A vida se faz no tempo.
Marcamos, cronometramos, nos organizamos com base no tempo.
A medida das coisas se faz no tempo.
Plantamos e colhemos respaldados pelo tempo.
Agendamos nossas ações de olho no tempo.
Sonhamos, articulamos, propomos, criamos objetivos e lá está ele, o tempo, como o senhor do aval das realizações.
Já diria o livro sagrado, para tudo há um tempo.
Cazuza em uma das suas canções dizia “o tempo não para”.
E não para mesmo!
O tempo que nos permite contabilizar o ciclo da vida é implacável.
Não cria ilusões de parada, de pausa e nem tão pouco nos oferece a oportunidade de voltar o cronômetro da vida.
Com o tempo só há uma direção, um caminho.
O tempo é como uma seta que nos oferece a constante direção a seguir.
Um dia inventaram a ampulheta, noutro o relógio, talvez tentativas de controlar, de medir, de criar parâmetros para o tempo.
Mas ele não se aprisiona, a areia de um dos lados da ampulheta acaba o relógio estraga, mas o tempo não continua sua missão rítmica de proporcionar sempre uma nova oportunidade mostrando que a vida é imbatível e que o tempo não descansa.
No entanto, o tempo não perdoa.
Ele não possibilita retrocesso, ser refeito e nem tão pouco ter o seu curso e ritmo alterados.
O tempo é implacável em sua lógica de ser.
É perceptível, calculável, estudado, interpretado, mas nunca modificado e dominado.
O tempo não proporciona ao ser humano as condições necessárias para ser adequado na própria existência humana.
Acontece justamente o contrário, cabe ao ser humano ajustar-se ao tempo, sem dó ou piedade.
A razão de ser do tempo é não ter razão.
É algo lógico, mas que não entra nas medidas da lógica.
É calculável, mas não permite o fim da equação.
É uma história sempre com o mesmo enredo e os mesmos personagens: sol e lua se revezando no palco da vida temporal.
A ciência utiliza-se do tempo em suas descobertas; os poetas e cantores nas suas criações literárias e musicais; a religião como estágios da vida, da alma; os filósofos como etapas do desenvolvimento intelectual; os mestres gastronômicos como medidas para as suas criações; enfim, a vida se mede no tempo, se organiza no tempo... tempo que não para.
Dizem também que o tempo é o senhor das coisas.
Que ele é capaz de por tudo nos seus devidos lugares.
O tempo questiona; o tempo esclarece; o tempo direciona respostas; o tempo não encoberta mentiras; *COM O TEMPO AS VERDADES APARECEM.*
Todavia, há quem diga que nas dores o tempo demora a passar e que nas coisas boas, alegres, ele passa rápido demais.
Como o tempo é o mesmo em ambos os casos, prefiro dizer que o segredo está na intensidade que vivemos as dores e alegrias, na forma que gastamos nossa vida vivendo estes sentimentos antagônicos.
A alegria que contagia provoca realizações, já a dor que adormece provoca contrações.
A intensidade das atividades, nestes dois casos, provoca a percepção do tempo.
Enfim, como dizia Mário Lago: “Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo.
Nem ele me persegue, nem eu fujo dele.
Um dia a gente se encontra”.
O certo é que no tempo da vida, o nosso cronômetro já foi acionado.
Vivamos, pois não sabemos o dia que ele será findado pelo Grande Arquiteto do Universo.
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