NÃO PODEMOS ESQUECER NOSSO PASSADO GLORIOSO, MAS NÃO PODEMOS VIVER ETERNAMENTE DELE!
Nossa ordem anda, nas últimas décadas, tão carente de realizações dignas de nota na história do Brasil que, quando queremos citar nomes de grandes maçons, temos de recorrer a personagens da época do império ou do início da república velha, fatos ocorridos há mais de 100 anos.
Não podemos esquecer nosso passado glorioso, mas não podemos viver eternamente dele.
Independência, Abolição e República tiveram a participação direta e fundamental de maçons, mas fazem parte dos livros de história.
Dia desses, minha esposa perguntou o motivo de tudo na maçonaria ter tratamento superlativo:
Potência, Soberano, Sapientíssimo, Supremo, Eminente, Poderoso, Grande, Venerável, Ilustre, Respeitável, Excelso, Colendo, Egrégio, e por aí vai.
Confesso que fiquei sem resposta.
Daí comecei a matutar. E isso nem sempre é bom...
Diagnostiquei como sendo complexo de superioridade, vangloriar-se , gabar-se de ser o que não é para tentar impressionar e manter viva uma importância que faz parte do passado.
O gosto por comendas é outro sintoma.
De vez em quando cruzamos com Irmãos portando tal número de medalhas que nos perguntamos se não seria o próprio Grande Arquiteto do Universo que resolveu dar o ar da sua graça no plano terreno.
O Relatório de Pesquisa “CMI – Maçonaria no Século XXI” analisou dados coletados no período de 21/02 a 18/03/2018 com a participação de 7.817 Irmãos das três potências (GOB, Grandes Lojas e COMAB).
O relatório é rico em dados e traz uma série de conclusões.
Mas a que mais chama a atenção é a de que “menos de 5% dos maçons brasileiros sabem o que é maçonaria, conforme os conceitos e definições mais utilizados no mundo.”
Sendo o conceito mais comum o de que maçonaria é “um belo sistema de moralidade velado em alegoria e ilustrado por símbolos” (Zeldis, Leon).
Conclui o relatório que “o legítimo objetivo maçônico, de ensino de moralidade, de transformar bons homens em melhores, vai sendo preterido, ignorado, esquecido...” e “se não se sabe o que é, não se sabe o que realmente se deve fazer... distanciando-a (a maçonaria) de seus legítimos objetivos e de sua própria razão de existir enquanto instituição”.
Parece que chegamos ao cerne do problema da atual situação de nossa Ordem.
Ao invés de querer que a nossa sublime instituição tome as rédeas da política, beneficência, ação social, etc., devemos preparar o homem maçom, através do ensinamento da moralidade, para que este o faça.
Não é a maçonaria enquanto instituição, mas sim os maçons devidamente preparados que agirão, conforme os preceitos de moralidade e ética, nas empresas, órgãos públicos, escolas, lares, associações, etc., difundindo e aplicando os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
O foco principal da maçonaria deve ser a formação do maçom.
A continuarmos do jeito que está, iremos nos tornar, se é que já não nos tornamos, um clube de serviços onde nos reunimos para troca de favores e obtenção de vantagens pessoais.
Sem esquecer, é claro, das medalhas, paramentos, etc.
Vamos a todo custo e nunca a qualquer custo!!!
Há irmãos que foram ícones quando Aprendiz, mas bastou a primeira medalha 🥉 para deixar de cavar masmorras e passar a edificar um templo único à vaidade.
E por fim, aquele que foi referência passa a ser questionado, até que um dia seu castelo de vaidades se esvai em ruínas.
Surge então uma derradeira oportunidade de reconciliação com a JUSTIÇA e PERFEIÇÃO...
Basta apenas o querer servir e não mais ser servido...
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