Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis e advogado, Past GM da GLEMS e atual presidente da Santa Casa de Campo Grande, MS.
Como enunciado na Bíblia, no livro do Gênesis, 1:26-28, Deus em sua onipotência criou o homem e a mulher.
Então disse Deus: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem rente ao chão. Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher, os criou.
Deus os abençoou, e lhes disse: ‘Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra’".
Quando a Bíblia diz que o homem é a imagem e semelhança de Deus, ela não quer dizer exatamente que somos fisicamente parecidos com Deus. “Deus é Espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade” (João 4:24).
Segundo o professor de teologia Daniel Conegero, “devemos entender que o homem, em todo o seu ser, é a imagem e semelhança de Deus, de modo que sua plena constituição, material e imaterial (corpo e alma/espírito), representa Deus. O homem é uma criatura racional, pessoal, criativa e moral, com quem o próprio Deus compartilha seus atributos comunicáveis. Ele possui vida proveniente de Deus e potencial para se relacionar com Ele”.
No meu entendimento, Deus nos criou para trabalharmos com Ele no processo evolutivo da humanidade. Como está acima, com seus atributos comunicáveis.
Pois bem. Assim, Ele foi, ao longo do tempo, suscitando em alguns homens a oportunidade de participar de modo direto desse trabalho.
Mas Ele não faz acepção de pessoas. Quando alguém devidamente destinado a uma função ou tarefa deixa de corresponder a essa destinação, Deus não discute, apenas troca a pessoa por outra. Temos alguns exemplos na Bíblia. Pincei os que considero mais representativos.
O primeiro: Quando Rebeca, mulher de Isaac, teve filhos gêmeos, o primeiro a nascer foi Esaú. Depois Jacó. Assim, Esaú era o primogênito. Por isso, era o destinado a uma função divina. No entanto, Esaú, certo dia, chegando em casa cansado e com fome, sentiu o cheiro do guisado de lentilhas que seu irmão Jacó preparava, e pediu-lhe um pouco. Jacó, porém, disse que lhe serviria se o irmão vendesse sua primogenitura. E Esaú, não resistindo, vendeu-lhe a primogenitura por um prato de lentilhas.
Esse fato está assim registrado no livro do Gênesis 25:30-34:
“Então, disse Jacó: Vende-me, hoje, a tua primogenitura. E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer, e para que me servirá logo a primogenitura? Então, disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó. E Jacó deu pão a Esaú e o guisado das lentilhas; e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e foi-se. Assim, desprezou Esaú a sua primogenitura”.
Mas a consumação do fato necessitava da benção patriarcal de Isaac, pai de ambos. No Gênesis 27:1-40 está narrado esse fato. O ponto que quero destacar é que Esaú, suscitado por Deus, renunciou à sua primogenitura deixando de corresponder à sua destinação divina. Por ato de sua própria vontade.
O segundo exemplo é: Moisés, como todos sabemos, foi escolhido por Deus para libertar e conduzir o povo judeu de volta à terra prometida. E assim, aos oitenta anos, Moisés aceitou a missão, enfrentou o faraó e guiou o povo pelo deserto por quarenta sofridos anos. E se manteve fiel durante todo esse tempo. No entanto, no episódio ocorrido na fonte de Meribá – quando seu povo padecia com a falta de água e comida – Moisés vacilou, pois duvidou do que Deus tinha lhe dito, que bastava tocar a rocha com uma vara e a água jorraria. Apesar desse momento de dúvida, o milagre aconteceu, conforme Deus havia anunciado.
Assim é narrada essa passagem:
“Mas o SENHOR disse a Moisés e a Aarão: “Visto que não creram em mim e não me santificaram aos olhos do povo de Israel, não serão vocês a introduzi-los na terra que lhes prometi!” Nm 20:7-12.
Ou seja, com Deus não se brinca. Tem que ir até o fim. E, por isso, Moisés foi substituído por Josué.
O terceiro exemplo: Jesus, no auge do seu sofrimento no Jardim do Getsêmani, declarou:
“O espírito está pronto, mas a carne é fraca. Pai, faça-se a Sua vontade e não a minha”. E assim se preparou para o sacrifício supremo cumprindo sua missão até o fim, deixando um legado que se perpetuou no tempo e no espaço. Esse é o ponto. Com todo os sofrimentos e dores, temos que persistir na missão.
Contemporaneamente podemos citar com muita justiça, Chico Xavier que enfrentando uma série de dificuldades, inclusive de saúde, não se furtou ao cumprimento de sua missão, indo até o fim com toda consciência do seu trabalho.
Isso, mutatis mutandis, acontece na vida de todos nós. Não viemos a este mundo por acaso, não viemos aqui a passeio. Cada um tem uma missão e um compromisso a cumprir. Quando formos até o fim, seremos abençoados por Deus.
Heitor Rodrigues Freire – Corretor de imóveis e advogado.
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