Espero não estar ferindo qualquer suscetibilidade religiosa, pois estou me apropriando de um termo ligado, há mais de 15 séculos, à Fé Cristã.
Em verdade, a palavra “comonitório” vem do latim Commonitorium esignifica “notas”, “apontamentos”, simples frases que remetem a algo maior. A consolidação da palavra no Cristianismo ocorreu através de São Vicente de Lerins.
Há poucos dados biográficos acerca desse padre gaulês do século V. Sua notoriedade foi conquistada por sua obra “Comonitório: regras para conhecer a fé verdadeira”, que, além de fortalecer a fé, propunha-se ao combate dos hereges, além de manifestações bem perspicazes sobre alguns papas.
Seu pequeno livro destaca-se pela forma sucinta e objetiva por meio da qual defende, exorta e, sobretudo, esclarece as instruções da Igreja Católica.
Mas o que isso tem a ver com a Ordem Maçônica?
Simplesmente Tradição! São Vicente de Lerins teve a sensibilidade de perceber que estavam “agregando” estória, símbolos, liturgias, ritos, usos e costumes regionais às homilias. Em vez de produzir grandes Tratados de Perfeição Sacerdotal, elaborou um pequeno livro que provocava no leitor a reflexão sobre como começou e em que ponto estava.
Assim também o maçom, no salutar hábito da especulação consciente, percebe naturalmente os desvios e a necessidade de se realinhar, resultando no fortalecimento dos Sãos Princípios.
O COMONITÓRIO MAÇÔNICO FAZ-SE NECESSÁRIO PARA DESMISTIFICAR
E DESPERSONIFICAR, PRINCIPALMENTE, A DESVINCULAÇÃO RELIGIOSA.
Observamos que, dos Velhos Mestres aos Jovens Aprendizes, todos têm algo para “completar” ou “melhorar” a Maçonaria e que, muitas vezes, até não agem com má intenção. O Obreiro chega com a “bagagem” de outra instituição ou linha de pensamento e, a princípio, começa a procurar intercessões de valores e propósitos.
Em alguns casos, vai mais além e começa a “encontrar o oculto” nas entrelinhas e traçar uma colcha de retalhos numerológicos, astrológicos, místicos, religiosos e reptilianos. O perigo que isso ilude afasta os Obreiros e nos demoniza.
Devemos, portanto, nos ater à essência da Ordem, ir à sua gênese à procura do que motivou sua criação. Observar o que as Lojas, as Potências nacionais e internacionais têm em comum. Estudar se o que hoje praticamos está em consonância com o que foi praticado nos séculos passados.
Disse São Vicente: “quod semper, quod ubique, quod ab ómnibus”, que se traduz: “só e tudo quanto foi crido sempre, por todos e em todas as partes”. Ou seja, devemos nos ater à tradição. O resto é invencionice.
Um bom exemplo de Comonitório Maçônico encontra-se em nossa definição:
O Maçom pratica o Bem, levando sua solicitude aos infelizes, sejam quem forem, mas na medida de suas forças. Devemos, com sinceridade, combater o egoísmo e a imoralidade.
Assim, é pelo mundo há séculos; assim serão séculos por todo o mundo!
Neste 17o ano de compartilhamento de instruções maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permanecemos no nosso propósito maior de disponibilizar uma curta reflexão a ser discutida em Loja. O Ritual não pode ser delapidado. A Ritualística deve ser seguida integralmente. O Quarto-de-hora-de-estudo é fundamental em uma sessão Justa e Perfeita.
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