A humildade é a rainha de todas as virtudes e a gratidão é a princesa. Em contrapartida o mais infausto dos vícios é a soberba, superlativo da vaidade.
A soberba se manifesta através da pretensão, do orgulho, e de uma suposta superioridade. Ela aflora pela altivez, a autoconfiança excessiva, e pela arrogância desmedida.
É também um vício específico, embora possa ser encontrado em todos os outros vícios, leva o homem a desprezar os iguais e a desobedecer às leis, nada mais é que o desejo distorcido de grandeza em relação às pessoas, aos grupos sociais e religiosos, e às instituições.
A pessoa soberba não tolera ser contrariada, ela sabe tudo, ninguém faz melhor que ela, e quando aparece alguém disposto a fazer qualquer atribuição ou encargo que lhe faça “sombra” logo se transforma em seu adversário ou quiçá seu inimigo pertinaz.
E o que é mais grave, para o soberbo “os fins justificam os meios”, ele tem a necessidade de se sentir indispensável e insubstituível, sem ele as coisas não caminham a contento. Caso isso aconteça o soberbo não medirá esforços, por meio de conspiração rasteira, para “eliminar”, desmoralizar, caluniar, injuriar e difamar o intruso que ousar cruzar seu espaço e age de modo inescrupuloso e ardil.
Na verdade o soberbo se acha no direito de exigir um reconhecimento unânime que, na realidade, na maioria das vezes, não merece ou não tem. A pessoa com esse vício não suportar a dependência, menospreza os sentimentos das pessoas, se colocando sempre acima de todos como um "ser maior".
No trabalho surge a necessidade de aparecer, de ser notado, ignorando os padrões éticos e morais, vendo os outros colaboradores ou colegas com desprezo. Aqueles com tais características que ocupam cargos elevados ou intermediários se utilizam do seu poder para impor suas vontades, manipulando as pessoas com o intuito de conseguirem que tudo seja executado, indubitavelmente, conforme seus desejos. Exigem ainda uma disciplina sem falhas, não respeitando os limites da individualidade. Não percebem que a melhor maneira de incentivar o crescimento não é impondo caprichos, mas fazer com que cada um descubra em si seu melhor potencial, pungindo a independência. Precisa fazer com que o outro se sinta remitido para sentir-se superior. Não encontramos a soberba do poder apenas no meio político ou nos cargos de destaque da administração pública ou privada.
O poder como a capacidade de fazer com que outras pessoas ajam na dependência de sua vontade, pode ser encontrando em muitos exemplos de situações diárias:
A dona de casa que humilha a sua empregada doméstica e exige que ela suba, sempre, pelo elevador de serviço; a sociedade que vê com desdém o lixeiro e o gari que varre nossas ruas; o superior hierárquico que sequer cumprimenta seu subalterno; os pais que impõe sua vontade aos filhos tolhendo a livre escolha desses, por vezes escolhendo sua profissão ou com quem devam se casar; o preconceito sobre a condição econômica, a cor da pele, o nível cultural, o credo religioso, etc.. Importante frisar que muitas religiões são por si só soberbas na medida em que pregam a salvação apenas para seus seguidores, todos os demais são infiéis.
Não querer abrir mão de um poder que durante anos deu sentido e valor à vida do soberbo, pode trazer muito sofrimento.
Ninguém abre mão do poder, ou sequer, de uma parte dele, com facilidade e satisfação. A perda do poder muitas vezes é sentida como sendo algo depreciativo, fere de morte a soberba. Já o antônimo da soberba é a humildade.
A soberba está muito distante da humildade, característica básica de quem possui algum autoconhecimento.
A humildade revela inteligência, nobreza de alma e superioridade de espírito, boa formação de caráter e um conceito exato do que é a vida.
“É a qualidade das pessoas que procuram estar no nível dos outros, ninguém é pior ou melhor do que os outros, todos estamos no mesmo nível de dignidade, de cordialidade, respeito, simplicidade e honestidade. Humildade é assumir, seus direitos e obrigações, erros e culpas sem resistir, agir diferente disto, é soberba e uma negação da sua origem”.
Ser humilde é também ser grato. Agradecer sua vida a Deus todos os dias, a comida que você come, os que trabalham para que você possa sobreviver: o agricultor que planta, o cientista que descobre novas técnicas, a costureira que faz sua roupa, os prestadores de serviços: água, luz, telefone, cabeleireiro, médico, advogado, dentista, etc., etc.. Só os humildes são capazes de agradecer, os soberbos pensam que tudo não passa de obrigação que todos lhes devem. Parafraseando o polêmico jornalista esportivo Jorge Kajuru: “Quem não tem gratidão não tem caráter”.
“Não há nada que demonstre tão bem a grandeza e a potência do intelecto humano, nem a superioridade e a nobreza do homem, como o fato de ele poder conhecer, compreender por completo e sentir fortemente a sua exiguidade”. (Giacomo Leopardi).
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