Questão apresentada em 17/12/2013 pelo Respeitável Irmão Cleber Barros Cunha, Loja Acácia Acesita, 2.229, REAA, GOB-MG, Oriente de Timóteo, Estado de Minas Gerais.
Escrevo-lhe para solicitar-lhe esclarecimento sobre o Jantar Ritualístico. Pela minha caminhada maçônica, tenho participado de vários Jantares Ritualísticos e tenho percebido divergências entre estes, considerando-se inclusive que nestes normalmente participam Irmãos de outras potências. Nesta última semana, entretanto, fiquei surpreso em participar de um Jantar Ritualístico (coordenado por uma Loja do GOB) onde tínhamos cinco saudações, sendo que o que até então eu conhecia eram sete. Após o Jantar Ritualístico propriamente dito, foi realizada a Cadeia de União, com o propósito de solicitar apoio do GADU a todos irmãos. Pergunto: existe no GOB uma ritualística definida? Quantas devem ser as saudações (acredito que seria em número de sete) e para quem? Poderá ter a Cadeia de União (acredito que não)? Poderá ter Saudação à Bandeira? Complemento que também já participei de Jantar Ritualístico dos Corpos Filosóficos. Existe neste caso uma definição?
Considerações:
O ideal mesmo é que identificássemos essa tradição como Loja de Mesa. Infelizmente essa tradição maçônica além de ser tratada como “jantar” está muito longe de cumprir a verdadeira tradição.
Com o passar dos tempos editaram-se inúmeros rituais, escreveu-se literatura que fora acrescida de invenções copiadas umas das outras e tomadas como bibliografia séria, e por aí se vai.
O resultado desses “embrulhos” é essa festa de atentado contra a tradição que se vê por esse mundo maçônico afora – reuniões realizadas fora das datas solsticiais e equinociais, brindes e fogos sem sentido, sinais maçônicos executados por comensais sentados, desordem na mesa, enfim, verdadeiras badernas e atentado contra a ritualística.
Geralmente chamam isso de “jantar ritualístico”. O hilário é que ainda chamam essas reuniões de ritualística. Uma dessas origens deturpadas está nos rituais rançosos e ultrapassados existentes por aí que tem servido para alguns como artigo de luxo e fidedigno da história – pobre literatura...
O que se dizer então das saúdes de obrigação se a grande maioria pensa que o ato é mesmo uma festa.
Como compreender então que existe um número certo para as saúdes e momento propício para a “demolição dos materiais”?
Quanto a Cadeia de União alguns ritos a adotam, todavia ela tem uma forma especifica para ser executada, inclusive no que tange a sua finalidade, porém não a de ficar pedindo apoio para os convivas.
Saudação ao Pavilhão na Loja de Mesa é mais uma dessas invenções!
Alguns costumes tradicionais dos canteiros maçônicos variam entre sete ou oito saúdes de obrigação. Geralmente ao Mestre, à Loja, ao País, à família, aos Irmãos, aos que partiram aos frutos produzidos na estação (ciclos da Natureza) e à proteção para conduzir os que com dificuldades encontrem um porto de salvamento.
Com o advento da Moderna Maçonaria surgiram brindes “no melhor fogo possível” à Obediência e a figura do Grão-Mestre.
Dentro dessa tradição surgem as particularidades ritualísticas conforme as datas solsticiais (junho e dezembro) e as equinociais (março e setembro). Existe a formatação dos Sinais e os objetos específicos (alfanje, picareta, telha, bandeja, canhão, barricas, alinhamento, pólvoras, areias branca e amarela, etc.). Cada saúde de obrigação é constituída pelos movimentos de sorver a pólvora, fraca ou forte, como “fogo”, “bom fogo” e “o melhor de todos os fogos” – origem do jargão popular “o fulano está de fogo”, etc., etc., etc. Infelizmente pouco disso de vê nesses “jantares” que ainda chamam de ritualísticos.
Atualmente as Obediências, como é o caso do GOB, têm editado rituais especiais que neles também tratam desses “jantares e banquetes” (sic). Esses eu prefiro não comentar.
No tocante às celebrações de Corpos Filosóficos essas são particularidades desses Corpos e não traduzem as tradições dos Canteiros Medievais e das respectivas Tabernas como espaços tradicionais hauridos da pura Maçonaria inicialmente com duas classes de trabalhadores operativos na pedra calcária.
Finalizando, estou preparando um livro para os próximos anos que tratará de modo acadêmico esse importante costume maçônico. Não é pretensão minha, todavia o meu objetivo é clarear melhor esse caminho para ilustrar a diferença entre reunião de comensais, confraternizações e outros afins de uma verdadeira Loja de Mesa.
Nesse contexto já adaptei e formatei dois projetos de rituais para o REAA (solsticial – João Batista e o Evangelista; equinocial – de outono e de primavera) para laboratório de estudo nesse particular, cujo conteúdo tenho deixado à disposição dos Irmãos interessados no estudo maçônico, todavia não como um ritual oficial.
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