maio 30, 2022

O BRASIL TEVE UM PRESIDENTE NEGRO MUITO ANTES DE OBAMA - Michael Winetzki

 

Nilo Peçanha nasceu em 02 de outubro de 1867 na cidade de Campo dos Goytacazes no Estado do Rio de Janeiro, filho de um casal humilde, Sebastião e Joaquina. Eram seis irmãos mulatos, quatro meninos e duas meninas que viviam pobremente em um sítio na periferia da cidade. Quando as crianças chegaram á idade escolar a família mudou-se para a cidade onde o pai se estabeleceu com padaria e Nilo fez os primeiros estudos.

Ativo nos movimentos sociais desde jovem era ridicularizado pela alta sociedade local que lhe dera o apelido de "o mestiço de Morro do Coco. Partiu então para cursar a Faculdade de Direito de São Paulo e depois a Faculdade do Recife, tendo retornado a sua cidade depois de formando.

Foi fundador do Partido Republicano Fluminense em 1888 e participou das campanhas abolicionista e republicana. Sua bem-sucedida atuação nestes movimentos logrou que fosse eleito para a Assembleia Constituinte em 1890. Em 1903 foi eleito senador e em seguida presidente do Estado do Rio de Janeiro (hoje seria governador). Em 1906 foi eleito vice-presidente de Afonso Pena com mais de 99% dos votos. Na época os votos para presidente e vice eram dados em separado. 

Afonso Pena faleceu em 1909 e Peçanha assumiu a Presidência da República .de 14 de junho de 1909 a 15 de novembro de 1910. Tinha então 42 anos.  Na sua gestão criou o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, o Serviço de Proteção aos Índios (antecessor da Funai). e as Escolas de Aprendizes e Artífices, precursoras dos atuais Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefets)  Através da Lei 12.417/2011, tornou-se o patrono da educação profissional e tecnológica no Brasil.

Na eleição presidencial de 1910 apoiou o candidato Hermes da Fonseca contra Rui Barbosa e seu candidato venceu a eleição. Retornou ao Senado em 1912 e, dois anos depois, novamente elegeu-se presidente do Estado do Rio de Janeiro. Renunciou a este cargo em 1917 para assumir o Ministério das Relações Exteriores. Em 1918 novamente elegeu-se senador pelo Estado do Rio de Janeiro. 

Foi um maçom de grande expressão e Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil de junho de 1917 a setembro de 1919, quando renunciou para reencetar sua carreira política como candidato a presidência em 1921. Nesta campanha foi xingado de “mulato” algumas oportunidades e defendido por seus seguidores, os “niilistas”. Nesta eleição perdeu para Artur Bernardes e retirou-se da vida pública falecendo em 1924.

Foi casado  com a senhora Ana de Castro Belisário Soares de Sousa descendente de famílias aristocráticas e ricas de Campos dos Goytacazes, neta do Visconde de Santa Rita e bisneta do Barão de Muriaé e do primeiro Barão de Santa Rita. O casamento foi um escândalo social, pois a noiva teve que fugir de casa para se casar com um pobre e mulato, embora político promissor. 

As cidades de Nilópolis na baixada fluminense e Nilo Peçanha na Bahia homenageiam o irmão e político que se tornou o único presidente negro da história brasileira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário