Um dos princípios dialéticos da Maçonaria se fundamenta na prática da "Virtude".
Isto se deve ao fato de que a Virtude constitui-se num atributo moral e intelectual humano na busca pela felicidade.
É relevante destacar que este tema mereceu uma detida análise por parte do filósofo grego Aristóteles.
O mesmo incumbiu-se de demonstrar a distinção entre virtudes intelectuais e virtudes éticas (ou morais).
Aristóteles entendia que o estado ideal era a "moderação", isto é; tudo aquilo que residia entre o defeito (carência) e o excesso (exagero).
O pensamento aristotélico discorre que a Virtude Intelectual é aquela que nasce e se desenvolve em razão dos resultados da aprendizagem e da educação.
Por outro lado, a Virtude Moral constitui-se no resultado do hábito que nos torna capazes de praticar atos justos.
Segundo Aristóteles a Virtude consiste na justa medida, longe dos dois extremos.
Por sua vez, ainda no âmbito dialético, o filósofo grego Platão, afirmava que cada território da alma deve atuar de acordo com a Virtude que lhe corresponde.
Assim, a ação do homem é determinada.
A Maçonaria Especulativa teve significativas influências das correntes filosóficas da Antiguidade.
Particularmente a questão sobre esta disposição da alma é abordada, quando no processo de Iniciação Maçônica, e consta no Ritual de Aprendiz do Rito Escocês Antigo e Aceito, ao momento em que é perguntado ao Iniciado:
"...O que entendeis por Virtude ?..."
E após franquear a resposta ao mesmo, o Venerável Mestre esclarece dizendo:
"...É uma disposição da alma que nos induz a praticar o bem..."
Interessante fazer uma viagem no tempo e perceber que quando nos referimos à etimologia de cada palavra, a mesma obedece um processo de construção, circunstância histórica, transformação e adaptação nos seus significados.
Assim por exemplo, em Português o substantivo Virtude advém do Latim "virtus" e do radical "VIR", termo associado à Virilidade, Valentia, Coragem - num contexto semântico de gênero masculino - tendo em vista que na Antiguidade, a mulher desempenhava um papel secundário e por conseguinte suas qualidades humanas eram relegadas a um segundo plano.
Entretanto, com o tempo e a própria evolução humana, o vocábulo ganhou uma amplitude de significados passando a se referir como uma propriedade anímica de reconhecimento pleno e geral atinente a todas as pessoas.
Ainda a título ilustrativo, cabe menção como derivado do substantivo Virtude, os adjetivos "virtuoso ou virtuosa" ; quando se pretende reconhecer e exaltar as qualidades morais diferenciadas de uma pessoa.
Diante deste esboço e considerando as variadas interpretações pelas diferentes correntes filosóficas, cabe registrar que num âmbito geral, o conceito formal das
Virtudes Humanas são qualidades morais padrão dos seres humanos, intimamente relacionadas à construção da personalidade de cada indivíduo e que sob a égide maçônica ela ganha uma identidade que se sublima com o princípio da Fraternidade.
Conclui-se deste modo, este suscinto episódio sobre uma singela palavra de relevante significado para os compêndios filosóficos e simbólicos da Sublime Ordem.
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