outubro 01, 2022

A PRANCHETA - José Castellani





A Prancheta é uma das Joias fixas da Loja. Analisemos, portanto, primeiramente, essas Joias: 

As três Joias Fixas da Loja, assim chamadas porque o lugar que ocupam é sempre o mesmo, independentemente dos dirigentes da Oficina, são: a *Pedra Bruta*, a *Pedra Cúbica* e a *Prancheta*. 

A *Pedra Bruta* é aquela na qual trabalham, simbolicamente, os Aprendizes Maçons, com a finalidade de esquadrejá-la e transformá-la numa pedra com formato cúbico, para que ela possa ser usada nas construções; é a pedra informe, a pedra de cantaria, que era moldada pelos canteiros medievais. Os canteiros formaram, na Idade Média, importantes associações profissionais, cujo trabalho era fundamental para a construção de edifícios. Para o esquadrejamento da pedra, são necessários, como instrumentos de trabalho, o maço, para atuar sobre o cinzel, que desbasta a pedra, além, evidentemente, da régua, para marcar os locais a esquadrejar. Por isso é que, ao lado do maço e do cinzel, a régua também deve ser considerada um instrumento do Aprendiz Maçom, embora alguns ritos, inexplicavelmente, não a considerem como tal. 

O *Maço* é um instrumento quadrangular (cúbico, ou com formato de paralelepípedo, se for considerado tridimensionalmente), de madeira rija, tendo, no meio, um cabo, sendo utilizado por artífices, para bater sobre formões, escopros, cinzéis, etc. O cinzel é um instrumento cortante numa das extremidades, usado por escultores e gravadores; um dos mais antigos artesanatos, a arte de cinzelar, já era conhecida em épocas remotas, pois foram encontradas peças cinzeladas em cobre nas cavernas pré-históricas. A régua é um instrumento de metal, madeira, osso, chifre, acrílico, de superfície plana e bordos retilíneos bem vivos, servindo para traçar linhas retas; em maçonaria, são usadas régias de dois tipos: a não graduada, que simboliza a lei, a ordem e a inteligência, que devem orientar as ações dos maçons, e a de vinte e quatro polegadas, símbolo do tempo, a mostrar a efemeridade da vida humana e sugerindo o bom aproveitamento da existência, nas obras do espírito humano. 

A *Pedra Cúbica* é a obra final do Companheiro Maçom, o grau que exalta o trabalho, em todas as suas formas. Ela é o sólido geométrico perfeito, pois se encaixa nas construções, sem que sobrem espaços entre elas e outras pedras iguais (o que ocorre, também, com o formato de paralelepípedo). Embora muitos rituais e muitos maçons façam referência a ela, como “Pedra Polida”, Pedra Cúbica e Pedra Polida não representam a mesma coisa, pois uma pedra pode ser polida, sem que o seu formato seja, necessariamente cúbico (pode ser cônico, esférico, piramidal, etc.). 

A *Prancheta*, ou *Tábua de Delinear*, é o objeto do trabalho do Mestre Maçom, onde este, simbolicamente, traça e delineia os projetos da construção. Nela estão traçadas a cruz quádrupla e a cruz de Santo André. A cruz quádrupla é formada por duas paralelas cruzadas e é o símbolo da limitação da capacidade do homem; já a cruz de Santo André --- assim chamada porque Santo André teria sido supliciado numa cruz com essa forma --- que tem o formato de um “xis”, com quatro ângulos opostos pelo vértice, simboliza o infinito --- porque suas hastes divergem ao infinito ---- os opostos e as díades. 

Como o trabalho dos Aprendizes deve ser orientado pelo 2º Vigilante, a Pedra Bruta fica junto à sua mesa. Como o trabalho dos Companheiros deve ser orientado pelo 1º Vigilante, a Pedra Cúbica fica junto à sua mesa. E a Prancheta fica no Oriente, à frente do Altar, à direita de quem ali está, sobre um cavalete, ou na própria face do Altar. 

Ela não tem medidas estereotipadas, mas um bom tamanho seria de 40 centímetros de altura, ou comprimento, e trinta de largura. Sendo uma prancha de traçar, ou Tábua de Delinear, deve ser de material onde se possa escrever, papel, papiro, tecido, devidamente enquadrado. 

A Carta Constitutiva, na realidade, deveria ficar na Sala dos Passos Perdidos, para que os visitantes pudessem saber que a Loja visitada é regularmente constituída. A colocação dela à frente do Altar retira tal possibilidade e não tem qualquer substrato histórico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário