Newton Agrella é escritor, tradutor e palestrante, um dos mais renomados intelectuais da maçonaria.
Há alguns poucos anos durante uma Sessão Maçônica no grau 1, no Tempo de Estudos, foi solicitado ao Aprendiz, que tinha sido iniciado há pouco menos de 1 mês, que o mesmo apresentasse um breve Trabalho, a respeito de suas impressões e sensações pessoais, com relação à sua "Iniciação".
Durante a leitura que fez do Trabalho, o Aprendiz, abusando de algumas hipérboles (figura de linguagem que denota a ideia de grandeza, intensidade, exagero) mencionou, sem qualquer hesitação, que a Maçonaria o havia "transformado numa nova pessoa", que se sentia enfim "diferente", e que sua esposa, filhos e amigos haviam notado claramente esta sua mudança.
O Aprendiz afirmou que se sentia uma pessoa mais tolerante para com a esposa e filhos, sentia-se mais sereno e compreensivo, dentre algumas outras tantas considerações, todas elas de cunho altamente positivas e emocionalmente motivadoras.
Desnecessário dizer, que aquilo, de algum modo, suscitou uma atmosfera de certa inquietude e instigação entre alguns Irmãos.
Afinal de contas, como é possível, alguém que mal havia sido iniciado, incipiente na Ordem, cujo conhecimento sobre a Maçonaria era ínfimo, poderia fazer alegações tão eloquentes e categóricas.
O pequeno episódio serve apenas como tênue ilustração no que diz respeito à questão da avessa ideia do "poder transformador" da Sublime Ordem.
Muito longe do que qualquer fundamento a respeito dessa propriedade, a Maçonaria não possui e tampouco detém qualquer poder transformador, revelador ou divinal.
Trata-se pois, de uma instituição "filosófica", cujo preceito básico é a busca da própria superação, do aperfeiçoamento do templo interior humano e sobretudo do aprimoramento da própria Consciência.
Voltando ao Aprendiz, talvez munido de alguma influência externa, ou até mesmo pelo "auto sugestionamento", isto é, por influência de uma ideia persistente sobre o próprio comportamento - é que o mesmo tenha desejado transmitir uma impressão que não reflete uma realidade.
O que se pode inferir desse processo de relação com a Maçonaria, é que o maçom, pode isto sim, assumir um papel de "agente transformador social", desempenhando uma função baseada na noção de que as ações, comportamentos, atitudes e desejos são conformados por um conjunto de funções específicas, socialmente determinadas, e que no caso do Maçom , busque promover a harmonia, o bem estar, a igualdade a fraternidade e o combate aos vícios, preconceitos, fanatismo e ignorância em prol da evolução da humanidade.
A Maçonaria fornece as ferramentas por meio de uma profunda e ampla filosofia, fundamentada por Símbolos e Alegorias.
Cabe sim ao Maçom, empreender e ajudar nesse processo de construção social, dedicando-se ao exercício especulativo, ao estudo, à pesquisa, e ao trabalho incansável da Consciência Critica, estimulado pela leitura e pela construção de um pensamento livre de estigmas e de dogmas aprisionadores.
*PS.:*
O referido Aprendiz, após poucos meses de Loja, começou a rarear sua presença às Sessões, e pouco tempo depois acabou desvinculando-se, alegando questões profissionais...
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