março 10, 2023

A ARTE DE SER MAÇOM" - DO STATUS A LAPIDAÇÃO - Mateus Corrêa Leite




Não é raro vermos, ouvirmos ou até mesmo nos depararmos com histórias de profanos que procuram o ingresso na sublime ordem pelo simples de fato de se tornar e poder dizer "Sou Maçom". Chamo isso de busca por status, que em uma de suas definições quer dizer a busca da honra ou o prestígio anexados a posição de ser um alguém na sociedade.

A busca por esse "tal" status muitas vezes podem deixar marcas irreparáveis na índole e caráter de um ser humano, sendo ele maçom ou não. Mas no caso do aprendiz maçom, acredito eu, merece algumas profundas reflexões para que chegue ao fato, sólido e concreto, do que realmente é "a arte de ser maçom".

Acredita esse que vos fala, que qualquer que tenha sido o motivo que tenha levado um irmão ainda que aprendiz, ou não, a ingressar na nossa Sublime Instituição, que os acolheu fraternalmente como um de seus membros, certamente ainda não entenderam, assim como eu, em toda sua amplitude, a importância dessa decisão e todas as suas possibilidades de progresso moral, espiritual e intelectual que se abriram no momento de sua iniciação.

Percebo que a doutrina maçônica se revela efetivamente só a quem se dedica com sinceridade e fervor, absoluta lealdade, firmeza e perseverança no estudo e na prática da Maçonaria.

Isso se consegue por meio de provas. As provas simbólicas da Iniciação e as provas posteriores de desalento e decepção. Aquele que se deixa vencer por essas provas assim como o que ingressou na Ordem com espírito superficial, não conhecerá tudo o que a Maçonaria pode oferecer no sentido do aperfeiçoamento humano.

Daí, podemos chegar ao denominador comum que dá o tema a esse trabalho. Por mais que o Aprendiz tenho sido iniciado com o simples fato de buscar tal status em sua sociedade, perceberá que o tesouro maçônico se acha profundamente escondido na terra, que subliminalmente, quer dizer dentro dele mesmo.

Somente escavando-se muito, ou seja, buscando debaixo da aparência, poderemos encontrá-lo. Quem passa pela Instituição como se fosse uma sociedade qualquer ou um clube profano, jamais pode alcançar conhecê-la. Só persistindo nela com vontade inalterada, esforçando-se para ser verdadeiramente maçom e tendo consciência clara dessa qualidade, o irmão encontrará seu real valor. É nesse contexto que inicia-se tal lapidação. A lapidação de ser humano, do eu em primeira pessoa.

Por um exemplo, seria simples para qualquer aprendiz estudioso, ler uma, duas, três, ou até mesmo decorar o preâmbulo da maçonaria, os significado simbólico dos trajes, vestimentas, marchas, jóias da loja, ou realizar 20, 30, 40 visitas em lojas irmãs. Para ser um pouco mais profundo, e simples, seria até mais fácil tomar um conhecimento superficial sobre um pouco do que prega e estuda a maçonaria, para dizer "ou maçom", mas na verdade, para que se aprenda a arte de ser maçom, é preciso se lapidar.

Ser um bom Aprendiz, um Aprendiz ativo, que se esforça por ir na direção da Luz da Verdade e da Virtude, pondo em prática a doutrina iniciática contida no simbolismo do grau, é sem dúvida melhor que ostentar graus mais elevados permanecendo na odiosa ignorância dos sublimes princípios e fins de nossa maçonaria.

A condição de aprendiz se refere à nossa “capacidade de aprender”. Somos aprendizes enquanto nos fazemos receptivos, nos abrindo interiormente e dirigindo nosso empenho no sentido de aproveitarmos construtivamente todas nossas experiências de vida e todos os ensinamentos que, pelas mais variadas formas, nos são passados.

Nossa mente aberta, livre de preconceitos, e a intensidade do desejo de progredir, determinam essa capacidade.

O esforço individual é condição “sine qua non”, para os mais entendidos ou “sem o qual não pode deixar de ser” para esse progresso.

O Aprendiz não deve se contentar em receber passivamente as idéias, conceitos e teorias que lhe são apresentadas, tem que se lapidar. Há que trabalhar todo esse material e assim formar opinião própria sobre ele.

Uma das coisas mais importantes que caracterizam nossa Instituição é a perfeita compreensão da existência harmônica dos princípios de Liberdade e Autoridade.

Cada qual deve aprender a progredir por meio de suas próprias experiências e compreensão e, claro, seus próprios esforços, ainda que aproveitando, mediante seu critério, as experiências de irmãos que o precederam no mesmo caminho.

A autoridade dos Mestres, na minha humilde opinião, é simplesmente guia para o Aprendiz enquanto ele não puder caminhar por si mesmo.

Essa autoridade não será nunca resultado de imposição ou coerção. Ela pode existir sim, mas será produto de um progresso espiritual por estar o Mestre mais adiantado no caminho que todos temos de percorrer. Haverá de ser uma autoridade natural que se terá logrado através do conhecimento da Verdade e da prática da Virtude, ou seja, da lapidação, não a que os outros, ou conceitos pré definidos farão nós aprendizes, mas aquele que nós mesmo teremos de fazer em nós mesmos.

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