Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
- Luís de Camões, "Os Lusíadas", Canto I
Há 451 anos, no 12 de Março de 1572, é publicada a obra portuguesa mais conhecida: Os Lusíadas.
Um dos 34 valiosos exemplares da primeira edição ainda existentes encontra-se na cidade do Rio de Janeiro.
Conta a lenda que no retorno a Portugal com a sua namorada na época o navio naufragou e Camões poderia salvar ou a amada, ou o manuscrito. Todos sabemos o que aconteceu e para imortalizar o fato o poeta escreveu: "Alma minha, gentil, que te partiste, - Tão cedo desta vida descontente..."
O poema épico de Luís de Camões, escrito numa época em que Portugal e Espanha dividiam o mundo, constitui não só a exaltação dos feitos dos portugueses, mas também a elevação da língua pátria – o português.
A epopeia marítima publicada 70 anos depois da descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama, dedicada a D. Sebastião, imortaliza os momentos marcantes da História de Portugal, segundo as regras e convenções da epopeia clássica, que Camões enriquece com o seu imenso saber e requintada criatividade, como quando coloca os heróis portugueses em confronto com os deuses, atribuindo-lhes uma condição divina.
Uma característica fundamental do poema é de resto a existência de um herói coletivo – o povo português, – o «peito ilustre lusitano».
O poema é composto por dez cantos, cada um com um número variável de estrofes. Cada estrofe é composta por versos de dez sílabas, usando o esquema de rimas conhecido como “oitava rima”. É internacionalmente reconhecido como uma obra-prima e está traduzido em inúmeras línguas, do chinês ao russo.
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