Espero apresentar, com este tema, o enriquecimento dos que conhecem a "Cadeia de União" apenas como um ato litúrgico de transmissão da " Palavra Semestral"; pois, na realidade, ela se constitui numa cerimônia totalmente ligada à filosofia maçônica, porque está embutida numa série de conceitos que se integraram ao alicerce da nossa Ordem.
Acredito que na próxima oportunidade, todos possam sentir os efeitos daquela que é não apenas um símbolo de união fraterna, mas sim a própria fraternidade.
Tentarei ser o mais sucinto e objetivo possível; contudo, pela elevada riqueza de informações e pelo interesse que me despertou o assunto, fui forçado a fazer uma descrição mais detalhada. É necessário, ter compreensão e obedecer com rigor a ritualística do acontecimento para que se produza o efeito esperado de elevar nosso espírito ao nosso G.A.D.U.
A Maçonaria, através dos tempos, conseguiu reunir comportamentos retirados de todos os ramos do conhecimento humano e de todas as raízes esotéricas e filosóficas, oriundas das outras Instituições, como os mistérios de Ceres, os mistérios Egípcios, Rosacrucianos dos Alquimistas e dos Essênios.
Um dos comportamentos que influenciou a Teoria do Magnetismo Animal de Masmer, foi a Cadeia de União, é um instrumento místico que deve ser estudado e exercido com transparência, para que possamos colher, no aperfeiçoamento da sua prática, os seus efeitos benéficos.
A Cadeia de União é formada no centro do Templo, composta de elos humanos exatamente iguais, representando os espíritos maçônicos unidos pela solidariedade de ideias e pela comunhão de sentimentos e aspirações. Não existe na corrente de União, um elo maior que outro, todos são iguais na Instituição fraternal, não admitimos hierarquia, nem superioridade, todos são iguais nos direitos e deveres.
A Cadeia de União, nos Ritos mais praticados no Brasil, é formada, quase que exclusivamente, para a transmissão da Palavra Semestral; a exceção é o Rito Schroeder, onde a cadeia é obrigatória após o término de todos os Trabalhos.
Para transmissão da Palavra Semestral, somente os membros do quadro da Loja é que poderão fazer parte da Cadeia, que terá uma forma circular ou oval, estendendo-se do Oriente ao Ocidente.
No Rito Escocês, o Venerável ocupa o lado mais oriental da Cadeia, e terá à sua direita, o Orador e à sua esquerda, o Secretário.
O Mestre de Cerimônias ocupará o lado mais ocidental, bem de frente para o Venerável, tendo à sua esquerda, o 1º Vigilante e, à sua direita, o 2º Vigilante, isso no Rito Escocês. Os demais Irmãos do quadro comporão a Cadeia de acordo com o seu lugar em Loja.
Para a transmissão da palavra, o Venerável a diz, em voz baixa, na orelha esquerda do Irmão que está à sua direita, e na orelha direita do que se encontra à sua esquerda, daí a palavra circula pelos dois lados, sendo recebida pelo Mestre de Cerimônias, em ambas as orelhas, ocasião em que esse oficial irá levar, ao Venerável, as palavras recebidas, dizendo, na orelha direita a palavra recebida no lado direito e, na esquerda, a palavra correspondente a esse lado.
Se a palavra estiver errada, o processo é repetido. Se estiver certa o Venerável dirá, simplesmente: "Meus Irmãos, a palavra está correta, guardemo-la como condição de regularidade e penhor de nossa fraternidade. Desfaçamos a Cadeia e retiremo-nos em paz.”
Após isso, os Irmãos poderão fazer uma saudação de regozijo, abaixando e levantando os braços, sem desfazer a Cadeia, por três vezes, dizendo "S.S.S.".
Como a Cadeia é composta após o encerramento dos Trabalhos da Oficina, é óbvio que não é feito nenhum Sinal, nessa oportunidade, nem o de ordem e nem a saudação.
Finalizando, a Cadeia de União simboliza a igualdade mais preciosa e a fraternidade mais pura, que se estende do Oriente ao Ocidente e do Norte ao Sul do Templo, da mesma forma como o princípio da civilização se estendeu por todo mundo.
Ela recorda que são verdadeiros Irmãos. A Cadeia de União lembra que a Instituição Maçônica é maior que as religiões, abraça todo Mundo conhecido, unindo raças, povos, nações e continentes. Bem longe das preocupações da vida material, abre-se para o Maçom o vasto domínio do pensamento e da ação.
Antes de nos separarmos, elevamo-nos em conjunto para o nosso ideal, que ele inspire a nossa conduta no Mundo profano, que guie a nossa vida, que seja a luz no nosso caminho. Cruzam-se os braços para identificar a unificação de todos numa única concentração de vontade, devotada à elaboração dos interesses da Ordem e da Loja.
Juntam-se as mãos para que o Venerável invoque a descida do verdadeiro espírito maçônico, sobre a totalidade de seus componentes, numa preparação para que vençam todos os obstáculos pessoais, limpando a atmosfera do Templo das vibrações impróprias ou maldosas à evolução de cada Obreiro.
"A Cadeia de União", é a mais bela e preciosa Jóia da Loja, ora móvel, ora fixa e quando formada representa a Luz dos Astros em torno do Sol.
"A Cadeia de União", simboliza o Universo e é eterna, como eternos e universais são o amor, a bondade, o progresso e a Justiça. Os homens unidos se abraçam constituindo uma só Cadeia de União, uma só família, orientada pela grandeza absoluta do Pai Celestial, que é o nosso G.A.D.U.
A Cadeia de União é mais um motivo para o Maçom praticar a verdadeira caridade, ou seja, a que o "Olhos não veem", mas o coração sente.
Que a sabedoria de Salomão nos inspire; que a Força de Hiram, Rei de Tiro, nos mantenha firmes e unidos; e que a beleza do Mestre Hiram Abi adorne os nossos pensamentos, as nossas palavras, gestos e atitudes para que possamos passar essa imagem da Maçonaria, na vivência de todos os instantes do cotidiano de cada um de nós.
(Recebido de João Carlos Laino, em 10/04/2004. Postado no Grupo Atalaia)
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