureza iniciática, possuem o condão de agregar, instigar e aglutinar os irmãos a conviver de acordo com os usos e costumes maçons, em loja e na vida profana. Sem eles, nossa instituição não poderia escolher e preparar, em seu devido tempo e em seu devido grau, seus integrantes para o desbaste da pedra bruta, vez que nossos preceitos estariam expostos à livre curiosidade e interpretação profanas.

O sigilo é, portanto, elementar a nossa instituição. Assim a Maçonaria atravessou séculos sem que sua filosofia caísse no domínio público.

Assim, os Mistérios Maçônicos mantiveram os obreiros em permanente crescimento humano e contínuo trabalho no desbaste da pedra bruta.

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