Os bons pais são aqueles que vão se tornando desnecessários com o passar do tempo.
Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou
estranha. Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar os super- pais que todos temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho, tenho que me tornar desnecessário.
Antes que alguma mãe/pai apressado me acuse de desamor, explico o que significa isso.
Ser "desnecessário" é não deixar que o amor incondicional de pais, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, pais e filhos.
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não para de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a Resposta a ser "desnecessários", nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.
"Dê a quem você Ama : - Asas para voar...- Raízes para voltar...
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