novembro 14, 2022

CAXIAS E A QUESTÃO RELIGIOSA



Em 1875 por pressão de Duque de Caxias, o Imperador Dom Pedro II ordenou a anistia dos Bispos de Olinda e do Pará, presos um ano antes ao tentarem excomungar membros da maçonaria das irmandades católicas, cumprindo com a Bula Papal, mas violando as leis do Padroado do Império

Ignorando os protestos do Papa Pio IX, Dom Pedro II acabou concordando com Caxias que para terminar a crise entre a Igreja e o Império era necessário um acordo mútuo com o Papa.

Dom Pedro II concedeu anistia aos bispos presos. O papa, por sua vez, suspendeu as punições contra os maçons nas irmandades do Pará e de Olinda.

A Anistia dos Bispos, porém foi criticada pela impressa liberal e pela Maçonaria radical ligada ao Jornalista e Republicano Saldanha Marinho. O Duque de Caxias, mesmo sendo um maçom desde 1841, e Grão Mestre de Honra do Grande Oriente do Brasil, foi alvo de ataques da impressa anticlerical como um "fantoche" da Igreja e da Princesa Isabel, conhecida pelo seu apoio aos Ultramontanos. 

O Periódico "O mequetrefe" ironizou a anistia concedida em 1875 aos bispos com uma Charge. Em destaque o Duque de Caxias, presidente do Gabinete de Ministros, "cavalgando" a Constituição através da "corrupção" sob a influência da Princesa Isabel, retratada com o perfil eclipsando o Sol, com a inscrição "Liberdade"

Duque de Caxias pertenceu discretamente à Maçonaria inglesa ou azul favorável à Monarquia Constitucional, por julgar a mais indicada para a época.

O decreto de anistia aos Bispos fala em colocar os processos dos bispos, que tinham sido instaurados, em "perpetuo silêncio", dentro do espírito da visão pacificadora de Caxias. Tal decreto alimentou, ainda mais, a impopularidade do Caxias entre os maçons. Além disso, defendeu publicamente a manutenção da junção do Estado com a Igreja, tese radicalmente contrária a posição da maçonaria da época.

Em 1876 foi expulso da Irmandade da Santa Cruz dos Militares confraria da qual tinha sido Provedor em 1871/72, por ser Maçom. Heitor Lyra relata que Caxias era um Católico fervoroso, mas nunca rompeu formalmente com a Maçonaria. Essa contradição aparente reflete o pensamento de muitos maçons da época, como o Visconde do Rio Branco, que enxergavam a importância de suas convicções religiosas apenas no âmbito particular.

Seu biógrafo Kurt Proper termina o seu artigo relatando que o clero brasileiro resolveu "esquecer" que Caxias tinha sido maçom, pois, "ao serem trasladados os restos mortais de Caxias, que no interim se tornara Patrono do Exército, do Cemitério de Catumbi, Rio, para o Panteão, em frente ao Quartel General do Exército, foi justamente na Igreja da Irmandade da Cruz dos Militares, na antiga rua Direita, que o expulsara. Caxias e a Unidade Nacional. Academia de História Militar Terrestre.

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