Apatheia é um estado de espírito alcançado quando um ser está livre de perturbações emocionais, livre de oscilações. É melhor traduzido como equanimidade ao invés de indiferença.
Por que se preocupar em demasia com a morte se ela é inevitável? Eu devo responder diminuindo minha paixão diante da busca do prazer ou diante do terror, da tragédia, então devo ter uma relativa indiferença, usa-se o termo Apatheia em grego, uma indiferença à essas oscilações, pois entende-se as leis cósmicas e os ciclos inexoráveis.
No Hermetismo, podemos correlacionar a supracitada Apatheia com a Lei do Ritmo, pois a medida do pêndulo à direta, trará a compensação à esquerda posteriormente, então o ideal é se manter no fiel da balança, no alto centro da serenidade.
Se eu ficar eufórico, muito alegre porque o sol está brilhando, então se estiver chovendo fico triste. Se me cumprimentaram e fui bem tratado fico feliz, se não me cumprimentaram ou me trataram mal, fico triste, etc, etc. Se eu ficar oscilando, não terei uma vida virtuosa, satisfeita e feliz. Por isso que devo optar por enfrentar essa dor com uma relativa Apatheia, indiferença. Mestres Zen agem assim, com equanimidade, sem oscilações, pois estão no fiel da balança, fora do desce e sobe da gangorra oscilatória da atração (desejo) e aversão.
As pessoas felizes seriam aquelas que entendem que as oscilações são naturais e elas não ficarão em estado de euforia, de depressão, tristeza. Euforia e tristeza, assim como paixão e ódio são da mesma natureza, mas em gradientes diferentes, são os extremos da mesma natureza. Amor incondicional e alegria estão no fiel da balança e não são suscetíveis à oscilações, o amor e a alegria expandem, são serenos.
As pessoas que atingiram essa iluminação são aquelas que conceberam que é possível viver uma vida tranquila sem grandes oscilações de paixões. Buscar a satisfação da vida em adquirir coisas ou ter prazeres, irá levar a um caminho permanente de infelicidade. Os seres humanos confundem e tratam o que é meio como um fim por si só, como as finanças, prazeres sensoriais, status, auto-imagem. Os Budistas são muito claros no fato que se eu fico desejando incessantemente e se eu consigo A, então quero B, depois C e sempre mais e mais e nunca irei atingir a satisfação, a plenitude. O prazer é diferente da satisfação, pois o prazer é efêmero e superficial, passa logo, mas a satisfação é permanente profunda.
Os Budistas recomendam então que eu consiga esse afastamento do desejo e perceba que o meu ego lançou uma armadilha de sempre querer mais. O problema não é o desejo em si, mas do objeto de desejo não conseguir sustentar a felicidade e a satisfação. O desejo nas coisas mundanas é saudável se não ocupar muito espaço interno e tempo, se for virtuoso e houver um equilíbrio. Muitas vezes o desejo é desequilibrado pois é impulsionado pela ignorância e pelo egoísmo, pois eu gero a expectativa que aquilo me fará feliz, o objeto, pessoas, algo qualquer, de forma intrínseca, autônoma.
O único desejo virtuoso, elevado, que traz satisfação e felicidade, que quanto mais eu tiver, melhor estarei é o desejo por atingir um estado de iluminação, ou seja, extinguir seus venenos mentais e desenvolver suas qualidades ao máximo potencial. As pessoas estáveis, satisfeitas, felizes são aquelas que pararam de buscar no mundo externo a opinião dos outros, no êxito material ou não essa questão.
É muito importante não se influenciar nem se importar com o elogio nem as críticas (destrutivas) das pessoas, pois se importar é um joguete do ego. A grande parcela da população encontra-se na bruma, no nevoeiro de seus venenos mentais; ignorância, egoísmo, raiva, inveja, ciúmes, ganância, etc, e não possuem uma clareza maior sobre o que são, sentem, pensam e falam. É essencial focar no caminho da evolução, da auto-iluminação para o benefício próprio e consequentemente dos outros.
As situações difíceis, pessoas com comportamentos difíceis são como espelhos, são como mestres que mostram nossos venenos mentais mais escondidos e nos gera a valiosa oportunidade de aplicar o poder do antídoto para a transmutação alquímica interna.
Ninguém me pode fazer feliz; ninguém me pode fazer infeliz; exceto eu. Eu sou autor da minha felicidade ou infelicidade. O amor, o bem-estar, a satisfação vem de dentro para fora, não o inverso.
Não é o que alguém tem ou o que alguém não tem que o torna feliz, mas sim o modo como ele sabe ter e o modo como ele sabe não ter, isso é muito mais importante do que o ter ou não ter.
Nunca ei de depender a minha felicidade em algo que não dependa de mim, porque se minha felicidade depende de algo e esse algo não depende de mim ou depende de uma circunstância, logo eu não posso fazer consistir a minha felicidade.
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