A verdade é sempre mais simples do que parece, ou do que a imaginam as mentes fantasiosas. É voz corrente entre muitos maçons, influenciados por obras pouco fidedignas, que a palavra LOJA, para designar uma corporação maçônica, seria originária da palavra sânscrita “loka”, que significa mundo. Sânscrito foi o nome dado ao idioma falado pelos invasores indo-europeus do Punjab, por volta do Século XIV antes de Cristo; tendo afinidades com o antigo persa, o grego e o latim, jamais foi uma língua popular, sendo restrita aos sacerdotes brâmanes e aos eruditos. Foi nesse idioma que foi escrita a literatura indiana mais remota, de inspiração filosófica e religiosa, constituindo os “Vedas”, coleção de hinos sagrados.
A verdade, todavia, é bem outra, mesmo porque “loka” significa, na realidade, espaço, lugar, tempo (como o “lócus” latino); a palavra LOJA tem sua origem nas GUILDAS medievais.
Entre as corporações de artesãos medievais (hoje chamadas de Maçonaria “Operativa”), destacavam-se as GUILDAS, características dos germânicos e anglo-saxões e que começaram a florescer no Século XII.
Anteriormente a essa data, elas eram entidades simplesmente religiosas e não formavam corpos profissionais. A elas se deve o uso da palavra LOJA.
Na antiga língua germânica, a palavra LEUBJA (pronúncia: lóibja) significava LAR, CASA, ABRIGO, e acabou dando origem a palavra de sentidos diferentes, em outros idiomas: LOGE, em francês, LODGE, em inglês, LOGGIA, em italiano, etc. Em italiano, a palavra LOGGIA passou a designar a entrada de edifício, ou galeria, usada para exposições artísticas e para a venda de mercadorias artesanais.
As GUILDAS DE MERCADORIAS passaram a adotar a palavra LOJA para designar os seus locais de depósitos, ou de vendas, ou seja, onde os produtos manufaturados eram armazenados e negociados. As GUILDAS ARTESANAIS, por outro lado, passaram a chamar de LOJA os seus locais de trabalho, ou seja, as OFICINAS dos Mestres artesãos.
Assim, das guildas de mercadorias originou-se o nome das casas comerciais, que são as lojas onde são vendidos os produtos fabricados, enquanto que das guildas artesanais originou-se a palavra que designa as corporações maçônicas e seus locais de trabalho, as LOJAS MAÇÔNICAS. Ambas as palavras, embora não tenham, atualmente, nada em comum, possuem a mesma origem, sendo interessante destacar que o primeiro documento maçônico (da Maçonaria de ofício) em que aparece a palavra LOJA data do ano de 1292 e era uma guilda.
Se aceitássemos que a origem da palavra LOJA está no sânscrito “loka” e se admitíssemos que ela significa “mundo”, estão as lojas comerciais também teriam o mesmo significado, o que seria um absurdo. Acrescente-se que o que representa o mundo, é o Templo maçônico, e não a LOJA, pois o termo é mais destinado a designar uma corporação maçônica, quando os seus membros reúnem-se num templo: ao final de uma sessão maçônica, a Loja é considerada fechada, pois os seus membros se dispersarão, mas o templo continua aberto, inclusive para outras lojas.
Vale repetir: a Verdade, geralmente, é bem mais simples do que pretendem os maçons imaginosos e cheios de fantasias, que acabam influenciando os demais, divulgando e perpetuando histórias fantásticas e inverídicas.
(Cadernos de Estudos Maçônicos – Consultório Maçônico de José Castellani, Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 2a edição)
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