abril 12, 2022

V.I.T.R.I.O.L. - Ir. José Carlos Carvalho, MI



VITRIOL às vezes pode parecer uma palavra, mas é uma sigla composta pelas iniciais da expressão “Visita Interiora Terrae, e, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem”, cuja tradução é “VISITA O INTERIOR DA TERRA E, RETIFICANDO, ENCONTRARÁS A PEDRA OCULTA”.

O que vemos aí é um convite. Visita o interior da terra… Aliás, o ingresso na maçonaria é assim como um convite para que nós, no silêncio e na meditação, possamos pesquisar nossa própria alma em todos os detalhes a fim de encontrarmos o nosso próprio EU, o mais profundo do ser, o homem verdadeiro que habita no corpo material.

Este EU interior, o homem verdadeiro, é a pedra oculta cujo conhecimento todos nós temos necessidade. Ela está no interior da terra, ou seja, dentro de nós mesmos, no mais íntimo de nosso ser e para encontrá-la devemos agir retificando os nossos pensamentos, os nossos costumes, nossos vícios e a nossa moral.

Mas temos aqui um assunto esotérico. Já ouvimos que a maçonaria é esotérica, etc e tal. O que vem a ser esse esoterismo, o que ele nos ensina, o que ele busca? Vamos abrir um parêntesis para falar sobre esoterismo.

Vamos dizer que esoterismo significa um conjunto de tradições e de interpretações filosóficas das doutrinas e das religiões, que buscam desvendar seu sentido oculto, seus mistérios.

O esoterismo é um termo para as doutrinas cujos princípios e conhecimentos não podem ou não devem ser vulgarizados, ficando restrito a um pequeno número de pessoas escolhidas. Não vulgarizado pela sublimidade do estudo. E para pequeno número de pessoas porque são poucas as pessoas com, vamos dizer, aptidão para isso.

Helena Blavatsky, uma mística russa, criadora da moderna Teosofia, nos ensina que o termo esotérico refere-se ao que está DENTRO, no interior, designando o significado verdadeiro da doutrina estudada, significando a sua essência. Isto em oposição ao que está FORA, que é conhecido como exotérico, que é a vestimenta da doutrina, a sua decoração. Para Blavatsky, todas as religiões e filosofias mantêm concordância em sua essência (esotérico), mas divergem na vestimenta (exotérico).

Hoje em dia o termo esotérico é mais ligado ao misticismo, na busca de supostas verdades e leis que regem todo o universo. Seria assim, então, uma mistura de ciência com religião.

O significado da sigla VITRIOL é: “Explore o interior de si mesmo e, transformando, descubra seu tesouro oculto”. Para os iniciados, esse tesouro oculto vem a ser a sabedoria, a intuição, o processo místico que nos aproxima de Deus.

Nós temos aqui um convite para a busca do EGO profundo, e isto no silêncio da meditação. Como essa frase se acha na Câmara de Reflexões, desde nossa iniciação estamos sendo convidados. Desde lá já está sendo apresentada essa proposta de nossa introspecção. De buscarmos e descobrirmos o nosso próprio EU.

Em VITRIOL nós temos uma fórmula iniciática, que sintetiza a doutrina alquimista, com o sentido de transformação.

Já sabemos que alquimia é a arte da transmutação, da transmutação dos metais para a obtenção de ouro. Mas, nós não estamos aqui em busca de ouro. Trata-se de uma operação simbólica. Até cabe aqui a palavra ouro, uma vez que buscamos o que seja mais valioso. Mas não valioso em termos materiais, e sim em termos espirituais. A transmutação real é a da individualidade humana. Podemos então dizer que existem duas alquimias: a interior (espiritual) e a exterior (material). Temos assim a confirmação da ideia de Helena Blavatsky.

A sabedoria chinesa nos chama a atenção para a distinção entre a alquimia interior e a exterior. Nesse contexto é ensinado que a externa é a representação da interna. Isto quer dizer que toda transformação interior se manifesta no mundo exterior. P. ex. percebemos que existem pessoas que transmitem mais confiança. Vamos dizer que seriam mais “simpáticas”, que outras. Isso é demonstrado externamente: quer no semblante, num olhar confiável, num sorriso amigo. São p.ex., pessoas que não precisam mostrar RG nem CPF ou certidão negativa para demonstrarem que são honestas. Isto não é fantástico? Pois é, são pessoas que já visitaram o seu próprio interior e retificaram o rumo de suas vidas.

José Martins Jurado, nos ensina que VITRIOL “quer dizer, desce às profundezas da terra; e, sob a superfície da aparência exterior, que oculta a realidade interior das coisas e a revela, retificando teu ponto de vista e tua visão mental com o esquadro da razão e do discernimento espiritual, encontrarás a pedra oculta que constitui o segredo dos sábios, isto é, a própria sabedoria.” (Maç.’. Adonhiramita – Apontamentos, pág. 204).

Concluímos que estão abertas as portas para o aprofundamento necessário e assim chegarmos a ser aquele homem grande que a maçonaria tanto espera de todos nós. Ela está nos passando a ferramenta para trabalharmos em cima disso. Depende única e exclusivamente de cada um.

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