janeiro 10, 2023

O AVENTAL DE APRENDIZ - Ir.’. Eder Avallone



A Maçonaria é uma Instituição de homens sábios e virtuosos que se consideram Irmãos entre si e cujo fim é viver em perfeita Igualdade, intimamente ligados por laços de recíproca estima, confiança e amizade, estimulando-se, uns aos outros, na prática das virtudes. 

O Avental é um legado que a maçonaria moderna recebeu da maçonaria operativa. Esta peça, que foi de tanta utilidade para o Maçom operativo, já que lhe protegia a roupa, transformou-se para o Maçom moderno numa alfaia simbolizando o trabalho do Maçom.    

Até a sua regulamentação, pela Grande Loja Unida da Inglaterra, os aventais da maçonaria inglesa assumiram os mais variados aspectos e formas. Simples peles desalinhadas de cordeiro, no princípio, os aventais sofreram uma evolução constante nos países que adotaram a instituição maçônica.

Em fins do século XVIII era grande moda enfeitar os aventais com pinturas e bordados à mão, que reproduziam a riqueza emblemática da maçonaria.

É lógico que, com a transformação da Maçonaria, de Operativa em Especulativa, os Aventais foram diminuindo de tamanho, ganhando couros mais macios e, finalmente, cores e enfeites.  

O Avental tem dimensões variadas de 30 a 35 cm por 40 a 45 cm.  O Avental do Aprendiz Maçom é branco, originalmente de pele de carneiro, com abeta triangular levantada e sem nenhum enfeite.  

O Avental do Companheiro Maçom é branco, com a abeta triangular abaixada em alguns ritos, podendo ter uma orla vermelha, significando o zelo e constância com que o Maçom prossegue no caminho do seu aperfeiçoamento.  

O Avental do Mestre Maçom é branco, com a abeta triangular abaixada, orlado e forrado de azul ou vermelho, podendo ter no meio as letras M e B também nas cores citadas.

Para frequentar o Templo nas Sessões da Loja, torna-se necessário e imperativo que ali se esteja "maçonicamente trajado", ou seja, revestidos de seu Avental. 

Insígnias e medalhas distintivas podem ser dispensados, nunca o Avental, pois o traje do Maçom é o Avental. Sem ele, é impossível a qualquer Maçom tomar parte nos Trabalhos. 

Na Maçonaria Especulativa, o uso do Avental independe da posição ou cargo exercido pelo Maçom. Além do Cinzel e do Malho, o Aprendiz recebe o Avental, sempre presente no traje maçônico. 

Esta peça tem a forma quadrada com uma abeta triangular voltada para cima, simbolizando a sua falta de conhecimento do ofício. A cor é branca para traduzir a inocência do Aprendiz. Uma vez trajando o seu Avental, o Aprendiz não é mais aquela pessoa de antes.

Tem agora gestos solenes, postura serena, porém disciplinada; e suas palavras, estando à ordem devem ser calmas e cuidadosamente pronunciadas ao defender suas ideias e posicionamentos.

As origens do Avental Maçônico podem ser encontradas dentro das antigas corporações de ofício, em especial dos "Talhadores de Pedra", que possuíam aventais de diversos formatos; em geral, feitos por um tipo de couro bastante grosso, pois sua finalidade principal era proteger aqueles que os usavam.

No simbolismo do Avental, apesar de inúmeras associações que possam ser feitas, dois aspectos são de fundamental importância e devem ser ressaltados. 

O primeiro, é que a cor branca de seu fundo só pode significar a pureza da alma e das boas intenções de um Maçom, como sendo ele o último depositário da Moral, dentro da Sociedade Moderna.  

O Avental tem que ser entendido como o Símbolo maior do trabalho, lição primeira que nos é ensinada desde o contato inicial que temos com a Ordem. Não devemos esquecer, jamais, as palavras de um Venerável Mestre, quando nos apresenta o Avental do Aprendiz!

A nossa sagrada Ordem tem sempre nos conduzido ao entendimento de que o Avental é peça fundamental dos paramentos e um símbolo tradicional do trabalho, desde os mais distantes tempos, característica daqueles que participam na construção social nas mais diversificadas atividades humanas. 

A faixa - ou "fita", também usada na Maçonaria, denota em sua simbologia a investidura da autoridade.

Sendo a Maçonaria uma ciência de moralidade e, consequentemente, de moralização social, permanentemente velada por alegorias e ilustrada por símbolos, o Avental e a Faixa, principalmente o primeiro, contemplam grande significado milenar que nos conduz aos primórdios do trabalho do homem.

Segundo o Ir.’. Gervásio de Figueiredo, em seu Dicionário de Maçonaria (Editora Pensamento), O Avental é, não apenas uma das mais antigas vestimentas simbólicas da Maçonaria, oriunda possivelmente do antigo Egito, mas uma das mais significativas peças, indispensável em qualquer ato litúrgico maçônico.

Suas diversas formas de apresentação, quando ainda no período de Aprendiz, nos mostram um somatório de cinco ângulos, em função de sua abeta levantada, indicando os cinco sentidos, através dos quais nos ligamos ao mundo material. 

Quanto às cores desse paramento e seus diversos símbolos ali presentes, nos indicarão importantes significados - um exemplo dos mais simples, embora guardando imenso valor esotérico, é o Avental do Aprendiz, representando a pureza do espírito -, supostamente atingida nesta importantíssima fase da formação maçônica.

O Avental de Aprendiz é o único adorno que lhe é permitido.  Tem a abeta levantada. Suas dimensões devem ser as mesmas do Avental dos Mestres, diz Boucher, porque na realidade, nos dois primeiros graus, o operário, ainda inábil, deve proteger-se mais ainda que o Mestre.

Oswald Wirth observa que: “encarado como insígnia honrosa, o Avental adorna o Maçom mais honrosamente que as distinções profanas”.

O Maçom deve apreciar a nobreza que implica o porte do Avental, o qual não poderia ser revestido com indiferença, sem relembrar ao portador suas obrigações de iniciado.

O Maçom não escapa, todavia, às fraquezas humanas: falta-lhe muitas vezes a instrução iniciática e não é quase informado sobre o alcance dos símbolos. 

O uso impede-lhe, no entanto, de penetrar na Loja sem estar ornamentado com o Avental, para afirmar sua renúncia momentânea aos hábitos profanos. 

Com certeza, o hábito não faz o monge e o Avental não é suficiente para disciplinar o Maçom: se o militar em uniforme não é mais o simples cidadão que era com roupas de civil, o Maçom ornamentado não é mais que no mundo profano.

O Avental não deve ser revestido levianamente. Não está prescrito, antes de cingi-lo, que se deva invocar o G.’.A.’.D.’.U.’.. Mas um exame de consciência é recomendado ao Maçom escrupuloso, já que, em presença de um irmão que lhe inspire animosidade, não deveria permitir-se usar o Avental: Não se deve entrar em loja sem nela trazer sentimentos depurados e fraternos, sem restrição.

Estritamente falando, um Maçom sem Avental não é concebível.  A expressão está, contudo em uso para designar um homem que se comporta como Maçom sem ter sido iniciado nos mistérios da Maçonaria. Trata-se apenas de insígnia que se usa em loja, não do Avental iniciático real.

O Avental de construtor espiritual não é revestido convencionalmente. É simbolizado pelo corpo que recebemos para cumprir a nossa tarefa terrestre; é o envelope de nossa personalidade, uma espécie de segundo corpo, mais misterioso que o primeiro.  

O seu papel consiste em proteger-nos durante o nosso trabalho, pois não devemos ser feridos pelos estilhaços que se despregam de nossa Pedra Bruta.

No Grau de Aprendiz, o Avental tem sido considerado como representando o quaternário tendo sobreposto o ternário.  Outros veem no triângulo formado pela abeta do Avental, a alma plantando sobre o corpo inferior.  

E quando esta abeta é baixada, posteriormente, quando o Maçom atinge o grau de companheiro, ela mostra que a alma se encontra dentro do corpo, dele fazendo o seu instrumento.

----

BIBLIOGRAFIA:

CASTELLANI, José - O Rito Escocês Antigo e Aceito - História, Doutrina e Prática" - Editora A Trolha.

ASLAN, Nicola – Comentários ao Ritual de Aprendiz – Vade-Mécum Iniciático – Editora Maçônica.

CHARLIER, René Joseph – Pequeno Ensaio de Simbólica Maçônica – Edições Futuro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário