Os maçons operativos guardavam segredos em torno de suas reuniões em Loja porque era nelas que, ao se oficializar a elevação de um aprendiz a companheiro, eram comunicados a “palavra do maçom”, os sinais secretos de reconhecimento e os segredos profissionais; sobre isso era exigido juramento de absoluto sigilo, pois dele dependia o sucesso profissional do grupo.
Com o correr do tempo, certamente como forma de melhor proteger aqueles segredos necessários, tornou-se secreto tudo o que ocorria no interior das Lojas operativas, inclusive seus mistérios, seus rituais e seu simbolismo.
Essa discrição sempre fez parte das tradições maçônicas das guildas medievais dos construtores das grandes catedrais góticas ou românicas, das suas pomposas sedes nas cidades de maior porte e dos muitos castelos, fortificações e residências.
Esses conhecimentos, que se guardavam a sete chaves e se transmitiam sob segredo, também conferiam importância social aos que os detinham e, obvio, ajudavam a concentrar o monopólio da arte de construir nas mãos dos mestres das guildas dos maçons.
Diz também a tradição que, entre outros itens, era mantido absoluto segredo sobre certas proporções dos projetos das catedrais, sobre o sistema de fechamento dos arcos e sobre a proporção do afinamento das pilastras e das colunas em direção ao topo. Havia assim uma espécie de segredo industrial como o que se pratica habitualmente nos dias atuais. Esses segredos visavam principalmente proteger a categoria profissional de possíveis construtores concorrentes e manter uma condição monopolista sobre os preços das construções.
As primeiras noções dessa ciência eram transmitidas aos aprendizes aos poucos, durante um longo aprendizado de sete anos, mas a parte mais importante só lhes era comunicada ao alcançarem o estagio dos companheiros.
Essa forma de segredo dos maçons medievais dificilmente poderia ocultar algo desaprovado pela Igreja porque as guildas medievais, como toda e qualquer associação de então, mantinham um vinculo muito estreito com o clero local que, como autoridade religiosa, sempre tinha livre todos os atos sociais que aconteciam em suas respectivas jurisdições. Funcionou também em todo aquele período medieval das guildas das artes e ofícios e o poderoso olho da Inquisição, ao qual nada podia fugir.
Na transição da Maçonaria medieval para a Maçonaria Moderna foi incorporada essa tradição de sigilo com todo o seu rigor medieval, e isso transparece claramente no Livro das Constituições, da Grande Loja de Londres, ao dedicar um capitulo especial a instrução dos irmãos quanto ao seu procedimento na presença de estranhos, no ambiente familiar, na companhia dos vizinhos, etc, recomendando especiais cuidados para não revelar nada que acontecesse em suas reuniões e atividades como maçons.
Vemos que o “segredo maçônico” em época alguma teve a intenção de encobrir tramas cavilosas ou atividades ilegais. O segredo e mantido na Maçonaria Moderna como elemento de união entre os irmãos, pois se sabe quando pessoas compartilham um segredo, qualquer que seja a sua natureza, cria-se entre elas um forte vinculo.
Atualmente o “segredo maçônico” se limita aos rituais internos das Lojas, a interpretação de seus símbolos e, principalmente, aos sinais de reconhecimento, pois sinal de reconhecimento não secreto não seria sinal de reconhecimento.
A opção pelo sigilo, desde que não se preste a ocultação de ilegalidades, e um direito de cada instituição.
(Texto extraído do site da Gr.’.Loj.’. Maç.’. do Estado de Mato Grosso)
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