Como é possível migrar das sombras para a luz, em questão de pouco tempo? Como é possível divorciar-se das agruras do cotidiano, e caminhar rumo à imensidão?
Isso tudo é possível, nobres Irmãos, a partir do momento em que atravessamos o umbral da porta que antecede o Templo Maçônico. Talvez porque ali, momentaneamente, homens estejam vibrando paz, harmonia e concórdia.
Talvez também por entenderem que, elevando o seu pensamento, são capazes de sair das esferas da matéria – as quais lhe prendem aos grilhões do vulgo – e irem ao encontro de algo mais profundo, inebriante e que transcende a mentalidade do homem médio.
Quando se leva uma Sublime Ordem a sério, perscrutando lhe todo o arcabouço esotérico e filosófico, é possível mudar não somente o ambiente interno de uma Loja, mas, acima de tudo, melhorar uma sociedade, ainda que paulatinamente.
Se a vida profana fosse submetida à égide de uma ritualística comprometida, certamente viveríamos em uma sociedade mais evoluída, menos egóica e muito mais espiritualizada.
Os valores morais, éticos e sociais têm soçobrado, especialmente quando confrontados com um vendaval de corrupções, de inversão de sentidos; cada vez mais, infelizmente, é vendida a imagem de que o importante é “ter” – custe o que custar - em detrimento do “ser”.
Não é preciso um grau elevado de espiritualidade para perceber que o homem tem se enveredado pelo caminho das sombras; afinal, nota-se, à primeira vista, que quase tudo ao seu derredor é escuridão: casamentos se desfazem às primeiras frustrações, amizades são desfeitas como um nó frágil e delicado, e o respeito (isso é o que mais dói) já é sentimento obsoleto e em desuso.
A par desse cenário que nos remonta ao caos, tem-se a possibilidade de buscar mudar a nossa realidade.
Nesse diapasão, a Maçonaria tem oferecido ao homem as ferramentas indispensáveis à sua edificação interior, seja por tudo o que sua simbologia nos ensina, seja ainda pela vasta gama de alegorias e parábolas, que condicionam o homem a lidar com seus fantasmas mentais e vicissitudes do cotidiano.
A bem da Ordem, somos privilegiados de ingressarmos em um Templo, pois - a despeito de todo o mal que experenciamos no mundo profano – desfrutamos da nobilíssima oportunidade de termos, enquanto operadores da Arte Real, uma silhueta que resplandece, especialmente nos momentos em que ali nos reunimos.
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