Pergunta: Por que usamos chapéu nas Sessões de Câmara do Meio?
Resposta: Esse costume possui base existencial característica em alguns Ritos maçônicos, como é o caso da prática no Rito Escocês Antigo e Aceito.
Embora a Maçonaria não possua origem hebraica como querem alguns autores menos avisados, desde o século XVIII, após a criação e adoção pela Moderna Maçonaria da Lenda de Hiran Abif como o lendário construtor do Templo de Jerusalém, muitas práticas místicas relacionadas aos hebreus e judeus passariam a se fazer presentes em muitos trabalhos maçônicos conforme o rito praticado, tanto na liturgia e ritualística assim como na decoração dos Templos.
Uma das razões facilmente explicáveis é que a Maçonaria, embora sem ser ela considerada uma religião e com a sua autêntica idade de aproximadamente oitocentos anos de história, nascera à sombra da Igreja Católica (cristã), cujo Cristianismo indiscutivelmente possui suas raízes influenciadas pela cultura hebraica.
Nesse sentido, a ortodoxia judaica sustentada pelo Sepher Há Zoar (Livro do Esplendor) que trata em linhas gerais, segundo a sua cultura, das relações humanas com “Deus” traduz por esse costume de que o Homem deverá manter sempre a sua cabeça coberta, desde o oitavo dia de vida - marcado pela circuncisão (brit-milá) que simboliza a aliança abraâmica com “Deus”. Na prática, entretanto, essa cobertura da cabeça é realizada pelo uso obrigatório do kipá, que é na verdade o solidéu – do latim soli Deo = só a “Deus” – quando da realização das cerimônias litúrgicas judaicas, embora muitos ortodoxos mantenham constantemente a cabeça coberta também por um chapéu preto.
Em Maçonaria e particularmente no REAA.´., onde geralmente a cobertura da cabeça é feita com um chapéu negro e desabado, tradicionalmente deveria ser obrigatória para todos os Mestres nas Sessões do Terceiro Grau e apenas para o Venerável nas sessões do Primeiro e Segundo Graus.
Lamentavelmente em muitos rituais esse tradicional costume não está mais previsto. Também existem Ritos em que esse procedimento de cobertura é obrigatório para todos os Irmãos em todos os Graus simbólicos e em qualquer Sessão.
Ainda na questão da influência hebraica e o uso do chapéu nas práticas litúrgicas de muitos ritos maçônicos, explica-se o fato, sob o ponto de vista teísta, que essa cobertura, tal como no judaísmo, recomenda também que acima da cabeça do Homem, de modo transcendental, onisciente, onividente e onipresente está a presença de “Deus”, ou o Grande Arquiteto do Universo para a Maçonaria.
Em tese adverte a insignificância humana perante o “Criador”, evidenciando a incapacidade de compreender a divindade, já que sendo a cabeça a morada da mente e do conhecimento, a sua cobertura denota nessa interpretação. Em última análise é o símbolo da submissão do Homem a “Deus”.
Sob o ponto de vista histórico e figurado na Moderna Maçonaria, a cobertura da cabeça remonta das cortes europeias, sobretudo na França do século XVIII, quando o rei na presença dos seus súditos (inferiores hierárquicos) cobria a cabeça em alusão a sua superioridade (figuradamente é o Venerável nas sessões de Primeiro e Segundo Graus).
Já o rei reunido com seus pares todos, em menção a igualdade, mantinham a cabeça coberta (é o que ocorre em uma Sessão do Terceiro Grau – todos são Mestres).
Concluindo, ficam então aqui consignadas essas considerações que ponderam justificativas para os procedimentos alusivos ao tema (uso do chapéu), entretanto fica o alerta de que o mencionado apenas se propõe a trazer luzes para relevar costumes hauridos da tradição maçônica sem, contudo se arvorar em desrespeito dirigido a qualquer ritual legalmente aprovado e em vigência.
Como fora aqui anteriormente mencionado, muitos desses costumes relacionados ao uso do chapéu, lamentavelmente não mais estão previstos nos rituais, ou quando não em outros, usa-se o termo “a critério do Venerável”. Como a imensa maioria nem sequer entende a razão da prática, o que se diria então se a mesma ficasse “a critério do”.
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