Nas últimas décadas, um gentílico árabe medieval (alcunha designativa da ligação de alguém ao lugar de onde veio) ganhou destaque através do inglês nos idiomas mais difundidos do mundo. Muitos o utilizam no dia a dia, muitas vezes considerando o conceito a que se refere como essencialmente misterioso, como foi quando surgiu na Idade Média, e deu a pessoas que introduziram a matemática árabe na Europa cristã a fama de feiticeiro ou bruxo, como foi o caso do papa matemático Silvestre II.
A palavra é algoritmo , cujas raízes remontam ao século IX, no Grande Irã. Lá viveu um polímata persa chamado Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi, sendo ‘’al-Khwarizmi’’ um gentílico que significa em árabe ‘’o Corásmio’’, pois foi na Corásmia que nasceu este grande cientista muçulmano de quem agora nos lembramos por suas realizações em geografia, astronomia e matemática.
Nesse último campo, ele foi o primeiro a definir os princípios das equações de “redução” e “balanceamento”, assunto que todos conhecemos na escola como álgebra (nome que vem do árabe al-jabr , ou “a redução’’, que é o título de um dos seus livros).
Foi fazendo uso dos métodos de cálculo de al-Khwarizmi que um milênio depois o criptoanalista britânico Alan Turing (m. 1954) descobriu como, em teoria, uma máquina poderia seguir instruções algorítmicas e resolver matemática complexa. A função essencial de um algoritmo é processar dados, hoje em dia muitas vezes em grandes quantidades e de vários tipos, e cada vez mais com o auxílio de sofisticados processos de aprendizado de máquina. Este foi o nascimento da era do computador, e, posteriormente, a como estes padrões são utilizados para cooptar e reproduzir suas preferências de conteúdos e propaganda em redes sociais e plataformas de streaming.
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