Aildo Virginio Carolino é o Grão Mestre do GOB-RJ
Inicialmente gostaria de dizer que, mesmo não sendo especialista no assunto, mas tendo em vista a necessidade de compreendermos o Simbolismo Maçônico, nos propomos à reflexão sobre os aspectos e noções básicas que compõem esta simbologia, por considerá-la de suma importância para nossa evolução maçônica.
Considerando que, a Maçonaria pode ser definida, de maneira simplificada, como “um sistema de moral velada por alegorias e ilustrado por meio de símbolos”, ou seja, que ela se assenta em formas ou objetos concretos que apresentam um ou vários significados.
Por isso, torna-se necessário compreender essas formas de representação.
Nessa linha de entendimento, podemos dizer que, geralmente, no estudo da Maçonaria encontramos três níveis de representação simbólica, a saber:
Emblema, Alegoria e Símbolo, destacando que há entre cada uma delas distinção quanto ao seu significado.
Dessa forma, temos que, Emblema é segundo alguns estudiosos, uma forma representativa de menor complexidade do que a Alegoria, bem como esta é menos complexa do que o Símbolo propriamente dito.
O Emblema pode ser definido como uma insígnia ou um distintivo.
Como dito anteriormente, ele é um símbolo de menor complexidade nessa escala representativa, por exemplo, o esquadro sob o compasso ou vice e versa.
Dentro do Simbolismo Maçônico, o Emblema é uma figuração simbólica, recheada de desenhos e cores representativas, geralmente acompanhadas de um dístico.
Outro aspecto da Simbologia Maçônica é a Alegoria, uma palavra de origem grega, que representa certos atos ou ideias.
Ou seja, ela nada mais é do que a forma figurada de um pensamento, ficção ou metáfora, de tal maneira que, na expressão ou entendimento comum, tem um significado e no sentido esotérico, outro, por exemplo, a alegoria da pedra bruta.
Podemos dizer que, a alegoria nos é apresentada através de imagens claras, formadas por símbolos concretos, tal como a representação alegórica da justiça, a qual é figurada por uma balança.
Ainda compondo o Simbolismo Maçônico, temos o Símbolo propriamente dito, que é representado por um objeto ou sinal convencional, através do qual se indica outra coisa que não aquela que inicialmente possa nos parecer.
O símbolo pode ter vários significados e a revelação de cada um deles ocorre de acordo com o estágio evolutivo de cada um de nós.
Com isso, é possível dizer que, o Símbolo é mais velado que a alegoria, pois este requer uma maior introspecção de quem o examina, revelando seus possíveis significados conforme o momento e a evolução de cada um.
Embora a distinção entre Alegoria e Símbolo requeira um exame um pouco mais minucioso de quem os observa, com relação ao emblema, isso se torna um exercício menos complexo.
Assim, podemos destacar que a diferença entre o emblema e o símbolo é que, aquele é objetivo, ao passo que este requer uma maior introspecção para compreender seus possíveis significados.
Segundo o grande escritor maçônico Mackey, a palavra emblema é usada geralmente como sinônimo de símbolo, embora os dois nomes não expressem exatamente o mesmo sentido (como já apontamos anteriormente) e, conclui que:
... “Todos os emblemas são símbolos, mas a recíproca não é verdadeira”...
O que ressalta esse caráter mais pragmático do emblema em relação ao símbolo.
Nessa perspectiva, ressaltamos que o Simbolismo é um sistema de representação que visa memorizar fatos e tradições, bem como exprimir crenças ou verdades de um povo ou, no nosso caso, de pessoas iniciadas na Maçonaria.
Segundo Theobaldo Varoli Filho, “O Simbolismo Maçônico é o culto da Ética Universal, por meio de Símbolos e Alegorias.
Ele se distingue por sua universalidade e como expressão de ideias pacificamente aceita pela humanidade civilizada”.
Com isso, podemos depreender que, os Símbolos Maçônicos não devem ser interpretados livremente a fim de que sejam evitadas distorções quanto ao seu significado, uma vez que eles buscam sintetizar lições morais e universais, aceitas por todas as crenças e filosofias.
Lembramos que, o Simbolismo Maçônico nos Graus 1º, 2º e 3º (Maçonaria Simbólica) estão, basicamente, representados pelos instrumentos dos pedreiros livres a época da Maçonaria Operativa.
A estrutura hierárquica do conhecimento esotérico ou maçônico pode ser compreendida através da organização em uma escala ascendente dos níveis de representação do Simbolismo Maçônico.
Assim, temos como base o emblema, cuja interpretação se refere apenas ao que se vê o que é efetivamente concreto a qualquer um, exemplo, a trolha (um instrumento ou ferramenta de trabalho do pedreiro/operário).
Seguidamente, há o nível alegórico, no qual vemos o que está nas entrelinhas: a trolha serve para construir nosso templo interior ou saciar nossa fome.
No ápice, temos a representação simbólica, neste nível a interpretação vai além das entrelinhas e a intuição se faz presente de maneira absoluta.
Portanto, concluímos que, o Simbolismo Maçônico é sempre um véu a ser descortinado, o qual constitui um sistema de conhecimento que se adéqua mais à memorização intuitiva do indivíduo, uma vez que a interpretação da Simbologia Maçônica possui um caráter etéreo e metafísico, o que requer uma constante evolução do Maçom, bem como uma busca incessante pelo conhecimento.
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