A Ética, denominada de Filosofia Moral ou Ciência Moral, trata da análise e a reflexão sobre as condutas humanas, tanto individuais, quanto coletivas, e as normas morais como princípios dos comportamentos.
Sua finalidade é fazer com que o desenvolvimento humano atinja a plenitude, respeitando as diferenças individuais.
Segundo Aristóteles, “a Ética estabelece o que se deve ou se pode fazer, e o que não se deve ou não se pode fazer”.
É evidente que quando se estuda o procedimento do homem no meio social, deve-se levar em conta que o homem é um ser moral, justamente por ser ele um se político.
É um ser político porque a isso o obriga a sua natureza humana.
Mais do que nunca o homem tem que se adaptar à vida em comunidade, mormente nos tempos de globalização, quando o mundo virou uma “aldeota”, onde a aviação e os meios de comunicação acabaram com as distâncias.
O homem vive em sociedade e o Estado onde ele vive precisa dele, como ele precisa do Estado.
Na sua larga visão, Aristóteles em “A Política” assinala:
…“Está claro que o Estado é produto da natureza e superior ao indivíduo; quem não fosse capaz de viver na comunidade civil ou dela não tivesse necessidade para bastar-se a si mesmo, não se tornaria nenhuma parte do Estado…”.
Tenhamos em mira que a teoria aristotélica da moral é o fundamento dessa corrente do pensamento chamado Ética.
É interessante verificar que a palavra ética, em português, é derivada do vocábulo grego ethos que significa hábito, costume.
Os romanos traduziram o ethos grego por moralis.
Cícero diz em uma das suas obras, referindo-se ao vocábulo grego, que “Aquilo que tem a ver com os costumes, que eles (os gregos) chamam ethos, nós, nesta parte da filosofia referente aos hábitos, costumamos chamar de moral”.
O dicionário esclarece que Moral é a parte da filosofia que trata dos costumes ou deveres do homem para com seus semelhantes e para consigo mesmo.
Aristóteles não separa a Ética da Virtude, porque, para ele, toda a virtude se gera e perece dos mesmos atos, e mediante os mesmos atos; e exemplifica dizendo que “de tocar cítara surgem os bons e os maus citaredos”. Isto significa que, pelos atos, se conhece se o indivíduo é virtuoso ou não.
Mais adiante ele enfatiza: “É necessário, pois, atentar para a qualidade dos atos que praticamos, porque consoante a sua diferença resulta a diferença dos hábitos.”
Se o homem considerar que a prática dos deveres para com os outros e para consigo mesmo é o único caminho que leva à perfeita harmonia social, estará, pois, procedendo corretamente e pode considerar-se feliz.
Analisemos o que Aristóteles estabelece de fundamental na sua “Ética”:
“Os atos morais são livres, motivo por que o indivíduo assume a sua responsabilidade. Em assim sendo, torna-se, para quem os pratica, causa de mérito ou demérito.
A responsabilidade supõe, com certeza, o que denominamos de imputabilidade, pelo qual o ato é atribuído a um indivíduo como seu autor”.
“Existem duas espécies de responsabilidade: aquela pela qual o indivíduo responde por seus atos diante da própria consciência, ou seja, a responsabilidade moral, e a responsabilidade social que faz com que o indivíduo responda por seus atos, às vezes, perante a justiça, quando violar as leis civis”.
Aristóteles ensina que “A virtude é um hábito não só diante da reta razão, mas a ela conjunta.
E a reta razão nada mais é que sabedoria”.
Resumindo, Virtude é o hábito de praticar o Bem, e vício, o hábito de praticar o mal.
Voltemos a Aristóteles e vejamos o que ele tem para nos ensinar:
“A Virtude, diz ele, se distingue segundo esta diferença: das virtudes, algumas chamo dianoéticas, a sapiência, a inteligência e a prudência; éticas, a liberalidade e a temperança.
Quando, de fato, falamos dos costumes de alguém, não dizemos ser sapiente ou inteligente, mas sim, brando de ânimo ou temperante; e louvamos também, referindo-nos ao hábito: que nós chamamos virtudes aqueles hábitos que merecem ser louvados.”
Aristóteles procura estabelecer diferença entre aquilo que ele chama de virtudes dianoéticas e virtudes éticas:
“As primeiras são inatas no homem e podem crescer através do estudo, do ensinamento, razão por que têm necessidade de experiência e de tempo.
Já as virtudes éticas são frutos do hábito, o que vale dizer que nenhuma delas se gera no homem por natureza, são as chamadas virtudes adquiridas.
Elas não se geram nem por natureza nem contra a natureza, mas nascem em nós que, aptos pela natureza a recebê-las, nos tornamos perfeitos mediante o hábito”.
O estagirita conceitua a natureza humana como sendo equilibrada.
Para ele, todo ideal tem base natural e todo natural tem desenvolvimento ideal.
Reconhece, e o faz objetivamente, que a meta da vida não é o Bem por si mesmo, mas a felicidade.
Assegura que a felicidade aparece como um bem perfeito, sendo a meta de todas as ações.
A Maçonaria é por excelência, uma Entidade de Moral, pois, seus princípios alcançam, em suas ações, os níveis mais elevados da Ética Universal. Sua obra, tanto material quanto espiritual advém de um passado remoto.
Educando e disciplinando, prepara seus membros para que participem na busca da verdade, elevando-os em sua dignidade, fazendo com que ajam com justiça, desfrutando da liberdade, praticando a fraternidade e dedicando-se com amor à Humanidade.
Diante da evolução por que passa o mundo é necessário que visualizemos, à luz maçônica, os grandes desafios.
O rigor moral e a força da autêntica solidariedade social se fazem necessários para que corrijamos os deslizes individuais, as más instituições políticas, econômicas e sociais, com o intuito de que o relacionamento humano seja mais fraterno.
A resposta não é simples, mas, podemos assegurar que sem ela enveredamos os mais tristes e funestos destinos.
A Moral permite o cultivo de todas as virtudes, o que garante uma promissora convivência com nossos pares.
O imoral e o amoral, hoje ou amanhã, pagarão alto preço de uma conduta desmedida, destruindo, assim, suas vidas.
“A História, mestra da vida”, testemunha a decadência dos que se distanciam da moral.
Nenhuma nação, nenhum povo e nenhum homem poderão concretizar seus sonhos, se não estiverem embasados nos conceitos da Moral.
Seria como construir castelos ao vento, ainda que a aparência pareça estável.
Portanto, a cada um, a concepção do dever, do bem, da justiça, das virtudes e, sobretudo, da verdade, pois aí está a formatação da moral, revelando-nos os valores que norteiam o homem e os povos, prestigiando suas instituições e reafirmando na fé, a verdadeira perfectibilidade humana.
A Maçonaria nos chama ao cultivo da Moral e à sua nobre prática, para que sejamos cada dia, mais virtuosos.
(Zé Airton é Mestre Instalado, membro da ARLS Águia das Alterosas – 197 – GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, presidente da Escola Maçônica Mestre Antônio Augusto Alves D’Almeida e membro da Loja de Pesquisas Quatuor Coronati Pedro Campos de Miranda)
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