janeiro 13, 2023

A CONTRIBUIÇÃO ÁRABE PARA A QUÍMICA - Mansur Peixoto


Muito mais que a matemática e a astronomia, a química foi sem sombra de dúvidas um dos maiores legados da civilização islâmica medieval. A própria palavra química é a ‘’al-kīmīya’’ árabe sem o artigo ‘’al’’ que acompanhava sua versão anterior, alquimia.

O fundador desta ciência dentre os muçulmanos foi o tataraneto do Profeta Muhammad, Jafar as-Sadiq (702-765), mestre alquimista de ninguém menos que o grande Jabir Ibn Hayyan ou ‘’Geber’’, pai da química, criador da classificação sistemática de substâncias químicas e as mais antigas instruções conhecidas sobre como derivar compostos inorgânicos de substâncias orgânicas por meios químicos. Suas obras também contêm uma das primeiras versões conhecidas da teoria dos metais enxofre-mercúrio, uma teoria mineralógica que permaneceria dominante até o século XVIII, além de ter sido o inventor da retorta e do alambique (do ár. ‘’al-anbiq’’), que ele utilizava para destilar o álcool (do ár. al-kohol). 

Outros grandes químicos muçulmanos medievais foram al-Razi, descobridor do ácido sulfúrico e do etanol. Al-Kindi, que refutou no século IX a ideia da transformação de metais pobres em ouro e é considerado o pai da perfumaria moderna através do seu "Livro da Química dos Perfumes e Destilações", onde criou 107 fragrâncias.

Maslama al-Majriti, o primeiro a observar o princípio da conservação da massa, que realizou ao descobrir o óxido de mercúrio, 700 anos antes do francês Lavoisier. E Al-Biruni, que desenvolveu métodos experimentais para determinar a densidade, usando um tipo particular de equilíbrio hidrostático e descobriu o ácido inoxidável. 

Até hoje alguns elementos químicos e substancias carregam nomes de origem árabe, como o boro do árabe buraq, zircônio, do árabe zarkun, antimônio, do árabe ʾiṯmid, ou azote, antigo nome do nitrogênio, por sua vez derivado do árabe al-zuq, e os que tiveram seus nomes árabes substituídos por ‘’latinos cientificos’’ na química moderna, mas ainda carregam o árabe em suas letras da tabela periódica, como o sódio, cuja sigla é NA, do latim moderno natrium, por sua vez do árabe natrun (نطرون ), ou o potássio, K, do latim medieval kalium, do árabe al-qaly (القلي), de onde deriva também termos como ‘’alcalino’’.

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