Lendo os documentos oficiais e reconhecidos como válidos da antiga Maçonaria inglesa e francesa, percebemos a simplicidade dos ritos de lojas independentes paulatinamente sendo sufocado pela pompa de obediências das mais diversas.
As reuniões davam-se em tavernas, alugadas para a sessão.
Os símbolos eram desenhados no chão e nas paredes.
As comemorações seguiam-se ao encerramento ritualístico.
A iniciação resumia-se a um conjunto de fórmulas básicas.
Os painéis do grau eram, na verdade, pedaços de couro adornado pelos irmãos mais habilidosos, assim como a habilidade era o prumo para o ingresso na Ordem.
Na verdade, a instituição nasceu pobre e não se dava com dignidades e com a nobiliarquia que, progressivamente, foi incorporada às associações operativas.
Evidentemente, os "aceitos" introduziram uma gama de conhecimentos de origens mais diversas, confundindo o conhecimento essencialmente maçônico com tantas culturas transportadas para as Lojas, o que não pode ser considerado negativo.
Todavia, surgiu daí as mais insólitas interpretações sobre paradigmas simbólicos que deveriam, por obrigação, ser muito simples.
Esse ocultismo inculcado no imaginário europeu ganhou ainda mais força com o estabelecimento das obediências.
Deve-se rememorar que a Ordem, com seus séculos, nunca contou com Orientes centralizadores, cabalando irmãos nas localidades de forma primitiva.
Contudo, tantos Supremos Conselhos, Consistórios, e outras pequenas e grandes burocracias contribuíram por distanciar as origens dos maçons operativos, enevoando as mentes com as insígnias mais do que a finalidade última da instituição.
O grau de mestre, os graus superiores ou filosóficos, os ritos antigos e aceitos, são inovações no final de contas.
Mas o que mais chama atenção nesse mar de vaidades é o reconhecimento.
Antigamente, falar-se em reconhecimento era desconsiderar completamente a irmandade maçônica.
Hoje, o reconhecimento interno e externo fala mais alto do que o conhecimento havido pelo iniciado.
Não importa saber o que o irmão sabe, pensa, sente e externa, mas sim se a potência é ou não licenciada conforme preceitua o órgão expedidor de certificação.
Toda aquela burocracia que sufocava instituições decadentes, das quais a Maçonaria sempre se destacou, agora insiste por afogar a própria Ordem.
O objetivo dessa humilde prancha é chamar atenção de todos pela necessidade de despir-se de vaidades, de formalidades, de verdades estabelecidas em prol do resgate das práticas tão especiais que caracterizam a Arte Real.
Humildade para reconhecer o saber alheio, para aprender conjuntamente, para não tolher o crescimento do irmão, para reconhecer como irmão quem foi iniciado, para acolher em Loja qualquer que se mostrar maçom, para abandonar os símbolos externos e internalizar o conhecimento nas atitudes do dia-a-dia.
Não gostaria de admitir a Maçonaria como trincheira para nobres, aburguesados, ou qualquer reunião que exclua os talentos de cada irmão.
Nossa Ordem não pode se pautar pela aristocracia tão cara a Templos caiados de pompa.
Não quero encontrar mestres, soberanos, ilustríssimos, sereníssimos, poderosos, sapientíssimos, quero conhecer irmãos simplesmente, porque acredito que quanto maior o mestre, menor deverá parecer.
Mas irmãos de fé, de fato e de direito, este que é filho único na família profana.
Quero sentir Maçonaria e não decorar fórmulas vazias.
Estamos irmanados para a edificação que permita a todos nossos queridos irmãos terem um refúgio, um porto seguro, braços estendidos, acolhida confortável com o carinho que os irmãos merecem.
Maçonaria se resume em AÇÃO e não em Títulos e Honrarias que deveriam ser abolidos por nunca terem existidos na concepção primaz dos Operativos.
Mais HUMILDADE.
Menos VAIDADES...
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