“Vencer minhas paixões levantando Templos à Virtude e cavando masmorras ao vício, eis o que viemos aqui fazer”.
...“Do Caos à Ordem; Da Obscuridade à Luz.”...
Seria tarefa simples falar de virtude e vício em sentido literal, bastaria para isso dar o sentido filológico; mas falar de virtude e vício em sentido filosófico e maçônico já se torna uma tarefa nada fácil.
A Maçonaria não é uma religião, nem um partido, nem uma igreja; todavia ela põe no caminho, ela desperta.
Não oferece a nós, membros, uma verdade definitiva, imutável, dogmática, fazendo representar o livre exercício da tolerância.
Assim, aprendemos a nos interrogar, recolocarmo-nos em questão.
Graças a esse fator de progresso descobrimos não só o caminho do conhecimento, mas também da ordem que deve reinar, tanto no domínio material como espiritual, facilitando assim, com que o homem desenvolva suas virtudes.
E é por meio dos processos (rituais; contatos humanos, conhecimento, disciplina, etc.) que o homem adquire sua real personalidade.
A virtude é uma passagem da paixão para ação e meditação, uma externa e a outra interna, onde o homem se revela a si mesmo, ultrapassando seus próprios limites, seu eu.
O ser interno, nossos sentimentos, atos e pensamentos.
Capacidade ou potência própria do homem de desenvolver suas qualidades naturais.
Entendo que virtude é uma característica de valoração positiva do indivíduo, uma disposição geral e constante da prática do bem, isto não quer dizer que um homem de virtudes seja altruísta ou filantropo, embora tenha uma tendência de o ser.
Um homem de virtudes tem o hábito de cumprir as leis e obedecer aos costumes da sociedade em que vive; ser socialmente correto, honesto, justo, paciente, sincero, compreensivo, generoso, prudente, possuir coragem e perseverança.
Portanto, Maçonaria para mim é uma escola, pois permite-nos controlar nossas paixões, fazendo com que tenhamos o domínio do nosso “EU” e respeitemos o próximo.
Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem.
Mas não basta falarmos, temos que experimentá-la.
Os mais variados tipos de virtude têm que ser experimentados, vividos, compreendidos, pelo menos intelectualmente.
Assim como Spinoza, “não creio haver utilidade em denunciar os vícios, o mal.
*Para que acusar?*
Isso é a moral dos tristes e uma triste moral.”
A primeira e fundamental parte da virtude é a verdade, como dizia Montaigne, “A verdade condiciona todas as outras e não é condicionada, em seu princípio, por nenhuma.".
A virtude não precisa ser generosa, suscetível de amor ou justa para ser verdadeira, nem para valer, nem para ser devida, ao passo que amor, generosidade ou justiça só são virtudes se antes de tudo forem verdadeiras.
Aqui surge uma outra virtude, a boa-fé, que como fato é a conformidade dos atos e palavras com a vida interior, ou desta consigo mesma.
É o respeito à verdade.
Virtude sem boa-fé é má-fé não é virtude.
A boa-fé como todas as virtudes é o contrário do narcisismo, do egoísmo cego, da submissão de si a si mesmo.
Não devemos confundir dever com virtude.
O dever é uma coerção, a virtude, uma liberdade, ambas necessárias.
O que fazemos por amor, não fazemos por coerção nem, portanto, por dever.
Quando o amor e o desejo existem, para que o dever?
Não amamos o que queremos, mas o que desejamos.
O amor não se comanda e não poderia, em consequência, ser um dever.
Nietzsche dizia: “O que fazemos por amor sempre se consuma além do bem e do mal”.
A virtude não é um bem, mas é a força para ser e agir na prática do bem.
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