No compasso
Compus a mais linda sinfonia
Andante allegro, eu diria
Sem bemóis ou sustenidos
Vou cifrando a alegria
Que não se faz diminuta
Mas uma oitava acima
Para exaltar harmonia
Na partitura da minha vida.
(Burgos, Névio, Cacos de Mim, 2011)
Quantas discussões existem ao redor da cantata executada em loja e, que muita vez desarmonizam, desestimulam e desestruturam a tão citada “Egrégora “, cujo significado, muitos de nós só sabe repetir pela beleza do “palavrão”.
Egrégora, ou egrégoro (do grego egrêgorein, «velar, vigiar»), é como se denomina a força espiritual criada a partir da soma de energias coletivas (mentais, emocionais) fruto da congregação de duas ou mais pessoas.
E, sem sombra de dúvida, o Mestre de Harmonia é responsável por grande parte desse cúmulo de vibrações.
Em filosofia, a música tem as suas teorias girando em torno da sua expressividade, ainda que nada a defina, a enclausure.
Algumas questões são levantadas como, se há uma transposição consciente e deliberada para o papel, pelos compositores, das notas dos seus sentimentos? Ou tudo isto acontece ao acaso? É intuitivo? Se sim, de onde vem? É codificada? A sua compreensão sinergética depende da natureza do ouvido e de quem ouve? Será que a música é reflexo de quem a reproduz? Convoca-nos, reúne, encoraja ou faz-nos compadecer ao sentimento?
Este significado expressivo e harmónico da música, tem relação com o tempo vivido, com o dialogo espiritual, e com a relação, inclusive, com a constituição do próprio Universo, na teoria da Música das Esferas, também conhecida como harmonia das esferas ou música universal, sendo este, um antigo conceito definido pelos gregos que postulavam a existência de uma harmonia divina e matemática entre o macrocosmo e o microcosmo.
Pitágoras, foi talvez o primeiro a estabelecer um elo entre a regularidade dos eventos celestes e as proporções matemáticas que regulavam as consonâncias e dissonâncias musicais, assim, tentando explicar o funcionamento do mundo, concebeu a ideia de que o cosmos era um imenso mecanismo de origem divina e estrutura unificada.
Pela importância da Música, e as suas teorias temos por, Robert Fluud, em 1619:
“A mente divina desce através de hierarquias e carrega a natureza dos seus componentes até o corpo humano. Assim, o microcosmo é criado em correspondência do macrocosmo. A oitava é o elo pelo qual Deus liga a música humana à música das esferas. Os decrescentes graus de espiritualidade são ordenados em três diapasões, que reflectem a tríplice divisão da alma humana: a esfera espiritual corresponde às nove hierarquias angélicas; a esfera intermediária, ou racional, corresponde aos quatro elementos. A descida de Deus até o corpo humano passa por seis estágios: a) mente pura, b) intelecto, c) espírito racional, d) alma intermédia, e) forças vitais, f) o corpo, como receptáculo de todas as coisas”
Esta relação com o sensorial, da música, é evidente, proporcionando momentos de iluminação ou afloração de sentimentos.
“ E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão.” (Gen 4;21)
Em Loja, a harmonia serve para colocar ordem no Caos em que nos encontramos, esbaforidos dos compromissos da profanidade, elevando a nossa consciência e o nosso espirito e cuja aplicabilidade, com música adequadas, servem para manter essa energia, esses tónus cósmico, vivo e circulante.
Então, ser Mestre de Harmonia, é mais do que um apertar no ”Play”, não é ser “DJ” e sim um Maestro, ajudando a conduzir a Irmandade ao auto descobrir-se, em ressonância com o cosmos, que é a expressão do Grande Arquiteto, refletido em tudo, inclusive nas harmónicas dos movimentos dos Astros.
“E sempre que o espírito mau, permitido por Deus acometia o rei Saul, David tomava a harpa e tocava. Saul acalmava-se, sentia-se aliviado e o espírito mau o deixava”.
(I Sam 16,23)
Bibliografia
Aristóteles. Politics. In The Complete Works of Aristotle: The Revised Oxford Translation, org. Jonathan Barnes. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1984. Livro 8, Capítulo 5.
Bíblia Sagrada
Jules. A Simbólica Maçónica: Segundo as Regras da Simbólica Tradicional. 11.ª Edição – São Paulo: Editora Pensamento. 2006.
Burgos, Névio. Cacos de Mim, 2011, Ed. Penalux
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